Mayla Fischer
Já estou no segundo copo de água e estou fazendo de tudo para ficar aqui, porém, um fato mais que real é que logo eu serei chamada. Me sinto num tormento sem fim e sinceramente, não sei mais o que esperar e tudo o que eu queria, era não ver mais aquele Lael na minha frente.
Mas sei que é impossível!
— Está com fome? — Mabel pergunta quando coloco o copo na mesa.
— Estava, mas não sinto mais vontade de comer. — Solto o ar bem forte pela boca, porque sinto um nervoso enorme dentro de mim.
— Sinto muito por isso e espero de verdade que seja um bom casamento. — Negö com a cabeça antes mesmo de falar.
— É impossível! — Alerto a ela que me encara. — O meu noivo deixou isso bem claro e as ameaças falam por si só. — Revelo a ela que murcha na mesma hora.
— Foi ameaçada? — Confirmo com a cabeça e vejo-a preocupada. — Eu sinto muito, Mayla! Você não merece isso e agora... — Ouvimos passos bem perto e ela não termina a frase.
— Meninas! — Dhorota chega de surpresa nos causando susto. — Mabel, cuide da dispensa. — Ela acena e sai na mesma hora. — O senhor Fischer lhe chama na sala principal. — Ela avisa ficando mais neutra como sempre.
— Eu preciso ter medo, Dhorota? — Ela com certeza viu alguma coisa, mas vejo que não pela sua expressão.
— Eu não sei, minha jovem! — Aceno levemente e pego a minha bolsa.
Peço licença a ela e ando em passos lentos em direção à sala principal. Ouço vozes de conversas, mas não entendo nada e a visão que tenho, é do meu pai com um copo de uísque na mão, o senhor Funcherst com um copo igual, Lael ao lado do seu pai do mesmo jeito e um homem que acredito ser o Don, com um charuto e uísque.
Assim que me revelo saindo do corredor, o meu pai é o primeiro a me ver e logo fica de pé.
— Venha, Mayla! — Ele faz um gesto com a mão me chamando e me aproximo ficando ao seu lado. — Senhor, essa é a minha filha que falei. — O homem me olha de cima a baixo enquanto traga o charuto. — Mayla, esse é o nosso Don, o senhor Nickolaus Lehmann.
— Seja bem vindo, senhor Lehmann. — Faço uma leve inclinação em sinal de respeito e sinto a fumaça do charuto chegar ao meu rosto, mas me seguro para não tossir.
— Tem uma bela moça, Fischer! — Ouço ele declarar onde me sinto desconfortável.
— Concordo! — Funcherst declara logo depois. — O meu filho tirou a sorte grande.
— Se eu não tivesse concordado, os planos mudariam agora. — Fico chocada com a declaração dele e o medo me consome. — Mas essa união será muito vantajosa! Principalmente se começarem logo a linhagem de vocês. A organização precisa de mais homens.
— Mayla está ciente das suas obrigações. — O meu pai declara pondo a mão sobre o meu ombro e fora as surras, esse é o contato mais próximo que ele já fez.
— Ótimo! Verei isso de perto e já vou cobrar meus outros homens. Parece até que não são casados! — Ele se levanta bruscamente e dou um passo para trás. — Agora, eu preciso ir resolver uns assuntos. Nos vemos amanhã no noivado.
O quê? Já é amanhã?
— Obrigado pela presença e apoio! Garanto que Lael também está ciente das suas obrigações como o futuro membrö do conselho. — Lael fica de pé e me olha com o mesmo desdém, mas, muda a postura e cumprimenta o Don.
Estou no meio de loucos!
Enquanto eles se despedem, fico parada no meu lugar bem calada e vejo bem o meu pai, o Don e o pai de Lael indo para a porta e ao passarem por ela, Lael, vem até mim e fica bem de frente. Engulo em seco por saber que vou ouvir mais ameaças outra vez e fico apenas esperando, mas não vem de imediato.
Lael deve ser como o pai dele e por isso é assim. Não vejo outra explicação!
— Você ouviu, não foi? Terá que engravidar o quanto antes e espero muito que não seja seca. — O amargo na minha boca é grande ao ouvir essas palavras
— Não, eu não sou! — Respondo tentando não ser rude ou arrogante. — Minhas consultas estão em dias.
— Ótimo! Assim evitaremos contatos frequentes. — A arrogância começa acompanhada daquele mesmo olhar de desprezo.
Por que será que ele me olha assim?
— Não..., nós não..., podemos ao menos nos conhecer? — O riso dele é imediato e é como se eu tivesse falado uma loucura.
Sabia dos riscos quando fosse anunciado o meu casamento e sabia o que poderia vir. Amor nunca há nesse meio, mas uma boa relação de diálogo e paz era algo que pelo menos eu almejava para poder ficar tranquila. Nunca serei louca de trair o meu marido, de falar num tom mais alto, de desrespeitá-lo ou constrangê-lo em qualquer situação e com isso, uma convivência de paz seria uma opção.
Traição eu sei que terá de qualquer jeito. Não dá para fugir!
A paz que eu falo é para me proteger ao menos de ser forçada, de ser humilhada em publico ao num quarto, de evitar agressões e xingamentos.
Almejo pelo menos isso!
— Que ingenuidade a sua! — Ele vai parando de sorrir aos poucos e fico calada no meu lugar. — Mas respondendo a sua pergunta, a ideia até que não é rüim... — Juro que ele muda do nada, como se lembrasse de algo. — Eu vou pensar a respeito.
O seu olhar desce sobre mim e ele dá a volta ao meu redor, depois, ele sai sem dizer uma palavra e respiro aliviada, mas, ainda nervosa e amedrontada.