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1542 Words
Hugo Às 05:30 da manhã quando me levantei para os meus exercícios matinais percebi uma agitação na cozinha, foi quando ouvi risadas vindas de lá e fui devagar sem fazer barulho encontrando Gabrielli e Marcele fazendo pão junto com as empregadas da casa, elas conversavam sobre filhos e a rotina daqui. – Aqui eles almoçam às 13:00, é tarde porque a senhora Assis gosta da mesa cheia com os filhos e o marido, como eles trabalham durante a manhã na sede da Organização e depois vem o resto do dia ficar aqui ela gosta assim. – Entendi. Então podemos vir almoçar às 12:00 com vocês? Elas estão se organizando para não fazerem as refeições com a família, não são nem um pouco bobas como se esperaria delas. – Mas é claro, a senhora não vem aqui antes das 12:50 para mandar arrumar a mesa, vai ser bom ter vocês conosco. Mas talvez não seja apropriado, seus maridos podem não gostar, ontem a senhora Assis foi punida por não obedecer ao marido, depois de tudo que passaram não queremos que sofram. Todos sabem o que fizemos, da criança até o mais idoso da Organização, é muita exposição que poderia ter sido evitada, é certa toda desconfiança em cima de nós. – Eles nos odeiam Naná, nem chegam perto de nós, tenho certeza de que vão achar que estamos fazendo um favor para eles e seus pais. Não precisa se preocupar, Jorginho também vai vir, Gabrielli pode pegar a mamadeira dele, está na hora dele acordar. Conte mais sobre a creche que as crianças ficam, temos interesse de colocá-lo lá para que possa socializar. Elas pensam que vão fugir até quando? Não vão conseguir viver assim por toda vida, de repente Gabrielli parou no meio da cozinha e começou a sorrir chamando Marcele que foi seguida pelas outras empregadas. – Ele está mexendo de novo. Bom dia, amor da mamãe, acordou cedo hoje? Animado? – A Rutinha está mexendo também, venham sentir. Elas estão todas ao redor delas tocando em suas barrigas enquanto sentem as crianças mexerem, Gabrielli mentiu sobre os bebês não mexerem, seu ódio por mim é tão grande que foi capaz de mentir para me manter afastado. – Eles mexem muito? – A minha bebezinha gosta muito de dormir, se mexe quando quer, mas converso muito com ela para que quando nascer saiba que sou sua mãe. – Meu menino mexe o tempo todo, e chuta tanto, acho que teremos um jogador de futebol daqui alguns meses. Todas estavam rindo e felizes, ela me enganou com a intenção de me afastar dela e do meu filho. Saio de onde estou indo em direção da academia, para o azar do soldado que está treinando estou de péssimo humor, chego chutando o rapaz que ficou sem entender, mas levantou com certeza pensando que era algum teste. Bati tanto no homem que só parei quando Gregório me segurou, o homem se levantou com bastante dificuldade do ringue me saudando, indo na direção do vestiário ainda mancando. – O que deu em você? – ELA MENTIU GREGÓRIO, DISSE QUE MEU FILHO NÃO SE MEXIA NA BARRIGA DELA, MAS ELE SE MEXE, GABRIELLI ME DESPREZA E ODEIA, MAS ELA É MINHA, ESTÁ ERRADA SE PENSA QUE VOU DEIXÁ-LA ME ENGANAR. Gregório tentou me acalmar, mas estou com muito raiva para que qualquer um consiga fazer isso. Apenas depois de alguns minutos fiquei mais calmo, ele se sentou comigo no ringue percebendo que minha raiva tinha passado. – Talvez seja melhor ficarmos longe Hugo, não quero prejudicar Marcele e a minha filha, podemos deixá-las viver da maneira que quiserem. Nosso pai espancou nossa mãe ontem, por mais errada que tenha sido ela não merecia ser surrada. Não merecemos essas crianças e nem mesmo elas, o melhor é ficar longe. – Não. Gabrielli é minha e o filho que espera também, ela vai entender isso por bem ou por m*l. Gabrielli Fui até o quarto buscar Jorginho para tomar sua Mamadeira, foi quando vi Margarida, o rosto dela está coberto por manchas roxas, nem mesmo disse bom dia para não despertar seu rancor em cima de mim, mas parece que ela queria conversar. – Como foi o dia que invadiram sua casa? – Horrível, triste e ainda tenho pesadelos por conta de tudo que houve, mas não vou reviver aquela noite com a senhora como ouvinte. Minha mente prega peças em mim o tempo todo, tem momentos que penso que vou morrer de tristeza e dor, em outros fico imaginando o que fiz de errado. Se tivesse me casado com meus 18 anos como a maioria ou tivesse fugido para viajar pelo mundo talvez não teria acontecido, naquela noite perdi minha mãe e tudo que acreditava. Não gosto de pensar no que poderia ser, mesmo assim todos os dias de manhã acordo pensando no que poderia ter sido minha vida se tivesse tomado caminhos diferentes. – Teodoro queria se casar com você, eu incentivei na época. Ele queria se casar com você mesmo depois do que houve, vi ele se empenhar em provar a inocência do seu pai, e não parou até conseguir, ele viajou para não ter que ver meu filho com você. Teodoro seria um marido melhor, mas ainda assim teria que conviver com o homem que me machucou de maneira indireta, no final foi melhor assim, tudo que aconteceu me deixou morta de alguma forma, viva por fora, mas algo em mim morreu. – Ele fez o certo senhora, espero de verdade que Teodoro seja feliz. Não tenho ódio dele por ter ido aquele dia, apenas estava cumprindo ordens e está tudo bem. Vou buscar Jorginho no quarto se me der licença. – Gabrielli, fique a vontade para viver sua vida como bem entender, não vou impor nada a você e seus irmãos. Lamento pelo que houve, e espero que possa encontrar uma maneira de viver bem mesmo tendo que ficar conosco. Apenas acenei sem dizer nada, não deve ser fácil ser esposa do líder de todos, e com certeza o senhor Assis não é um bom marido. Jorginho já está acordado aguardando seu leite de todas as manhãs, fico com ele no quarto por algum tempo esperando terminar de tomar seu leite, pego ele no colo levando para fora da mansão, Marcele está no jardim dos fundos enfeitando seus cabelos com flores. Minha irmã ainda é uma menina tão doce, é terrível pensar que seus sonhos foram destruídos, como eu ela encontrou uma forma de sobreviver diante de toda maldade que fizeram contra nós. Beijo seu rosto colocando Jorginho nos seus braços que começa a beijar o rosto da nossa irmã a chamando de mamãe. – O que vamos fazer o resto do dia? – Estudar. Tem uma biblioteca na casa, podemos começar a alfabetizar Jorginho enquanto não conseguimos a vaga na creche, hoje também podemos visitar Irma depois do almoço, temos a consulta amanhã e podemos vir tomar banho de sol todos os dias nesse jardim, além de ajudar as empregadas da casa, logo nossos bebês vão nascer e não teremos muito tempo para pensar no que fazer. Não somos prisioneiras, a senhora Assis disse que podemos viver nossa vida como quisermos, talvez possamos trabalhar quem sabe, não é? Sorri para minha irmã colocando mais uma flor no seu cabelo, sinto uma presença perto de nós, ao virar para trás vejo Hugo nos observando parecendo um louco, vou até ele que sorri de um jeito macabro, tenho que defender minha irmã e irmão, esse homem pode querer fazer algo contra eles. – Bom dia, senhor. – Bom dia Gabrielli, como vai? Hoje tenho um convite para você e sua irmã, eu e meu irmão vamos levar vocês para almoçar. – Infelizmente não podemos aceitar, não tem ninguém para ficar com Jorginho e preferimos descansar em nossos quartos se não for incômodo. Ele se aproximou de mim segurando meu braço com uma certa força, olhei para ele não entendendo bem sua postura. – Não dei opções para negar, vamos sair para um restaurante com uma boa comida, se arrume e ajude sua irmã a se arrumar. Vou trabalhar e quando chegar quero vê-las prontas, sobre Jorginho não se preocupe, Naná vai cuidar dele junto com minha mãe. Se por um acaso chegar e não estiver pronta vai ficar sem almoçar, entendeu? Fiquei apavorada lembrando de como ele urinou em mim depois que terminou de me estuprar, fechei meus olhos como se pudesse ver seu rosto coberto de escárnio, comecei a tremer sentindo medo por mim, Marcele, Jorginho e os bebês. – Sim, senhor! – Ótimo. Essa noite vai dormir no meu quarto, e Marcele no quarto de Gregório. Como recém-casados não tivemos uma lua de mel como deveríamos, sei que não se deitou com outro homem, portanto deve estar bem apertada como na primeira vez que a tive. Se lembra, Gabrielli? Marcele apareceu com Jorginho no colo percebendo toda a situação, Hugo me soltou e no mesmo instante senti uma tontura e se não fosse meus irmãos tinha desmaiado. Ele saiu sem se despedir percebendo o efeito nocivo que deixou, estava apavorada e com medo de que não consegui falar com Marcele como se minha voz tivesse sumido, só sabia chorar em total desespero.
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