Capítulo 2

1081 Words
Adriana A minha vida nunca foi fácil, e depois na juventude, após fazer dezoito anos recebi nas minhas costas obrigações, que não eram da minha ossada. Porém, com uma mãe doente e um padrasto impossibilitado de trabalhar por razões igualmente de saúde, tive que arrumar o jeito mais fácil e rápido de arrumar dinheiro. O problema era que a grana nunca era suficiente para pagar os remédios mensais da dona Eva, até o que ela ganhava de graça pelo governo foi cortado da lista. Recentemente. Acarretando na soma do meu salário de prostituta. Sim, tínhamos um valor fixo, era melhor do que nada, já que não pude terminar os estudos para conseguir uma profissão de respeito. Decente. Escondo do pessoal de casa o que faço nas ruas cariocas pela madrugada. Não por vergonha, mas sim porque não gostava de dar satisfação. Os dois desconfiavam, pelas horas que saía e chegava, mas ficava entre eles os comentários. Com tanto, que trouxesse seus vícios; cerveja e cigarros. Eu sou a única do grupo de trabalhadores da noite, que não usava essas paradas, além de me manter bem longe das drogas. Já tinha problemas existenciais demais para me envolver com essas substâncias ilícitas. — Olha o carrão do cara! A loira bateu no meu ombro como se eu fosse sua coleguinha de rua. Aqui as minas eram mais falsas que nota de vinte cinco reais. Não me importei dela ir, até porque era a vez da garota ganhar uma graninha com algum granfino da cidade, já que a placa dizia que pertencia daqui. Avistei esse mesmo veículo rondando o calçadão, na certa visava o melhor material, aquele que serviria aos seus gostos sórdidos de patrão. Um boquete no automóvel de luxo, ou uma noitada no hotel chic de Copacabana. Caso isso ocorra, o valor dobra, e a p**a sortuda ganha um bônus adicional. Tipo hora extra. Não dava pra enriquecer, mas dava para dar uma aliviada no resto do mês. Viver hoje em dia no meu país custa muito caro, os nossos bolsos choram. Os cafetões ficam de olho na gente, caso algum cliente banque o engraçadinho conosco. p*******o sempre antecipado, mesmo não gostando do resultado final no sexo, mas os transmites da relação podia ser negociada; vaginal, anal, oral ou até com participações de terceiros, incluindo outra mulher, casal e etc. Não temos frescura, topamos qualquer parada. Contando que pague o adicional. Os olheiros serviam para proteção também. Existia muito maluco, todo cuidado era pouco para preservar as periquitas de ouro. Continuei a andar, ajeitando a peruca ruiva, curta. Modelo Chanel. Na cabeça. Em seguida dei uma subidinha na saia tubinho, quem sabe pegava outro para encerrar o expediente. Hoje o movimento estava fraco, noite de futebol. Aí, já sabe. Homens e seus times do coração. Contudo, o encerramento do dia demoraria a chegar. Precisamos pagar por nossos apetrechos da moda. A noite esfriou consideravelmente, cruzei os braços, tentando cobrir o corpo quase seminu. Somos vitrine para o público masculino. O mesmo automóvel veio, chegando perto da calçada. O movimento devagar, me seguindo. Até que parei de caminhar, virando-me totalmente para a janela, que automaticamente abaixou-se. E um homem lindo, até demais para os padrões, olhou-me de volta. E como manda o figurino, me aproximei, debruçando sensualmente ali na a******a. Aproveitei e dei uma conferida pra saber se a loira se encontrava com o ricão. — Boa noite. Presumo que seja a tal Adriana, da qual o chefe dessa linha de frente falou. Achei engraçado o linguajar. Geralmente eles mandavam logo a gente entrar e fazer as honras com as nossas línguas em suas genitálias. Não trocam papos desnecessários. — Sim, sou eu mesma. Me conhece? Porque não lembro de ter pego o senhor. O CEO exibia um semblante na faixa dos trinta e cinco, transmitindo ser um forte pegador, e o olhar tão viril, capaz de conseguir quantas mulheres, se assim quisesse, sem precisar pagar para uma noite de transa aleatória. — Pode me chamar de Salvador. — Humm… — Deixei um mero sorrisinho brotar em meus lábios, notando que isso o agradava, pois seus olhos azuis acinzentados caíram diretamente sobre eles numa exposição excitante. — Salvador, suponho que veio me salvar. Um trocadilho inocente pra aliviar o clima s****l. O brilho daqueles olhos ficam mais intensos a cada segundo. — Quem sabe pode ser ao contrário, Adriana. — Hu! Um sopro gelado abateu-me de imediato. Fazendo-me erguer o tronco, dando um pulinho para me esquentar. De repente a porta de trás foi aberta. Exatamente onde Salvador se encontrava confortavelmente sentado. O interior espaçoso, cabendo outro assento largo em sua frente. — Entre! Se ficar resfriada será prejudicial. Tenho uma pessoa para te apresentar. — Ditou sério, sem desviar o olhar. Olhei os cafetões dando apoio para entrar. — Acertei tudo com eles, está livre de todas as dívidas. Fora a grana para te livrar dessa vida, agora está pronta para me servir. Temi, o tom sussurrante do desconhecido me causou certo desconforto. Detestava mudanças na rotina, e uma delas poderia ser o meu fim. — Fique tranquila, não sou um psicopata. Comigo estará mais segura do que nessas ruas, podendo ser roubada, estuprada e assassinada… — Está bem. Já entendi a sua. Respirei fundo virando a face, mas olhei o piso até entrar com a cabeça baixa olhando minhas próprias pernas. As botas de salto e cano comprido faziam seu trabalho deixando as coxas mais apresentáveis. Sentei sem modos, embora usasse calcinha. Não gosto de andar por aí sem. — Acho que não me entendeu, Adriana. A porta foi fechada de supetão, o veículo saiu do lugar fazendo seu percurso sem pressa. O toque nos meus joelhos despertam o interesse de olhá-lo novamente. E nele pude encontrar um rosto que eu poderia até confiar, mas no momento estava difícil pensar positivo. — Onde… será a festinha? Novo chefe. Perguntei tentando com toda a força da minha alma mostrar alguma empolgação. Acabei de ser vendida ao CEO. E nem sabia se essa era a minha pior condição. — Não teremos orgias essa noite, pode fechar suas pernas de dançarina. Juntou os meus joelhos com tranquilidade, afastando-se no decorrer. Sem querer deixei escapar um sopro de alívio. Abraçando o corpo olhei-o, ali, rente a minha humilde pessoa. Averiguando que não tinha maldade de macho no seu olhar. — Então… — Está pronta para fechar o maior contrato de sua vida, Adriana? Olhei em espanto. — Como? — Uma proposta de casamento. — Carambolas…
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