Capítulo 4: Não é possível! Isso só pode ser um pesadelo.

1248 Words
As mãos se desprendiam daquela grade, seus olhos úmidos a encaravam com a dor que por anos se camuflava, que agora estava ali, tão límpido por tanto sofrimento que outros lhe causaram. Era possível ouvir ao longe o corpo caindo sobre a água e aquele engolir da escuridão se apossando da sua fragilidade. - CLARA! Um grito ecoa em sua mente ao despertar depois de desmaiar por saber que, uma das pessoas mais importantes da sua vida, havia se jogado da ponte caindo no rio naquela noite que havia acabado de chegar para ver a sua irmã. Estava suada, ao sentar-se numa pequena cama num quarto branco. Olhou ao redor e viu seus pais sentados num pequeno sofá adormecidos. Estavam com seus semblantes cansados e com resquícios de choro. Seus olhos umedeceram ao verem ali num sono aparentemente profundo. Sua mãe com a cabeça apoiada no ombro do seu pai e o mesmo com a sua cabeça apoiada sobre a dela. E de repente, sentiu o seu peito se apertar. Tinha medo de saber que aquilo que viu ao chegar em Toronto para visitar sua irmã e passarem as festas de fim de ano juntas com os pais, fosse apenas um pesadelo. Sentindo estarem sendo observados, seus pais com semblantes cansados, despertaram. Ao olharem para a filha que tinha um semblante triste correram até ela. - Filha, você acordou tem muito tempo? Você está bem? – Sua mãe a indaga pegando com cuidado sua mão que estava com o cateter de acesso ligado ao soro. Seu semblante era tenro, porém preocupado. Chloe abaixou a cabeça sentindo as lágrimas teimando em cair pingando sobre o lençol. Sentiu um aperto em seu ombro, fazendo-a erguer seu rosto e olhar para o seu pai que tinha um sorriso triste. - Você está bem minha filha? Está sentindo alguma coisa? Apenas houve um menear de cabeça negando. Desviou seu olhar, encarando a porta. sua voz embargada, entrecortou ao perguntar algo que temia ser verdade. - E a Clara, está bem? Seus pais se entreolharam e abaixaram a cabeça. Estavam tristes. Respiraram fundo e seu pai foi quem a respondeu com pesar. - Ainda estão fazendo as buscas filha. Mas... – Apertou os lábios se contendo em não completar o que os bombeiros e policiais haviam lhe informado. Lágrimas rolaram por seu rosto silenciosamente. Não era um pesadelo que teve e sim, uma profunda e dura realidade. Sua irmã estava naquele rio e com certeza poderia nem estar mais viva. Porém, ainda tinha esperanças de ser um engano. Chloe, sabia bem que a sua irmã estava escondendo algo dela. A conhecia bem para saber que Clara não estava demorando o habitual quando se falavam por chamada de vídeo e até a sua mãe havia reclamado que a irmã, não estava se comunicando com eles há algumas semanas. Tinha medo que sua irmã tivesse caído naquele poço escuro, chamado depressão novamente. Não sabia ainda se tinha algo a ver com algum gatilho ativado na sua mente para chegar aquele ponto. Se lembrou da última conversa em que viu sua irmã com olheiras e uma tristeza alojada em seus olhos que pareciam raízes profundas dos tempos que eram crianças e Clara precisou usar óculos de grau já que lia muito a noite até mesmo com auxílio de velas para os pais não a verem lendo, sendo chamada de quatro olhos e outros apelidos que começaram a moldar sua autoestima para pior. Resolveu ao tirar duas semanas de férias na universidade pelas festividades que se aproximavam, visitar os seus pais e ficaria um tempo com sua irmã. Mas, infelizmente, ao chegar naquele ponto quando Debby e Claire lhe informaram aonde Clara estava, chegou tarde. Não deu tempo de impedir que a sua irmã pulasse daquela ponte. Por sua ligação forte com a irmã não só por serem gêmeas, mas por serem muito unidas, sentia que deveria averiguar e não deixaria barato quem quer tenha a feito cometer aquela loucura. “Toc, toc, toc” Batidas na porta, quebraram o silêncio ensurdecedor que estava naquele quarto. Ao olharem em direção à porta, uma figura conhecida por eles adentrou o local. Um belo homem de barba bem alinhada, cabelos encaracolados, moreno, alto com um sorriso de molhar a calcinha. Mas, não naquele momento, Chloe não quis ir por aquele caminho em mais um das suas conquistas. Três pessoas estavam tão tristes que ao se aproximar, o sorriso que tinha em seu rosto, se desfez dando lugar a preocupação. - Bom dia! Eu sou o doutor Kenal e vim ver minha paciente. Mas pelo semblante de vocês, parece que aconteceu algo. A senhorita está bem? - Estou sim doutor. Estamos assim por outro motivo. – Chloe responde com aquela tristeza no seu coração. Parecendo aliviado, suspirou e sorriu. - Sendo assim, vou examiná-la. Estando tudo bem mesmo, lhe darei alta ainda essa manhã. Os senhores que estavam ao seu lado, se afastaram ficando abraçados observando o médico fazer sua análise sobre Chloe. Pelo visto, estava tudo certo. Prescreveu um calmante para a mesma caso passasse por algum nervoso para não chegar a desmaiar, já que aquela queda de pressão se deu a um forte estresse. Prescreveu também um remédio para dor de cabeça e assinou sua alta. Saiu do quarto os deixando à sós e Chloe ficou com sua mãe enquanto seu pai, havia ido até a recepção acertar a conta. Uma enfermeira entrou no quarto para retirada do acesso colocando um band-aid no furo do cateter. Com ajuda da sua mãe, Chloe saiu do quarto encontrando seu pai que já retornava para as levar para o apartamento que tinham alugado para passar mais tempo com Clara, já que também estavam preocupados com a filha desde a última crise que havia tido se prejudicando na Universidade. Antes de chegarem ao carro, Debby e Claire acabavam de descer do táxi com os olhos vermelhos e inchados. Se aproximaram dos três com semblantes tristes e logo, abraçaram Chloe que não aguentou e chorou também. Enquanto estavam abraçadas e chorando, Karl, o pai das suas gêmeas, recebeu uma ligação se afastando para atender. Penelope, observava as meninas emocionada e quando se desfizeram do abraço, enxugando as lágrimas, Claire as indaga. - Alguma novidade? Abaixando a cabeça, Penelope n**a e Chloe suspira desconsolada. Depois de encerrar a ligação, Karl se aproxima com uma cara nada boa. As meninas o encararam com o cenho franzido. - O que aconteceu querido? Suspirando pesadamente, n**a com a cabeça e os olhos marejados. Não eram preciso palavras para entender que não eram boas notícias. Levando a mão a boca, Penelope abafando seu choro, se debulha em lágrimas sendo amparada por seu marido. Enquanto as meninas se abraçam e sussurrando em seu ouvido, Debby acaba disparando algo que fez Chloe engolir em seco. - Não é possível! Isso só pode ser um pesadelo e o pior que Clara estava grávida! O golpe foi certeiro. Agora sim, tinha mais certeza que sua irmã sofreu algo que acabou desencadeando que a mesma acabasse de cometer aquela loucura não só tirando a sua vida, mais a daquele serzinho que estava em seu ventre. “Eu vou descobrir e quando acontecer, quem for o responsável, irá pagar caro por isso”. – Pensou sentindo o amargor em seu coração e o nó formar em sua garganta de raiva. No alojamento em que Pedro divide com Liam e mais um rapaz... Continua... Não queria estar na pele de Pedro, Liam e Olivia.
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