Capítulo 13

2640 Words
Camila 19 de fevereiro Quarta Manhã Em toda a história da humanidade acho que nunca houve uma aula tão chata como essa. É inglês, um assunto que eu já sei e metade da turma também, por isso todos estão conversando, mas eu não. Não quero falar com Lauani pelo o que ela fez ontem. Ou Ally. E Jin tem outra aula agora. não sobrou opções. Lauani está vindo em minha direção. Eu desvio o olhar para as minha unhas, estou fingindo fazer alguma coisa, quando na verdade estou observando ela se aproximar. E ela se aproxima. Sentou na cadeira vaga atrás de mim e puxou até ficar do meu lado. O professor não deu a mínima. - Oi, Lacinho! -Não me chama mais de Lacinho...- Ela murcha e me olha confusa. Não é óbvio eu a tratar assim? - O que eu fiz? -Ela pergunta. - Precisa que eu te lembre?- Seu olhar perde a cor, seus ombros se encolhem e ela franze os lábios. Ela não seria tão estúpida ao ponto de simplesmente esquecer o que houve. - Ta! Mas o que eu fiz??- Ela se apoiou na mesa na minha direção, os cotovelos na mesa, os olhos grandes e verdes, o cabelo solto e volumoso caindo sobre os seus ombros. Ela podia me ajudar a dizer não a ela. Eu podia ser mais fria. Mas é difícil. Tudo nela é atrativo. - Exatamente nada! - O que queria que eu fizesse? - Eles são seus amigos! Deveria ter os controlado! - Lacinho... Eles não são como o Jin, eu não consigo controlá-los!- Minha expressão fecha de imediato. Como ela consegue ser tão atraente e falar tanta m***a? - Eu não controlo o Jin!- A raiva na minha voz era notável. - Calma, isso não era para ter sido uma ofensa... - Vai embora, Lauani!- Eu viro para frente e o professor está dando a aula desanimado. Verbo to be? Sério? -O quer que eu faça para voltar a falar comigo?- Ela sorri e me cutuca com o ombro. Fria. Seca. - Vê se nasce de novo e tenta ser menos rude!- Eu olho para ela de relance e me concentro no “I am e you are” escrito no quadro. Ela baixa o olhar rapidamente e me olha de novo. - hm... Não tem alguma outra coisa?- Ela diz sorrindo com os lábios. - Pede desculpas ao Jin. - O que?- Ela se encostou na cadeira e me olhou como se eu tivesse dito um absurdo. -Pe-de des-cul-pas ao Jin.-Ela riu, mas eu continuei séria. -Acho que eu vou tentar nascer de novo!- Era para ser uma piada, mas eu apenas virei para o quadro e aprendi a inovação do “He is. She is. It is.” -Boa sorte. Ela suspirou cansada e se levantou da cadeira ao meu lado. Lauani 19 de fevereiro Quarta Manhã A aula de coreano seria absolutamente desnecessária, se o controlado do Jin não estivesse nela comigo. Era a minha chance de pedir desculpas, mesmo que eu não quisesse de verdade, mas tudo pela Camila. -Oi, princ-digo... Jin- Ele me olha desanimado e revira os olhos. -O que foi?- Ele diz sem jeito. Eu ri. Se minha balança não fosse quase cem por cento garotas, eu iria adorar irritar o Jin com mais ímpeto. -Eu quero te pedir desculpas... Sabe... Por ontem...- Ele franzi a testa e me encara. -Que?- Ele diz de boca aberta e eu reviro os olhos. -Eu não vou repetir... -Não é isso. Eu só não esperava.- Ele vira para frente de novo e responde uma questão de marcar x. Ele me irrita. É muito pacífico. Ele tem tudo e desperdiça sendo um i****a. Camila não iria gostar que eu pensasse isso. Eu o toco no braço e ele me olha. -Então...-Digo. -Então...? -Diga a Camila que eu pedi desculpas. E diga que eu fui legal. –Ele assente. Eu me sinto um monstro. A carinha que ele faz... Eu ter falado de Camila clareou sua mente, mas ele não liga ao perceber que só fiz isso por ela. -Vai falar? -Sim... Você pediu desculpas...- Nossa. Ele é realmente estranho. A culpa me consome. Eu devo tratar ele bem, pelo menos a partir de agora. Ele é doce pra c*****o. Como ele consegue me perdoar assim tão rápido? -É sério. Desculpe. Mesmo!- Ele me olha e sorri. -Tudo bem. Vou dizer a ela. – Ele sorri. Ele deveria me mandar ir para o inferno. É o que eu diria no lugar dele. Minha cabeça dói. Odeio me sentir culpada. -Eu juro, não faço mais! -Entendi... Vou lembrar de dizer que você foi legal!- Ele ri simpático. E se vira para frente de novo. Eu voltei ao meu lugar de antes e percebo a enorme anotação no quadro. Jin 19 de fevereiro Quarta Manhã -Jin!- Ouço uma voz chamar, por um segundo penso que é Sehun, mas não. É Nathan. É claramente Nathan. A voz parecia estar longe, mas quando virei em direção a ele, vi Nathana menos de dois palmos de distancia. Foi inevitável não me assustar. -O que estava fazendo ontem a noite?- Nathanme olhou com os olhos, aparentemente, mais negros do que o normal. A voz era áspera. A minha altura, bem inferior a dele, só me deixou mais desconfortável. -Ah. Eu fui no cinema- Respondi rápido e me pergunto se eu deveria ter respondido. Não deveria. Mas sua abordagem me deixou sem reação. Senti como se precisasse omitir a presença de Sehun comigo ontem, como se isso fosse deixar Nathanirritado, mas essa ideia era estupidamente sem sentido. -Eu não quero que Você saia com o Sehun.- Como diabos ele sabe que eu saí com o Sehun? Tem algo haver com o meu cheiro?  Era como se ele quisesse puxar meu moletom e me balançar para frente e para trás. Sehun era algum tipo de e********r? Traficante? Por que Nathanse importa? -Por que isso importa?- Falei baixo, mas sei que ele me ouviu. -Só me obedeça.- Ele disse seco, a voz grossa e um tanto rouca. Sehun entrou no nosso corredor. Deu dois passos na nossa direção e travou por dois segundos. Encarou Nathan, em especial, o tamanho dele. Depois voltou a vir até nós sem segurança alguma. Os punhos de Nathanse fecham e pela primeira vez, Nathanparou de me olhar e encara Sehun vindo até nós. -Oi, Jin- Ele sorri.- Nathan, Hyung.- Ele fala como um cumprimento, assim que chegou até nós. Ele se vira para mim- Você vai ficar no refeitório? Posso pedir um intervalo do trabalho para ficar com você!- Ele sorri de novo. Posso sentir a raiva de Nathanemanando de seu corpo. É como um campo minado, mas Sehun não sabe disso, pois continua com uma expressão inocente, enquanto Nathano fuzilava com os olhos. -E-eu não sei, tenho que falar com a Camila – Falei com um riso nervoso escapando dos meus lábios, eles provavelmente interpretaram como um riso tímido. Eu tinha que concluir a minha fala. Sehun estava esperando. Nathantambém. Os dois estão me olhando agora. Não quero decepcionar Sehun e dar um não na frente de Nathan, simplesmente porque eu não daria um não, se Nathannão tivesse se intrometido há três minutos atrás. E o pedido de Nathannão deve ser importante para mim, quem ele pensa que é para decidir com quem eu saio ou não? Eu decido isso! Parece que se passou uma eternidade, quando na verdade só se passaram 3 segundos. Preciso dar minha resposta. -Acho que ela vai gostar de passar o intervalo só com a Lauani- Olho para Nathane ele me encara incrédulo. –Sem interrupção dessa vez... Eu vou sim. – Sehun sorri. Não sei se eles entenderam que me refiro a terça, ontem, mas espero que sim. -Ótimo! Vou falar com o meu chefe logo, antes que ele me dê uma lista de coisas para fazer!- Ele saí quase saltitando e entra no refeitório rumo a cantina. Os olhos de Nathancaem sobre mim. Furiosos. -É isso?- Ele toca meu ombro rapidamente. –Você gosta dele?- Ele me olha tão intensamente que parece enxergar a minha alma. Eu travo. Nathangosta de mim? Parece loucura, mas se não, por que ele me faria essa pergunta? -E se? Qual o problema?- Minha voz sai firme, contrariando minha expressão assustada. Ele olha para o teto e revira os olhos. Imagino se ele me bateria por ter lhe desobedecido. Nathangosta de mim. -Nenhum.- Ele n**a com a cabeça e saí andando apressado para longe de mim. Estou parado no meio do corredor. Congelado. É coisa demais para assimilar. Depois de ter feito tantas coisas comigo, ele realmente acha que tem alguma chance comigo? A mínima chance? Suspiro. Nathangosta de mim? Isso é loucura. É impossível. O sinal toca. Os alunos saem para os corredores e caminham acelerados para o refeitório, eu sigo o fluxo para o mesmo lugar.   Jin 19 de fevereiro Quarta Manhã Entrar no refeitório de novo depois de ontem foi constrangedor, mas meu nervosismo passou quando eu vi Sehun numa mesa no canto com dois potes de sorvete numa bandeja. -Esse sorvete é tão tão gostoso!!- falei quando sentei ao lado dele. Ele sorriu bobo. -Eu sei que você gosta. É uma das vantagens de trabalhar na cantina!- Ele riu e me passou um dos sorvetes. Agradeci.- Mas então... Qual era a do Alfa com você? -Do alfa comigo?- Coloquei uma colher na boca. -Nathan.-Disse como se fosse obvio. -Eu sei lá. Ele tem algum problema.- Falei e sem querer, alguns momentos com ele acabou invadindo a minha cabeça. Existem alguns bons momentos. -Comigo?- Sehun perguntou preocupado. -Não... Comigo.- Dei de ombros. Eu queria que ele entendesse que eu queria mudar de assunto. -Ele parecia querer me m***r, lenta e dolorosamente...- Ele riu e eu também, mas tinha um pouco de verdade nas suas palavras. Parecia. Parecia mesmo. -Não deve ser nada com você, ele deve ter tido um dia ruim.- Dei de ombros de novo. Mude de assunto. Por favor, mude de assunto. -Ele assusta você, não é?- Ele para de sorrir por um segundo e me olha sério. Dei um rápida espiada nele para depois encarar meu sorvete. Ele precisava saber que não gosto de falar disso. Falar de Nathan. Falar do Cães. Eles são um ponto fraco na minha vidinha inútil. Minha respiração acelera pensando em Levi. Meu coração aperta pensando em Nathan. Layla e Lauani me dão vontade de vomitar. Todos juntos... é quase como um ataque de pânico.  Me sinto m*l com seu interesse repentino. Ele realmente parece querer ouvir, pois quando eu o olho –depois de colocar mais uma colher de sorvete na boca- Ele inclina a cabeça para o lado. Estou conseguindo esconder bem o que estou sentindo? Passo rapidamente o casaco sobre os meus olhos para apagar algum vestígio, mas meus olhos estão secos. Sorri. -Ele já fez alguma coisa com você? – Perguntou num tom preocupado e eu ri para disfarçar. Esse é o meu ponto fraco, dentre vários, esse assunto me deixa sensível. -Muitas coisas... Nós vamos sair de novo?- Eu precisava urgentemente mudar de assunto, mas ele não entende. -Estou com você agora, mas sou beta, não posso te defender. – ele para para pensar por um segundo.- Sei lá... –Ele ri- Enquanto ele me bate você corre, entendeu?- Meus olhos enchem de lágrimas e não sei se vai dar para segurar. Ele se importa comigo? Nathannão vai me afastar dele. Ele se importa comigo. Uma lágrima. Sehun me abraça rápido e eu não tenho reação. -Para...- Digo constrangido, mas eu queria isso. Queria ele e queria agora. -Shh.- Ele me puxa para mais perto- Esconde a cabeça no meu pescoço. Ninguém vai perceber que você está chorando... -Eles já fizeram muita coisa...-Digo baixinho e ele me aperta contra o seu peito. Me rendo ao choro e deixo sair. Não é errado chorar. Não é errado ser fraco. -Muita coisa...- Sussurro. Jin 19 de fevereiro Quarta Manhã Me permiti m***r a aula. Sehun tinha aula de matemática e teve que ir, me deixando sozinho no telhado. Não vejo problema em ficar sozinho. Quanto menos pessoas, mais sincero é o lugar, é o que eu penso. Ainda estou impressionado por ter me aberto com Sehun, não acho que deveria ter feito aquilo; Ele queria me ajudar, mas eu deveria ter sido forte. Mas está tão difícil ser forte ultimamente, que me permiti ser fraco mais uma vez. Estou na beirada do prédio, no colégio. Aqui é sempre ventilado, tranquilo, silencioso e quieto; principalmente em horário de aula, já que não tem ninguém no pátio e nos arredores. A altura me tranqüiliza, a idéia de um pequeno impulso por fim em toda dor. O medo me protege. Espero que minha vontade de morrer, nunca supere o meu medo. Porque aí, eu terei sido fraco de vez, sem chance de mudar de idéia. Eu tenho que me lembrar que não sou um suicida. - Você me desobedeceu.- Alguém fala atrás de mim e eu me viro rápido demais. Um solavanco para cair três andares abaixo. Mas Nathansegura meu braço e me puxa para o chão. Eu faço o que ele me conduz sem resistência e me sinto i****a por isso. - Desobedeci?- Eu não queria olhá-lo nos olhos. Eu perderia minha postura com mais facilidade. - Eu disse para você ficar longe do Sehun.- Ele diz áspero. Ele estava usando um all star preto e uma calça jeans escura e apertada. Permaneci com meu olhar baixo. -Por que? Eu não quero!- Digo um pouco mais alto e tento contorná-lo para chegar a saída. Por que ele se importa com isso? Nathanme alcança, ele não quer que eu saia; segura meus pulsos e me empurra contra uma pilastra devagar. -Você não sabe o que quer.- Ele levanta meu queixo com a mão livre e me força a olhá-lo. -E você sabe?- Digo com um leve tom de deboche, o encarando de vez. -Não. -Não? -Não quero te ver com ele, estou te avisando.- Ele se aproxima, ficando com um pouco mais de um palmo de distancia entre nós. Ele alisa meu rosto com as costas da mão e eu fecho os olhos nem impulso, até voltar a mim e cair na real. Ele é um cão. E não posso ceder que me toque. Eu queria poder deixar, mas retirei sua mão do meu rosto. -Por que?- Digo seco e ele para de me olhar. -Eu não sei.- Ele diz com o rosto sem expressão. -Conveniente... -Eu não quero precisar me intrometer, mas irei se você não se afastar dele! -Por que, Nathan? Não consegue me ver feliz?- De algum modo, sei que o que disse o magoou, mas não me importo. Não tem que ser eu sempre o magoado. -Eu não vou falar de novo, Jinnie...- ele sorri com os lábios, mesmo com as sobrancelhas arqueadas para baixo. Um sorriso triste. - Não me chame de Jinnie- Falei entre os dentes e ele assente. -Não vou me afastar do Sehun!- Digo com a voz alta, empurrando Nathanpara longe de mim. Ele negou com a cabeça e me olhou de longe. -Eu não vou sofrer por isso. Se você não se afastar dele, vou fazer ele se afastar de você...- Ele diz me dando as costas para sair do telhado. A imagem de Sehun me vem a cabeça. A segunda pessoa nesse colégio a me tratar bem... A primeira é Camila. Não quero perder o Sehun pelo ciúme enrustido de Nathan. Por que ele não consegue me ver feliz? - Ele também não vai se afastar de mim! Ele gosta de mim! E eu gosto dele, Nathan!- Eu grito, as lágrimas de raiva caem e eu não me esforço para escondê-las. Sehun merece minhas lágrimas. Eu posso chorar por ele. Ele sorri triste e saí do telhado. 
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