XI

1317 Words
[•••] cinco horas antes… 06:37PM Desde aquele dia, a vida de Luce havia virado de ponta cabeça. Não que ela já fosse mil maravilhas, mas... isso definitivamente estava além do normal. Era pra ter sido só uma brincadeira i****a de Halloween, mas o que ela acabou ganhando em troca foi um "demônio" acorrentado a ela. Ao menos era assim que ela pensava, era assim que o via. Um demônio alto... musculoso... de longos fios negros e olhos únicos... e céus! Como podia ser tão lindo? Luce jamais vira humano algum com tamanha beleza. E o que havia de belo nesse ser também havia de mistério e algo como se soando um alerta de perigo, algo gritante que dizia "fique longe", "afaste-se". Mas, quanto mais tentava se afastar e expulsar, mais e mais perto ele parecia se achegar até ela. ── Não vá. ── disse Kiernan, escorado em uma das paredes com os braços cruzados, encarando Luce enquanto ela terminava de se arrumar. Diego e as meninas haviam convidado Luce para uma boate, e por que não ir? Depois de tudo o que passou e toda a loucura que ela estava enfrentando naquele momento, achava mais que justo ares mais frescos do que seu próprio quarto. Mas não para Kiernan. Ele ficou a tarde inteira tentando convencê-la do contrário. Ao ver dele, algo estava errado, ele sentia, e estava disposto a convencê-la do mesmo, mesmo com toda a teimosia dela. ── Olha, vão ser só algumas horas... E você mesmo me disse que precisava pesquisar algumas coisas, então... relaxa! Chegarei antes das onze... tá bem "papai"? ── Luce disse com tom de voz afiado e irônico. Kiernan não era muito familiarizado com os trocadilhos nem piadinhas internas, mas, por incrível que parecesse, essa ele sacou rapidinho, pois havia arqueado uma das sobrancelhas e até mesmo fez questão de se desencostar da parede e se mostrar afetado pela escolha de palavras de Luce. ── Luce... ── disse Kiernan, sua voz soou rouca, quase uma súplica, ao que Luce se virou para ele e o olhou no fundo dos olhos. Ele ficou em silêncio por alguns pouquíssimos minutos, como se ponderando quaisquer que fossem as ideias dentro daquela cabeça. E então, um suspiro lhe escapou e ele desviou o olhar. ── Só... tome cuidado. ── Tá vendo! Um "paizão". ── Luce gargalhou, pegando sua bolsa e assim que passou por ele deu uns dois tapinhas no ombro, como consolo e uma espécie de "até logo", se ele entendeu ou não o recado, ela não ficou para saber. Desceu as escadas e então se deparou com Martha. Ela estava diferente nesses últimos dias, mais séria e preocupada do que normalmente era. E sempre que perguntada sobre o que estava acontecendo, ela simplesmente lançava aquele doce sorriso e dizia: "nada, querida". Luce queria ter coragem mais que suficiente para dizer a ela que sentia e sabia que algo estava errado. Queria ter coragem em dizer que ela também poderia contar com Luce como uma amiga, se abrir para ela tanto quanto Luce o fazia com ela. Dizer a ela que seria mais fácil se dividissem o fardo, mas... Luce nunca disse a Martha e ela também nunca viu através de Luce. ── Oh! Já vai, querida? Pegou seu celular? ── questionou a mulher enquanto pegava um pano de prato e se virava para ver Luce. A garota estava bela como em todos os dias, a roupa escolhida por ela foi um vestido de seda preto, justo e curto, que cai logo abaixo da coxa. O vestido tem um decote em V profundo, que destaca o colo e os ombros. A saia é tulipada, com uma f***a lateral que revela um pouco da perna. Ele se ajusta perfeitamente ao seu corpo, realçando suas curvas e traços de mulher. O decote em V destaca seus s***s e ombros, enquanto a saia tulipada enfatiza sua cintura fina e pernas longas. Os fios loiros permaneceram soltos sobre os ombros e os acessórios era apenas brincos de argola prata e uma pulseira. Ao que parecia, Martha estava cozinhando algo. Luce apenas a recebeu com um sorriso e um aceno, dando uma leve batidinha na pequena bolsa que carregava ao lado do corpo. ── Sim, peguei. Já estou indo, até logo. ── foram sua única resposta antes de seguir para a porta e fechá-la atrás de si. ── Até logo e juízo em! ── e isso foi tudo o que ouviu dela antes de ir. Ao lado de fora, um carro por aplicativo já estava em ponto de partida, Sarah e Samy já a esperavam sentadas no banco de trás, ambas eufóricas de mais, se colocando a par de todas as fofocas do dia. E quando finalmente a viram, a empolgação pareceu somente aumentar, isso tudo só porque Luce não havia conseguido pisar os pés no colégio novamente, não quando Éric podia aparecer a qualquer momento. Luce se sentou no banco de trás do carro junto das amigas, tentando ignorar o nó que se formava em seu estômago que sempre surgia quando pensava em Éric. Ela não queria estragar a noite delas, então resolveu mudar de assunto. ── Ei, meninas, qual é o plano para hoje? ── perguntou, tentando soar animada. Sarah e Samy se entreolharam, sorrindo antes de responderem em uníssono: ── Nós vamos dançar até o amanhecer! ── Isso vai ser incrível! ── disse Luce com um sorriso nos lábios, sentindo-se um pouco melhor ao lado delas. [•••] O carro chegou ao local e Luce podia sentir a música pulsante antes mesmo de sair do veículo. Sarah pagou o motorista e tão logo seguiram para dentro da boate. Diego havia mandado mensagem poucos minutos antes dizendo que se atrasaria um pouco, mas que se encontraria com elas ali. A noite estava fervente, com pessoas dançando e gritando ao som da música. Luce se perdeu facilmente na multidão, esquecendo dos problemas por algumas horas. Mas, no meio da dança, sentiu um arrepio. Alguém estava observando-a, ela sentia isso. Não era a primeira vez que algo assim lhe ocorria. Olhou ao redor, procurando por Kiernan ou um dos seus corvos. Há pouco descobrira que era através deles que ele monitorava tudo. Ele poderia estar preocupado ao ponto de ter vindo ver com os próprios olhos que ela estaria bem, mas não o viu, nem ele nem seus pássaros. Em vez disso, viu um homem alto e loiro, com olhos escuros que pareciam perfurar sua alma. Um calafrio a percorreu pela espinha. ── Quem é aquele? ── perguntou para as meninas enquanto apontava para o homem. Sarah e Samy seguiram uma trilha invisível com o olhar para onde Luce apontava e então deram de ombros ao que se entreolhavam. ── Não sei... ── Nunca o vi por aqui antes. Com isso, Luce sentiu uma sensação de desconforto. ── Vamos dançar em outro lugar... ── sugeriu, mas antes que pudessem se mover, o homem moreno se aproximou delas. ── Você é Luce? ── perguntou ele, sua voz baixa e rouca que fez Luce sentir um arrepio. ── Quem é você? ── perguntou, tentando soar firme. Mas o homem sorriu. ── Sou alguém que precisa falar com você. Foi tudo o que disse ele. E, com isso, ele a pegou pelo braço e a levou para fora da boate, longe das amigas e da música. Não que elas não tivessem tentado nada para impedi-lo, elas tentaram, mas algo sobre-humano fez com que elas simplesmente parassem de puxá-lo e seguissem de volta à multidão como se nada tivesse acontecido. Nisso, um pânico crescente se apossou de Luce. ── ME SOLTE! O que você quer?! ── perguntou, à medida que tentava se soltar. Mas o homem não respondeu. Em vez disso, ele a levou para um local escuro e isolado, onde ela não podia ver nada além de seus olhos. [•••]
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