CAPÍTULO 1 - O casamento.
Hoje estou aqui, terminando de arrumar-me para o dia que deveria ser o mais feliz da minha vida. Mas não é, estou sendo obrigada pelos meus tios a me casar com um homem que eu não conheço.
Vi apenas algumas vezes, e na sua maioria foram nem rápidas e de longe, até mesmo quando o compromisso fora firmado, lembro-me muito bem das suas palavras “sem festa e sem lua-de-mel isso não será um casamento por amor”, e eu não sei nada dele além dos rumores da sua falta de educação e das suas formas primitivas de lidar com as pessoas.
Sou retirada dos meus pensamentos com a minha tia entrando no quarto em que estou, ela olha-me e lança-me um meio sorriso que não me conforta em nada.
- Minha filha, vai ficar tudo bem! – Fala a minha tia se aproximando e eu choro mais uma vez.
- Tia, por favor! Não me obrigue, eu não o quero... – Falo sem conseguir terminar a minha frase, um bolo se forma na minha garganta e as palavras engatam de uma forma que eu não consigo mais pronunciar nenhuma outra palavra.
- Não há de ser r**m meu bem, Alex é um bom partido... Apesar de tudo! – Fala ela afagando as minhas costas.
- Titia, eu lhe imploro! – Falo mais uma vez, na esperança de que o meu desespero a comova.
- Vamos menina, pare de choro! Muitas outras que gostariam de estar no seu lugar e você querendo fugir. – Fala ele afastando-se de mim agora parecendo nervosa.
E quando eu iria falar algo a mais, alguém bate a porta e entra em seguida. Meu tio, entre e se aproxima de mim me analisando.
Nunca me senti bem com os olhares que meu tio me lançava por vezes, e pelo menos disso me livrarei ao me casar com Alex.
- Vamos, está na hora! Seu noivo está impaciente. – Fala o homem de meia idade em pé a minha frente.
Impaciente, eu já não terei o casamento que mereço pois meu noivo alegou não quer festa e nem nada grandioso por não estar se casando por amor e sim por obrigação.
Eu não opinava em nada, minha tia foi quem tratou tudo, as poucas vezes que o vi foi de longe, quase não pude ver seu rosto, mas também há rumores de que sua beleza não é das mais agradáveis.
Meu tio me estende o braço e eu o pego após limpar algumas lágrimas que ainda insistiam em cair de meus olhos.
A única coisa que eu consigo pensar é que se os meus pais fosse vivos eu não precisaria servir de moeda de troca para que os negócios da família não ruíssem.
Mas graças a maldita doença que o levou de mim, estamos agora endividados e com os negócios da família prestes a falir, o meu pai era quem administrava tudo e os meus tios não sabiam como fazê-lo, fora a dívida enorme de tratamentos que meu pai precisou fazer e mesmo gastando uma fortuna, não fora suficiente para que ele estivesse aqui agora.
Sigo ao lado do meu tio a passos firmes e curtos até onde se encontra um homem forte e alto me esperando com o semblante pouco contente.
Ali estavam apenas nessas famílias e os padrinhos do casamento, que eram minha melhor amiga Rubi e um homem que eu nunca havia visto que estava em pé bem ao lado de Alex.
Quando me aproximo mais e meu tio entrega a minha mão na dele, eu olho-o mais de perto e vejo que os rumores eram reais. Sua feição não era nada agradável aos meus olhos e acredito que nem aos de ninguém.
O homem com quem eu iria me casar, era realmente um homem feio, estava a todo momento de cara de fechada fazendo questão de que eu e todos percebessem que ele não estava feliz com aquele casamento tanto quanto eu.
A pequena cerimônia fora celebrada, fizemos os votos e trocamos alianças, mas na deixou-me mais embaraçada do que a atitude de Alex logo após a troca de alianças.
- ... Eu vos declaro, marido e mulher pode beijar a noiva... – Fala o juiz que está a nossa frente.
Eu por um momento até pensei que ele iria fazê-lo ao menos por tentar que aquilo não parecesse um martírio para ambos.
Mas não houve beijo, Alex simplesmente ignorou-me, nem mesmo dirigiu uma sequer palavra para mim, se virou para o homem ao seu lado falou algo e em seguida olhou para o relógio.
As poucas pessoas que se faziam presentes eram os nossos parentes e eles vieram na nossa direção talvez na intensão de nós parabenizar.
Mas meu marido simplesmente se virou de costas e saiu do salão me deixando ali, sozinha com os nossos convidados, que por mais que soubesse a motivação por trás do casamento queria fazer para nós daquele momento um momento feliz, mas meu marido não está disposto a isso pelo visto.
Senti um aperto no coração, as lágrimas voltaram a cair de meus olhos e eu vi os olhares de pena lançados a mim, eu odiava me sentir assim, impotente e diminuída.
Mas é assim que me sinto desde que o meu pai se foi, eu tive que aguentar tudo, sujeitar-me a isso eu já acho que fora demais. Ter que me casar com um homem que não faz a mínima questão de pelo menos ser gentil comigo, isso eu não mereço.
Me encaminho até uma mesa para tentar comer algo, mas sinto alguém segurar o meu braço logo ao sentar-me e quando olho para trás vejo Alex me observando, ele parece querer falar algo, mas se mantém apenas me olhando.
- Tenho uma reunião importante, tudo o que for necessário ser feito, eu mandarei alguém fazer! Apenas obedeça. – Fala Alex ainda olhando em meus olhos, mas um homem se aproxima dele e coloca a sua mão sobre o ombro esquerdo de Alex que o olha e em seguida Alex sai do salão seguido do homem que lhe serviu de testemunha e padrinho de casamento.
Saio de lá e volto para o quartinho em que eu estava para me arrumar, a minha tia fez questão de que eu estivesse com um vestido de noiva, simples mas bem bonito até, mas não era nada daqui que eu queria.
Eu não disse mais nenhuma palavra sequer , eu apenas comecei a comer. Desde ontem à noite eu não conseguia pregar os olhos imaginando qual seria o meu destino nas mãos desse homem estranho.
Prefiro ficar velha e sozinha do que ser casada com um homem feio e rude. Esse homem ECA.
Mas eu não posso fazer nada porque eu já estou casada com essa coisa e eu pergunto-me o porquê de ele não dar um UP no seu rosto porque ele é rico e dinheiro não seria um problema fazer uma plástica e mudar algumas coisas pelo bem dos nossos olhos sensíveis a essa feiúra.