Senti o corpo dele ficar rígido, o beijo que antes era urgente e cheio de paixão começou a perder o ritmo. Franzi a testa e me afastei levemente, encarando os olhos dele.
— Que foi, Playboy? Tá tudo bem? — perguntei, sentindo um nó no estômago.
Ele tentou disfarçar com aquele sorriso de canto, mas era forçado.
— Tá suave, gata. Nada que eu não aguente. — Ele levantou uma mão até a barriga, como se quisesse se distrair.
Meu olhar seguiu o movimento, e foi aí que percebi. A camisa dele tinha uma mancha de sangue crescendo bem ali, no lado esquerdo. Meu coração disparou.
— c*****o, Playboy! Cê tá sangrando! — gritei, o desespero começando a tomar conta.
Ele ainda tentou manter a pose, aquele ar desleixado que fazia parte dele. Deu um sorriso curto, de canto, que não convenceu nem a ele mesmo.
— Relaxa, linda, nem tá doendo. — A voz dele tinha um tom calmo, mas o suor que escorria pela testa contava outra história.
Me aproximei, sem conseguir segurar o impulso de encarar ele mais de perto.
— Como não? Então me explica essa cara de b***a que você tá fazendo.
Ele abriu a boca pra responder, mas hesitou. O rosto dele tava mais pálido do que deveria, e aquele sorriso cínico tava murchando aos poucos. Com a mão, ele tentou apertar o corte, como se isso fosse impedir o sangue de escorrer mais.
— É só cansaço, linda. Tô firme. — Apesar das palavras, a respiração dele tava mais pesada, e por um segundo, ele desviou o olhar, como se não quisesse me deixar ver a dor que tava escondendo.
Revirei os olhos, tentando disfarçar o medo que fazia minha garganta fechar.
— Firme uma p***a! Anda logo, vamo pra dentro deixa eu cuidar disso.
Peguei ele pelo braço e praticamente arrastei pra dentro de casa, ignorando qualquer resistência que ele pudesse tentar oferecer.
Chegando na sala, fiz ele se sentar no sofá e comecei a procurar o kit de primeiros socorros. Minhas mãos tremiam enquanto revirava as gavetas, xingando mentalmente pela bagunça.
— Ei, calma aí, linda. Tá se estressando à toa. Isso não é nada. — a voz dele era baixa, tranquila, mas carregada de cansaço.
— Nada? Você tá sangrando, p***a! Como cê quer que eu fique calma? — retruquei, irritada.
Ele deu um suspiro, encostando a cabeça no sofá, e então falou:
— Me passa o rádio, vai. Vou chamar o Baiano pra pedir pra enfermeira vir até aqui.
Larguei a gaveta e peguei o rádio que tava em cima da estante. Entreguei na mão dele, sem paciência.
— Tá aqui. Resolve logo isso, então.
Ele pegou o rádio e apertou o botão, a voz saindo firme apesar do cansaço:
— Baiano, tá na escuta?
Depois de uns segundos, a resposta veio, meio chiada:
— Fala, chefe. Tô aqui.
— Chama a enfermeira. Tô precisando que ela faça outro curativo.
— Demorou, chefe.
Playboy largou o rádio na mesinha de centro e olhou pra mim, aquele sorriso torto voltando pro rosto.
— Pronto, agora cê pode parar de surtar.
Cruzei os braços, ainda irritada, mas com o alívio começando a tomar conta.
— Você podia pelo menos ter avisado antes, em vez de ficar bancando o fodão.
Ele deu uma risada baixa, me puxando pelo braço pra sentar ao lado dele no sofá.
— E perder a chance de sentir tua preocupação por mim? Nem fodendo.
Revirei os olhos, mas não consegui segurar o sorriso que escapou. Ele podia ser um i****a, mas era o meu i****a.
O clima na sala tava pesado, misturando meu nervosismo com a tranquilidade irritante do Playboy. Eu andava de um lado pro outro, tentando esconder o quanto tava preocupada. Ele, largado no sofá, olhava pra mim com aquele sorriso de canto que só ele tinha, achando graça na minha inquietação.
— Relaxa, linda. Do jeito que tu tá, vai abrir um buraco no chão já, já — ele soltou, dando uma risada baixa.
Parei e encarei ele, a paciência se esgotando.
— Para de gracinha, Playboy! Eu tô preocupada, cê não tá vendo?
Ele riu de novo, ajeitando o corpo no sofá.
— Juliana, tu sabe o ditado: vaso r**m não quebra, e eu sou o próprio, né? — disse, piscando pra mim.
Respirei fundo, cruzando os braços.
— Cala a boca, Playboy. Se continuar com essa palhaçada, quem vai te m***r sou eu. — apesar das p************s, meu tom era cheio de preocupação.
Antes que ele pudesse responder, ouvimos três batidas firmes na porta. Saí disparada pra atender, a ansiedade dominando. Quando abri, dei de cara com o Baiano, sempre com aquela cara séria, e ao seu lado, uma garota. Jovem, bem arrumada, mas com uma postura que não me agradou de imediato.
Meus olhos foram direto para ela, analisando dos pés à cabeça. A blusa decotada e a calça legging sob o jaleco branco. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Baiano esboçou um sorriso quase imperceptível e falou:
— Iai, Juliana, cadê o chefe?
— Tá lá dentro — respondi, apontando com a cabeça. Meu olhar voltou para a garota, agora mais afiado. — É você que é a enfermeira?
Ela deu um passo à frente, sem hesitar, e respondeu com firmeza:
— Sou eu mesma.
Cruzei os braços, avaliando sua atitude.
— Você costuma atender os pacientes com esse tipo de roupa?
A expressão dela vacilou por um instante. Sem graça, tentou fechar o jaleco, mas o decote ainda chamava atenção. Antes que ela respondesse, a voz do Playboy ecoou da sala:
— Tá demorando aí por quê?
Deixei os dois entrarem e fechei a porta. Baiano veio logo atrás, sempre atento. Quando entrei na sala, lá estava ela, já toda sorridente, falando com o Playboy como se fossem velhos conhecidos.
Ela puxava assunto, fazia piadas de duplo sentido eu não tava acreditando que aquela v*******a tava dando em cima do meu homem bem na minha frente
Cruzei os braços e fiquei parada, observando cada movimento.
— Pode tirar a camisa, vamos cuidar desse ferimento — ela disse, com um tom de voz exageradamente doce.
Ela se posicionou entre as pernas dele, com uma proximidade que me deixou fervendo. Quando ele tirou a camisa, ela começou a mexer na maleta, se abaixando bem no meio das pernas dele. Aquilo foi a gota d’água.
— Tá confortável aí, p*****a? — soltei, com a voz carregada de ironia.
Ela parou por um instante, claramente surpresa, mas logo se recompôs.
— Só tô fazendo meu trabalho — respondeu, com um sorriso que mais parecia um desafio.
Playboy tentou intervir, rindo baixo para amenizar a tensão.
— Relaxa, amor. A moça só tá fazendo o trabalho dela.
Dei um passo à frente, estreitando os olhos.
— Pelo que eu tô vendo, ela tá confundindo as coisas.
A enfermeira continuou limpando o ferimento, tentando ignorar a situação.
— Não tô confundindo nada. Só tô cuidando do paciente.
O tom profissional dela era falso, e eu sabia disso. Playboy fez uma careta quando o antisséptico ardeu, mas disfarçou com um sorriso irritante.
— Amor, relaxa.
Eu não respondi, mas meu olhar falou mais do que qualquer palavra.