Wanessa Freeman
Existe atitudes e sentimentos que são incontroláveis.
Essa estava sendo a quarta vez que estou tendo uma crise nervosa.
Geralmente isso ocorria quando eu apanhava muito e ficava presa em um cômodos minúsculo com as minhas mãos amarrada pra cima.
A falta de ar e o desespero de nunca sair do prostíbul0 me deixava apavorada e dessa vez não está sendo diferente.
O Tiago sabia dos meus medos e a primeira coisa que ele fez foi me prender aqui dentro, sem ao menos me ouvir, sem ao menos pensar ele fez tudo se repetir nas minhas memórias. Parece que todo inferno passado me atormenta com as lembranças e eu começo a chorar alto sem ter controle.
Para alguns não é nada, mas pra mim é como se alguém estivesse me matando enforcada, parece que algo me deixa entalada a ponto que o meu ar falta.
Soluçar no choro sempre foi a minha pior atitude, mas juro! Eu não consigo dominar esse m*l que o Lúcio me fez viver. Toda essa dor é bem mais forte do que eu possa controlar, pois a impressão que tenho, é de que o universo da maldade toma conta de todo meu ser.
Já estava quase desmaiando por falta de ar, quando me veio a memória de uma lembrança com meus pais. A dor era terrível por saber que eles não estão mais aqui, mas de alguma forma eu sinto que torno a ter um pouco do controle sobre a minha ansiedade.
(...)
Ouvi a porta abrir e imaginei que era o Tiago. Eu já estava deitada a horas do lado da cama, e só virei para o lado afim de me esconder por debaixo daquela cama
Eu não quero vê-lo, não quero mais ficar nesse lugar.
Sei que provavelmente essa atitude dele é só o começo para se tornar um Lúcio na minha vida e eu não estou preparada para ter as mesma condições que eu tive durante os quatro anos de tortura
Pedi para ele se retirar de maneira fria, mas tudo que ele fez foi sair me arrastando de forma impaciente
— PARA COM ISSO P0RRA!—ele fala irritado e eu não paro de bater em seu corpo
— NÃO, ME LARGA. ME LARGA
— WANESSA ME ESCUTA CARALH0!— sua mão apertou meus braços fazendo machucar
— EU NÃO VOU TE ESCUTAR NUNCA, VOCÊ ME TRANCOU AQUI, VOCÊ SABIA OS MEUS MEDOS, EU TE CONTEI TODOS ELES TIAGO. EU IMPLOREI PRA VOCÊ ABRIR ESSA PORTA— ele parecia que estava em choque com a minha reação, mas a culpa é apenas dele— ME LARGA
— Cara, vamos conversar!
— NUNCA MAIS EU VOU ACREDITAR EM VOCÊ TIAGO, ME SOLTA— digo chorando e implorando
— Wanessa, olha aqui pra mim?! Eu vou te soltar, mas promete que nós vamos conversar. Eu não sabia que você ia reagir desse jeito
— SAI TIAGO— viro meu rosto não querendo lhe olhar. Sei bem o domínio que tem com seus olhos e eu não iria aceitá-lo novamente
— EU NÃO VOU SAIR ATÉ VOCÊ ME ESCUTAR— ele parecia nervoso, suas mãos estão soando em meus braços
— Eu prometo— minto tentando me jogar no chão para tirá-lo de mim— só me solta?
— Não mente pra mim Wanessa— ele parecia confuso sobre as minhas palavras
— Eu juro— ele me soltou e eu comecei a correr pelo quarto até chegar no banheiro, e ele não tentou me impedir
Tranquei a porta e tornei a chorar mais ainda.
Eu não quero passar por isso outra vez, de novo não!
— Wanessa eu só quero conversar, saí daí por favor— Travei a porta com meu corpo quando vi ele rosquear a maçaneta— Vamos conversar cara— Não digo nada, prendo apenas o meu choro enquanto empurro a porta para ele não arrombar— P0RRA WANESSA, SAÍ DAÍ PRA GENTE CONVERSAR c****e!— ele fica quieto por alguns segundos e eu continuo sem dizer nada— Se você quer um tempo pra pensar eu vou deixar, mas por favor! Vai embora não! Vamos conversar.
Continuei sem dizer uma só palavras se quer, entrei para o banho e derramei o restante de lágrimas que ainda me sobrou.
Esperei um tempo e abri a porta com todo cuidado e corri para o meu quarto, vesti uma roupa correndo e coloquei algumas roupas em uma bolsa funda, estava preste a descer as escadas quando ouvi vozes da sala e vi que o Breno estava falando com o Tiago.
Um medo de ser impedida surgiu, mas criei coragem pra sair correndo daqui
— Pensei que você estivesse passando m*l— Breno fala olhando para o Tiago e eu pego a mão do Breno e começo arrastar se corpo comigo
— Já estou bem vamos
— Pra onde você vai com essa bolsa Wanessa?— Tiago perguntou vindo me puxar mais o Breno entrou na frente e afastou nossos corpos
— Tá maluco Tiago! Deixa a garota
— Não se mete no meu meio não c*****o, o assunto não é com você— Tiago tenta me puxar novamente mas o Breno empurra seu corpo
— f**a-se— Breno fala me deixando ainda mais apavorada e eu torno a puxar ele
— Vamos Breno, vamos logo
— Pode me soltar Wanessa, ele tá pensando que é quem pra falar assim comigo— Tiago Ignora a sua fala e fica imóvel me olhando
— Você tem certeza que vai fazer isso?!— Tiago pergunta friamente
— Vamos Breno— digo evitando o seu olhar frio sobre os meus e torno a puxá-lo
— Quer ir, você pode ir! Mas você vai voltar
— Não ameaça ela não
— Cala o c*****o da boca moleque e mete o pé daqui— Tiago diz tão irritado que me assusto quando ele vira e sobe as escadas sem fazer absolutamente nada.
Arrastei o Breno pela casa até o seu carro e quando eu entrei no carro ele sentou no seu banco e me encarou
— Que p***a foi aquela? Ele está te ameaçando Wanessa?— Estou vendo o quanto ele está irritado.
— Não. Você pode achar um canto comigo para eu dormir? Não quero mais ficar naquela casa
— Nós vamos sair daqui e eu quero uma explicação, antes que eu precise falar com o me pai sobre a confusão que está sobre vocês dois.— ele deu partida e eu encostei a minha cabeça no vidro do carro— sei que é difícil falar sobre algumas coisas Wanessa, mas você precisa se abrir
— Não sei o que dizer exatamente, só sei que nosso convivência não parece ser boa. Estava boa até... bem... esquece
— Não, você vai falar sobre tudo— acho que ele merece saber sobre algumas coisas
— Eu e o Tiago se afastamos quando ele levou a Karine e a Letícia pra cama, o problema não foi ele ter levado as duas, o problema foi que foi na casa onde estamos morando. Ele não teve um pingo de respeito, mas não é apenas isso. Ele acha que tem o controle da minha vida, mas não tem, ele pensa que me manda e está sempre me dando ordens
— Você gosta dele?— olho pra ele desacreditada
— Não, eu nunca vou gostar desse homem
— Mas parece!
— Isso é coisa da sua cabeça Breno, eu quero apenas a distância dele, o quanto antes melhor. Por isso preciso da sua ajuda.— ele respirou fundo
— Se você quiser eu posso falar com meu pai, e posso pedir para outra pessoa ser seu responsável
— Eu consigo me virar sozinha só preciso que seu pai me deixe com os três seguranças de sempre e eu permaneça no emprego
— Vou tentar da um jeito, hoje você dorme em um canto que eu tenho, depois eu acho algo melhor
— Obrigada Breno— disse lhe lançando um sorriso de lado sem muita emoção
— Nada— seguimos a viagem calados