Capítulo 4

1601 Words
Nos sentamos no jardim, e eu juro que não demorou nem dez minutos para entender o motivo pelo qual o tal Ethan não tinha uma grande amizade com o irmão. O cara era um tremendo de um i****a. E ele nem disfarçava a arrogância. - E então, o que vocês fazem aqui em Deus me livre? – disse ele sempre se dirigindo ao irmão, como se eu fosse apenas um fantasma assombrando uma conversa totalmente privada. - Não fala assim, eu adoro isso aqui! Eu amo minha vida Ethan! – disse Tommy - Você poderia ter sido grande Tom, poxa irmão, você faz cálculos matemáticos mais rápido do que uma calculadora, e escolheu ficar aqui nesse fim de mundo por absolutamente nada! – disse Ethan, eu nem sabia o que ele fazia da vida, nem como ele vivia, mas as críticas a nossa bolha perfeita de vida estavam me incomodando demais. - Eu tive um motivo muito bom para ficar aqui... como é mesmo que você disse? – debochou Tommy - Deus me livre! – disse Ethan rindo - Isso mesmo, tive um ótimo motivo para ficar aqui! – ele deu um gole na cerveja gelada, enquanto eu olhava para outro canto aleatório evitando encarar Ethan. - Me conta então, por que eu nunca entendo o motivo de você ter se enterrado nessa joça! – disse mais uma vez e eu suspirei fundo, mostrando minha insatisfação. - O motivo está bem aqui do meu lado – apertou a minha cintura – eu encontrei a mulher da minha vida! – Tommy deu um beijo no meu pescoço e eu sorri para ele. - Não sabia que tinha acabado com sua vida amor – respondi irônica - Você jamais poderia fazer isso, já que você é a minha vida Meg! – me deu mais um beijo, dessa vez na minha testa. - Então resolveu largar a carreira financeira em Nova York para ficar aqui brincando de casinha com ela? – ele me olhou com tanto desdém que me encheu de mais ódio. - Olha só... Ethan certo? Eu tenho certeza de que a porcaria da sua vida deve ser ótima, mas isso não te dá a droga do direito de vir aqui cagar em cima da minha vida e da vida do seu irmão, nós somos felizes aqui, por incrível que pareça nós nos amamos mesmo morando em Deus me livre! E dá para ver nos seus olhos que você é só um cara solitário que se acha demais por ganhar alguns dólares a mais! Tommy não respondeu apenas sorriu e deu mais um gole na cerveja. - Nossa como sua mulher é metidinha hein Tommy? – ele disse debochando – metida e insuportável! - Ei, pega leve Ethan é da minha esposa que você está falando! - Tudo bem amor, eu vou subir, aproveita a companhia do seu irmão. - Não... Ethan peça desculpas a Meg! – insistiu Tommy – vamos cara, pede desculpas para ela! – insistiu mais uma vez. - Eu não vou pedir desculpas de jeito nenhum! – disse Ethan - Então você vai ter que ir embora! – disse Tommy - Não... por favor... foi só uma discussão i****a! – eu insisti, eu não seria mais um motivo da família Flitch se odiarem muito – certo Ethan? Foi só uma discussão imbecil... - Sim, certo! – disse ele e me ofereceu a mão. Eu não ia tocar, mas com os olhares de Tommy eu tinha que fazer jus a minha pose. Assim que eu coloquei a mão na mão de Ethan o meu coração acelerou, minha respiração parou do nada e o meu coração acelerou tanto que eu achei que ia desmaiar, eu comecei a suar frio e em meio aqueles trinta segundos que seguramos a mão um do outro tudo isso se misturava dentro de mim. O olhar de Ethan para mim era visceral, e eu conseguia sentir pela temperatura das suas mãos que ele sentiu o mesmo que eu. Repulsa talvez? Podia ser. Eu só sei que um choque percorreu cara parte do meu corpo e até que Tommy interrompesse aquilo, tudo o que estava a minha volta sumiu, menos os olhos verdes de Ethan. - Amor, quer que eu suba com você? – disse Tommy tocando a minha cintura levemente. - Não, aproveita a cerveja e o seu irmão! – eu dei um beijo nos lábios de Tommy e me virei para Ethan para a despedida final. - Boa Noite Ethan! – eu disse firme, tentando manter a minha compostura que estava visivelmente abalada. - Bo...Bo...Boa...Noi...te Megan! – disse meio trêmulo atropelando todas as palavras menos o meu nome. Enquanto eu me afastava eu conseguia sentir a flor da minha pele o olhar de Ethan em mim, aquele mesmo que ele me lançou nos poucos segundos de contato e que eu esperava que não se repetisse nunca mais, enquanto eu vivesse. Me deitei em minha cama e os meus pensamentos ficaram girando volta de mim todas as imagens daquele dia caótico percorrendo a minha mente levemente alcoolizada e cheia de medo. E sempre que eu fechava a droga dos olhos os malditos olhos verdes tão parecidos com os de Tommy mas tão mais profundos me pegavam em cheio. Aquela obsessão tinha que parar e eu ia fazer parar de qualquer jeito. Tommy subiu as escadas algumas horas depois e eu ouvi cada passo que ele deu no corredor, bêbado como estava ele se jogou na cama. - Vá dormir Tommy! – beijei a boca dele mais uma vez e ele sorriu – Meg.... – ele disse mais uma vez – você odiou o Ethan não foi? – ele começou a gargalhar. - O seu irmão é um mala! – eu falei ainda mais irritada. - Então não desce antes de mim por favor, o Mala está dormindo em nosso sofá! – ele gargalhou de novo. - Está brincando não é Tommy? – ele nem conseguia abrir os olhos que dirá me responder do jeito certo. - Amor... eu preciso levar um cobertor para o Ethan lá embaixo! – ele disse fechando os olhos, estava bêbado o suficiente para jogar essa informação e voltar a dormir. Eu pensei “Que se dane o Ethan e o cobertor que passe frio!” Mas a droga da minha consciência não me deixava ser uma desgraçada como ele queria que eu fosse para ter pauta para falar para a família Flitch depois. - Leva você o maldito cobertor... Tommy? Tommy? – chamei o nome dele dezena de vezes, mas ele já estava no décimo quinto sono, e o ronco da bebida deixava isso bem claro – DROGA TOMMY! – eu tentei balançar ele dezena de vezes e absolutamente nada aconteceu. Peguei o cobertor mais velho que tinha em nosso closet e desci as escadas devagar, torcendo com todo o meu coração para que Ethan estivesse tão bêbado quanto o irmão, talvez jogado no meu sofá sem conseguir soltar uma piadinha arrogante sobre nada. - Ethan? – eu desci as escadas e lá estava ele apenas de calça, mas com o peito nu, estava com um livro nas mãos folheando com a mesma cara de antes. - Está aqui, o cobertor! – joguei em cima dele. - Não sabia que caipiras tinham acesso a livros como O morro dos ventos Uivantes! – ele disse com a boca cheia, o abdômen me causava vertigem e o sorriso lascivo me deixava suando frio. - Eu não vou nem te responder, acho que já deixei claro que sua presença aqui na minha casa é obrigatória certo? Ele se levantou e eu quase tive um surto. - Eu vou subir! - Eu vou convencer o Tommy de ficar! – ele disse mantendo uma postura menos odiosa do que antes. - Eu espero que consiga. Eu vou dormir! Virei as costas e ouvi – Você o ama? - Eu o amo! – confirmei – boa noite. - É dá para ver, esquisito, mas percebo. Eu respirei fundo e me virei para encará-lo - Por que seria difícil amar o Tommy? Ele é simpático, lindo, inteligente, trabalhador, gosta de ser gentil com as pessoas... Difícil seria amar alguém como você! - Concordo! Meu irmão é tudo isso que você falou, mas se eu encontrasse alguém que eu amasse mais do que minha própria vida eu enfrentaria o governo americano, toda a minha família e faria de tudo para ficar ao lado dela para sempre! - Ele não tem escolha! Você não está sendo justo! - Já te ocorreu que ele tenha pensado que você nem vale a pena? – ele sorriu – vai ver prefere ir para a guerra! - Como você se atreve a falar isso dentro da p***a da minha casa? – eu tentei gritar mas tive medo de acordar o Tommy - Eu só sei, garota do interior, você foi a primeira que subiu na moto barulhenta dele, de repente vocês estão apaixonados e você está assando uma torta no domingo a tarde enquanto ele bebe cerveja e espera o jogo começar! Uma vidinha média com uma mulherzinha sem muitos talentos ou brilho pessoal, vai ver a guerra é a resposta! Eu andei até ele e bati com força no rosto dele, com tanta força que fez barulho e meus dedos ficaram marcados. Eu não precisei responder virei as costas e ele gargalhou. - Te vejo amanhã... Megan Flitch! - Espero que Tommy se livre de você! Demônio! – eu sussurrei, bati a porta do meu quarto o mais forte que consegui e mesmo assim Tommy não acordou. Talvez tenha sido melhor assim!
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