— Mas...
— Alguma interjeição? Não quer o emprego Senhorita Martins?
— O que? Não! Eu... Eu quero... Obrigada - Digo balançando a cabeça frustrada e o vejo sorrir desligando o celular.
Instantes depois o garçom surge com nosso pedido.
Em sigilo encaro o prato em minha frente sem saber o que pensar, estava tudo confuso demais.
— Mas, por que...
— Coma – Ele diz me observando bebendo o primeiro gole do vinho.
Mesmo não sendo mais avaliada para o cargo de emprego sinto como se ainda estivesse sendo investigada sobre seu olhar penetrante.
Sem dizer mais uma palavra devoro meu prato em silêncio evitando seu olhar por diversas vezes.
— Satisfeita? – Questiona casualmente.
Assentindo limpo minha boca puxando o guardanapo.
— Fico feliz em ouvir isso.
Num gesto o garçom surge em nossa frente recolhendo nossos pratos com habilidade e rapidez.
— Começará a trabalhar amanhã. Assim que chegar à empresa peça para que Aline me chame - Ordena autoritário.
Se levantando Christopher ajeita seu terno saindo do restaurante sem olhar para trás, me deixando um tanto pasma.
Soltando um suspiro pesado enfio minha cabeça contra a mesa sentindo uma pequena dor ao bater a testa.
Que. Merda. Foi. Essa?
Provavelmente nunca havia sentido tanta tensão em vida.
— Senhorita, está tudo bem?
Levantando minha cabeça rapidamente encaro a recepcionista loira que me olha preocupada.
— Claro. Hã... Quantos que deu a conta? - Pergunto mudando rapidamente minha compostura.
Sorrindo ela n**a de leve balançando a cabeça.
— Seu almoço foi p**o pelo Sr. Bittencourt, senhorita.
Hã?
— Tá... Hum... Obrigada... - Pronuncio sem jeito me levantando da cadeira.
Caminhando em direção à porta respiro fundo me sentindo de certa forma mais aliviada ao estar longe da presença do Sr. autoritário, porém não posso conter a felicidade sobre a notícia recebida.
De repente, ouço um toque familiar reconhecendo a música quase que automaticamente.
Puxando o celular da bolsa o atendo sem demora.
?— Alô?
?— E Então? Conseguiu? - Identificando a voz de Pablo, não é difícil de imaginar seu sorriso ao pronunciar aquelas palavras.
?— Sim Pablo, eu consegui. Foi estranho mais o importante é que consegui.
?— Estranho?
?Escutando várias vozes reunidas em conjunto, ouço murmúrios juntamente de conversas altas. Obviamente ele estava em seu horário de almoço no trabalho.
?— Fala mais baixo! - Resmunga com alguém me fazendo rir - Eu estou no telefone, c*****o! - Diz irritado - Nicole, me desculpe terei que desligar agora, mas a noite conversamos em casa.
?— E vê se não chegar tarde dessa vez! - Comunico recebendo sua risada em resposta.
?Sorrindo desligo o telefone.
Com certeza aquela foi à entrevista de emprego mais confusa que já presenciei...
Primeiro porque não era para o verdadeiro DONO estar entrevistando as meninas e segundo, acabei de almoçar com o cara de mais poder empresarial e agora meu chefe. E em terceiro... meu sapato está descolando.
— Senhorita Martins?
— Sim?
Me virando subitamente, vejo um homem engravatado perto de um carro de luxo se aproximando em minha direção sorrindo.
Seus dentes perfeitamente alinhados brancos, com a combinação de cabelos cor de mel assim como a cor de seus olhos me deixa por um momento em transe.
Ele não aparenta ter mais que 30 anos.
— Sou Thiago Santos, motorista particular do Sr.Bittencourt. Ele me pediu para que a levasse até sua casa.
Indicando o carro olho o veiculo desconcertada.
— O Sr. Bittencourt, ele...
— Outro carro veio o pegar Madame.
Entendendo a situação entro no carro com o motor sendo ligado sem demora, a vista em minha frente passar diante meus olhos a medida em que sua velocidade aumenta. Assim como o silêncio constrangedor.
— Ele é sempre assim? - Solto de uma vez não aguentando mais.
— Desculpe? - Thiago me olha pelo retrovisor rapidamente confuso.
— O Sr. Bittencourt, é sempre deste modo?
— Provavelmente, senhorita Martins - Ele sorri singelo estacionando em frente ao meu apartamento.
— Obrigada Sr. Santos.
— Me chame só de Thiago - Concordando sorriu saindo do carro.
Com pressa abro a porta do apartamento arrancando os saltos do meu pé pisando no carpete fofo da sala sentindo as tensões se relaxar entre meus dedos.
— PARABÉNS!
— Pablo!
Rindo com minha reação, ele caminha em minha direção me abraçando apertado, rodando comigo em seus braços.
— Obrigada - Agradeço sincera.
— Precisamos comemorar! Se arrume vamos sair!
— Não mesmo, você sabe que...
— Por favor! - Implora me fazendo revirar os olhos - Se você não for não cozinho mais nessa casa.
— Okay - Rimos.
Em passos lentos ando em direção ao meu quarto me preparando rapidamente, nada exagerado ou grandioso até porque, só iriamos beber numa pub.
Olhando para o espelho fico contente pelo meu reflexo nele.
Nada demais ou depravado, como costumo dizer: "Eu estou apresentável para meu encontro com o copo de cerveja".
— Está pronta? - Silva pergunta impaciente entrando no quarto.
— Vamos, Sr. Pablo - Digo o puxando para fora trancando o apartamento.
Indo a garagem do prédio vejo minha velha, porém conservada companheira de viagem minha moto V-Rod preta em detalhes pelo escapamento prata.
Meu bebê... Riu passando a mão montando em seguida.
Seguindo em direção á nossa festa de hoje, a noite coopera a nosso favor. Está um clima agradável na cidade, mesmo sendo quarta-feira.
Vários bares estão a todo vapor naquele horário.
Ao chegar a nosso destino estaciono a moto me certificando de sua segurança adentrando o local.
Dentro do local a música eletrônica toca em alto som. As luzes e lasers iluminam o ambiente escuro lançando raios coloridos pelas pessoas juntamente as mesas.
— Acho que preciso sair mais vezes - Falo meio alto para Pablo me escutar olhando o pessoal ao nosso redor dançando e o vejo sorrir.
Caminhando diretamente ao bar, nos sentando na bancada pedindo nossas bebidas ao barman.
— Não tem nem 2 semanas que chegou a cidade, você precisa ver isto nos finais de semana.
Sorrio pegando nossas bebidas prontamente tomando um gole.
O álcool doce e meio azedo desce pela minha garganta provocando um pouco da ardência pela hortelã nele.
— E então como foi? - Questiona não aguentando mais sua curiosidade.
— Ele é intimidante - É tudo que consigo expressar tomando mais um pouco da bebida recebendo uma expressão confusa de Silva.
— Espera um pouco o Sr. Poderoso estava lá?
Assenti em resposta pedindo outra bebida ao barman.
— Não se preocupe poucas vezes ele vem à cidade.
— Como você sabe?- Terminando de beber o líquido em seu copo Pablo me encara sorrindo.
— Não lê muito sobre economia não é mesmo? - n**o o fazendo rir - Os maiores negócios dele fica em New York e Londres. Provavelmente ele estava numa reunião importante por isso veio, ainda este final de semana ele vaza para outra cidade.
Oh... Agora entendo.
E o assunto sobre o Sr. Poderoso se encerra por ali.
Pablo começa a me contar sobre Caroline e a faculdade em Ohio, por enquanto nos semestres ela indo muito bem.
Caroline é minha melhor amiga desde pequenas somos unidas, e graças a essa união eu e Pablo nos tornamos grandes amigos. Sabendo que estava à procura de emprego e um lugar para ficar Caroline liga imediatamente para Pablo que obviamente concorda com a ideia.
E cá estou eu aos 22 anos morando temporariamente com meu melhor amigo.
— Contou aos seus pais sobre o novo emprego?
— Não, vou contar amanhã - Assentindo me levanto da cadeira espantando um pouco da tontura depois do quarto copo - Vamos está na hora, não quero chegar ao meu primeiro dia no trabalho com cara de bêbada varrida.
Rindo, ele se levanta e imediatamente jogo a chave em sua direção.
— Dirige - Peço me sentindo levemente tonta.
— Concordo com sua ideia - Responde com humor.
Indo para fora respiro o ar da noite profundamente, assim que Pablo liga a moto coloco o capacete me sentando logo depois arrancando dali.
A viagem de volta parece mais rápida do que de quando nós fomos, o vento bate contra meus cabelos e quando menos percebo vejo que chegamos ao prédio.
— Tudo bem, chegamos bêbada consciente.
Riu descendo da moto colocando o capacete em minha mão indo para o elevador.
Abrindo a porta vou diretamente ao meu quarto tomando um banho me deitando na cama, não demora muito e o sono logo penetra meus olhos.
***
— Bom dia senhorita Martins
— Oi é Aline estou certa?
Diferente de ontem hoje seus cabelos loiros estavam preso num coque fechado, o vestido preto colado em seu corpo e os sapatos igualmente dando mais sutileza a ela.
Aline era realmente muito bonita.
Concordando retribuo seu sorriso a cumprimentando.
— Prazer em conhecê-la, sou Nicole, mas pode me chamar só de nick fica menos formal.
— niki... Gostei - Sorrio agradecida.
— O Sr. Bittencourt espera por você em sua sala.
Sem dizer uma palavra a sigo até o corredor entrando no elevador. De repente a porta se abre, e nosso caminho é dirigido até a terceira sala quase no final do corredor.
Parando em frente a porta, bato em seguida.
— Entre - Ouço de dentro.
Jogando um sorriso amigável, suspiro pesado adentrando o escritório.
— Bom dia senhorita Martins.
Prendo minha respiração por um momento encarando Sr.Bittencourt. A expressão séria estava em seu rosto, sua atenção estava voltada a alguns documentos em cima de sua mesa ao centro da sala os assinando. Seus olhos se levantam para me olhar e sou pega no flagra o encarando.
— Bom dia Sr. Bittencourt - Ele sorri voltando a assinar os papéis.
— Gostaria de sua presença outra vez no horário de almoço.
Como?
— Costuma a fazer isso com todas as suas funcionárias?
— A fazer o que exatamente senhorita Martins? - O tom divertido está de volta em sua voz - Gosto de saber que tipo de pessoa contratei para minha empresa, se esta foi sua pergunta.
Isso é sério?
— Claro - Respondo revirando os olhos.
— Não faça isso de novo
— Ele me repreende sério franzindo sua testa me encarando.
Mudanças Bruscas de humor que ótimo.
— Michelly compareça a minha sala.
Desligando o telefone rapidamente um rapaz loiro aparece à sala sorrindo
— Michelly irá te mostrar onde fica seu escritório e as coisas básicas sobre a empresa, te vejo na hora do almoço
— Complementa me deixando frustrada.