5 de setembro de 1997
Era uma noite chuvosa de tempestade. Chovia muito e havia faltado luz no Orfanato santa Luz. A madre Georgina convocou as demais freiras para acender os candelabros e cada uma se distribuir pelos quartos das crianças para que elas não ficassem com medo. Estavam eufóricos, por causa dos raios e trovões que irradiavam pelo céu transparecendo pelas janelas de vidro. E assim as freiras fizeram obedecendo a sua superior.
Quando elas foram para os quartos das crianças. A madre estava voltando para sua sala quando escutou vindo do lado de fora um intenso choro de bebê. Ela empertigou-se olhando para um lado e para o outro tentando ver se não estava tendo algum tipo de alucinação. Quando a mesma caminhou de volta para a sala o choro ficou ainda mais intenso. A madre notou que o choro vinha do lado de fora e então mais do que depressa correu até a porta a abrindo, colocou o candelabro ao lado da mesma, quando encarou no chão um pequeno cesto com um lindo bebê chorando com os bracinhos agitados.
O coração da madre transbordou de dó por algum ser desalmado ter abandonado a pequena recém nascida na porta de um orfanato. Ela ainda não conseguia entender, mesmo com tantos anos regendo esse lugar, como as mães tinham coragem de abandonar seus filhos ?, se não os queria, para que colocava no mundo então ? – quantas famílias gostariam de poder ter a graça de ter uma criança?. Porém seus ventres não concebiam .
A madre pegou a bebê de pele chocolate em seus braços levando sua cesta para dentro junto com ela , enquanto a ninava tentando acalentar a pequena . Pela sua experiência, ela sabia que a menina estava faminta. Enquanto as outras irmãs estavam com as demais crianças, a madre colocou a bebê em cima da mesa ao estender uma de suas mantinhas; a menina tinha tido sorte porque não havia se molhado , também a cesta havia ajudado com isso já que não era aberta .
A madre tirou um pouco de leite da geladeira colocando em uma panela para aquecer , e em seguida alcançando uma mamadeira que veio junto com a neném , depositando o liquido por ali . Mediu a temperatura e então segurando a pequena menina em seus braços colocou a chupeta da mamadeira em seus lábios , a neném faminta chupava o liquido gulosamente arrancando risos da madre .
- Calma meu amor . Assim você pode acabar se engasgando . – A neném de olhos escuros como duas jabuticabas brilhantes sorriu aquiescendo o coração da madre Georgina , quando outra vez voltou a alimentar a inocente criança .
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10 de Maio de 2007
Bob é um i****a ! , ele acha que só por que sou menina não irei conseguir tacar esse bastão de baseball contra essa bola. Acha que não tenho força suficiente .
Posicionada em meu lugar virada um pouco de lado incito
- Vamos lá Bob! . Joga logo essa bola aqui que eu vou mandar ela pra lua! – Abro um sorriso zombador para ele .
Pra uma criança de quase 10 anos de idade eu era bem decidida quando queria algo e dessa tacada não iria desistir .
Ele rola os olhos .
Temos 9 jogadores por aqui divididas em suas equipes , que alternadamente ocupam as posições de ataque e defesa. Eu estou no ataque e a Kate está na defesa ; o objetivo aqui é pontuar batendo com o bastão em uma bola lançada e depois correr pelas quatro bases do campo . O time com mais corridas no final vence .
Eu e os demais moramos em Washington no Distrito. Somos todos órfãos do Orfanato Santa Luz , a Madre Georgina me encontrou dentro de uma cesta quando eu era um neném de apenas 1 mês . Nunca soube nada dos meus pais e nem muito menos da minha origem , e pra falar a verdade não tenho nenhum interesse em saber , se eles quisessem realmente saber de mim não teriam me largado abandonada em um Orfanato . A propósito me chamo Kassandra e essa é a minha história .
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20 de Agosto de 2017
Há exatos 2 anos atrás já não fazemos mais parte do Orfanato Santa Luz . Alcançamos a maior idade e não conseguimos ser adotados , na verdade apenas o mala sem alça do Bob porque era branquinho de cabelinhos lisos e olhos claros ; claro, teve a graça da sorte por ter sido adotado por uma boa família de posses, quando os demais não conseguimos sequer sermos adotados por sermos de pele n***a. Não me olhem com essas caras de julgamento , isso aqui em Washington era uma realidade .
Moramos em uma república , mais conhecida como ‘’A casa dos órfãos ‘’ – qualquer vizinho ou pessoa poderia te informar se você quisesse , todos conheciam a gente . Lógico que existia aquele preconceito por nos considerarem maus caráteres por não termos nem mãe e muito menos pais . Com tudo tínhamos uma vida normal dentro dos parâmetros , pelo menos eu achava .
Eu era de poucas palavras e de pensar muito , não era exatamente o tipo de pessoa que sentaria com você e conversaria por horas – essa não era eu . Só a ideia me deixava nauseada . De mulher tem eu , a Trix e a Pegue . Nós 3 compartilhávamos o mesmo cômodo , - isso quando a Trix e a Pegue não inventavam de trazer caras para o quarto para fazer um trisal . – Isso me deixava irritantemente fora de mim . Pelo amor ! porque não iam para um motel ?- cansei de questiona-las por isso , porém não adiantava nada. Quase todo final de semana se repetia a mesma coisa e era por isso que eu passei a trabalhar em uma casa noturna badalada nos sábados e domingos .- Além de não precisar aguentar o ‘’clube de orgias’’ delas duas , eu conseguia arrecadar uma boa grana .
Ainda na república, moravam o Brendon , Oscar e o Gui . – Nós 6 éramos conhecidos como os ‘’órfãos ‘’ era bem filme de terror e eu gostava disso .
Hoje era domingo – estava atendendo a clientela quando o Oscar chegou afoito junto com o Gui.
Olhei para eles sem entender o que tava rolando . Dei um tapa no braço de galego , um dos caras que trabalhava comigo, pedindo um tempo e acenei com a cabeça em direção a meus amigos – éramos quase irmãos e eu sabia que quando eles estavam metidos em encrencas a primeira a saber sempre era eu , antes que passássemos para os demais , para encontrarmos uma saída.
Contorno o balcão sinalizando com o dedo indicador que me sigam para a sala dos fundos .Lá conseguiríamos conversar sem sermos interrompidos e também o barulho do som não nos atrapalharia .
Fecho a porta e me sento em cima da mesa enquanto os observo andando de um lado para o outro .
- Anda! Desembuchem de uma vez . O que tá pegando ? – Indago de cenho franzido
- É o ferrugem . Ele tá pressionando a gente pra adiantar o aluguel da república e não temos um centavo pra isso . Você sabe Kass , tá todo mundo duro lá em casa – Oscar abre os braços exasperado .
- E é só por isso que estão assim tão encafifados ?- Questiono prestando atenção nos seus rostos aflitos .
- Não , não é só isso . Ele diz que a melhor forma da gente conseguir levantar essa grana , é fazendo um trabalhinho para ele – Gui diz apreensivo
Me levanto endireitando minha postura me aproximando dos dois .
Tenho um metro e setenta e cinco de altura – sou um pouco mais baixa do que eles , porém os mesmos se sentem intimidados comigo , ainda mais pela forma que os olho.
- Que tipo de ‘’trabalhinho’’ é esse ?- Faço aspas com meus dedos correndo meus olhos em um e em outro . – Andem ! abram logo a boca e falem de uma vez ! – Perco a paciência .
- Ferrugem quer que a gente roube uma joalheria – Eles dois falam em uníssono se entreolhando nervosamente e me olhando de volta com cara de ‘’ ela vai querer nos degolar ‘’
-Que!? – Eu praticamente grito me sentindo atônita .- Não vamos fazer essa merda! , não somos ladrões . Qual é ?- Abro meus braços tentando colocar juízo na cabeça desses dois malandros . – Se não fizermos ? – De cenho franzido os questiono
- Do contrário ele nos coloca pra fora , e nós não temos para onde ir e ninguém nos alugaria uma outra casa pela região . Você tá ligada da fama que temos .
- Que droga dupla! . – Lhes dou as costas passando as mãos pelo meu rosto tentando achar uma clareza ou algo que venha me dar outra solução . – Como ele tem coragem de pedir pra gente roubar ? , nunca roubamos na vida ! . Tem que ter outro jeito! – Eu digo esbravejando perdendo meu restante de paciência dando um soco com meus punhos em cima da mesa.
- Só que não tem Kassandra ! . A solução é essa e única pelo visto . – Gui diz todo nervoso
- Temos que compartilhar isso com os demais . Vamos fazer uma votação , o maior número que tiver de um dos dois lados vence .
- Acho justo- Oscar e Gui concordam com a minha ideia , enquanto corro os olhos neles dois.
***
Quando meu turno acabou , montei em minha moto e fui para casa . Eu era do tipo de garota que adorava os esportes que os homens faziam. Para mim exige mais esforço e dedicação por ser trabalho braçal . Meu corpo era definido em todo os ângulos possíveis , não fazia academia , mas como era assídua nos esportes haviam me dado belas pernas , barriga sarada e braços . Meu porte era magro ,-porém uma magra com todos os músculos divididos nos lugares certos .
Assim que chego na república , desligando a moto e retirando o capacete da cabeça que entro porta a dentro com o mesmo em mãos , - vejo que todos já estão reunidos , sentados no sofá . Claramente com os rostos espantados pelo que Gui e Oscar sugeriram.
- E aí galera . Pelo que vi , já estão sabendo .- Todo mundo assente – Qual vai ser ? . Quem for contra levanta a mão . – Eu e o Brendon somos os únicos que levantamos . Fico em choque por não conseguir acreditar que eles estejam cogitando a ideia de aceitarem fazer esse assalto!. Mastigando o canto do meu lábio inferior prossigo – Quem é a favor levanta a mão – Gui , Oscar, Trix e a Pegue levantam as mãos – Como vocês consideram roubar !? , nós nunca fizemos isso antes ! – Eu esbravejo irritada percorrendo uma mão pelo meu cabelo e jogando o capacete em cima do sofá .
Trix se levanta colocando as mãos na cintura me dando um olhar irritado – Qual é o seu problema Kass ! , todo mundo tá ligado aqui ! que se não formos roubar essa merda de joalheria , vamos todos pra debaixo da ponte .
O pessoal concorda quando ela incita a rebeldia neles
- Acontece que isso tem grandes chances de dar merda!. E se um dia nós formos pegos ? , o que vamos fazer afinal ?- Questiono de modo desaforado os encarando de sobrancelhas em pé.
- Concordo com a Kass – Brendon diz se pronunciando . Eu lhe dou um pequeno sorrisinho .
Nós namoramos desde a adolescência , entre idas e vindas , porém nunca dá certo . – Existe sentimentos e até demais , só que não dá certo . Somos muito diferentes um do outro ,porém ainda insistimos em nos procurar e até ficamos as vezes .
- Fala sério Brendon . – Pegue diz revirando os olhos pretos – Estranho seria se você ficasse contra a Kass .
- Dane- se Pegue . Eu estou com ela e não abro , as chances de sermos pegos são grandes , Correremos o risco de ir em cana . E aí o que irão fazer ? nada! Porque só temos um ao outro aqui nessa droga de república !.- Brendon se estressa com o comentário de Pegue .
- Pessoal calma! – Oscar intervém – Eu sei que é errado , na verdade todos nós sabemos disso , mas não temos saída . Se não agirmos conforme o que o Ferrugem quer , vai todo mundo pra debaixo da ponte , morar nas ruas . Agora fica a critério de vocês , porque eu e o Gui estamos dentro – Ele abraça Gui pelos ombros.
Ambos são inseparáveis . Chegaram no mesmo dia ao orfanato , bem depois de mim e então desde lá se tornaram grandes amigos. Quem vê pensa até que são irmãos de sangue .
- Eu tô dentro! – Trix diz cruzando os braços e me dando os dois dedos do meio colocando a língua pra fora . Desvio meu olhar dela passando a língua pelo céu da minha boca lhe devolvendo seu mesmo gesto de volta . As vezes ela era uma tremenda de uma vaca inconveniente .
- Eu também! – Pegue diz levantando as mãos a frente do rosto me dando um olhar de ‘’desculpas ‘’ .
- Merda! , então são dois contra 4 . Vocês venceram , vamos assaltar essa joalheria – Eu afirmo enquanto eles começam a gritar . Pegue agarra Trix a carregando e fazendo gestos obscenos . Enquanto os caras fazem uma dancinha i****a .
Irritada troco um olhar com Brendon.
Nós dois saímos de perto deles .
Éramos uma família , e um nunca abandonava o outro . Ainda que não quiséssemos entrar nessa furada , não tinha para onde correr , assim como Oscar tinha dito . Estávamos nas mãos de Ferrugem .
Puxei um maço de cigarro de dentro do bolso da calça . Brendon aparece com o isqueiro o acendendo enquanto o havia colocado em minha boca – Olho para ele e sorrio , dando a primeira tragada soltando a baforada no ar .
Todas as vezes que procurava uma solução para meus problemas , me afastava de tudo e vinha para o terraço .
- Eles estão loucos. Como consideram fazer isso ? , não sei não Kass . Eu de verdade tô sentindo que a merda vai feder pro nosso lado . Já somos vistos com maus olhos , imagine agora se a policia coloca as mãos na gente ?. – Ele balança a cabeça em negativa pegando um cigarro da carteira que eu havia colocado em cima de uma banqueta , o acendendo e soltando a baforada no ar .
Gostava de passar momentos assim com o Brendon; começamos a fumar juntos , quando éramos apenas adolescentes . Um amigo da vizinhança nos ensinou , então toda tarde fugíamos do orfanato e íamos para a casa do Gregory fumar cigarro – Não sou uma viciada , porém me ajuda a pensar e a tomar decisões difíceis .
-Tenho o mesmo pensamento que você . Mas eles estão decididos e não tem jeito , no entanto estou pensando seriamente em ir atrás do Ferrugem e ter uma conversa com ele – Lhe dou um olhar de canto de olho .
Brendon me olha franzindo o cenho , por suas feições sei que não gostou nem um pouco da minha ideia .
- Tá maluca?! , mais é claro que não vou te deixar ir pra aquele lugar ! . Ferrugem não tem escrúpulos Kass , vai querer te fazer alguma coisa e se ele ousar eu parto pra cima dele ! – Eu toco em seu peito o pedindo calma com os olhos . Ele está furioso.
Brendon é um mestiço muito lindo , tem a pele caramelada , olhos intensos castanhos escuros , usa barba cerrada, tem cabelos cacheados no estilo Black e ostenta brincos nas orelhas . – Sou apaixonada por ele , foi meu primeiro amor . Porém nossa relação é fadada ao fracasso e por isso nem tentamos.
- Se nenhum de nós nos posicionar . Daremos poder a ele de nos governar e fazer o que bem quiser de nossa vida . Você sabe bem que o sonho do Ferrugem sempre foi transformar a gente em uma gangue . Justamente por saber de nossa má fama por essas redondezas . – Dou uma tragada no cigarro cruzando meu braço abaixo do meu cotovelo.
- Tô ligado mas não vou te deixar ir pra aquele covil de cobra sozinha , vou com você. – Seu olhar é firme e decidido.
- E adianta eu dizer não ? – Sorrio enquanto ele me abraça pelos ombros me dando um casto beijo nas têmporas .
***
No dia seguinte eram quase 10:00 da manhã , eu sabia que era a hora que o Ferrugem chegava para traficar drogas , ele era muito conhecido aqui pelo bairro e no distrito de Detroit .
-Tem mesmo certeza disso ?- Brendon indaga montando na garupa de minha moto
- Não sou mulher de dar para trás , vamos lá – Eu digo descendo da moto e retirando meu capacete .
Brendon bagunça seus cabelos após retirar o capacete os ajeitando. Sinalizo com a cabeça para ele me seguir e então entramos em sua boate .
- O que fazem aqui ? – Um cara parrudo todo tatuado e careca , da altura de um armário indaga enxugando um copo com o pano de prato.
- Vim falar com o Ferrugem . -Eu digo sem piscar , com a costumeira marra que sempre usei , era minha marca registrada .Além das roupas de couro preta e botas de cor igual .
Ele ergue as sobrancelhas – Tem horário marcado ? , quer traficar para ele ?
Solto um riso debochado limpando meu nariz com o polegar trocando um olhar com Brendon , que me olhava de cenho franzido , ele estava mais para trás de meu corpo , um gesto protetor .
- Não tenho interesse em traficar nem para ele e muito menos pra ninguém – Digo fechando a cara – Apenas vim tratar de assuntos da república dos ‘’ Órfãos ‘’ diga a ele e ele saberá sobre o que se trata. – Cruzo meus braços .
O cara me mede de cima em baixo com cara de poucos amigos, porém some dentro de uma porta que fica atrás do bar .
- Esse cara tem jeito que é perigoso , melhor ficar de olho nele – Brendon diz alarmado olhando ao redor.
- Que seja , ele não me intimida – E não mesmo .
E foi justamente por não ter pais, que na adolescência investi em mim mesmo praticando lutas , eu sabia de tudo um pouco de karatê a sumô e até mesmo um pouco de artes marciais . – Então se o grandão quisesse se meter em problema comigo , com certeza ele o acharia .
Passaram-se alguns minutos e logo o cara volta dando um olhar duro em Brendon que o fita firmemente de volta.
- Ele está esperando . -Aceno me levantando já indo contornar o balcão quando ele toma a nossa frente .
- Apenas você. Você não – Olha pra Brendon .
-Mais nem fodendo que vou te deixar sozinha com esse cara !- Ele esbraveja vindo para meu campo de visão , uma carranca está presente em seu rosto .
- Não esquenta , senta aí nervosinho . Eu sei me cuidar – Lhe toco no peito lhe dando um empurrãozinho sem aplicar muita força fazendo com que o mesmo caia sentado na banqueta . Estalo a língua no céu de minha boca , dando um olhar desafiador para o homem parrudo quando passo por ele.
Abri a porta e de cara vejo Ferrugem lá sentado brincando com uns baralhos em mãos e um cigarro no canto de sua boca . Ele o tira dando uma tragada e soltando a baforada no ar novamente .
- Kassandra . A quanto tempo , o que faz aqui ?- Seu rosto é debochado .
Ferrugem é um malandro bonito mesmo com essa cicatriz feia na lateral de seu rosto . Tem cabelos pretos cortados , mas alto na frente . Olhos escuros astutos e sutis.
-O que acha que vim fazer aqui ? – Caminho até sua mesa espalmando minhas mãos nela o olhando dentro dos olhos frios – Como ousou propor ao Gui e ao Oscar que roubemos uma joalheria , nunca fizemos nada assim , não somos ladrões . Vim te dar um aviso para deixar meus amigos em paz , não vamos entrar nessa barca furada . Se toca!
- Acontece que vocês não tem outra escolha que não seja aceitar minha proposta ,é pegar ou ir morar debaixo do viaduto .Porque com certeza vou manter a minha palavra de joga-los para fora e em seguida alugo a república para outras pessoas , eu não tenho nada a perder . Já vocês...- O bandido desgraçado deixa as palavras no ar apenas com a finalidade de ficar para minha imaginação. , eu queria a sua cabeça ! em uma bandeja!
Passo a língua por meus lábios cinicamente desviado meu olhar dos seus por uns segundos, e lhe olhando de volta. Num rompante pulo em cima de sua mesa lhe agarrando pelo colarinho de sua caríssima camisa de marca lhe dando um olhar mortal de olho no olho.
- Se meta com a gente outra vez e eu juro que parto tua cara em duas . – Meu tom não deixa margem para dúvidas .
Ele engole mas continua me olhando com frieza passando o olhar para meu decote e me encarando no rosto outra vez abrindo um sorrisinho safado , bufei o soltando e saindo de cima da mesa cruzando meus braços .
-Não tenho medo de suas ameaças Kassandra , se lembra daquela vez em que nós ...
-Em que nós nada! – O corto lhe dando um olhar irritado sabendo exatamente o que iria falar – O que importa aqui é que mude essa ideia louca de que possamos roubar pra você. Não vai rolar – Gesticulo com as mãos no ar como se algo fosse exterminado de vez .
O mesmo me mede outra vez de baixo ao alto.
- Posso mudar de ideia apenas com uma condição
- Não ferra . Nunca vou dar pra você – Ele ri se levantando e contornando sua mesa
- Mas já rolou uma vez ..- Sua voz é maliciosa quando o mesmo para diante de mim ; com meus olhos levemente estreitados o estudo minuciosamente .
Solto um riso debochado limpando a pontinha do meu nariz com o polegar .
Quando isso aconteceu , eu estava fora de meu estado normal de lucidez e até hoje me arrependo pelo deslize inoportuno , me rendeu uma severa dor na consciência no dia seguinte – estava de porre e com raiva do Brendon , nós tínhamos discutido por alguma coisa que não lembro mais , curtíamos na balada do Ferrugem , eu e toda a turma da república . Porém quando o vi caindo pra cima de uma garota ‘’estilinho’’ patricinha fiquei com tanta raiva que enchi a cara – Ferrugem estava no bar nesse dia puxando papo e se aproveitando de minha dor de cotovelo . Rogada nunca fui , embora fosse criada em um lar com freiras , então dei pra ele sem nem pensar duas vezes – que eu estava bêbada logico que sim , contudo sabia o que estava fazendo e no momento nem quis pensar na merda , só quis curtir . Ao acordar no dia seguinte fui golpeada pela cagada que havia feito . Pulei para fora de sua cama me aproveitando de que ele dormia , e então peguei minhas roupas que estavam jogadas pelo chão num emaranhado de sapatos acompanhando a bagunça . Me vesti , calcei meus sapatos e fui embora . E claro o evitei por semanas, até que dei de cara com o fulano novamente quando nos foi cobrar o aluguel , ele não costumava ir pessoalmente, porque sempre mandava os caras que faziam o serviço para ele – Todavia notei que quis apenas tentar ver qual era a minha por tê-lo deixado a ver navios naquela manhã . E quer saber ? eu não dava a mínima ; Brendon nunca ficou sabendo de nada disso e nem nunca lhe contei , porém ele suspeita de que Ferrugem queira algo ‘’ a mais ‘’ comigo. Desde que ficamos, nunca mais ele deixou de me dar olhares maliciosos .
- Tá de s*******m ? . Você sabe muito bem que eu tava de porre . Sóbria nunca iria rolar , se toca . – Toco em minhas têmporas exibindo uma careta de desagrado .
Saio de perto dele dando o assunto por encerrado . Rodo a maçaneta da porta a abrindo e por cima de meus ombros aponto para ele de cenho franzido – Esquece a merda do assalto , não vamos fazer isso . Mas vou dar um jeito de levantar essa grana sem ter que precisar ferrar com geral .
Ele nada diz , apenas semicerra seus olhos astutos enquanto saio porta a fora batendo atrás de mim .
O grandão me olha por causa do baque . Lhe dou um olhar de desdém me topando com Brendon
- E aí como foi ?, ele tentou te fazer alguma coisa ? . Se ele tentou eu acabo com ele ! – Ele vai tentando passar por mim todo agitado como aqueles galos prontos pra briga. Tomo sua frente o impedindo .
- Vamos embora . Não aconteceu nada , no caminho te conto tudo – Miro outra vez o cara parrudo de modo debochado , que nos olhava atentamente sem perder nada com uma sobrancelha suspensa. Puxo Brendon , por sua corrente que ostentava ao redor de seu pescoço atrás de mim como um cachorrinho ,empurrando as portas duplas saindo para o lado de fora.
- Qual é Kass! . Não fode com meu juízo! . – O solto pegando meu capacete e o colocando, ignorando seu ataque de ciúmes . Essa era uma das causas aos quais nosso relacionamento não ía para frente . Tanto ele quanto eu éramos ciumentos em um nível nada saudável , não sabíamos como lidar com toda essa bagagem emocional e então sempre dava r**m no final das contas .
- Monta na moto. Ou te deixo aí , não estou com paciência pra aturar ataque de macho . – Minha voz é fria quando lhe olho em aviso.
Ele ri sem acreditar dando com as mãos deixando seu capacete em cima da moto e pegando outra via oposta da qual iriamos .
- f**a-se! – Resmungo para suas costas, passando a perna pelo banco da minha ‘’ Custom ‘’me sentando e batendo com o pé na pedaleira pegando meu rumo.