DIANA TAVARES
Dois dias e eu ainda estou aqui, mas fui eu quem quis assim; foi a única forma de proteger Liam e a todos os Coopers. Só Deus sabe a saudade que estou de todos, principalmente do meu maluquinho, que deve me odiar agora.
— Pensativa demais, Diana. — Me assusto com a voz de Jonathan. Ele entra no quarto, se aproximando da minha cama, onde eu estou sentada, puxa uma cadeira e se senta de frente para mim, me encarando com seus olhos azuis.
Durante esses dias ele tem sido muito atencioso e carinhoso comigo, diz que me ama e às vezes sinto que eu já o conheço, mas não lembro de onde.
— Eu sinto saudade de casa — confesso.
— Essa é sua casa; seu lugar é aqui, reinando ao meu lado. — Ele pega na minha mão e eu logo trato de tirar.
— Jonathan, eu já disse que não podemos nos casar, primeiro porque eu não conheço você direito e segundo porque meu coração pertence a outro. — E terceiro porque fui sequestrada.
— Eu espero o tempo que você quiser para nos conhecermos, eu posso conquistar você, fazer você esquecer aquele homem que te fez sofrer e cuidar do seu filho como se fosse meu. — O quê?
— Como você...
— Ontem vi você conversando com a sua barriga e a alisando, dizendo que iria proteger e cuidar, então eu deduzi.
— E isso não te incomoda? — perguntei surpresa.
— Claro que não, terei o prazer de fazer desse bebê o meu filho e dar meu sobrenome a ele. Basta nos casarmos e...
— Sua atitude é linda, Jonathan, mas isso não vai dar certo, eu amo outro homem e seria injusto com você. — Oh, se ele soubesse.
— Eu não me importo se você me ama ou não, só o fato de você ser minha esposa e reinar ao meu lado já me torna o homem mais feliz do mundo. Eu amo você, Diana. — Leva sua mão até meu rosto para me acariciar.
— Como pode dizer que me ama se me conheceu há alguns dias?
— Por que eu já te conheço há anos, você que não lembra de mim.
Ok, o que eu perdi?
— Como assim?
— Espera aqui. — Ele sai do quarto e volta minutos depois com uma roupa bem diferente da que estava; antes, ele usava terno e gravata, agora ele está de bermuda jeans escura e blusa polo branca, calçando um sapatênis, com os cabelos bagunçados e com uma... Rosa branca na mão?
Espera!
— Jonathan, o que...
— Prazer, me chamo Jonathan, mas pode me chamar de Johnny — diz pegando a minha mão, a levando aos lábios, e logo depois me entrega a rosa branca. Automaticamente lembranças surgem como um turbilhão.
— Diana, venha, conheça o rei Nicolau e seu filho — fala meu pai, me chamando. Como sempre quando há visitas, temos de nos comportar como uma grande família feliz, mas quando não tem ninguém, eu e minha mãe sofremos na mão dele; tento esconder as marcas da última surra que meu pai me deu sem motivo algum.
— Majestade, essa é minha filha Diana, Diana esse é o rei de Mônaco, Nicolau, e esse é seu filho. — Olho para os dois, que me olham fixamente, mas o menino que está do lado desse tal Nicolau não para de me encarar, será que estou tão feia assim?
— Prazer, sou Jonathan, mas pode me chamar de Johnny — disse pegando minha mão, a levando aos lábios e logo depois me entrega uma rosa branca.
Nenhum menino fez isso comigo, nenhum menino me deu uma flor e pela primeira vez em anos dei o meu primeiro sorriso sincero e verdadeiro.
— Sou Diana, mas pode me chamar de Di.
— Johnny!
— Você finalmente se lembrou, minha pequena. — Deus! Como esse mundo é pequeno! Eu juro que se ele não tivesse feito isso eu não teria lembrado. Ele está completamente diferente do menino de dezessete anos que conheci, e nessa época eu tinha apenas quatorze.
— Eu não acredito. — Estou chocada.
— Desde aquele dia não consegui tirar você da minha cabeça. Era errado, pois você era mais nova, mas eu não consegui. Pedi a meu pai para ficar duas semanas no Brasil só para ficar perto de você e nesse tempo eu me apaixonei. Você era tão doce e ao mesmo tempo brincalhona. Seu jeito de moleca, suas teimosias, tudo em você me encantou e desde então eu não consegui tirar você daqui. — Aponta para a cabeça. — E nem daqui. — Aponta para o peito.
Se eu estou sem palavras? É óbvio que estou! Não esperava por essa, não mesmo.
— Eu ainda estou em choque.
— Quando consegui contato com seu pai de novo eu já era rei e aproveitei e perguntei de você. Ele me disse que estava bem e então pedi a bênção dele e a sua mão para nos casarmos.
— Isso foi errado da sua parte, muito errado mesmo.
— Eu sei, mas eu pensei que poderia te conquistar até o casamento, e tudo foi mais fácil quando ele disse que você precisava viajar um pouco, então te trouxe para cá.
— Pensou errado, eu amo outro homem, Jonathan, e a sua atitude foi errada, tanto a sua quanto a de Erick. — Não escondo a minha raiva. Erick, seu maldito filho da mãe.
— Por que toda vez que você diz o nome do seu pai você diz da forma mais fria possível?
— Impressão sua. — Lhe dou as costas.
— Tem certeza? — Não.
— Tenho, agora me deixe sozinha. — Peço sentindo as lágrimas descerem.
— Mas...
— Por favor. — Dito isso, escuto seus passos e em seguida a porta se abrindo e depois se fechando, mas não demora muito e escuto a porta abrir de novo e quando olho para trás vejo que é Erick.
— Por que está chorando? — Até parece que ele se importa.
— Não te interessa, agora sai daqui. — Penso em me virar, mas sou surpreendida quando ele me acerta um tapa no rosto e logo em seguida aperta o meu pescoço.
— Eu avisei você, maldita menina. — Erick aperta mais meu pescoço, fazendo-me ficar sem ar, e quando ele ia acertar um soco na minha barriga a porta se abre e rapidamente ele me solta.
— Algum problema aqui? — pergunta Jonathan olhando para Erick.
— Claro que não, Majestade, estávamos apenas conversando e lembrando da minha amada esposa, que descanse em paz. — Maldito cínico.
— Está tudo bem, Diana? Parece mal... — Jonathan se aproxima, preocupado.
— Estou bem, só um pouco cansada, não se preocupe. — Lhe dou um sorriso falso.
— Qualquer coisa é só me chamar que virei correndo — murmura olhando para o meu pai.
Quando Jonathan se vira, Erick me olha com um olhar mortífero que me assusta e que automaticamente me faz passar a mão na barriga.
Meu filho, tenho de protegê-lo, não importa como.
— Jonathan. — O chamo, fazendo-o se virar para me olhar.
Liam, me perdoe por isso, mas é para proteger nosso filho, pelo menos por essa noite.
— Posso dormir no seu quarto? — Erick e Jonathan me olham, surpresos.
— Co...como?
— Se eu posso dormir no seu quarto, mas olha, se não quiser, eu...
— Mas é claro que pode, meu amor. — Ele vem até mim e sai do meu quarto comigo de mãos dadas, deixando Erick sozinho com uma cara nada boa. Quando entramos no seu quarto, ele se senta na cama e pergunta.
— Está bem, agora me diz o que houve...
— Nada, ué, sou sua noiva, não posso dormir com você? — Me faço de desentendida.
— Diana, você não me engana.
— Se for para fazer perguntas é melhor eu sair.
— Não, espera. Desculpe, é que eu me preocupo com você, ainda mais sabendo que está grávida.
— Tudo bem, eu só queria dormir aqui porque me sinto bem com você. — Mas eu amo outro e sinto como se o estivesse traindo. Infelizmente é preciso, eu ficando sempre ao lado de Jonathan, manterá Erick longe de mim e do meu bebê; ele não vai descansar até que eu perca essa criança.
— Que seja, então vamos nos preparar para dormir.
— Está bem.
LIAM COOPER
Estamos na França há dois dias; ainda não tivemos nenhuma informação do paradeiro de Diana e isso está me deixando agoniado! John e meu irmão decidiram vir, claro que depois de muitos choros e melosidades de Angel com meu irmão, mas, enfim, o que importa no momento é encontrar a minha mulher e meu filho.
— Está muito pensativo, Liam. — Alex se aproxima e senta do meu lado. Estávamos todos em uma casa aqui em Paris que foi comprada pelo nosso pai; na verdade não era bem uma casa e sim uma mansão, localizada um pouco distante do centro de Paris.
— Eu só quero encontrar Diana e meu filho, Alex.
— Eu sei como está se sentindo. Passei a mesma agonia com Angel e sei que você deve estar se sentido um inútil, um incapaz, um i****a, um zé ninguém, um...
— Você quer me ajudar ou me colocar mais para baixo, seu i*****l? — Ele sorri sem graça.
— Desculpa, eu só quero descontrair um pouco..., sei que pode parecer burrice o que vou falar agora e inédito também, mas prefiro mil vezes você brincando e zoando comigo do que todo pra baixo assim como você está. — Sem olhar para ele eu digo:
— Quando Diana foi embora, levou com ela tudo de mim, inclusive meu coração. — Sinto uma enorme vontade de chorar, mas me seguro.
— Ela não foi embora e sim sequestrada.
— Por que ela não nos avisou nem nada? Se ela deixou uma carta podia ter...
— Liam, tudo indica que ela foi sequestrada e que se ela não deixou pistas de onde está, com certeza é porque foi ameaçada. — Alex tem razão, talvez se ela tivesse dito ou deixado algo, podiam descobrir, mas tem um detalhe...
— Mas como ela conseguiu deixar a carta e o teste de gravidez?
— Não sei, mas talvez isso tenha uma explicação. Será que ela quis te motivar a procurá-la?
— Talvez possa ser isso, mas eu acho que pode ser outra coisa.
— O quê?
— Ainda não sei, estou pensando.
— Então como você sabe que pode ser outra coisa, seu i****a?
— Eu não sei. Acho que é intuição, sei lá.
— Que legal, meu irmão se revelando mulher! E agora, vai dizer que sabe quando vai menstruar?
— Sinceramente você é péssimo em fazer piadas, desista, esse posto é meu.
— E quando vai voltar a seu posto?
— Quando o motivo da minha felicidade voltar para mim.
— Depois diz que eu e a Angel é que somos melosos...
— Ser meloso é uma coisa, agora vocês dois causam diabetes só de olhar.
— Hahaha, seu i****a.
— Liam, encontramos uma coisa. — Avisou John. Me levanto rapidamente e vou até ele.
Estamos todos reunidos numa sala secreta onde estão armamentos e equipamentos para espionar, torturar e coisas assim. Papai disse que essa casa estaria à nossa disposição, ele nos falou que foi aqui a maior parte do tempo que passou quando falava para mamãe que iria viajar a negócios, quando, na verdade, estava em missão.
— E então? — pergunto.
— Bom, pegamos as informações que temos sobre ela e como estava vestida quando saiu de casa e vasculhamos cada aeroporto na França — disse Owen.
Owen foi um amigo do meu pai, o auxiliou muito em missões e ajudou o nosso pai a nos treinar. Ele é viúvo, perdeu a mulher no parto de sua filha, Brenda, que hoje tem dez anos. Owen é sério e bem reservado, quase nunca ri, fora também que o seu tamanho e musculatura intimida muita gente, mas nós sabemos que ele se tornou assim depois da morte da esposa, a quem amava muito. Ela era a única pessoa que tinha poder para derrubar esse homem, bem... além da filha.
— Espera, como assim, vasculharam? E se isso chamar a atenção? Pelo que eu saiba, estamos lidando com um dos chefes de uma organização criminosa, com certeza ele deve estar ciente de que estamos à procura de Diana — salienta Alex.
— Exato, por isso, ao invés de sair perguntando fomos direto à fonte. — Olho para John, confuso.
— Como assim?
— Royce, é com você agora. — Owen aponta para uma mulher que está no canto da sala em meio aos computadores. Se ele não tivesse dito eu nem desconfiaria que ela estava ali.
— Quem é essa? — Alex tirou as palavras da minha boca.
— Royce Mertovi. Uma das melhores agentes do FBI, melhor dizendo, uma das melhores hackers do mundo. — John falou. Royce se levanta e vêm em nossa direção.
— Olá rapazes, prazer em conhecê-los.
Ela é bem bonita, pele morena, olhos azuis e cabelo preto. Royce é baixinha e tem um olhar, digamos, inocente demais. Quem olha assim nem imagina que ela seria uma hacker.
— Mostre a eles o que encontrou, Royce — pediu John; ela assente, vai até os computadores e rapidamente aparecem dados de embarque e desembarque das pessoas que saíram e entraram em todos os aeroportos, e todos com fotos.
— Como podem ver, eu entrei no sistema de todos os aeroportos da França, o que foi muito fácil, e agora tenho as informações de todos que saíram e entraram. Encontrei os nossos e tomei a liberdade de deletar tudo, caso Erick tente descobrir se viemos ou não; também aproveitei para apagar qualquer indício de nós nesse país.
— Apagou qualquer registro de que estamos na França? Genial — murmura Alex surpreso.
— Então quer dizer que sabe onde Diana está? —Não escondo a minha aflição.
— Tecnicamente sim — responde sem desviar os olhos dos computadores.
— Tecnicamente?
— Sim, pois não descobri a localização, isso fica mais complicado, mas com o que descobri já dá para termos uma dimensão de onde devemos procurar.
— E onde devemos procurar?
— Mônaco.
— Mônaco? Em que lugar de Mônaco? — pergunto.
— Ela desembarcou no Aéroport Nice Côte d'Azur, então devemos começar a procurar pelos arredores — disse Royce.
— E o que estamos esperando? Vamos logo.
— Calma aí, Superman, não é assim. Vamos com calma. — Owen diz colocando o braço na minha frente.
— Calma? Isso é uma coisa que não tenho nesse momento. Tudo que quero é a minha mulher, só isso. — Ninguém está entendendo a minha aflição.
— Se não mantiver a calma você vai pôr tudo a perder, vai nos matar e perder a Diana para sempre..., então, relaxe.
— John, mas...
— John nada, eu já passei por isso com a minha filha e quase coloquei tudo a perder por não conseguir manter a calma, então sei que qualquer passo em falso dará game over.
— Isso não é um jogo — retruco.
— Mas para Erick sim, ele odeia sua família e me detesta, com certeza não vai hesitar em nos matar se descobrir que estamos à procura dela. Algum motivo ele teve para sequestrar Diana. No começo eu achava que era por ter descoberto o seu noivado com ela, mas Angel me disse que ele não liga para a filha.
— Então o que você acha que pode ser? — pergunta Owen.
— Não sei, mas deve ser algo bem importante para ele.
— E o que devemos fazer? — Não escondo meu nervosismo.
— Descobrir a exata localização de onde está Diana e encontrar uma forma de nos infiltrarmos sem sermos descobertos.