Cap 03 – A iniciação da princesa Parte 02

1022 Words
Hinata suspirou fundo e disse com humor ácido: – Estarei sendo vigiada de uma certa forma. – Hina… – Tudo bem Yoshiro-nee san. Se meu Oyabun diz que é necessário para a minha segurança, como herdeira descendente direta da Yakuza, eu aceitarei. — Yoshiro beija o rosto da prima e diz: – Faremos isso juntos, hoje a noite. O seu dragão… qual a cor escolhida? – Lilás… — respondeu convicta. – E os olhos? Hinata recordou uma lembrança que guardava em sua memória com carinho. No dia da cerimônia de cremação de seus pais, ela encontrou um homem… um anjo loiro de olhos azuis. Ele tinha um olhar triste e vazio. Como se não existisse alma. Aquele olhar, fez Hinata estremecer. Naquele momento, a garota percebeu que a sua dor não era nada, comparada à dor daqueles olhos. Sem hesitar, pegou um lírio branco e um doce e entregou aquele anjo, que sorriu para ela. Um sorriso lindo que aqueceu o coração da pequena garotinha. Um sorriso que fez com que Hinata, se sentisse forte naquele dia tão doloroso. Naquele mesmo dia, à noite, ela recebeu um pequeno presente. Uma caixa, e dentro dela existia um colar dourado com uma safira no centro. Uma safira… que lembrava a cor dos olhos do anjo… sorriu com as lembranças e disse ao primo: – Azuis… os olhos do meu dragão, serão azuis. ✲ ✲ ✲ Omotesando, Japão Casa da Família Principal Salão de Apresentação [22:00 p.m] Tudo estava pronto para a cerimônia de iniciação. Yoshiro e Hinata, seriam apresentados a Yakuza, como herdeiros legítimos da máfia. A cerimônia contou com a presença dos membros do conselho, a família principal e algumas pessoas que tinham papéis importantes dentro do clã. Os dois eram apresentados, bebiam o saque que era oferecido pelo Oyabun e em seguida, eram encaminhados a sala, onde seriam marcados, com a tatuagem que simboliza o pacto com a organização. Toshiro usava uma Yukata n***a com o desenho de um dragão vermelho e dourado. Cores que simbolizavam o Oyabun. Yoshiro, usava uma Yukata vermelha com o dragão n***o e com traços de dourado. Hinata, usava uma Yukata branca perolada com o dragão dourado, com traços vermelhos. A Yukata perolada de Hinata, significava pureza. Naquele momento, ela oferecia a sua vida, seu corpo e sua alma a Yakuza. Assim, como seu primo. Kyūbi observava tudo à distância. Não conseguia ver direito Hinata. Sentia o seu coração bater acelerado no peito, só de imaginar que agora, ela não mais era aquela garotinha de oito anos, e sim uma mulher, que em breve, seria apresentada ao seu companheiro. Sentiu um gosto amargo na boca, ao pensar na possibilidade de um homem a possuí-la. Saiu do local, desorientado. Não podia pensar nessas coisas. Não queria manchar a imagem imaculada que tinha da garotinha, que o salvou de sua própria escuridão. Com o término da cerimônia, Hinata e Yoshiro entraram numa pequena sala, onde seriam marcados na pele, pelas tatuagens que eram feitas pelo ancião do clã. Mikoto se posicionou ao lado da morena, lhe dando forças. O processo era demorado e doloroso. Yoshiro apenas ouvia os gemidos da prima, e isso o deixava triste. Como não queria que sua irmãzinha passasse por tudo isso. Sabia que pra mulher, esta tatuagem, significava muito mais do que para os homens. Hinata nunca poderia expor o desenho. Deveria sempre a esconder. Pois a marca, deixava claro que ela era uma princesa da Yakuza. Yoshiro sentia o coração doer ainda mais, por não ter contato a prima todas as condições de sua falsa liberdade. Hinata quando chegasse o momento, iria casar com alguém dentro da organização. Alguém que seria escolhido pelo Oyabun. Sua virgindade deveria ser mantida. Mas isso, era uma das condições que estava disposto a brigar com o seu pai. Se sua prima já iria se casar forçadamente com alguém, que pelo menos, resolvesse se entregar a alguém por amor. Por um momento, lembrou da triste decisão que foi obrigado a tomar. Deixou a Espanha, e um noivado para trás. Deixou a única mulher que amou, pois sabia que na Yakuza, não existia lugar para esse tipo de sentimento. Preferiu quebrar de vez o coração de Luna, a condená-la a uma vida sem alegria. Suspirou fundo e respirou aliviado, ao perceber que a prima parecia que tinha se acostumado com a dor. Naquele momento, fechou os olhos e orou a deus, que estivesse tomando a decisão certa. ✲ ✲ ✲ Hinata Murakami Nunca imaginei que fazer uma tatuagem fosse tão doloroso. Meu pai tinha o corpo todo coberto e eu sempre tive vontade de perguntar o porquê. Aos poucos, quando fui crescendo, entendi que fazia parte de um ritual de passagem. Era como um troféu para um campeão, ou como uma espada para um guerreiro. Minha mãe sempre falou, que quando eu atingisse a maioridade, eu também iria fazer uma. Quando os meus pais morreram, eu não imaginei que ainda fosse necessário, até porque quem vai assumir o clã, quando o meu tio Toshiro vier a falecer, será o Yoshiro. Mas, titio, decidiu que seria mais seguro que eu, assim como o Yoshiro, fossemos marcados. Devo confessar que foi doloroso no início. E que teve um momento, que eu pensei em desistir. Mas, fechei os olhos e lembrei dos meus pais. Da força do meu pai. De como ele era um homem rígido e sério, na frente dos outros e como era completamente diferente para nós duas. Eu tinha que ser como ele. Não poderia fraquejar. Afinal de contas, sou uma Murakami, descendente direta da Yakuza. Tenho a máfia no meu sangue. Então, suspirei fundo e aprendi a controlar a minha dor. Depois de algumas horas, finalmente chegou ao fim. Olho para o meu primo e percebo a tristeza e a preocupação estampada no seu rosto. Sorriu e sussuro: — estou bem. Ele sorri e se retira do quarto, me deixando sozinha. Me levanto da cama, e visto o meu robe de seda. Pego o meu computador e mando uma mensagem para as minhas amigas na América. “Me aguardem, em breve estaremos juntas. Com amor, Hime.”
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