ROXIE
Não pude deixar de olhar pela janela do táxi enquanto nos aproximávamos de minha casa.
Estive longe da minha matilha, a Matilha Lua Sombria Azul, por quase seis anos.
Fui mandada embora pelo filho do alfa. Era para eu voltar para casa depois de um ano, mas não quis voltar. Não queria ver o i****a que magoou meus sentimentos.
Nos últimos anos, fiquei na matilha do meu tio, a Matilha Floresta Carmesim. Foi uma experiência reveladora. O treinamento foi intenso, mas me destaquei como a melhor da turma. O alfa fazia todos os membros treinarem aos quatorze anos, enquanto na Matilha Lua Sombria Azul, só era permitido começar o treinamento aos dezesseis.
A floresta surge à vista, tirando-me dos meus pensamentos, e o táxi faz a curva em direção à matilha. Eu pude sentir os lobos na floresta.
Não pude deixar de suspirar; isso vai complicar as coisas.
O filho do alfa, Lex. Seu nome completo é Alexander Morgan, mas todos o chamam de Lex. Eu não; nunca chamei assim. Sempre o chamei de Alexander, pois sei que isso o irrita. Ele é o melhor amigo do meu irmão. Eles têm seis anos a mais do que eu, a idade certa para encontrar suas companheiras.
Falando em companheiras, pensei que o meu estaria na matilha do meu tio, mas não estava lá. A idade para encontrar nossos companheiros é de dezenove anos. Eu poderia encontrar o meu agora, pois acabei de completar vinte, mas não encontrei. Tenho que admitir, todos querem que sua companheira seja virgem, mas eu não esperei. Sabia que quem quer que eu acabasse me ligando provavelmente já esteve com outras pessoas, e não gosto dos estereótipos em que eles têm que esperar pelo amor verdadeiro, especialmente as mulheres; e se eu não encontrasse minha companheira até os vinte e nove anos? Seria a virgem mais velha conhecida pelo homem, especialmente na comunidade dos lobisomens. Eu seria motivo de risada de toda a matilha.
O motivo principal para voltar para casa era que meu irmão encontrou sua companheira. Jason, o i****a que achava as meninas entediantes aos dez anos porque eram muito lentas para correr. Mas tudo mudou quando ele completou treze anos e teve sua primeira namorada, que por acaso era a pior; ela me atormentava sem piedade. Era má. Quando parti, fiquei feliz em saber que eles terminaram e a companheira dele não era ela. Sua companheira é Sofia, mas não sei nada sobre ela, pois ela não é desta matilha. Meu pai gosta dela, mas acho que ele diria isso mesmo se não gostasse, só para tirar Jason de casa.
Éramos nós três, pois minha mãe faleceu quando eu tinha dez anos. Meu tio, irmão do meu pai, vem nos visitar uma vez por mês para verificar como estamos. Meu pai ficou arrasado quando ela morreu. Eu nunca quis sofrer daquele jeito, e ver meu pai passar pela dor de perder sua companheira sempre me fez repensar se eu realmente queria o meu.
Quando fui obrigada a sair, meu tio estava lá; não estava muito animada para ir, mas não tinha escolha a não ser partir. Eu queria morrer ali mesmo. Alexander nunca me deu uma razão real, exceto uma que um jovem de treze anos levaria a sério, mas ele também me deixou com uma imagem dele que nunca esquecerei. Ele me disse que eu era jovem demais para ele e que ele poderia encontrar alguém muito melhor do que eu.
Você deve ter adivinhado que aos treze anos eu tinha uma queda por ele, na verdade, mais como por anos. Ele era atraente naquela época, mas não sei como ele está agora, já que nunca o adicionei às minhas redes sociais. Mas sinto que ele tem me stalkeado por lá, já que meu irmão curtiu algumas fotos que um irmão não deveria curtir. Queria esquecê-lo.
A casa da matilha surge à vista enquanto o táxi faz a curva. O táxi passa direto, mas não consigo deixar de olhar para o lugar; não mudou desde que parti. É como um hotel para a maioria das pessoas, mas a maioria dos membros da matilha que mora lá são membros sem casa. Muitos perderam suas casas por causa de ataques de lobos solitários ou mesmo apenas por conta do clima.
O motorista do táxi passa e alguns segundos depois minha casa surge à vista. Não consigo deixar de sorrir. A casa continua a mesma desde quando parti. Mas parece que meu pai colocou mais flores nos canteiros em volta da casa. Ele fez isso para a minha mãe antes dela morrer, e costumávamos regar as flores juntos.
O táxi para em frente à casa. Abri a porta e desci. Olhei ao redor, mas não vi ninguém. Contornei o táxi e peguei minha bolsa com o motorista, que esperava que eu pagasse.
Faz um tempo desde a última vez em que estive aqui. Entreguei o dinheiro ao motorista. Não me importei com ele, pois nunca falava comigo, o que eu gostava, pois estava nervosa com a volta. Mas pelo rosto do motorista, acho que ele sabia que deveria me deixar com meus pensamentos, já que era um lobo da matilha.
O motorista sobe de volta ao táxi e vai embora.
Não consigo deixar de ficar parada e olhando.
Nunca me senti tão nervosa em estar de volta em casa.