ENTRE O ÓDIO E A ATRAÇÃO

CAP 3

Victória Blant

Depois de contar ao Collin sobre a viagem, ele me falou como foram esses dias sendo os últimos no antigo emprego e ele mostrou uma animação sobre trabalhar na empresa do meu pai. Ele vai ficar no departamento administrativo já que é a área dele e como ele está finalizando o último período da faculdade, ele só tem a crescer lá.

Collin já tem vinte e cinco anos e apesar de ter começado a faculdade um pouco tarde, ele finalmente vai concluir e está ansioso para isso. Uma das sortes dele é que ele ganhou uma bolsa de desconto pela metade e ele estava pagando com o salário do antigo emprego com a ajuda dos pais dele.

Por ser filho únicos, os pais dele fazem de tudo por ele e gosto deles.

Foram poucas as vezes em que fiquei um tempo com eles, porque eles são bem reservados e caseiros, mas, na casa deles são bem receptíveis.

— Tem certeza de que não quer nada? — Pergunto a ele outra vez, me referindo a comida ou bebida enquanto entramos na cozinha.

— Não, só a água mesmo! — Ele responde perto do balcão.

Pego a jarra de água, o copo e sirvo a ele, então, deixo a jarra no canto e lhe abraço por trás. Inalo o perfume dele, deslizo as minhas mãos pela sua barriga e quando menos espero, sinto um aperto no meu pulso e ele me puxa para frente. Sorrio nessa ação e aproveito o movimento para o beijar e assim eu faço. Eu me prendo no seu pescoço, abrindo bem a minha boca para um beijo mais profundo e de imediato, eu sinto um aperto na minha cintura que me faz continuar, mas não dura muito.

— É..., é melhor eu ir! — Ele sempre para quando começa a ficar melhor e tento manter a calma para não gritar com ele.

— Ainda está cedo! — Falo não me soltando dele. — Vem, vamos lá no meu quarto! — Chamo segurando a sua mão. — Quero te mostrar uma coisa. — Sugiro pensando em algo e observo bem o jeito dele.

— Não, Vic! É melhor eu ir e eu peguei o carro dos meus pais! — Ele dá uma desculpa que já usou outras vezes e faço de tudo para não mostrar a minha irritação ainda.

— Só cinco minutos, vai! Só quero passar um tempo com você depois de dias fora do país! — Falo começando a ficar chateada com isso. — Vem?

— Desculpa! — Abaixo a minha cabeça enquanto me afasto dele e passo as mãos no rosto e cabelos. — A gente se vê amanhã no jantar.

— No jantar que você nem perguntou detalhe algum de como será! — Digo não escondendo a chateação. — Nem parece que eu fiquei quase uma semana fora e dá para contar nos dedos as vezes que nos falamos esses dias. Você nem perguntou o que será servido amanhã, quem virá prestigiar, em que parte da casa vamos jantar e o que decidimos para a decoração. Nada. — Falo começando a surtar e é a primeira vez. — Fora que você sempre foge de mim quando quero ficar a sós com você.

— Já conversamos sobre isso..., e..., detalhes de jantar com decoração não é algo que eu entenda. — Ele responde gaguejando um pouco e já vejo que ele está fugindo como sempre.

— Por que me pediu em casamento? — Pergunto olhando bem para ele e Collin engole em seco. — Pode me responder?

— Por que eu quero me casar com você... — A resposta não me convence e juro que é uma resposta genérica.

— Mas, por que você quer? Me ama para isso? — Confesso que além do frio na barriga, sinto um tremor dentro de mim com receio do que posso ouvir. — Quero uma resposta!

— Sou apaixonado por você, Vic! Quero me casar porque foi você que eu escolhi e é com você que eu quero ficar. — Juro que olho bem para ele em busca de algum sinal positivo que possa me deixar tranquila, mas não sinto nada. — Satisfeita?

— Não! Nenhum pouco! — Falo sendo sincera e o vejo confuso. — Não parece que você quer se casar e as vezes, parece até que não gosta de minha presença ou dos meus toques, sei lá... — Digo o vendo negär com a cabeça.

— Isso é loucura, de onde tirou isso? — Ao ouvir essas palavras, eu me aproximo dele e agarro o seu rosto para lhe beijar mais uma vez. — Vic..., espera... — Não me solto dele, mas Collin agarra os meus pulsos e se afasta. — Para! — Eu me solto das suas mãos e dou meia volta, ficando de costas para ele. — O que deu em você hoje?

— É melhor você ir..., está tarde! — Digo frisando o tarde e pego a jarra para colocar no lugar.

— Vic, não é assim que... — Juro que a voz dele parece ser a última que quero ouvir agora.

— Só vai embora, Collin! Não era isso que queria? Não tem que devolver o carro? Então vai que eu vou descansar! — Falo passando por ele e sem olhar para trás.

— Vic, espera! Vic! — Não respondo e subo as escadas indo para o meu quarto.

Além da raiva, sinto uma vergonha enorme dentro de mim e fecho a porta passando a chave. O choro de raiva que vir com tudo, mas engulo a força, me negandö a chorar por isso e as palavras da minha mão retornam com tudo. Não consigo entender esse comportamento do Collin, não consigo entender esse jeito distante e cronometrado que o faz ser tão robótico e isso está me cansando.

De verdade e depois de hoje, eu estou vendo que não tem como mudar!

Nem quero imaginar como será amanhã, porque pela raiva que sinto agora, eu não consigo me imaginar fingindo que tudo está bem e perfeito para várias pessoas e se não fosse amanhã, eu juro que cancelaria. Porém, nessa altura, não tem como fazer isso e espero de verdade que seja um jantar tranquilo.

Ao me jogar na cama, suspiro alto em chateação enquanto encaro o teto e ainda tentando engolir o choro e confesso que esse tipo de situação, me faz lembrar dos períodos rüins da escola. Por ter sido gordinha e afastada dos outros, eu era motivo de certos comentários e muitos mostravam não querer estar por perto.

Sabe a sensação de que parece que você está sujo, mas não sabe e todos comentam lhe deixando sem entender nada? É assim que me sinto quando Collin faz isso. Posso não ter tido experiências amorosas para me basear, mas, namorados e noivos se beijam, transam e se desejam, foram que, noivos em planos de se casar é que devem ter uma vontade maior em antecipar para estar com a pessoa, mas isso não acontece comigo e Collin.

Não há desejo, eu não me sinto desejada e se me sinto assim antes de casar, preciso repensar sobre como poderá ser se eu deixar isso se seguir adiante.