01. Urso Narrando
Eu passei o dia inteiro grudado na Lua e no Lucas, a p***a do dia inteiro. Eu senti muita vontade de ficar com minha familia e larguei a boca na mão do Bradok e ate pedi pra não me incomodar de jeito nenhum.
Essa madrugada pra mim foi do c*****o. Eu e a Lua transamos pra c*****o, muito e de uma forma que eu nem sabia o motivo, eu só sentia muita vontade dela, muito. A gente fodia olhando nos olhos, o corpo dela, a boca, esse cabelo enorme acaba comigo, me deixa fraco. Eu quero da cha de p**a nela e eu que tomo um chá de x**a, todo dia é isso. Quando terminamos, a gente ficou agarrados fumando nosso baseado, nossa noite foi a melhor noite de sexo que tivemos depois que o Lucas nasceu, papo reto.
Eu tava sonhando uns bagulho estranho, eu dormia e acordava o tempo todo. Eu olhava ela dormir, fui no quarto do Lucas e botei ele aqui na cama com a gente e passei a noite olhando os dois dormir, por que eu não conseguia de jeito nenhum.
Amanheceu e o dia tava cinza, com uma tensão que a gente sentia na pele. Eu sabia que ia dar merda, sentia na pele. Não era a primeira vez que a gente enfrentava o BOPE, mas dessa vez era diferente. A Lua tava ao meu lado, como sempre, minha parceira, minha mulher. Ela era tão feroz quanto qualquer um dos meus soldados, e eu sabia que, se fosse pra morrer, ela morreria lutando ao meu lado. Eu treinei ela certinho, treinei pra não baixar a guarda dela pra ninguém.
Eu tava com o rádio na mão, coordenando os moleques, mandando todo mundo se posicionar.
— Presta atenção, c*****o! Eles tão subindo, armados até os dentes. Não tem espaço pra erro hoje. Se pisar na bola, a gente vai pro saco. Vocês sabem que o BOPE so sobe pra matar, não é pra fazer carinho não em p***a.
— Urso, cê sabe que eu tô contigo, né? — A Lua falou, carregando a arma com aquele olhar que misturava frieza e adrenalina. Ela não demonstrava medo, nunca. E era isso que eu amava nela. A coragem, a determinação. A mulher que eu sabia que segurava qualquer bronca.
— Sei sim, amor. Mas cê tem que se cuidar. Não é só por você. O Lucas precisa da mãe dele. E óh, hoje eu quero aquele macarrão de panela de pressão em — Eu disse, segurando o rosto dela por um segundo e a gente se beijou, mas foi um beijo cheio de vontade e desejo. Era um momento rápido, mas cheio de significado. A gente sabia que podia ser a última vez que se olhava daquele jeito. Eu bati na b***a dela — Gostosa! Até no meio da operação me deixa de p*u duro, como que pode. — ela ficou rindo
Os primeiros tiros começaram a estourar no céu. Fogos, e tiro pra c*****o. Os moleques corriam pros becos, buscando posição. A Lua e eu avançamos juntos, lado a lado, igual a tantas vezes antes, mas com aquela sensação de que hoje seria diferente.
— Eles tão vindo pesado, Urso! — Ela gritou, enquanto a gente corria de um ponto pro outro, revidando cada tiro que vinha. A adrenalina corria no sangue, e cada disparo era como uma batida de tambor no peito. Os gritos dos soldados se comunicando, o cheiro de pólvora, a fumaça... Era como um inferno vivo, e a gente tava bem no meio.
— p***a, eles tão com tudo! — Eu gritei de volta, mas não podia mostrar fraqueza. Tinha que ser a muralha, o líder que segurava a barra pros meus. Mas, no fundo, eu já sabia que a gente tava cercado. Eles vieram preparados, sabiam onde nos pegar.
A Lua estava na frente, metendo bala sem hesitar, segurando a linha. Eu vi quando um dos meus caiu, alvejado, e a Lua avançou sem pensar, protegendo o território, protegendo a mim. Era ela quem me dava forças pra continuar. Era ela quem fazia eu querer sair dali vivo.
Mas aí, veio o som que eu temia. O som que corta o coração de qualquer homem que ama. Um tiro ecoou mais alto que os outros, e eu vi a Lua tropeçar, levar a mão ao lado, onde o sangue já começava a manchar a roupa. Ela não parou, continuou atirando, mas eu sabia que ela tava ferida.
— Lua! — Eu berrei, correndo até ela. Esqueci de tudo, de todos. Só tinha uma coisa na minha cabeça: salvar a mulher que eu amava.
Os tiros vinham de todos os lados, mas eu não tava nem aí. Cheguei nela, agarrei ela, e a tirei da linha de fogo no colo. Ela tava machucada, mas não deixava a peteca cair. Mesmo com a dor, ela olhava pra mim com aquela expressão de que ia até o fim.
—Nós vamos sair dessa, Urso — ela sussurrou, mas eu via que o brilho nos olhos dela tava começando a apagar. Eu não ia deixar isso acontecer. Não podia.
— Vai ficar tudo bem, Lua. Eu prometo. — Mas a minha voz tremia, porque eu sabia que não tinha certeza de nada.
Eu botei ela no chão perto dos meus aliados, no beco. Então, no meio desse caos, eu ouvi um eco mais perto e senti uma dor no peito. Um tiro me pegou, me derrubou de vez. Caí de joelhos ao lado da Lua, mas com uma última força, rolei pra cima dela, protegendo com meu corpo. A dor era intensa, mas não importava. Eu só queria que ela sobrevivesse. Que o Lucas tivesse a mãe dele. Meus aliados começaram a seguir pra frente atirando pra cima deles.
— Eu amo vocês amor, cuida do nosso filho, por favor. — sussurrei, enquanto o mundo começava a escurecer. Sentia o sangue saindo de mim, mas o que doía mais era saber que tava deixando ela, deixando meu filho. Mas se era pra morrer, ia morrer do jeito que vivi: lutando, protegendo os meus.
A última coisa que ouvi foi a Lua gritando meu nome, a voz dela ecoando na minha cabeça enquanto a escuridão me engolia. Eu sabia que ela ia sobreviver, porque a Lua é forte, e o morro precisava dela.
E com isso ficou tudo preto e eu entreguei minha vida, sabendo que a Lua ia continuar. Porque eu podia ter caído, mas o legado que a gente construiu ia ficar. E, acima de tudo, o amor que eu tinha por ela nunca ia morrer.