Capitulo XI

1270 Words
Rosângela, por questão de respeito, não quis discutir com a mãe. Apenas falou: - Mãe eu não tenho intenção de ter um homem que covardemente fez as malas na surdina e apenas me comunicou que estava indo morar com a mulher que amava, desrespeitando o meus sentimentos, deixando os filhos sem ter o necessário dentro de casa, sem mesmo se despedir deles, já esteve aqui algumas vezes para falar de dinheiro, sem pedir nem notícias das crianças e ainda colocou em dúvida o meu caráter dizendo não ter certeza que os filhos eram dele. Tenho motivos de sobra para não voltar nunca com o meu casamento. Isso pra mim, é assunto encerrado. - Mas tem hora que eu tenho a impressão que você procura desculpas para o procedimento dele. - Eu não procuro desculpas. Estou tentando entender como uma pessoa muda de repente e toma atitudes que a gente não espera. Até o nascimento da Regina, o Ronaldo era um excelente marido. Me ajudava quando estava em casa a cuidar deles e até nos serviços domésticos. Depois que a Regina nasceu, foi que ele começou a reclamar do barulho das brincadeiras das crianças e se tornou um homem frio que nem olhava mais para os filhos. Começou a chegar tarde em casa, alegando horas extras, mas dava cada vez menos dinheiro para as despesas. - Mas eu lembro que quando ela nasceu, ele ficou feliz por ser uma menina. - A Telma, levantou a hipótese de ele ter escorregado durante o meu resguardo e depois a coisa continuou. - Não seria a primeira vez que durante o resguardo da mulher, o marido procura s**o fora de casa. Isso é até comum, mas assim que acaba o resguardo, ele volta ao normal. - A Telma acha que a mulher grudou nele e fez alguma coisa para causar a separação. - Se fez, foi muito bem feito. Ele esqueceu até dos filhos. - Pois é. É muita mudança pra não ter alguma coisa por trás. - E se for? O que você vai fazer? - Se der pra desmanchar, a gente desmancha. Mas o meu casamento está acabado. Não vou aceitar ele de volta. - Acho que você está certa. Foi muito humilhante ele dizer na frente de todas aquelas pessoas que não tinha certeza de ser o pai das crianças. - Também acho. Agora vou agir a vida. Só queria conversar um pouco com você. Vou desligar. Tchau! - Tchau! Dá um beijo nas crianças. Rosângela desligou o telefone e foi no quarto das crianças brincar um pouco com elas, como fazia todos os dias. Os meninos, tinham ficado com sequelas psicológicas dos castigos do pai. Brincavam sempre fazendo muito pouco barulho. Entrou no quarto e perguntou: - Vocês estão brincando de mudo? Rogério respondeu: - Não. É que acostumamos a fazer pouco barulho. Rosângela abraçou os filhos e disse: - Agora vocês podem fazer o barulho que quiserem. O pai de vocês não mora mais aqui. Era ele que se incomodava. - Eu sei. Mas acostumamos a brincar assim. - Mas se quiserem fazer barulho, podem fazer. Sentou no chão e ficou brincando com eles por mais de uma hora. Depois, deu banho em Regina e ficou na porta do box supervisionando o banho dos meninos. Depois de todos limpos e arrumados, deixou eles no quarto e foi tomar banho também. Quando terminou, deu a comida da menina e depois sentou para jantar com os garotos. Depois de colocar os filhos para dormir, Rosângela ficou repassando a conversa que tinha tido com a mãe. Segundo ela, Rosângela estava procurando desculpar as atitudes erradas do marido com essa história de trabalho feito, mas mesmo que tivesse algum trabalho, se ele realmente gostasse dela e dos filhos, a mudança não seria tão radical. Poderiam até ter se separado, mas as crianças não seriam simplesmente esquecidas pelo pai. Pode até existir ex mulher, mas filho é pra sempre. Mesmo que ficasse comprovado a existência de alguma coisa feita, Ronaldo estava cortado de sua vida para sempre. Estava sendo muito mesquinho, querendo deixar de sustentar os filhos para dar luxo a uma mulher que se envolvia com um homem casado e com três filhos pequenos, a menos que ela não soubesse de nada. Ele pode ter se dito solteiro ou separado quando se envolveu com ela. De repente, ela estava sendo tão enganada quanto ela foi. Resolveu deitar para recuperar o sono perdido da outra noite. Tinha que se cuidar para não ficar doente. As crianças dependiam dela. Não demorou muito a pegar no sono e no dia seguinte, acordou bem disposta. Arrumou a casa, só deixando para depois o quarto das crianças que ainda dormiam e foi preparar o café da manhã. Regina foi a primeira a acordar. Rosângela cuidou da filha e lhe deu a mamadeira de café com leite e a papinha de pão. Depois foi servir aos meninos que acordaram com o choro da irmã. Depois de alimentar os filhos, lavou a louça do café e foi separar o material que iria usar na primeira aula do dia. O dia correu sem novidades. No dia seguinte, quarta-feira, depois da última aula, Telma tocou a campainha e logo que Rosângela abriu a porta, perguntou: - Você não quer ir comigo para ver como é lá no centro? - Mesmo que eu quisesse, não poderia. As crianças não podem ficar sozinhas. - Minha mãe pode ficar com eles lá em casa. - Eles vão estranhar. Não estão acostumados a ir na casa de ninguém. Até meus pais, vêm aqui sempre, mas eles nunca vão lá. - Então, eu vou e pergunto. - Eu te agradeço. Pra eu sair de casa, só deixo eles com você porque já estão acostumados. - Eu vou indo, então. Amanhã eu te falo o que disseram. - Que horas você volta.? - Umas oito e meia eu já estou aqui. - Se quiser vir hoje, oito e meia ainda é cedo. Pode vir. - Vou ver como eu chego de lá. As vezes, venho tão leve que vou direta dormir. - Tá, mas se quiser, pode vir. Telma foi para o centro e fez a consulta que tinha prometido. A resposta era que tinha trabalho feito sim. Ronaldo estava amarrado. Perguntou se dava pra desfazer e responderam que, com muita oração, o trabalho seria desfeito. Bastava orar muito. Quando foi para casa, passou na casa de Rosângela e disse: - Foi feito trabalho de amarração sim. - E tem como desfazer? - Eles disseram que era pra orar bastante que o trabalho seria desfeito. - Não pediram nada? - Nesse centro, eles não fazem trabalhos. Apenas desfazem e tudo é feito através das orações e esclarecimentos aos espíritos que fazem esse tipo de serviço por ignorância. Somente o amor pode juntar duas pessoas. Esses trabalhos não são bem vistos pelos espíritos de luz. - É bem diferente mesmo. - Agora eu vou pra casa que estou com sono. Não tenho dormido direito. - Eu também não. Fico pensando e acabo dormindo tarde. - Você tem que se cuidar. Não pode ficar doente. Os teus filhos, eu olho, mas as aulas não podem parar. - Ainda mais agora, que eu não sei como vai ficar essa história da pensão das crianças. - Porquê? - Ele pediu demissão do emprego. - Eu não sabia. Ele quer ser preso? - Deram um prazo a ele para resolver, mas não sei se ele vai obedecer. Até porque arranjar emprego, não está fácil. - Pra você vê. O que um trabalho feito não causa? - Vamos rezar pra que tudo se acerte.
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