CAPÍTULO 03

2492 Words
DIANA TAVARES Dois dias e eu ainda estou aqui, mas fui eu quem quis assim; foi a única forma de proteger Liam e a todos os Coopers. Só Deus sabe a saudade que estou de todos, principalmente do meu maluquinho, que deve me odiar agora. — Pensativa demais, Diana. — Me assusto com a voz de Jonathan. Ele entra no quarto, se aproximando da minha cama, onde eu estou sentada, puxa uma cadeira e se senta de frente para mim, me encarando com seus olhos azuis. Durante esses dias ele tem sido muito atencioso e carinhoso comigo, diz que me ama e às vezes sinto que eu já o conheço, mas não lembro de onde. — Eu sinto saudade de casa — confesso. — Essa é sua casa; seu lugar é aqui, reinando ao meu lado. — Ele pega na minha mão e eu logo trato de tirar. — Jonathan, eu já disse que não podemos nos casar, primeiro porque eu não conheço você direito e segundo porque meu coração pertence a outro. — E terceiro porque fui sequestrada. — Eu espero o tempo que você quiser para nos conhecermos, eu posso conquistar você, fazer você esquecer aquele homem que te fez sofrer e cuidar do seu filho como se fosse meu. — O quê? — Como você... — Ontem vi você conversando com a sua barriga e a alisando, dizendo que iria proteger e cuidar, então eu deduzi. — E isso não te incomoda? — perguntei surpresa. — Claro que não, terei o prazer de fazer desse bebê o meu filho e dar meu sobrenome a ele. Basta nos casarmos e... — Sua atitude é linda, Jonathan, mas isso não vai dar certo, eu amo outro homem e seria injusto com você. — Oh, se ele soubesse. — Eu não me importo se você me ama ou não, só o fato de você ser minha esposa e reinar ao meu lado já me torna o homem mais feliz do mundo. Eu amo você, Diana. — Leva sua mão até meu rosto para me acariciar. — Como pode dizer que me ama se me conheceu há alguns dias? — Por que eu já te conheço há anos, você que não lembra de mim. Ok, o que eu perdi? — Como assim? — Espera aqui. — Ele sai do quarto e volta minutos depois com uma roupa bem diferente da que estava; antes, ele usava terno e gravata, agora ele está de bermuda jeans escura e blusa polo branca, calçando um sapatênis, com os cabelos bagunçados e com uma... Rosa branca na mão? Espera! — Jonathan, o que... — Prazer, me chamo Jonathan, mas pode me chamar de Johnny — diz pegando a minha mão, a levando aos lábios, e logo depois me entrega a rosa branca. Automaticamente lembranças surgem como um turbilhão. — Diana, venha, conheça o rei Nicolau e seu filho — fala meu pai, me chamando. Como sempre quando há visitas, temos de nos comportar como uma grande família feliz, mas quando não tem ninguém, eu e minha mãe sofremos na mão dele; tento esconder as marcas da última surra que meu pai me deu sem motivo algum. — Majestade, essa é minha filha Diana, Diana esse é o rei de Mônaco, Nicolau, e esse é seu filho. — Olho para os dois, que me olham fixamente, mas o menino que está do lado desse tal Nicolau não para de me encarar, será que estou tão feia assim? — Prazer, sou Jonathan, mas pode me chamar de Johnny — disse pegando minha mão, a levando aos lábios e logo depois me entrega uma rosa branca. Nenhum menino fez isso comigo, nenhum menino me deu uma flor e pela primeira vez em anos dei o meu primeiro sorriso sincero e verdadeiro. — Sou Diana, mas pode me chamar de Di. — Johnny! — Você finalmente se lembrou, minha pequena. — Deus! Como esse mundo é pequeno! Eu juro que se ele não tivesse feito isso eu não teria lembrado. Ele está completamente diferente do menino de dezessete anos que conheci, e nessa época eu tinha apenas quatorze. — Eu não acredito. — Estou chocada. — Desde aquele dia não consegui tirar você da minha cabeça. Era errado, pois você era mais nova, mas eu não consegui. Pedi a meu pai para ficar duas semanas no Brasil só para ficar perto de você e nesse tempo eu me apaixonei. Você era tão doce e ao mesmo tempo brincalhona. Seu jeito de moleca, suas teimosias, tudo em você me encantou e desde então eu não consegui tirar você daqui. — Aponta para a cabeça. — E nem daqui. — Aponta para o peito. Se eu estou sem palavras? É óbvio que estou! Não esperava por essa, não mesmo. — Eu ainda estou em choque. — Quando consegui contato com seu pai de novo eu já era rei e aproveitei e perguntei de você. Ele me disse que estava bem e então pedi a bênção dele e a sua mão para nos casarmos. — Isso foi errado da sua parte, muito errado mesmo. — Eu sei, mas eu pensei que poderia te conquistar até o casamento, e tudo foi mais fácil quando ele disse que você precisava viajar um pouco, então te trouxe para cá. — Pensou errado, eu amo outro homem, Jonathan, e a sua atitude foi errada, tanto a sua quanto a de Erick. — Não escondo a minha raiva. Erick, seu maldito filho da mãe. — Por que toda vez que você diz o nome do seu pai você diz da forma mais fria possível? — Impressão sua. — Lhe dou as costas. — Tem certeza? — Não. — Tenho, agora me deixe sozinha. — Peço sentindo as lágrimas descerem. — Mas... — Por favor. — Dito isso, escuto seus passos e em seguida a porta se abrindo e depois se fechando, mas não demora muito e escuto a porta abrir de novo e quando olho para trás vejo que é Erick. — Por que está chorando? — Até parece que ele se importa. — Não te interessa, agora sai daqui. — Penso em me virar, mas sou surpreendida quando ele me acerta um tapa no rosto e logo em seguida aperta o meu pescoço. — Eu avisei você, maldita menina. — Erick aperta mais meu pescoço, fazendo-me ficar sem ar, e quando ele ia acertar um soco na minha barriga a porta se abre e rapidamente ele me solta. — Algum problema aqui? — pergunta Jonathan olhando para Erick. — Claro que não, Majestade, estávamos apenas conversando e lembrando da minha amada esposa, que descanse em paz. — Maldito cínico. — Está tudo bem, Diana? Parece mal... — Jonathan se aproxima, preocupado. — Estou bem, só um pouco cansada, não se preocupe. — Lhe dou um sorriso falso. — Qualquer coisa é só me chamar que virei correndo — murmura olhando para o meu pai. Quando Jonathan se vira, Erick me olha com um olhar mortífero que me assusta e que automaticamente me faz passar a mão na barriga. Meu filho, tenho de protegê-lo, não importa como. — Jonathan. — O chamo, fazendo-o se virar para me olhar. Liam, me perdoe por isso, mas é para proteger nosso filho, pelo menos por essa noite. — Posso dormir no seu quarto? — Erick e Jonathan me olham, surpresos. — Co...como? — Se eu posso dormir no seu quarto, mas olha, se não quiser, eu... — Mas é claro que pode, meu amor. — Ele vem até mim e sai do meu quarto comigo de mãos dadas, deixando Erick sozinho com uma cara nada boa. Quando entramos no seu quarto, ele se senta na cama e pergunta. — Está bem, agora me diz o que houve... — Nada, ué, sou sua noiva, não posso dormir com você? — Me faço de desentendida. — Diana, você não me engana. — Se for para fazer perguntas é melhor eu sair. — Não, espera. Desculpe, é que eu me preocupo com você, ainda mais sabendo que está grávida. — Tudo bem, eu só queria dormir aqui porque me sinto bem com você. — Mas eu amo outro e sinto como se o estivesse traindo. Infelizmente é preciso, eu ficando sempre ao lado de Jonathan, manterá Erick longe de mim e do meu bebê; ele não vai descansar até que eu perca essa criança. — Que seja, então vamos nos preparar para dormir. — Está bem. LIAM COOPER Estamos na França há dois dias; ainda não tivemos nenhuma informação do paradeiro de Diana e isso está me deixando agoniado! John e meu irmão decidiram vir, claro que depois de muitos choros e melosidades de Angel com meu irmão, mas, enfim, o que importa no momento é encontrar a minha mulher e meu filho. — Está muito pensativo, Liam. — Alex se aproxima e senta do meu lado. Estávamos todos em uma casa aqui em Paris que foi comprada pelo nosso pai; na verdade não era bem uma casa e sim uma mansão, localizada um pouco distante do centro de Paris. — Eu só quero encontrar Diana e meu filho, Alex. — Eu sei como está se sentindo. Passei a mesma agonia com Angel e sei que você deve estar se sentido um inútil, um incapaz, um i****a, um zé ninguém, um... — Você quer me ajudar ou me colocar mais para baixo, seu i*****l? — Ele sorri sem graça. — Desculpa, eu só quero descontrair um pouco..., sei que pode parecer burrice o que vou falar agora e inédito também, mas prefiro mil vezes você brincando e zoando comigo do que todo pra baixo assim como você está. — Sem olhar para ele eu digo: — Quando Diana foi embora, levou com ela tudo de mim, inclusive meu coração. — Sinto uma enorme vontade de chorar, mas me seguro. — Ela não foi embora e sim sequestrada. — Por que ela não nos avisou nem nada? Se ela deixou uma carta podia ter... — Liam, tudo indica que ela foi sequestrada e que se ela não deixou pistas de onde está, com certeza é porque foi ameaçada. — Alex tem razão, talvez se ela tivesse dito ou deixado algo, podiam descobrir, mas tem um detalhe... — Mas como ela conseguiu deixar a carta e o teste de gravidez? — Não sei, mas talvez isso tenha uma explicação. Será que ela quis te motivar a procurá-la? — Talvez possa ser isso, mas eu acho que pode ser outra coisa. — O quê? — Ainda não sei, estou pensando. — Então como você sabe que pode ser outra coisa, seu i****a? — Eu não sei. Acho que é intuição, sei lá. — Que legal, meu irmão se revelando mulher! E agora, vai dizer que sabe quando vai menstruar? — Sinceramente você é péssimo em fazer piadas, desista, esse posto é meu. — E quando vai voltar a seu posto? — Quando o motivo da minha felicidade voltar para mim. — Depois diz que eu e a Angel é que somos melosos... — Ser meloso é uma coisa, agora vocês dois causam diabetes só de olhar. — Hahaha, seu i****a. — Liam, encontramos uma coisa. — Avisou John. Me levanto rapidamente e vou até ele. Estamos todos reunidos numa sala secreta onde estão armamentos e equipamentos para espionar, torturar e coisas assim. Papai disse que essa casa estaria à nossa disposição, ele nos falou que foi aqui a maior parte do tempo que passou quando falava para mamãe que iria viajar a negócios, quando, na verdade, estava em missão. — E então? — pergunto. — Bom, pegamos as informações que temos sobre ela e como estava vestida quando saiu de casa e vasculhamos cada aeroporto na França — disse Owen. Owen foi um amigo do meu pai, o auxiliou muito em missões e ajudou o nosso pai a nos treinar. Ele é viúvo, perdeu a mulher no parto de sua filha, Brenda, que hoje tem dez anos. Owen é sério e bem reservado, quase nunca ri, fora também que o seu tamanho e musculatura intimida muita gente, mas nós sabemos que ele se tornou assim depois da morte da esposa, a quem amava muito. Ela era a única pessoa que tinha poder para derrubar esse homem, bem... além da filha. — Espera, como assim, vasculharam? E se isso chamar a atenção? Pelo que eu saiba, estamos lidando com um dos chefes de uma organização criminosa, com certeza ele deve estar ciente de que estamos à procura de Diana — salienta Alex. — Exato, por isso, ao invés de sair perguntando fomos direto à fonte. — Olho para John, confuso. — Como assim? — Royce, é com você agora. — Owen aponta para uma mulher que está no canto da sala em meio aos computadores. Se ele não tivesse dito eu nem desconfiaria que ela estava ali. — Quem é essa? — Alex tirou as palavras da minha boca. — Royce Mertovi. Uma das melhores agentes do FBI, melhor dizendo, uma das melhores hackers do mundo. — John falou. Royce se levanta e vêm em nossa direção. — Olá rapazes, prazer em conhecê-los. Ela é bem bonita, pele morena, olhos azuis e cabelo preto. Royce é baixinha e tem um olhar, digamos, inocente demais. Quem olha assim nem imagina que ela seria uma hacker. — Mostre a eles o que encontrou, Royce — pediu John; ela assente, vai até os computadores e rapidamente aparecem dados de embarque e desembarque das pessoas que saíram e entraram em todos os aeroportos, e todos com fotos. — Como podem ver, eu entrei no sistema de todos os aeroportos da França, o que foi muito fácil, e agora tenho as informações de todos que saíram e entraram. Encontrei os nossos e tomei a liberdade de deletar tudo, caso Erick tente descobrir se viemos ou não; também aproveitei para apagar qualquer indício de nós nesse país. — Apagou qualquer registro de que estamos na França? Genial — murmura Alex surpreso. — Então quer dizer que sabe onde Diana está? —Não escondo a minha aflição. — Tecnicamente sim — responde sem desviar os olhos dos computadores. — Tecnicamente? — Sim, pois não descobri a localização, isso fica mais complicado, mas com o que descobri já dá para termos uma dimensão de onde devemos procurar. — E onde devemos procurar? — Mônaco. — Mônaco? Em que lugar de Mônaco? — pergunto. — Ela desembarcou no Aéroport Nice Côte d'Azur, então devemos começar a procurar pelos arredores — disse Royce. — E o que estamos esperando? Vamos logo. — Calma aí, Superman, não é assim. Vamos com calma. — Owen diz colocando o braço na minha frente. — Calma? Isso é uma coisa que não tenho nesse momento. Tudo que quero é a minha mulher, só isso. — Ninguém está entendendo a minha aflição. — Se não mantiver a calma você vai pôr tudo a perder, vai nos matar e perder a Diana para sempre..., então, relaxe. — John, mas... — John nada, eu já passei por isso com a minha filha e quase coloquei tudo a perder por não conseguir manter a calma, então sei que qualquer passo em falso dará game over. — Isso não é um jogo — retruco. — Mas para Erick sim, ele odeia sua família e me detesta, com certeza não vai hesitar em nos matar se descobrir que estamos à procura dela. Algum motivo ele teve para sequestrar Diana. No começo eu achava que era por ter descoberto o seu noivado com ela, mas Angel me disse que ele não liga para a filha. — Então o que você acha que pode ser? — pergunta Owen. — Não sei, mas deve ser algo bem importante para ele. — E o que devemos fazer? — Não escondo meu nervosismo. — Descobrir a exata localização de onde está Diana e encontrar uma forma de nos infiltrarmos sem sermos descobertos.
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