Boa leitura!

— E o Sr. Poderoso?
— Não sei, provavelmente em New York? – Respondo incerta.
Apagando uma linha volto a reescrevê-la novamente.
— Já faz uma semana, né?
Subitamente paro de digitar encarando Pablo.
— Abre o jogo
— Me falaram que você almoçou com o Sr. Bittencourt duas vezes.
Só pode ser brincadeira!
— Pablo!
— O que?! Eu fiquei curioso! – Pronuncia sorrindo – Sou jornalista Nicki, você queria o que?
— Me poupe de seus argumentos i****a Sr. Pablo.
— Isso realmente me magoou senhorita Martin – Sua dramatização é inevitável ao dizer – Não vai me contar, estou certo?
— Sem sombras de dúvidas.
— Por favor!
— Não e me deixe trabalhar, tenho que entregar esta colunista.
— Está me expulsando de meu próprio apartamento?
— Pablo !
Rindo ele se levanta com suas mãos para cima em rendição.
— Não se alegra muito, pois ele pode ser gay.
— Vaza pablo – Digo revirando os olhos.
Rindo o observo fechar a porta enquanto o texto em minha frente espera por sua correção.
Gay?
— VAI QUERER JANTAR?
Gritando do andar debaixo, fecho o aparelho saindo da cama.
— ESTOU INDO!
Como se trata da madrugada de sexta para sábado tínhamos o especial da noite, a suculenta pizza da esquina do bairro.
A televisão é nosso cartão de visita, que em questão de filme a cada canal que se passa um romance diferente aparece na tela.
O tédio se torna absoluto.
Levantando-me do estofado recolho as latas de refrigerante espalhados pela sala jogando no lixo da cozinha. Ao voltar para a sala, vejo Silva dormindo com um pedaço de pizza na mão.
A cena diante de mim faz a vontade de tirar uma foto surgir em tamanha precisão, rindo retiro a fatia colocando na caixa de pizza voltando para a cozinha, terminando de recolher o lixo desligo a lâmpada do cômodo indo em direção ao banheiro.
Ao passar pelo pequeno corredor escuto meu celular tocar, bufando volto para meu quarto vendo um número desconhecido iluminar a tela.
Reparando as horas atendo ao telefonema meio hesitante.
?— Alô?
?— Senhorita Martin, aqui é Chistopher Bittencourt.
Puta Merda!
?— Há, s-sim... Aconteceu alguma coisa?
?— Me desculpe por ligar a esta hora mas, é urgente.
Sinto um arrepio passando pelo meu corpo ao escutar sua voz.
?— Claro...
?— Preciso de uma assistente para uma conferência que irei fazer em Paris, infelizmente aconteceu um imprevisto de última hora.
Aí está o seu problema, mais trabalho.
?— E o senhor quer...?
?— Que me acompanhe obviamente – Responde como se minha pergunta fosse tola ?– Thiago irá pega-la pela manhã, nosso voo sai ás 08h30min. E não se preocupe com sua posição na empresa, garanto que será recompensada.
Calma! O que?! Paris?
?— Até amanhã senhorita Martin.
Tento assimilar as palavras ainda surpresa e confusa.
?— Não! Espera! – Intervenho mais já era tarde demais.
Desligando o telefone a linha fica muda instantes depois.
Merda.
— Nicki? Tudo bem?
Soltando um suspiro mostro o celular a Pablo que adentra o quarto numa expressão confusa.
— Eu... Vou... A... Paris... – Falo pausadamente desacreditada de minhas próprias palavras.
— O que?! – Ele diz num engasgo arregalando os olhos.
— O Sr. Poderoso me ligou, disse que precisa de uma assistente para uma conferência.
Silva abre a boca mais logo a fecha de volta.
— Quando?
— Irei amanhã cedo.
Assentindo lentamente ele franze a testa.
— Primeiro almoço e agora quer te levar a Paris? – O sorriso malicioso se forma em seus lábios, sua expressão é de pura desconfiança.
Pegando meu travesseiro rapidamente taco com força em sua direção o fazendo rir.
— Cuidado senhorita Martin, acho que alguém quer te comer – Complementa tacando o travesseiro de volta.
— Não acredito que falou isso! – Rimos – Ao que parece o Sr. Poderoso precisa de uma tradutora ou sei lá – Balanço a cabeça incerta da resposta.
Sorrindo ele se vira em direção ao closet pegando uma pequena mala.
— Minha doce e inocente Niki... Esses olhinhos não me enganam, sei que também quer dar uns pega no Sr. Poderoso.
Colocando a mala sobre a cama o encaro fingindo estar séria.
— Pablo vai dormir – Peço apontando para a porta segurando o riso.
— Não se esqueça de depilar as pernas!
Imediatamente pego o pente perto do abajur tacando em sua direção. Desviando com habilidade indo a porta, Pablo a fecha rapidamente e o pente bate contra a madeira caindo ao chão.
— Grossa!
Riu me levantando da cama indo diretamente para o closet vendo algumas roupas estendidas nos cabides.
Eu vou pelada.
Com certeza terei que comprar roupas quando pousarmos lá, ou passarei o maior mico.
Colocando algumas peças dentro da mala a fecho deixando do lado da cabeceira da cama.
Indo ao banheiro retiro minha roupa e desço meu olhar para minhas pernas.
Bom pelo menos não está pior que a senhora do apartamento 52... Afasto aquele pensamento da cabeça entrando no chuveiro.
Após tomar meu banho me troco deitando sobre a cama, e sem querer o Sr. Poderoso aterrissa em meus sonhos.
***
— Olha, tem certeza que não seria melhor outra pessoa? Só tem uma semana que estou na empresa e...
— Se não se acha competente para isso pode ir, não estou a impedindo – Christopher responde retirando o óculos de seu rosto me permitindo ver seus lindos olhos verdes que deixei de ver a uma semana atrás – Se te chamei aqui é porque você é a pessoa certa para isso, ou estou enganado?
— Não – Suspiro derrotada.
Sorrindo satisfeito, ele pega a pequena mala de minhas mãos indo em direção ao seu jatinho particular. A vista me deixa boquiaberta.
Achei que iriamos de avião transcontinental, não num avião que por dentro tem detalhes vermelhos e estofamentos caros onde só cabem 10 pessoas ao máximo.
— No que pensa?
Se ajeitando sobre o assento reparo que estou de frente a Christopher que me encara divertido.
— No quanto gastou para comprar o pequeno avião. Dinheiro gasto atoa pra falar a verdade.
Sem dizer uma palavra, ele apenas se levanta se posicionando para frente levando suas mãos a minha cintura com a expressão concentrada no rosto.
Prendendo minha respiração por um segundo, Chistopher aperta o cinto do assento em minha volta.
— Bem melhor assim – O convencimento em sua voz me faz sorrir – Durma um pouco.
— Vai querer mandar em meus sonhos também?
— Se eu estiver neles não vou precisar.
Engulo seco sentindo seu olhar sobre mim.
— Está flertando comigo Sr. Bittencourt ? – O encaro arqueando uma sobrancelha.
— Por quê? Estou a deixando constrangida?
Não vou jogar esse jogo Sr. Poderoso.
— Na verdade está sim – Respondo sincera não desviando o contato de nossos olhares.
— Então é melhor eu continuar.
O que?!
— Você é tão confuso de entender – Digo soltando um suspiro.
— Então estamos empatados senhorita. Agora durma um pouco, a viagem será cansativa. Te acordo quando chegarmos.
— Já que insiste...
Não podia negar o sono que estava pelo horário, a verdade deve estar óbvia em meu rosto.
Afrouxando um pouco o cinto me afundo no estofado deitando a cabeça de lado, se entregando ao sono que logo me domina completamente.
***
— Niki acorde – Ouço sua voz rouca em meu ouvido – Niki.
Abrindo meus olhos seu par de esmeraldas está sobre mim.
Christopher usava agora uma roupa mais solta, a camiseta branca sobre seu corpo se encontra entre-aberta dando para ver suas tatuagens.
— Tome um banho a comida logo irá chegar, precisa comer minha menina.
Decidindo ignorar suas últimas duas palavras me sento sobre a cama olhando o quarto em volta.
Os tons eram entre bege e verde escuro, dois quadros enfeita a parede esquerda, flores silvestres numa cor forte e reluzente.
— Onde estamos?
— No hotel – Comunica se levantando da cama indo até a mesinha do canto da parede pegando uma garrafa de suco.
— Mas, como eu...?
— Te trouxe no colo.
Me engasgo com o vento travando na hora, paralisada.
— Não foi assediada se é isso que está pensando – Responde casualmente se sentando na beirada da cama amarrando os cabelos – Precisará te levar até o banheiro senhorita Martin, para que comece a me obedecer?
— N-Não! – Digo sentindo minhas bochechas corarem.
Me levanto no mesmo segundo indo para o banheiro fechando a porta.
Ouço sua risada.
— Metido a mandão...
— Eu escutei isso senhorita Martin.
Arregalou meus olhos em frente ao espelho, surpresa.
Merda.