Capítulo 4 - Dois visitantes

2320 Words
Cheguei em casa e nem deu tempo de sentar a *b***a na cadeira, já haviam coisas a serem resolvidas, pessoas a serem caladas e um sermão enorme de Nano por ter beijado Pierre. _ Você é doida! E se ele tivesse dado uma *facada em você menina ? Meu Deus… Ele me seguia pela mansão e falava, parecia uma cocota que não cala a boca. _ Credo, você anda vendo filmes demais ! _ Filmes eu vejo isso todos os dias. Disse ele indignado, se tem coisa que eu mais gosto é de deixar ele irritado. Parei de andar e segurei os braços dele, Nano dá dois de mim, mas ainda sim consegue ser mais delicado que uma flor. _ Migo, fica tranquilo, eu sei me cuidar e você sabe disso. Confia vai.. Fernando suspirou cansado. _ Tudo bem, mas é meu deve aconselhar você, fica longe desse homem! Revirei meus olhos. Fernando fala como se eu não soubesse me cuidar e não soubesse dos perigos que a vida nos trás. Continuei andando para meu escritório, havia uma carga que eu iria inspecionar pessoalmente, mas antes eu precisava confirmar uma informação. _ Senhora, ao que tudo indica as nossas suspeitas estão corretas. Junior é um pouco mais velho que eu, mas é extremamente inteligente. Claro, a inteligência da nossa máfia não é tão moderna e cheia de gênios como a da Alemanha e da Itália, mas ainda sim eles jamais nos passaram pra trás depois que eu assumi. _ Droga, mas o que eles pretendem com isso? Perguntei enquanto amarrava meu cabelo em um coque e o prendia com a adaga. _ Talvez confirmar se somos leais a eles mesmo, até porque Matteo não tem uma aliança com Pierre, talvez ele pense que podemos traí-los. Deduziu Junior. _ Perfeito, vou dar um jeito nisso. Quero os dois no meu galpão até o amanhecer, eu vou estar presente e inspecionar a carga mesmo assim. Levantei da cadeira e fui direto para o meu armário, peguei somente uma *pistola simples. _ Mas.. e se eles resolverem *matar você ? _ Eles não vão Nano, fica de boa aí. Saí da sala deixando Fernando aflito, ele sempre fica assim quando a situação fica séria como essa. Já que Matteo quer brincar com fogo espero que no mínimo ele esteja pronto pra se queimar. Meu celular vibrou. Era um número desconhecido com uma mensagem que entregou o remetente. ‘’ Ainda sinto seus lábios nos meus, quando vai voltar ?’’ Tropecei e quase caí, parecendo uma *i****a. Por um lado eu penso que seria muito bom separar as coisas, mas por outro eu sinto uma enorme vontade de conhecê-lo mais. “Quando você menos esperar eu apareço” Respondi. Ainda sinto o frio na barriga do beijo, mas não vou me entregar fácil assim. Entrei no carro e fui até o ponto de encontro. Chegando lá, meus homens já estavam a postos, e os homens de Matteo também. Eu sabia exatamente o ponto onde estavam os dois, mas segui fazendo o que precisava fazer. Alguns me perguntam se não tenho medo de tomar um *tiro ou de ficar apostando na sorte. É óbvio que não tenho, porque se tivesse eu não seria quem eu sou hoje. Não tenho o peito de aço, mas também não sou uma covarde. Sou a mulher mais poderosa e influente do meu país, mesmo por baixo dos panos. Muitos me temem e poucos me amam. O amor é bom, mas o medo é melhor ainda. Colocamos um dos pacotes na mesa, o homem começou a explicar quantas toneladas tinha, falou dos valores mas eu nem prestei a atenção. A mensagem de Pierre me deixou extasiada. _ Um já foi. Disse meu soldado no fone de comunicação. Olhei pra trás, exatamente onde o outro homem estava e sorri. _ O outro também. Disse o outro soldado. _ Perfeito, meu pessoal vai terminar a transação. Falei isso e me retirei. Estava cansada, e precisava de um bom descanso. Quando cheguei em casa Fernando estava sentado no sofá com as pernas cruzadas tomando vinho. Ele é mil vezes mais feminino que eu, isso não dá pra negar. _ Viu, eu falei que ia ficar bem seu chorão! Debochei enquanto me atirava no sofá. _ Dizem que vaso r**m não quebra né, você arrisca demais menina! _ E você arrisca de menos! Ele sabe sobre o que estou falando. _ Não começa Olivia, você sabe que ele não compartilha do mesmo gosto que eu! Disse Fernando quase que cochichando. _ Você é um covarde, você tem que ao menos tentar! Falei enquanto pulava do meu sofá para o dele. Deitei minha cabeça nas pernas dele, Nando tem cheiro de família, e olha que eu nem sei o que é isso. _ Não posso arriscar, os homens ainda são muito homofóbicos, não me sentiria confortável se todos me olhassem com cara torta. _ Se olharem pra você com cara torta ou praticarem algum tipo de homofobia eu quebro as pernas de todos e jogo no poço. Fernando riu, mas ele sabe que eu faria isso. Eu já mencionei que tenho um poço onde jogo as pessoas e as deixo agonizando ? Pois então, eu tenho. Mas geralmente é só para os piores tipos de pessoas mesmo. _ Você tem um jeito bem esquisito de dizer que se importa comigo. Disse ele enquanto acariciava meu rosto. _ Eu não falei que me importo. _ Ta bom, sei. _____________-____________ Uma semana depois. Os homens de Matteo já estão tentando contato comigo e eu simplesmente esqueci que tinha dois reféns no galpão. Minha semana foi cheia de coisas, como sempre, mas dessa vez minha cabeça estava mais na lua que nunca. Pierre me manda mensagem praticamente todos os dias, ele até tenta fazer chamada de vídeo mas to fora, eu fico horrível em frente a uma câmera. Não entendo por que ele está insistindo tanto, talvez tenha se apaixonado pelos meus olhos ou tá muito afim de viver um romance estilo Bonnie e Clyde, cheio de perigo e emoção. Entrei no galpão e fui para a ala onde estavam meus convidados esquecidos. _ Ainda vivos ? Perguntei tranquilamente e eles permaneceram em silêncio. _ Não me esqueci de vocês, não se preocupem, apenas ando ocupada demais para exterminar ratos pequenos. Não me preocupei em falar a língua deles, certamente eles falam espanhol. Deixei eles mofando mais um pouco e fui para a outra sala. Haviam outros convidados dos quais eu estava tratando. Entre eles alguns que tentaram me trair, outros que tentaram roubar sem ser vistos e até mesmo um lider de gangue. A pressão que Pierre estava fazendo e a vontade que eu estava sentindo de resolver logo isso me fez descontar em cada um dos homens que estava lá. Quando anoiteceu eu já estava cansada, suja e suada, mas ainda sim queria dar uma atenção especial aos dois que estavam na outra sala. _ Boa noite. Peguei uma cadeira e sentei. Minhas roupas pingavam sangue. O último que matei eu pratiquei a arte de escalpelar, então provavelmente deve ter até cabelo colado em mim. Fiquei observando eles durante um tempo. Queria testar uns brinquedos novos, porém eu já sabia qual seria o fim deles pois uma pessoa muito especial estava a caminho para o resgate deles. Uma mesa foi posta entre nós. Resolvi então praticar um pouco do meu Italiano. _ Sei que vocês são enviados do Matteo. Eu sei que ele pensa que quebrei o tratado e eu me sinto extremamente ofendida com essa desconfiança. Eu não tenho muito o que fazer com vocês porque não quero quebrar o acordo com a Itália, rende bem. Mas também não tenho obrigação de deixá-los vivos, então vocês já sabem seus destinos. Estou um pouco sem paciência então vou dar de presente a vocês uma morte bem rápida. Saquei minha adaga da cintura e me posicionei atrás do meu primeiro alvo, ao menos um eu queria ter o prazer de entregar somente a cabeça à Matteo, para que ele aprendesse a me respeitar. Eu sou uma mulher de palavra, e não uma qualquer. _ Se sintam privilegiados, todos que morreram por essa adaga eram homens importantes. Prometo desovar o corpo de vocês em algum buraco por aí. O cara era tão esquisito que parecia extremamente relaxado. Se fosse eu no lugar dele também estaria, no nosso mundo a morte anda ao nosso lado, precisamos estar preparados para absolutamente tudo. _ Você é esquisito. Está feliz em morrer Collin ? O olhar dele mudou totalmente quando falei seu nome, sério que eles pensam que eu não sei quem são? *p***a, que *merda de moral que eu tô ein!! _ Será que Anna vai ficar feliz em ver seu corpo sem cabeça jogado por aí ? Ou será que eu deveria enviar sua cabeça de presente a ela ? Agora sim, o caos. Eu amo o caos. O olhar dele mudou totalmente, ele estava com raiva e ao mesmo tempo com medo, não um medo por ele, mas sim pela mulher. _ Melhor assim, eu gosto do terror psicológico antes de matar. Foi assim que meu querido papai me ensinou. Espero que ele esteja queimando no inferno. Ah, se vocês encontrarem ele digam que eu estraguei todo o império de prostitutas e estupros que ele construiu. Eu pagaria pra ver a cara dele. Por algum motivo hoje lembrei muito daquele velho nojento mas só de saber que eu fiz exatamente tudo o que ele não queria, me deu vontade de rir. Os homens que estavam junto comigo também riram porque provavelmente imaginaram o que eu tava pensando, mas enfim.. _ Senhora, tem uma pessoa que precisa falar com você.. Um dos soldados entrou me avisando sobre a nossa visita. _ Não está vendo que estou ocupada ? Não estrague meu momento de descontração ! _ É um pouco importante senhora.. Eu sabia quem era, mas mesmo assim sai irritada. Eu deveria ter sido mais rápida, que *merda. _ Michael, a quanto tempo. Falei enquanto me aproximava dele. Não o abracei porque a situação não é das melhores. _ Sim, faz tempo. _ Fiquei sabendo que se casou.. Falei um pouco decepcionada, afinal de contas eu ainda tenho um pontinho de sentimentos por ele, coisa da adolescência. _ Sim, casei faz pouco tempo. _ E nem me convidou. Meu olhar demonstrou exatamente o que eu estava sentindo. Um misto de decepção e tristeza por perder a oportunidade de tê-lo pra mim. _ Olivia, sua *capetinha, você sabe que é como uma irmã pra mim, não sabe ? _ *p***a Michael, que brochante ein. Michael começou a rir e eu acabei rindo junto. Obvio que ele jamais ficaria comigo, mas a esperança é a última que morre. Nesse caso a minha foi assassinada a sangue frio. _ Eu sei que você tem duas pessoas que me pertencem. _ Quem? Não to lembrada não. Me fiz de desentendida, adoro ouvir ele falando minha língua com esse sotaque carregado. _ Collin e Leonardo, eu quero eles de volta. _ Ah você quer ? _ Quero. _ Que pena Michael, mas querer não é poder. Michael respirou fundo, ele sabe da *merda que o irmão dele fez. _ Você fechou acordo com a França, por isso acabamos investigando você, sinto muito. O histórico do seu pai com tráfico humano também não ajudou muito. _ Você me acha sem palavra Michael ? _ Não, não acho. Você é uma das mulheres mais sinceras e honestas que conheço, e por isso peço desculpa. _ Não adianta puxar o meu saco, só desculpa não me adianta. Falei irritada. _ Então o que você quer ? Perguntou ele, ficando irritado novamente. Eu sorri, já imaginando mil e uma coisas. _ Não, isso não! Disse ele já sacando o que eu queria. _ Poxa, deixa de ser chato. Falei enquanto segurava os braços dele, e que braços ein! _ Eu sou fiel garota, você sabe disso. Disse ele olhando nos meus olhos. Fiquei um pouco chateada, mas não podia dizer não pra ele também. _ Quero uma carga de armas, no mínimo de AK47. _ Tudo bem. Você terá a sua carga. Disse ele mais tranquilo. Dei um beijo no rosto dele e cheirei bem aquele pescoço, que homem cheiroso!! Voltei pro galpão sorridente. _ Muito bem senhores. Hoje vocês sairão com vida. É uma ótima notícia, não é ? Falei enquanto ria. Os homens me olharam um pouco sem entender. _ Mas é claro que não sairão inteiros.. Completei. Óbvio que eles tem que sair daqui e ter no mínimo algo pra lembrar a estadia. É tipo uma lembrancinha que levamos quando visitamos algum lugar diferente, é quase que um cartão postal. _ Quero que entreguem um recado a Matteo, eu não sou uma traidora. Sei honrar meus tratados e ele deveria saber melhor que ninguém que não tenho interesse em tráfico humano. Eu tenho meus princípios. Mas enfim. Vamos acabar logo com isso. Segurem o carrancudo. Eles seguraram o brabão e logo arranquei o olho dele, havia um ditado bem legal que eu queria seguir e também acredito que Matteo entenderia. _ Eu quero no mínimo três. Falei enquanto colocava o olho do soldado dentro de uma caixa. Os meus soldados deram-lhe alguns socos e pontapés. Eu finalmente tinha meu presente embalado. _ Quero que entregue ao Matteo. É meu recado a ele. Olho por olho, dente por dente. Falei para o soldado que ainda estava acordado. Um foi colocado em uma maca e o outro arrastado pela grama até o helicóptero de Michael. _ Aiai, que homem. Falei pra mim mesma enquanto observava aquela silhueta maravilhosa. Infelizmente ele me vê como irmã, fazer o que né? Mas que é *gostoso ele é, isso não dá pra negar! _______________________________________________ A primeira aparição de Olivia foi no livro A filha do Guarda, no capítulo 26 - Olivia.
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