_ O corvo papa. — disse sentindo as lágrimas encherem meu rosto, mas não as deixei cair, não podia demostrar fraqueza, meu pai era um bom pai, nos treinou desde pequenas, diferente de muitos pais que usam as filhas apenas como moedas de troca, o nosso pai nos ensinou a ser fortes e nos defender.
_ Não tenha medo. No acordo ele não pode te machucar fisicamente. — mas isso não impedia outra forma de tortura, pois eu sabia, já tinha ouvido falar como ele, como o corvo era r**m.
_ Apenas um ano depois eu posso voltar?
_ Sim, tesoro. Ele não te fará m*l, ele me deu a palavra. — até parece que eu acreditaria nisso.
Saio do escritório com os olhos pesados pelas lágrimas, eu não era uma mulher fraca nada disso, mas saber que ficaria nas mãos do corvo era um pesadelo sem fim.
Encontro minha irmã Pietra arrumando as últimas coisas para o seu casamento, no fundo, acho que tive mais sorte que ela já que não existe divórcio na máfia e ela terá de suportar seu marido até o final da vida.
Ela me abraça apertado e sinto um alívio momentâneo, logo Alice minha irmã caçula se aproxima e faço o mesmo, dormimos nós três juntas como quando éramos crianças, já que no outro dia após a festa eu iria embora, eram mais de sete horas de viagem de carro então só veria minha família poucas vezes, além do que ninguém sabia aonde o corvo morava.
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Dois dias havia se passado e o corvo ainda não tinha me buscado no fundo, eu estava feliz, ele poderia ter desistido me deixando livre, mas minha alegria durou pouco, pois minha mãe entrou em meu quarto falando para me arrumar, pois, o meu pai tinha recebido a notícia que eu tanto não quis, o avião que me levaria para Torino já estava me aguardando, despedi de meus pais com o coração apertado o medo quase me sufocava, eu não era assim não tinha medo da morte, então, porque eu tinha medo de um homem que fazia o mesmo trabalho que o meu, matar por dinheiro.
Mas a resposta veio rápido, o medo era porque eu não era uma sanguinária como ele, que torturava seus alvos até a morte, eu era fria, mas meus alvos morriam rápidos a maioria com um tiro na testa. Estilo Giordano assim como apelidaram as mortes que minhas irmãs e eu executavam. Sem erros um tiro limpo bem no meio da testa.
Mas durante um ano eu seria apenas a mulher do corvo e não mataria mais ninguém.
Assim que um dos seguranças me deixou no aeroporto, respirei fundo uma última vez antes de subir os degraus do avião que me esperava, ele era lindo as poltronas eram de cor creme com bordados dourados.
Me sentei apreensiva apertando com força meus dedos sobre a calças, não tinha mais como voltar eu tinha concordado e durante um ano seria a mulher ou a amante do corvo o homem que não sabia como era o seu rosto ou seu nome, um homem misterioso e frio.
A viagem de avião de Roma até Torino durou pouco mais de uma hora, logo que cheguei um carro já me esperava.
O motorista saiu para abrir a porta mala, ele era bonito devia ter um metro e setenta o corpo malhado e olhos castanhos intensos, ele sorriu para mim e eu apenas desviei o olhar, não sabia quem ele era e não era bom flertar com o motorista sendo que eu estava indo para ser a mulher ou a amante não sei, do chefe dele por um ano.
Entrei no carro em silêncio e assim que o motorista entrou um segurança abriu a porta me entregando uma máscara preta, olhei para ele mordendo os lábios eu não queria colocar aquilo, mas sabia que não tinha outra escolha.
Cobri os meus olhos e fui rezando durante todo o caminho, às vezes eu pensava que talvez esse corvo não queria um acordo com a nossa organização ele queria me matar ou me usar para tirar algo do meu pai.
Quando o carro parou o motorista disse "pode tirar a venda senhorita", não esperei falar de novo e já fui me livrando daquilo, meus olhos estranharam a claridade no começo, mas depois de piscar algumas vezes ele se acostumou, olhei para frente e vi que o motorista ainda mantinha os olhos presos em mim, desviei o olhar abrindo a porta e saindo dando de cara com uma casa enorme no meio do nada, já que dos lados mais parecia uma mata.
Se antes eu sentia um frio por toda a minha espinha, agora eu estava presa em um iceberg gigante, o segurança que me entregou a venda pegou minhas malas, mas eu não conseguia me mexer, a casa parecia aquelas de filmes m*l assombrados.
Ela tinha dois andares, uma escada de dez degraus para subir até a varanda, sua cor era escura não sei se cinza ou chumbo, não havia nenhuma planta para dar vida e cor ali.
Apenas a grama verde, algumas árvores e arbustos podados em formatos quadrados, era frio, até os arbustos dava a impressão disso, tomei coragem e comecei a subir os degraus devagar, não sei da onde tinha saído tanto medo, mas minhas mãos estavam suando mais do que no dia que matei meu primeiro alvo.
A porta se abriu assim que cheguei no último degrau, uma mulher de uns sessenta anos me olhou de cima em baixo, ela estava me analisando antes de abrir um sorriso fraco.
_ Essa é a senhorita Giordano. — o segurança disse assim que colocou minhas malas no chão.
_ Me acompanhe até seus aposentos, senhorita Giordano. — ela disse se virando e o segurança pegou novamente minhas malas.
Conforme eu andava, observava o lugar, era chique com toda certeza, havia uma mesa no centro do hall de entrada com um vaso, mas vazio, a escada subia em espiral e seus degraus eram largos acho que tinha mais de um metro e vinte de largura. Chegando no topo da escada vi dois corredores, a mulher virou para a direita e passando por duas portas parou na terceira.
Ela abriu a porta e sorriu para mim, mostrando que ali seria o meu quarto, olhei em volta antes de entrar, o quarto era grande tinha uma cama de casal, um closet com espelhos na porta, uma varanda e no chão um tapete redondo vermelho sangue.
Entrei devagar olhando tudo com cuidado, o quarto era bonito, mas sem vida as cores eram neutras entre branco e cinza a única coisa que tinha cor naquele lugar era aquele tapete vermelho.
O segurança colocou minhas malas no chão e saiu sem dizer nada, a mulher ainda me olhava curiosa e eu não desviei o olhar.
Ela abaixou a cabeça ainda sorrindo e seguiu até uma porta de madeira a abrindo.
_ Aqui é o banheiro. Tome um banho e se arrume para o jantar, logo alguém vira arrumar suas roupas no closet.
_ Não precisa eu mesma faço isso. — ela concordou com a cabeça e antes de sair a chamo. _ Senhora como se chama?
_ Angela. Senhorita Giordano.