Gabrielli
– Se a senhora precisar de mim por favor ligue para Hugo, ainda não temos celulares. Jorginho é um bom menino só pode estranhar, mas vai se comportar, ele dorme até às 15:00, não precisa se preocupar é só seguir as orientações que deixei com Naná. Sei que a senhora não gosta de mim e de Marcele, mas por favor não maltrate meu irmãozinho.
Tenho medo, minha pressão já abaixou umas duas vezes durante a parte da manhã e tive que conversar muito com Marcele sobre a importância de irmos nesse almoço, Marcele entendeu, mas está calada como nos dias posteriores ao que houve conosco.
– Não odeio vocês, e jamais faria nada contra o pequeno Jorginho. Sou uma pessoa difícil Gabrielli, mas não sou um monstro insensível, também sou mãe. Vocês estão muito bonitas, não se preocupem com nada, se acontecer algo vou saber lidar, vão em paz.
Paz? Sei que esse almoço terá tudo menos paz, Hugo apareceu na porta da mansão Assis no seu carro, Gregório apareceu logo atrás em um outro carro. Marcele me olhou desesperada, mas não posso fazer nada, apenas rezar para que ele não encoste na minha irmã até chegarmos ao restaurante.
Gregório foi até Marcele tentando segurar sua mão, minha irmã tremia tanto que não conseguia evitar. Ele a levou, mas sei que ela está no modo automático agindo de maneira mecânica, Hugo me leva até seu carro olhando para mim como um pervertido.
– Está linda, Gabrielli. Vai gostar do restaurante, é uma comida bem caseira e gostosa, depois podemos passear no shopping, comprar roupas novas para você e nosso bebê.
Fiquei segurando minha barriga o tempo todo sentindo tanto medo pelo meu filho, Marcele deve estar pior que eu, minha irmã deve estar apavorada dentro do carro daquele homem que a machucou tanto.
– Já tenho as roupinhas do nenê, não precisa se preocupar. Também não preciso de roupas, as que tenho são suficientes.
– Gabrielli, não perguntei se precisa. Vamos comprar e pronto, como sou seu marido posso prover o melhor para minha esposa e filho, essas roupas que está usando são dadas, não é? Precisa de roupas novas.
Respondi apenas balançando a cabeça sentindo novamente tontura, tudo ao meu redor rodava na minha frente. Sei que minha pressão está baixa, preciso voltar para casa.
– Hugo, podemos voltar para casa? Minha pressão está baixa, fiz um esforço para vir mas infelizmente não estou bem.
Ele começou a rir enquanto parava o carro, logo depois apertou meus braços com tanta força que parecia que queria quebrá-los.
– Mentirosa. Sei qual o seu jogo Gabrielli, mas não vou entrar nele, escutei sua reuniãozinha mais cedo na cozinha. Mentiu para mim sobre meu filho se mexer em sua barriga, de verdade, cheguei a acreditar em você, mas é uma mentirosa. Conviver com aquela corja do lixo a fez pegar seus maus hábitos, mas vou consertar você, e Gregório fará o mesmo com sua irmã. Hoje quero que seja minha na cama, sou seu marido e tenho direitos, vou trepar com você e vai sorrir depois como uma esposa apaixonada e fiel ao seu marido faz, entendeu?
– Entendi senhor, desculpa. Por favor solte meus braços, está doendo. Vou ser uma esposa boa eu juro, só me solta pelo amor de Deus.
Novamente a vertigem veio, fiquei paralisada quando senti o cheiro da urina dele em mim, está tão forte como se realmente tivesse urinado em cima de mim novamente. Mas ele não fez isso, sei que não, estou alucinando como nas primeiras semanas depois do que fizeram, sentia o cheiro da urina dele, via seu sorriso m*****o ao meu redor como se nunca fosse esquecer.
– Ótimo. Agora vou beijar você e vai corresponder como uma boa esposa faz.
Hugo segurou meu rosto beijando meus lábios, não sabia o que fazer quando sua língua entrou na minha boca, nunca beijei ninguém na vida, por isso deixei que fizesse o que queria comigo, quando finalmente terminou colocou a mão na minha barriga acariciando-a como se fosse íntimo. Meu filho está quieto, estou com medo de que não esteja bem.
– Oi filho, sou seu pai. Sei que não está se mexendo, mas quero que saiba que sua mãe agora não vai me impedir de ficar perto de você.
Meu menino chutou onde a mão de Hugo estava, foi um misto de sentimentos, alegria por saber que meu pequeno está bem e pavor, pois agora Hugo se sentirá no direito de fazer o que quiser comigo.
– Ele gosta de mim Gabrielli, já é um bom começo. Agora vamos, estou ansioso para almoçar com minha linda esposa grávida.
Marcele
– Marcele, não tivemos oportunidade de conversar sobre nosso casamento e nossa filha, foi tudo tão rápido, não é?
Fico calada mexendo minhas mãos para não tremer muito, ele não pode perceber que estou nervosa, pois pode notar que estou vulnerável e me machucar.
– Sei que é tímida, mas me lembro que no seu aniversário cantou, você ainda canta?
Não, tem muito tempo que não canto, de alguma forma Gregório arrancou isso de mim, não queria que soubesse disso, então apenas me limito a responder.
– Não canto mais, senhor.
– É uma pena. Cantava muito bem, esse restaurante que estamos indo tem um piano, ainda toca? Lembro que seu pai me contou que além de cantar você também tocava alguns instrumentos.
Mamãe me ensinou a tocar piano, o violão aprendi com Vagner e os outros instrumentos de percussão vendo vídeos na internet, claro que mamãe restringia o uso da internet para nossa educação, acho que ela tinha medo de sermos corrompidas.
– Não mais.
– Entendo. Toco violão, foi seu pai inclusive que me incentivou, também fiz algumas aulas de dança. Talvez possamos dançar algum dia, não é?
Ele tocou em minhas mãos, fiquei paralisada olhando sua mão tocar em mim, preciso ficar calma é só um almoço, não posso deixá-lo perceber que estou com medo de que queira algo comigo.
– Suas mãos estão frias, quer que ligue o aquecedor? Ainda bem que trouxe um agasalho o tempo é frio nessa época do ano.
Ele não tirou sua mão suja das minhas, queria gritar para tirar, mas estou apavorada, ele pode me machucar. Se fosse só por mim não ligaria, porém tenho minha pequena Rute, o médico disse sobre o estresse e que deveria evitar. Gregório contava sobre sua vida como se fôssemos realmente um casal normal, não sei se ele quer ser legal ou está tentando conquistar minha confiança para me machucar.
Chegamos no restaurante praticamente juntos de Hugo e Gabrielli, ela parecia apavorada como eu, fui até minha irmã sem me preocupar com Gregório. Vi as marcas de apertos nos braços dela, Hugo a agrediu, será que tentou estuprá-la dentro do carro?
– Precisamos ir ao banheiro, podemos?
– Claro, vamos nos sentar enquanto isso, não demorem.
Hugo foi até Gabrielli e beijou seu rosto, minha irmã fico petrificada e tive que ajudá-la a entrar no restaurante enquanto todos os olhares foram em nossa direção, a guiei até o banheiro notando como as mãos dela estavam frias, quando consegui colocá-la dentro do banheiro Gabrielli tremia muito.
– Estou passando m*l, quero voltar para a mansão Assis, preciso falar com Vagner. Ele vai saber o que fazer, minha pressão baixou de novo, eu sei disso.
– Não tem como ligar para Vagner, não temos celular, vamos fazer assim: aviso Hugo que você não está bem e vamos embora.
– Ele não vai acreditar, Hugo ouviu nossa conversa hoje de manhã. Me disse coisas horríveis, quer consumar o casamento hoje, disse que sou uma mentirosa. Ele machucou meus braços, senti aquele cheiro de urina, Hugo vai fazer de novo, Marcele.
Gabrielli foi perdendo as forças das pernas e acabou desmaiando dentro do banheiro. Comecei a gritar por ajuda, foi quando várias pessoas apareceram, em questão de minutos Hugo e Gregório estavam aqui, Hugo pegou Gabrielli no colo a levando para o carro, chegamos no hospital 20 minutos depois, de alguma forma meu pai chegou após 10 minutos com Vagner e Irma.
– Marcele, o que aconteceu?
Meu pai me chamou para conversar longe de Hugo e Gregório, contaria a verdade porque talvez meu pai possa fazer alguma coisa.
– Não queríamos almoçar com eles, mas ficamos com medo de negar, Hugo ameaçou Gabrielli. A pressão dela já estava baixa, ela passou m*l a manhã inteira, apenas resolveu ir pois ficou com medo de represálias. Hugo a ameaçou novamente dentro do carro, Gabrielli ficou muito assustada, a levei até o banheiro percebendo que não estava bem, foi quando ela desmaiou, se acontecer alguma coisa com Gabrielli e o bebê não sei o que vai ser.
Minha irmã é tão forte o tempo todo, acredito que estar perto de Hugo a fez relembrar de tudo o que houve como aconteceu comigo em relação a Gregório.
– Nada vai acontecer com Gabrielli, minha filha, estou aqui para garantir isso. Tudo isso é culpa minha, se não tivesse confiado tanto nos Assis nada disso teria acontecido.
Se acontecer algo com Gabrielli ou com o bebê não sei o que fazer da minha vida, minha irmã é tudo para mim e Jorginho.