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1083 Words
Ambos agora estavam caminhando pelo lugar, Kiernan seguia com as mãos nos bolsos enquanto se mantinha atento a sua volta e nas palavras de Anarom. Luce explicou com todos os mínimos detalhes o que havia feito naquele dia e buscou em cada canto de sua memória qualquer coisa que pudesse ter influenciado pra que aquele infortúnio recaísse sobre seus ombros. Kiernan por sua vez a ouviu atentamente, não que costumasse fazer o contrário já que não era do tipo que preferia falar mais e ouvir menos. E embora não sentisse nenhum sinal de mentira naquelas palavras, ainda não entendia bem ao certo como ela havia conseguido tamanho feito. O ritual que usaram naquela noite era ridículo, quase uma piada sem graça ou uma ofensa para aqueles que realmente praticavam e levavam a sério esse tipo de coisa. Estava mais para palavras inexistentes misturadas a língua morta dos elfos e alguns poucos diagramas demoníacos. Realmente, uma brincadeira tola e infantil daqueles que queriam apenas aproveitar uma data simbólica. O ser de cabelos negros suspirou completamente desapontado. ── O que foi? Juro que já te disse tudinho do que me lembro, cada detalhe possível. ── Disse um tanto preocupada com a reação do ser. ── Eu sei, não precisa me jurar nada, sei que está falando a verdade. ── Uh! E então, sabe como desfazer isso? Quando vamos estar livres um do outro? ── Ele negou. Luce encolheu os ombros e igualmente ao ser, suspirou. ── Isso quer dizer que vou ter você no meu cangote agora pra cima e pra baixo? ── Kiernan fez uma feição de confusão enquanto tentava decifrar o que a garota queria realmente dizer com aquilo. ── Cangote? O que um cangote tem haver com andar pra cima e pra baixo? ── Luce riu com aquilo, tão inesperado. Enquanto que Kiernan continuou confuso e agora um tanto quanto impaciente. ── Desculpa, quis dizer que, vou mesmo ter que te aguentar ao meu lado a todo instante e onde quer que eu vá? ── Eu até queria que não fosse verdade, mas com isso aqui eu não vou muito longe. ── O que ele realmente queria dizer é que estava preso naquele mundo. Não importando onde fosse, ele não conseguiria ir para onde realmente desejava e no momento estava limitado com seus poderes. Mas claro, não diria isso para qualquer um. Não poderia se dar ao luxo de confiar em alguém novamente, não depois de tudo o que já passou. Do outro lado do parque, Diego e os outros passavam rumo ao carro de sorvete. Luce os avistou e por puro reflexo se agarrou a Kiernan, o puxando pra si e assim o usando como uma espécie de "escudo" para se retirar do campo de visão dos amigos. Em igual reflexo, Kiernan se viu obrigado a se apoiar contra a árvore com uma das mãos ou acabaria caindo em cima da garota. ── O que está fazendo? ── questionou enquanto a observava se encolher e novamente notando-a se ruborizar. ── Uhñ! É que eles estão aqui... ── Eles? ── De maneira retórica a questionou e então procurou em volta. Podendo "ver" as mesmas pessoas que haviam-na visitado naquela manhã. ── Por que está se escondendo deles? ── Você que me fez enxotar eles de casa! i****a! O que eu poderia dizer a eles se me vissem aqui com um cara estranho logo depois de tê-los expulsado e recusado sair com eles?! ── Kiernan engoliu em seco sentindo um leve arrepio pelo corpo, não pela resposta recebida mas sim pelo que ela estava emanando naquele momento. Podia ouvir os batimentos cardíacos dela acelerando, e um cheiro um tanto incomum, medo? Confusão? Constrangimento? Não... ── Qual deles? ── Hm? ── Ela o olhou confusa. ── Você gosta muito de alguém naquele meio. Quem é que te deixa assim? ── Do que... NÃO DIGA COISAS IDIOTAS E SEM SENTIDO! i*****l. Gosto de todos ali igualmente, a culpa é sua eu estar nessa! ── se é que fosse possível, Luce ficou ainda mais vermelha e agora o empurrava pra longe saindo andando a passos pesados. Kiernan repousou a destra sobre o peitoral atingido pela garota e então retornou as íris rumo ao grupo de jovens e dentre eles um também direcionava o olhar para onde estavam. Ficaram se encarando por poucos segundos, mas o suficiente pra Kiernan fazer questão de "marcá-lo", voltou as mãos para o bolso e seguiu caminhando atrás da garota. [•••] Um mês se passou desde o despertar, os Anciãos já se encontravam bem impacientes com a demora dos sete para rastrear Khaos que até o momento não havia dado nenhum sinal. Quanto mais o tempo passava mais forte o laço ficava e menos chances teriam contra ele. [•••] Khaos estava deitado sobre a cama da garota, rolando uma lasca de graphenium ── que mais se assemelhava a uma pequena moeda ── entre os dedos da mão conhota enquanto mantinha a cabeça em repouso sobre o antebraço direito. Estava em uma espécie de transe, ouvindo o som que ela produzia por entre seus dedos e a dor que isso lhe causava. Nem um pouco comparada aos milênios trancafiado e acorrentado por ela. O zumbido e o transe se dissiparam quando um corvo pousou na janela, chamando sua atenção. Seus olhos se encontraram com os dele e então sua feição mudou drasticamente, o ódio pareceu lhe consumir dando brecha para as veias negras que se apossavam de seu corpo. Martha que estava no andar de baixo preparando a refeição, sentiu uma opressão tão grande que em seu peito esse peso lhe sufocava. Era ele, só podia ser. Então correu em disparada para o andar de cima mas quando abriu a porta a presença e o que quer que estivesse ali, simplesmente desapareceu, sem deixar rastro algum pra trás. Imediatamente a mulher deu meia volta, descendo as escadas pegou as coisas que viu pela frente e o celular ligando para Hugo enquanto saía de casa: ── Ele apareceu, se tenho certeza? Só pode ser ele, droga! preciso que venha logo estou indo atrás de Luce certeza de que se for ele estará indo até ela. ── foram as únicas coisas que conseguiu dizer antes de sair em disparada atrás da neta, sem nem se dar a chance de ouvir os conselhos do necromante que também preocupado pegou o que pôde e o que estava ao seu alcance pra sair em disparada. [•••]
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