SIENA

1098 Words
MAXIM Um dia depois do aniversário da Serena, ela me chamou para almoçar no seu apartamento. A Isabella ficaria lá por uma semana por conta da luxação no pé e é claro que eu não recusaria o convite. Antes de ir até o apartamento, eu passei em uma loja de produtos ortopédicos no shopping e comprei uma bota para o pé machucado da Isabella. Ela ficou surpreso e eu diria que até um pouco envergonhado quando me viu chegando com a bota. Mas acabou aceitando de bom grado. Nesse dia, o Don Enrico chegou por lá. Ele tem um apartamento no mesmo prédio da irmã. Nessa época ele não fazia ideia que sua vida daria uma virada e ele se tornaria o Don da família Lombardi na máfia siciliana. Nós já éramos amigos. Eu junto com o Ângelo e a Serena havíamos resgatado ele das mãos de mafiosos russos, mas em uma reunião na cabana do Angelo, dias antes do aniversário da Serena, eu havia ficado um tempo conversando com a Fiorella e percebi que o Enrico ficou enciumado. Aconteceu uma situação bem parecida com o Marco e a Serena no casamento do Angelo, mas eu posso garantir que jamais olhei para a Fiorella ou para a Serena com outros olhos. Eu sempre respeitei os meus amigos e eu quis causar ciúmes apenas para que eles se esforçassem para fazer as pazes com elas. Eu só não contava com o fato de que o Enrico fosse tão vingativo. A Isabella estava sentada no canto do sofá e eu a um metro de distância. O Enrico fez questão de sentar no meio de nós dois e ainda ficou puxando assunto com a Isabella. Eu sabia que ele estava me fazendo provar do meu próprio veneno, mas aquilo realmente me deixou incomodado. Vê-la sorrindo para outro homem me deixou enciumado. [...] Naquela semana que a Isabella passou no apartamento da Serena, eu fui até lá umas três vezes para vê-la, mas acabei tendo que me ausentar por conta de uma missão. Eu queria que fosse eu a levá-la de volta para Siena, onde ela morava. Mas bem no dia do seu retorno eu estava em uma missão muito importante. Nós enfim capturamos os cibercriminosos e os entregamos para a polícia. Ela havia me passado o seu contato, por isso resolvi mandar uma mensagem. Maxim: Olá, como está o pé? Isabella: Bem melhor! Já voltei até a trabalhar. Maxim: Eu queria ter te visto antes que tivesse voltado para Siena. Isabela: Eu também queria ter visto você. Maxim: O que acha de ir jantar comigo no sábado? Isabella: Mas como faríamos? Eu estou em Siena e você em Roma. Maxim: Se você aceitar o meu convite, eu vou até Siena com todo prazer. Isabella: Você viria até aqui só para me ver? Maxim: Acredite, isso não seria nenhum sacrifício. Eu queria dizer que iria em qualquer lugar do mundo para vê-la, mas tive receio de assusta-la. [...] No sábado, eu cheguei com uns quarenta minutos de antecedência no hotel que ela trabalhava. Eu tinha ido direto da pista de pouso ao encontro dela. Como voaria de volta depois do jantar, não quis me hospedar em nenhum hotel. Estava muito frio e mesmo usando um sobretudo e luvas de couro, achei por bem me abrigar dentro do hotel. Eu estava no hall de entrada a aguardando, quando vi algo que me deixou intrigada. O bastardo de m£rda do ex-namorado dela a estava vigiando, mas até então eu ainda não sabia se ele tinha ido até lá para vê-la ou a estava perseguindo. Eu me escondi e liguei para o Angelo pedindo que ele investigasse. Não demorou mais do que quinze minutos para ele me retornar contando que o filho da put@ vem seguindo a Isabella a uma semana, desde que ela voltou para Siena. "Parece que esse bastardo de m£rda quer outra lição." Eu dei a volta sem que ele me visse e coloquei a minha arma na cintura dele a escondendo através do meu blazer para não chamar atenção. — Ora, ora, tem gente que realmente não aprende — peguei o patif£ de surpresa, o deixando mais branco do que uma folha de papel. — Vamos comigo. Eu o levei até uma das vias estreitas próximo a catedral de Siena. O filho da put@ tentou dar uma de esperto e correr, mas eu consegui dar uma rasteira nele antes que isso acontecesse. — Qual é, porr@? Me deixa ir — ele falou depois de levar o primeiro soco. — Você só facilitou a minha vida, bastardo maIdito, eu ia mesmo atrás de você — falei desferindo um segundo soco. O patif£ cuspiu sangue. — Achou que ia ferrar com a gente mandando seus capangas, covarde? — perguntei o pegando pelo colarinho da camisa. — O foco era você, russo de m£rda — ele sorria com a sua boca tomada pelo líquido viscoso e vermelho. Nem dava para ver os seus dentes. — Como você mesmo pode constatar, não deu muito certo — sorri dando um chute em sua costela. — Você pode ser fortão, mas o seu peito não é de aço — ele falou gemendo com uma expressão de dor. — Está me ameaçando? — meu sorriso era sinistro para ele. — Escuta bem o que eu vou te falar, porque eu só vou falar uma vez. Fique bem longe da Isabella — falei dando um último chute em sua costela. — Se você se aproximar dela novamente, eu não serei tão complacente. Eu deixei o patif£ jogado no chão e voltei até o hotel. Eu cheguei bem no momento em que a Isabella estava saindo. Ao vê-la se aproximando, eu tirei as luvas com receio de que aquele cheiro de ferrugem, característico do sangue do maIdito, tivesse impregnado nela. — Que bom que saímos na mesma hora — ela falou sorrindo sem nem imaginar o que havia acontecido nos últimos minutos. Eu decidi não contar nada. Seria o nosso primeiro encontro oficial e eu queria que aquela noite fosse perfeita. — Você está ainda mais linda! — falei vislumbrando toda a sua beleza. Ela vestia um sobretudo, uma meia-calça e uma bota. Todos na cor preta. Não pude evitar a curiosidade de saber o que ela vestia por baixo do sobretudo. Ao me aproximar para cumprimenta-la, eu senti o cheiro... Aquele cheiro que me deixou tão inebriado quando a conheci. — Você também está muito bonito! — ela falou me olhando dos pés à cabeça. — E muito elegante também.
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