Pegou o metrô e aproveitou a viagem para ler o que Nam havia enviado. A primeira coisa que viu foi que ele não estava adequadamente vestido. A segunda era basicamente o Kim pedindo para ele ter paciência com o chefe, mas isso ele já imaginava. Um velho chato e cheio de dinheiro, era assim que ele pensava. Estava realmente empenhado em manter aquele emprego, sabe-se lá quando conseguiria um que pagasse tão bem.
Teria que fazer as disciplinas da faculdade por monitoria online, indo apenas para as provas presenciais, então estava tudo se encaixando bem, se ele não tivesse acabado de levar uma surra.
O prédio era imponente, como deveria ser, bonito e com cheiro de dinheiro. Foi até a portaria e se identificou, sendo informado ao andar que deveria comparecer. Entrou no elevador e se sentiu imediatamente incomodado, todos aqueles homens e mulheres em roupas caras e bem feitas estavam o deixando intimidado.
Saiu no andar que lhe foi indicado e contemplou a imensidão daquele lugar. Era amplo e bem decorado, se atentou à secretária sentada num balcão próximo à um sofá largo.
- Hm, bom dia. Eu vim para... a vaga, sabe... - disse frente à moça.
- De secretário? - a moça de cabelos negros bem alinhados num r**o-de-cavalo sorriu minimamente, Alex assentiu. - Pode esperar aqui mesmo. Sr. Taylor está na sala com alguns sócios.
- Ok - disse simples.
Alex sentou no sofá e reparou como a garota não lhe olhou de modo r**m, mesmo tendo consciência do estado em que se encontrava. Ouviu a porta se abrir e conversas no corredor, levantou de imediato.
- Jessy, remarque a reunião de hoje à tarde, por favor, estou sem cabeça pra isso hoje - um loiro disse.
- Sim, Sr.Taylor, algo mais? - ela prontamente atendeu com um sorriso.
Os olhos de taylor foram em direção a Alex ao ver seus dois sócios olhando para o mesmo. E só então o ele notou os olhares curiosos sobre ele.
- Alex, certo? - ele disse de sobrancelha erguida, analisando o mais novo de cima a baixo.
- Sim, senhor - não abaixaria a cabeça nem para o Papa.
- Boca quebrada e olho roxo no primeiro dia de trabalho - o deboche estampado em sua voz.
O mais novo abriu a boca para rebater em uma resposta malcriada, mas decidiu ficar calado naquele momento pelo menos.
- Você ao menos sabe para o que foi contratado, garoto?
Aquele tom de voz fez seu sangue ferver de raiva. E o pior, ele não poderia fazer nada. Engoliu duramente seu orgulho a seco.
- Sim, senhor. Só tive problemas ontem à noite.
Taylor suspirou.
- Jantamos juntos, então? - falou para os dois que o acompanhavam.
- Sim, no meu preferido - o mais alto respondeu.
- Ok, ok - passou a mão pelos cabelos loiros.
Os dois se despediram de Jessy e foram para o elevador. taylor voltou-se para Alex novamente, o semblante sério e os lábios grossos apertados numa linha.
- Minha sala, agora - virou a costa e saiu.
Jessy fez sinal para que ele o seguisse, e assim Alex o fez, andando depressa em direção à porta de madeira clara.
Ao entrar, Taylor já estava sentado numa cadeira imponente, à espera de Alex.
- Sente-se - o Alex o fez. - Nam trabalhou com meu sócio, Niki, e me recomendou você. Eu realmente preciso de alguém para o cargo, mas não acho que você seja o mais indicado - disse cruzando os braços.
- Eu sei que pensa isso pelos meus machucados, mas eu fui assaltado ontem à noite, não é como se eu pudesse evitar - mentiu.
- Entendo, Alex - seus olhos atentos pareciam ver a mentira através do rosto do mesmo. - Espero que não se repita.
Ele assentiu.
- Darei o meu o melhor e trabalharei duro, senhor Taylor.
- Espero que seu melhor seja o suficiente - levantou. - Veja com Jessy o que você precisa trazer de documentação. Ela vai te orientar sobre o que deve fazer.
[...]
Definitivamente, aquele trabalho não era para ele.
Jessy passou quase meia hora explicando tudo o que deveria fazer mas já havia esquecido metade. Era muita coisa! Que diabos de homem era aquele que precisava de alguém em específico para arrumar suas gravatas por ordem de cor e tecido?
Ele seria a babá de um homem adulto, era isso. Cuidaria da agenda de Taylor e estaria lado a lado com ele, às vezes até mesmo dirigindo, resolvendo tudo. Riu sem graça. Filho da p**a preguiçoso. Precisava de alguém para organizar a própria vida.
Sentou na mesa que lhe foi indicada por Jessy, ficava à frente da grande sala de Taylor. Tinha um notebook, uma pilha de documentos organizados ao lado e uma gaveta vazia. Deveria trazer suas próprias coisas, porque sequer tinha uma caneta consigo. Ligou o computador e colocou o pedrnive com a agenda que Jessy acabara de lhe passar, estava curioso sobre o que o magnata fazia no dia a dia.
Basicamente Taylor estava sempre em reuniões, na academia ou viajando.
Pesquisou na internet sobre o chefe e se surpreendeu por nunca tê-lo visto, talvez por não se ligar muito em tv, mas ele era um solteiro muito cobiçado. Vindo de uma família rica, de amigos ricos, ficando cad vez mais rico. E, sim, ele era muito bonito.
A postura séria era sempre presente nas fotos, mesmo não sendo tão alto, o porte físico do chefe sempre se destacava. Os olhos baixos, sempre penetrantes; sempre elegante em seus ternos caros. Umedeceu os lábios e pigarreou ao perceber que olhava para a tela do computador de boca aberta.
Ouviu Jessy fazer um cumprimento, ele estava de volta. Levantou-se e colocou as mãos ao lado do corpo, quase em posição de sentido.
- A reunião acabou mais cedo. Vamos sair antes do almoço - disse olhando as roupas de Alex, aquilo já o estava incomodando. - Você dirige? - parou na frente da mesa jogando os cabelos para trás.
- Sim, Sr. - acenou com a cabeça.
- Ótimo - jogou as chaves para ele. - Vamos, não gosto de perder tempo.
[...]
Alex seguia dois passos atrás de Taylor, que seguia imponente à sua frente, cumprimentando agumas pessoas ao passar pelos corredores. Chegaram no estacionamente e o loiro parou ao lado de uma Ferrari. Só isso. Apenas uma Ferrari.
- O que foi? - perguntou impaciente.
- Desculpe, não é nada - soltou o ar que segurava inconscientemente.
Destravou o carro e ele entrou do lado do carona, o cheiro de perfume caro invadiu as narinas de Alex.
- Eu não costumo vir trabalhar com ela mas foi o jeito, bati o outro carro - disse simplista.
Alex preferiu não questionar e dirigiu com cuidado para fora do estacionamento.
- Pegue a direita - sinalizou com a mão. - Vamos comprar um terno.
[...]
Quando o loiro falou em comprar um terno, Alex jamais imaginaria que seria para si.
- Senhor... Eu não tenho como pagar um terno dessa loja, eu sei que não vim vestido adequadamente mas-
- Considere como um adiantamento, Alex. E não vamos comprar o mais caro da loja, não se preocupe.
Alex estava constrangido. Seu chefe que m*l conhecia, havia o levado a uma loja de ternos porque não fora vestido adequadamente em seu primeiro dia de trabalho. O auge da vergonha alheia. Taylor mexia no celular enquanto o alfaiate tirava as medidas de Alex.
- Pelo menos dois, Tony - falou sem nem tirar os olhos da tela.
O alfaiate assentiu e sumiu em busca de ternos para Alex, que desceu da plataforma onde estava.
- Alex - a voz baixa se fez ouvir e os olhos de Taylor caíram sobre o corpo encolhido do mesmo. -
Estava pesquisando sobre você - Alex engoliu em seco. - Você cursa música, por que veio ser meu secretário? - cruzou os braços ainda encarando o outro.
- Eu estava desempregado - falou baixo. - E depois desses dois ternos, estarei endividado.
Taylor riu soprado, mas cobriu a boca.
- Esses ternos não me custam nada, a maioria eu ganho só para usá-los. Feche a boca.
Só então Alex se deu conta que novamente estava com a boca aberta, abaixou o rosto. Era muito estranho como se sentia intimidado, logo ele, que desafiava Deus e o mundo. Mas precisava manter aquele emprego, era isso, apenas manter o emprego.
- Jessy explicou o que precisa fazer?
- Sim, Sr.
- Muito bem. Pode usar esses sapatos com os ternos, gosto de como combinam.
"Ainda bem, menos uma conta", ele pensou.
Tony não demorou a voltar e colocar Alex em ternos totalmente pretos, que combinavam bem com seu tom de pele.
Voltaram ao prédio a tempo do loiro sair com Sr. Kim e Sr. Jung, que agora já sabia que eram os sócios de Taylor.
Sentou-se à mesa novamente, olhando para as sacolas de compras ao seu lado. Jessy chegou caminhando pelo corredor com um sorriso no rosto, ela parecia tão tranquila ali, talvez o chefe não fosse tão amedrontador quanto pareceu na primeira vez que falou com ele.
- Tudo bem por enquanto, novato? -Alex assentiu, a moça colocou uma caixa com curativos sobre a mesa. - Não esqueça de enviar a agenda de amanhã hoje à noite para ele, e mesmo assim, ele vai te perguntar tudo de novo amanhã.
- Muito obrigado pela ajuda, de verdade.
- Não precisa agradecer, você só precisa de paciência, hoje foi um dia bom, mas nem sempre é assim. E deixe o celular ligado.
- Sim, Sra. Kim - disse com a voz rouca, estava obedecendo ordens demais e pessoas demais para seu gosto.
Jessy sorriu e saiu.
Quando foi ao banheiro higienizar os machucados, seu celular apitou ao receber uma mensagem.
Número desconhecido:
Comemorou internamente, ainda tinha toda a agenda do dia seguinte para decorar.