Aos poucos ela abriu os olhos se livrando da escuridão, estava deitada em uma cama, uma luz amarela a banhava, percebeu que se encontrava no DEO. Ainda em seu uniforme de heroína meio rasgado, foi quando reparou em sua mão, onde antes uma bala de kryptonita tentou atravessá-la, meio dolorida, sentiu suas costas doerem também, todos os dois haviam sidos enfaixados. Na verdade, todo o seu corpo reclamava. Sentou-se com certa dificuldade. Do lado de fora sua irmã se encontrava conversando com alguém no celular. Parecia um pouco agitava, franzia o cenho com um meio sorriso suplicante nos lábios
- Desculpa Ruby, eu meio que não posso sair daqui agora, não vou poder ir aí hoje... – Kara sorriu da feição de desespero de Alex. A mulher mais velha coçava a nuca desconsolada, enquanto acenava com a cabeça em derrota, como se estivesse disposta aceitar qualquer punição para ser perdoada.
Durante o evento Reign a Danvers mais velha ficou próxima de Ruby. A irmã andava sorrindo mais, e não a via sorrir desde que terminou o namoro com Maggie. Embora Kara desconfiasse que o sorriso da ruiva não tivesse só haver com a Ruby, mas também com a mãe da garota. Sam. Era a única que conseguia desconfigurar sua irmã na base, apenas com pequenos gestos, como sorrir.
Alex se virou distraída, um sorriso cansado em seus lábios, olhando para os próprios pés, quando levantou o cenho, a surpresa tomou seu rosto ao ver Kara acordada. Terminou rapidamente a ligação, pedindo mil desculpas antes, e logo indo em direção a loira.
- Oi... - Kara falou sorrindo com a voz rouca, pela falta de uso, quando sua irmã ficou a sua frente com um olhar preocupado, embora tenha devolvido o sorriso.
- Dessa vez o estrago foi feio – A mais velha falou com uma mão na cintura e o celular descansado na outra. Kara apenas acenou com a cabeça em concordância - Como está se sentindo? – perguntou tocando o seu rosto.
- Como se todos os meus ossos tivessem sido quebrados - riu sendo acompanhada da irmã. Depois de um tempo elas se calaram e ficaram olhando uma para a outra.
- Quanto tempo? - Kara a encarou.
- Você apagou por três dias – Alex falou cruzando os braços.
- O trabalho?! – indagou já se afligindo com a possibilidade de acabar desempregada novamente.
- Não se preocupe. Avisei que teve uma emergência familiar e precisou sair da cidade por um tempo – falou deixando um suspiro longo escapar.
- Obrigada – Deixou o ar que nem sabia que estava segurando escapar. E com uma decisão tomada se levantando da cama.
- Seu rosto está se contorcendo claramente em dor, volte para cama – Alex se colocou na frente da loira tentando impedi-la de continuar. No entanto Kara deu alguns passos até ficar ao lado da sua irmã, colocou a mão em seu ombro e disse sorrindo:
- Se estou com o semblante tão r**m assim mais um motivo para sair da cama - deu um beijo na bochecha de Alex, se afastou dela voando para fora do lugar.
Do lado de fora tinha a visão da cidade. O céu noturno cobria todo a extensão do lugar. O véu da noite parecia ter sido erguido já a algumas horas atrás. Viu as pessoas lá embaixo, o trânsito engarrafado e os vários prédios. Olhou em volta por um tempo, então respirou fundo, tomando impulso voou ultrapassando as nuvens, continuou até sair da atmosfera.
No espaço, seguiu em direção a ele. Aquele que lhe proporcionava o que era necessário para proteger aqueles que tanto amava, e ir além disso. O sol. Voou com toda a sua velocidade. Quando o avistou, já sentindo seu maravilhoso brilho. Parou na sua frente, dava de ver as explosões solares, fechou os olhos levantando um pouco o queixo, abrindo os braços e deixou-se levar, aos poucos as dores foram sumindo. Depois de um tempo Kara não sentia nada, abriu os olhos, tirou o curativo da mão, o pano flutuou no espaço, não havia mais ferimento e nem cicatriz.
Estava revigorada. Hora de ir embora. Olhou uma última vez para aquele que era responsável pelos seus poderes, sorriu como em um "Obrigada" e virou-se indo em direção ao planeta azul que ela agora chamava de lar.
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Lena se jogou no sofá da sala, o cansaço tomava conta de seu corpo, era a primeira vez em dias que voltava para casa, o seu novo projeto tinha acabado de começar, mas já deixava claro que seria um sucesso, ao ponto de as primeiras analises terem tido poucas falhas até agora. Sorriu. Rhea havia surgido do nada, com uma ideia quase fantasiosa, mas logo tudo parecia tão possível e real. A mulher mais velha aos olhos de Lena havia se tornando uma mentora. Tinha certeza que se continuasse juntas outras portas ainda inexploráveis pela humanidade se abririam. E aquele projeto revolucionaria como as coisas eram vistas. E a morena não esperava a hora de ver isso acontecendo. Embora no momento a única coisa que ela queria era um banho quente e sua cama. Se levantou pronta para realizar esses desejos.
A água era a melhor forma de renovar as energias, parecia que lavava o cansaço do corpo embora. Já estava em seu quarto vestindo um robe preto de alcinha rendado com um roupão no estilo quimono na mesma cor por cima. E assim que fechou o closet virando-se, levantou o cenho em surpresa, do outro lado das janelas de vidro estava uma super com um olhar tímido na varanda, como se estivesse em dúvida de estar ali. Tinha falado com Kara mais cedo e ali estava Supergirl tarde da noite, não conseguiu evitar sorrir. A morena com a surpresa guardada em seu interior caminhou em direção da outra, lentamente de forma felina, e não perdeu o olhar da loira passando por todo seu corpo. Abriu a janela de vidro.
- Posso ajudar? - Levantou uma sobrancelha em interrogação.
- Eu... - a loira parecia não lembrar o que estava fazendo ou porque se encontrava parada em frente a morena, enquanto encarava seus s***s quase desnudos cobertos pelo robe. A CEO sorriu com o olhar faminto da outra.
- Se você tiver algo para me dizer eu adoraria saber - falou fazendo a outra piscar se dando conta do seu comportamento.
- Desculpa, só queria saber como você estava e... - os olhos da loira estavam cheias de desejo e Lena não deixaria aquela chance passar.
Se aproximou da super que ainda estava em pé na sua varanda e sussurrou a um centímetro dos lábios da outra - No momento... estou ótima...
E parece que aquilo foi o suficiente para fazer a loira chegar ao limite. A super avançou a beijando, empurrou a morena contra a parede mais próxima, não esperou permissão, invadiu sua boca com a língua. O corpo de Lena estava começado a esquentar, colocou uma das mãos no rosto da loira e a outra em suas costas, a puxando ainda mais para si, queria sentir mais daquele calor. Mas assim como a loira tinha a tomado em seus braços, ela se afastou de repente arfando. Confusão brilhando em seus olhos, o arrependimento tomando seu semblante.
- Sinto muito.... Não devia ter feito isso... – franziu o cenho, quase como se estivesse sentido dor pelo que tinha acabado de fazer.
- Por que? - a morena perguntou se aproximando - O beijo não foi bom? – Se aproximou entrelaçando seus dedos. Só pela expressão no rosto da super Lena tinha uma ideia do que se passava em sua cabeça.
A culpa por ter traído o namorado, a desordem desse sentimento, que as duas sentiam, mas que ela obviamente não parecia entender ainda. No entanto a morena sabia o que queria, e não se importava se ela usava capa ou não, qual nome lhe dizia, ou se uma terceira pessoa sairia ferida, só uma loira reinava em seus pensamentos, e se ela estava caindo perante seus toques, aproveitaria ao máximo, para que essa confusão se tornasse certeza tanto na cabeça como no coração da outra.
- Não é isso! É claro que o beijo foi bom! - a loira baixou a cabeça franzindo o cenho - Eu não sou o que você pensa – falou balançando a cabeça.
- Então me diz... - Lena pegou o rosto da outra nas mãos, a encarando nos olhos - Me diz quem você é... - E por um momento a loira pareceu pensar na possibilidade de lhe dizer a verdade. Sabia que o segredo era uma forma da super de tentar protege-la, mas isso apenas delimitava um limite entre a relação das duas, e não queria limite nenhum as separado.
- Eu não posso - murmurou afastando suas mãos - Tenho que ir – falou já lhe dando as costas.
A super saiu voado pela sua janela, indo embora. Lena suspirou. Sabia que as coisas não seriam tão fácies com a outra. E que talvez no final não desse em nada. Mas não iria desistir tão facilmente, pois estava disposta a arriscasse mesmo que só por momentos breves e liderados por impulsos como aqueles. Deu um sorriso virando-se, fazendo seu roupão rodopiar, se dirigiu ao banheiro. Teria que terminar o que a super tinha começado.