Capítulo 1 - Vaga De Emprego

1938 Words
Boa leitura! Não fique nervosa. Calma, é só uma entrevista de emprego. Vai dar tudo certo. Estas são frases ao qual fico repetindo a mim mesma a cada 15 segundos. Tento respirar fundo. Olho para o relógio, notando que já se passava 23 minutos desde que a ultima mulher havia entrado. Pare de bater o pé, vão pensar que você está com tique nervoso. Repreendo eu mesma. Parando os pés imediatamente, minha atenção é atraída por uma mulher alta assim que atravessa a porta com um grande sorriso no rosto. A cena é engraçada. Quem a visse, acharia que tinha acabado de ganhar na loteria. Volto o olhar para as outras quatro candidatas, solto um suspiro pesado. Verificando as roupas que visto, concluo pela terceira vez naquela manhã que não estou m*l vestida. Na verdade, nunca estive tão bem-apresentada. Uma blusa azul solta de seda que se impregna dentro de minha saia, acompanha um par de saltos da mesma cor que a saia escura. Sim, não está m*l. Me convenço. — Senhorita Martin? - Uma voz feminina entoa meu nome - Queira me acompanhar, por favor - A assistente indica, mostrando a entrada da grande porta atrás de seu corpo. Num sobressalto, levanto da cadeira com o pingar do suor em minhas mãos. Pegando a bolsa de modo desajeitado, recebo um sorriso gentil da mulher que me guia corredor a dentro. Felizmente, ela ignora minha falha coordenação motora. Passando pelo corredor que se estende num enorme carpete vermelho por ele todo, pegamos o elevador, subindo para o quinto andar. A famosa musica do elevador não me soa estranha. Apostava em Bach tocando em SI maior. Uma sinfonia lenta, agradável de ouvir. Poderia ser relaxante, se não fosse pelo barulho das portas se abrindo. Me despertando do motivo ao qual fui até ali. Outro corredor se abre para nós duas. O lugar era bem estruturado, disso não há a menor dúvida. O dono daquela empresa não economizou em seu empreendimento. As portas feitas de vidro escuro me impede de enxergar lá dentro, mantendo a privatização de cada sala para o trabalho. Um enorme exagero se for analisar melhor cada ponto. — Boa sorte — A assistente diz assim que paramos de frente a única porta transparente daquele local. A única coisa que sou capaz, é de assentir em agradecimento. O nervosismo volta. Há um homem lá dentro. Os batimentos aceleram. Abrindo a porta, adentro a sala em meio a hesitação. Todas as frases de incentivo que havia visto na internet noite passada, ressurgem num manto sagrado. — Senhorita Martin ? - Ouço sua voz grave e rouca. Deixando de olhar para os meus pés, sigo as regras de entrevistas de emprego. Primeiro, nunca abaixe sua cabeça. Levanto meus olhos quase que imediatamente ao relembrar, vejo um homem em minha frente. Com a presença mais próxima do que tinha ouvido sua voz soar, sorrio em resposta, dando um passo para trás, em defensiva. Noto seu cenho se franzir levemente, sorrindo discreto por fim. — Sente-se, por favor - Ele diz, quebrando o breve silêncio - Sou Chistopher Bittencourt, dono... — Da empresa de jornalismo e marketing Bittencourt - Respondo na frente, querendo me matar em seguida. Minha língua começava a me amaldiçoar novamente. Opto por ficar quieta. A merda já estava feita. Mordendo minha própria língua, escolho me sentar e só responder aquilo que quisesse. Sr. Bittencourt por sua vez, parece achar divertido o que acabara de fazer. O mesmo não reclama ou me repreende por um olhar, apenas sorri brevemente. Seus olhos verdes me encaram com certo interesse, me deixando desconfortável na cadeira. Por um curto período de olhares, sinto como se estivesse totalmente exposta a ele. Contenho a vontade de rir. Que ridículo, pensar em algo assim. Passo a observa-lo melhor. O terno preto alinha bem em seu corpo sobre medida. A gravata azul se destacava entre o terno e a camisa cinza por dentro. Os cabelos encaracolados e rebeldes, é o que chama mais atenção em seu visual tão formal. Sendo totalmente fora do padrão que se companha em internet e livros, os cabelos que lhe batem no ombro o deixam de certa forma sexy. Muito sexy. — Então, o que a trás aqui? -Sr. Bittencourt questiona, sem deixar de me encarar. — O emprego? - Respondo automaticamente, em ironia. Meu interior me esbofeteia internamente em fúria, dizendo o quanto era estúpida. Respiro fundo. — Desculpe. E-eu, estou um pouco nervosa - Explico de uma maneira fula, minha falta de senso. Sr. Bittencourt não parece se importar. — Eu compreendo - Ele pronuncia se sentando na cadeira - Vejo que é uma pessoa que não segura muito bem a língua, isso é um problema? - Sua voz rouca me causa arrepios e por um momento me sinto intimidada. O encaro, desacreditada de suas palavras. — Por que, está me chamando de fofoqueira? - Não consigo esconder a frieza de minha voz ao rebater sua pergunta. Meu consciente levanta as mãos para cima em rendição pelo meu ato, relembrando que a porta de saída fica bem atrás. Porém, não é como se eu pudesse evitar responder daquela forma. Afinal, sua pergunta havia sido muito impertinente. — Sei ser profissional se essa foi sua pergunta, Sr. Bittencourt - Remendo a segunda merda que fiz. — Entendo – Diz curto, pegando a ficha de cima da mesa. Avaliando o currículo com meu nome. De forma lenta e parecendo até desinteressado nas folhas que é obrigado a visualizar, espero por sua avaliação numa leve batida de dedos na cadeira. — Pare com isso - Ele ordena, me olhando por cima da ficha - Vejo que fala francês e italiano fluentemente. Cesso rapidamente meus dedos. — Sim - Respondo, exasperada. Direcionando o olhar para a vista fora das enormes janelas, vejo prédios e mais prédios. O sol começa a se esconder atrás das nuvens. O clima caindo aos poucos com seu tom cinzento. — Está tudo bem, senhorita Martin ? - Questiona, quase numa provocação. Não, era para você estar me fazendo perguntas concretas as quais eu treinei ontem em frente ao meu espelho durante três horas e não fazer perguntas obvia sobre o que já está no currículo. — Sim - Respondo, rapidamente. Mantendo o melhor sorriso que consigo, disfarço meu descontentamento. A ficha de meu curriculo é fechada com certa irritação. Suspirando, Bittencourt me encara por um breve momento. — Senhorita Martin, várias mulheres vieram aqui hoje e mais esperam do lado de fora. Me diga com sinceridade, por que seria correto de minha parte dar o cargo a você? Engulo em seco. A respiração se acelera momentaneamente. Com certeza, não era o tipo de pergunta que eu esperava que fizesse. — Hã... Porque não vou dar em cima do senhor enquanto trabalho? - Respondo com um tom carregado de dúvida. Me perguntando se aquilo poderia ser considerado uma boa resposta. — Como? - Ele pergunta, num tom de divertimento. — Sr. Bittencourt estou aqui deste ás 07h00min - Introduzo, já que havia se interessado no assunto - Todas as mulheres que vi sair daquela porta da recepção depois de se encontrar com você, dão um suspiro e um sorriso de orelha a orelha - Informo, sem conter a careta ao relembrar - E acredite quando a maioria faz isso é porque ficou afim do cara - Concluo, percebendo seu sorriso de alargar. As covinhas em suas bochechas chamam minha atenção. Por consequência, sorrio juntamente. — Deste ás 07h00min? - Balbucia, conferindo o relógio em seu pulso. O sorriso se desfaz de seu rosto concentrado - Gostaria de almoçar comigo, senhorita Martin? — O que? - Digo num engasgo. Saindo de trás da mesa, Bittencourt caminha em direção à porta. Ele não se vira. Não permitindo que eu tenha ao menos uma chance de responder a sua proposta. Sem saber como reagir, apenas levanto, confusa. — Pegue sua bolsa e vamos - Diz, autoritário - Aline, peça para as outras candidatas se retirarem. Chega de entrevistas por hoje - Ordena indiferente, quando prontamente sua assistente surge do lado direito. Boquiaberta com sua atitude um tanto frígida, sua assistente nem se dá ao trabalho de levantar seu olhar e se surpreender com a atitude insensível de seu chefe perante as outras mulheres. Provavelmente, acostumada com sua personalidade. — Sim, Sr. Bittencourt - Responde automaticamente, enquanto ele segue caminho ao elevador. Dando um passo para o lado, deixando eu adentrar primeiro no elevador, acabo por encarar minhas mãos. Assim como Aline, tento o meu máximo para transparecer inexpressiva. Não dá certo. Frustrada, começo mexer em minhas unhas. Solto um suspiro. Com a porta se abrindo, vejo as outras candidatas sentadas em seus assentos. Seus olhares nos acompanham de forma avaliativa. Sou capaz de apostar que a avaliação maior cai sobre eu. Desconcertada, desacelero ainda mais meus pés, pegando uma distância considerada do homem em minha frente. — Srta. Martin , por aqui - Bittencourt indica, com uma de suas mãos pousando em minha cintura e me colocando ao seu lado. A porta principal é aberta. Um BMW preto estacionado está a nossa espera. Pelo canto dos olhos, noto um sorriso discreto se formando em seus lábios. — Restaurante Ostra - Bittencourt comunica assim que adentramos o automóvel. — Sim senhor. Colocando o sinto de segurança, o ronco do motor é ouvido quando o carro dá sua partida. Viro minha atenção para a janela, me recusando a encara-lo. Perguntando a mim mesma, o que raios estou fazendo por simplesmente decidir segui-lo. — Está me dizendo que se eu a contratar eu não serei uma distração? – Christopher questiona, voltando ao assunto que foi iniciado em seu escritório. — Basicamente isso - Balbucio, vendo as arvores sumirem de acordo com a velocidade do automóvel - Estou dizendo que se me contratar me dedicarei ao cargo. É claro que ele é uma distração. Uma bela distração para ser exata. Contudo, uma distração que não cabe a mim usufruir. Esta é a parte que prefiro não dizer, pois sei que de alguma forma, talvez ele saiba disso também. Pela visão periférica, o vejo assentir, com uma expressão pensativa. De repente, o carro é estacionado em frente a um restaurante. Um restaurante sofisticado. A viagem se encerra. — Mesa para dois - Chistopher pede para a mulher que sorri instantaneamente ao reconhecer sua voz. Ela sorri, tirando sua atenção do computador. — É claro, Sr. Bittencourt. Andando até a mesa perfeitamente preparada, afastada das outras pessoas. Não é difícil de sacar que ambos estamos no espaço vip. Chistopher puxa a cadeira para que eu possa me sentar, se sentando logo em seguida na outra disponível a frente da minha. — Já sabem o que vão pedir? — Peixe grelhado e uma salada, acompanhamento vinho tinto - Ele diz sem hesitação. Anotando em seu pequeno tablet os pedidos, a bela mulher sai de nosso campo de visão assim que avista mais pessoas chegando ao estabelecimento. Não posso deixar de avaliar nosso querido CEO. — Vejo que é controlador, já que nem ao menos deixou que eu escolhesse meu próprio prato - Solto sem pensar, fixando meu olhar em sua direção. — E isso é um problema para a senhorita? - Pergunta, divertido. — Depende do quanto for - Respondo, sincera. — Esta foi um bela resposta, Nicole - Diz satisfeito, puxando o celular do bolso. Os segundos de confusão são substituídos para a surpresa. Chistopher permanece com seus olhos intensamente sobre mim. A diversão é nítida enquanto franzo a testa. Suas palavras seguintes me deixam atônita: — Aline, cancele as e de amanhã. Já tenho minha nova funcionária.
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