Steven e Clara estavam felizes pela conversa que tinham com os médicos que são irmãos. O cirurgião oftalmológico, Damian estava confiante de que com novos exames, poderia nem precisar de um transplante de córnea.
Pelos exames anteriores, poderia vir a precisar se o caso fosse antes, mas com o organismo da paciente e o desenvolvimento com o passar do tempo, possa ser que tenha havido um progresso.
Já Dylan, estava do mesmo jeito que o irmão. Pediu novos exames e só a partir dali que iriam discutir como proceder os próximos passos. O médico via um grande potencial em Clara, já que a loira vinha tendo acompanhamento médico de ótimos profissionais em Paris e demonstrava muito otimismo e confiança, o que facilitava muito.
Com tudo acertado, Steven e Clara saíram daquela sala, revigorados, com a certeza de que a loira poderia novamente ter uma vida normal. O bombeiro saiu tão feliz que foi à recepção para marcar todos os exames solicitados, deixando a esposa próximo às cadeiras na sala de espera.
A loira sorria não só com os lábios, mas os olhos que transbordavam mesmo por baixo dos óculos escuros a felicidade e esperança de que sua vida voltaria ao normal quando uma voz, reverberou assustada próximo à ela.
- Filha?! – Clara se assustou ao ouvir aquela voz grossa da qual conhecia bem.
Com as mãos nas rodas da sua cadeira de rodas, a loira girou-a lentamente na direção que vinha o som engolindo em seco.
- Pai?
Agachando-se em sua frente, Karl estava agoniado olhando ao redor para se certificar que não estava sendo observado ou que houvesse alguém que a conhecesse. Na verdade, o seu pai estava mesmo preocupado se a sua esposa reencontrasse a filha logo ali, naquele hospital em que durante a madrugada, deu entrada naquela unidade após ter um pico de pressão alta. Como Penelope estava melhor sendo só um susto, Karl estava indo até a recepção acertar a conta, enquanto a esposa se arrumava para irem embora para casa no quarto.
Colocando uma mecha dos belos cabelos loiros da filha atrás da orelha, deu um sorriso nervoso ao qual, Clara poderia não enxergar, mas sentia de longe o quanto seu pai estava aflito.
- Filha, o que está fazendo aqui meu amor? Eu sei que vocês chegaram anteontem, cadê o Steven e os outros? – Perguntou olhando para os lados não só para ver se via seu genro ou sua filha Chloe, como por sua esposa podendo aparecer a qualquer momento.
Clara sorriu genuinamente levando sua mão ao rosto do pai. Era assim que via o quanto aquele senhor estava bem, sentia não só pelos ouvidos, mas pelo tato os sentimentos e emoções.
- Eu vim me consultar com os especialistas pai. E o Steven está no balcão da recepção agendando novos exames. – Sorriu largamente demonstrando o quanto estava feliz por tudo está seguindo o seu curso como deveria ser.
Com os olhos marejados, Karl sorriu emocionado. Levou uma mão de encontro a de sua filha que repousava sobre sua bochecha tendo seu dedão acariciando sua pele envelhecida.
- Ah minha filha, que felicidade! Estou imensamente feliz por saber que a minha menininha vai voltar a andar.
Inclinando-se em sua direção, Clara mantendo aquele sorriso lindo em seu rosto, sussurrou algo que o seu pai ainda não sabia o deixando extasiado.
- Não só andar pai, como voltar a enxergar também e pelo que o médico disse, nem precisar de um transplante de córneas.
Karl transbordava de felicidade que até se esqueceu que a sua esposa o aguardava no quarto. Deixou algumas lágrimas caírem em uma alegria sem tamanho, fazendo Clara sentir aquele líquido quente escorrendo em sua mão.
- Pai... – Estava emocionada ao murmurar não conseguindo dizer mais nenhuma palavra.
Se afastando um pouco, o senhor de cabelos grisalhos e semblante cansado, porém realizado por suas filhas estarem finalmente em Toronto, mas com a sensação r**m em seu peito por esconder tamanho segredo da sua esposa, enxugou suas lágrimas e tranquilizou-a.
- Não se preocupe minha filha, eu estou bem. Só emocionado por estar aqui e saber que logo, você será a minha menininha de antes.
- Senhor Karl... – Steven o chama se aproximando.
Dando um beijo na testa da sua filha, Karl se levanta cumprimentando seu genro. Estendeu-lhe a mão sendo segurado no mesmo instante.
- Como vai Steven?
- Bem e o senhor como está? – Sorri.
- Estou bem. Clara me contou o que estão fazendo aqui e fico muito feliz em saber que há uma esperança para a minha filha. – Seus olhos marejam novamente, pela emoção em saber que a sua filha poderá voltar a andar e agora a enxergar sem precisar de um transplante.
Se encostando próximo a cadeira de rodas da esposa, Steven coloca sua mão em seu ombro dando um leve aperto, tendo como retribuição a mão suave e macia de Clara sobre a dele dando um leve aperto.
- Eu também estou meu sogro. E o senhor, o que faz aqui?
Quando Karl pensou em responder, foram interrompidos por uma voz embargada que vinha logo atrás daquele homem que demorou muito tempo para busca-la no quarto.
- Karl. O que está acontecendo aqui? – Seus olhos estavam brilhando por uma emoção que não esperava sentir naquele momento.
Seus olhos varreram aqueles três, parando em uma única pessoa, Clara. Ao escutar a voz da sua mãe, a loira foi tomada por uma imensa alegria em seu coração que logo, lágrimas copiosas escorriam por seu rosto, demonstrando a imensa felicidade de estarem frente a outra finalmente.
Virando-se lentamente, Karl sentiu o coração bater descompassado e o medo se alojar, fazendo-o engolir em seco. Seus olhos arregalados, assim como o ruivo ao lado da esposa, ficando também do mesmo jeito.
- Querida.
Os olhos que estavam fixos na filha numa cadeira de rodas, foram desviados fitando-o numa mistura que Karl pôde identificar. Era tristeza, alegria e decepção. A emoção de saber que a sua filhinha estava ali, deu lugar a questionamentos e descontentamentos que foram perceptíveis na sua pergunta.
Apontando em direção a filha o indagou incrédula de que seu marido tenha escondido algo tão importante e que sempre desejou que estivesse em um pesadelo, e agora, estava ali, vendo e ouvindo que não era surpresa o seu esposo não saber que a sua filha estava viva esse tempo todo. Mas desde quando ele sabe? Era essa pergunta que se fazia.
- Desde quando estão me enganando. A Chloe sabe disso? E quem é esse rapaz com a nossa filha? E porque ela está numa cadeira de rodas? – Sua voz agora mostrava o quanto estava enfurecida.
Sentia-se traída e temia saber que a sua filha mais velha, estava envolvida nisso e o pior, tinha em mente que Chloe tinha um objetivo desde que se formou e começou seu império na moda.
Com as mãos trêmulas, Karl se aproxima da esposa tentando toca-la. A mesma o repele se afastando o deixando entristecido. Tudo o que temia, estava acontecendo. Sabia o quanto Penélope detestava mentiras e o principal traição, que agora sabia que corria sérios riscos para não ser perdoado tão cedo.
- Vamos Karl, me responda! – Exclama irritada.
O velho olhou para trás, tendo o olhar do genro o incentivando e o acenar de cabeça da filha, parecendo vê-lo e concordar, afinal, já não havia mais sentido em esconder nada da sua esposa, respirando fundo, ao ter seus olhos de encontro aos dela, disparou.
- Querida, vamos sentar primeiro. Você acabou de ter alta e...
- Alta! O que a senhora teve mamãe? – O interrompe num tom preocupado.
- É... – Karl estava nervoso sem saber o que responder.
Mas, foi interrompido por sua esposa que passou por ele, indo até a sua filha abraça-la após ouvir em sua voz doce chama-la de mamãe a desarmando por completo.
- Filha.
- Mãe.
As duas sorriram e se emocionaram em meio ao abraço tendo não só como expectadores o genro e marido, mas alguns funcionários e pacientes que pararam para ver aquele momento mãe e filha.
- Graças a Deus minha menina está viva. Graças a Deus! – Dizia beijando todo o rosto da filha, até mesmo os óculos escuros, escutando risos de Clara ao sentir seus beijos.
Segurando seu rosto entre suas mãos como uma joia preciosa, a olhou enternecida.
- Não sabe a alegria de ter você aqui de novo conosco minha filha. E você... – Desviou o olhar encarando o marido que estava com um lenço enxugando seus olhos, ficando estático parecendo uma criança acabado de ser pego no flagra por alguma travessura.
Steven ao ver a cena, segurou o riso, tendo um olhar da sua sogra em repreensão o fazendo engolir em seco.
Olhou novamente para o seu marido por estar ainda chateada e disparou.
- Vamos para a casa da sua filha, lá vocês me explicam direitinho o que me esconderam por tanto tempo. Por mais que ainda tenha esperanças de que Chloe não esteja envolvida, conheço bem a filha que tenho. – Virou-se para a filha e sorriu depositando um beijo em sua testa.
Colocou-se de pé ajeitando seu vestido com estampa de flores e atravessadamente, lançou um olhar para o marido que saiu correndo para o balcão pagar a conta do hospital.
Penelope segurava a mão da sua filha, enquanto Steven empurrava sua cadeira em direção a saída do hospital tendo um Karl ofegante segundos depois vindo atrás.
Como os pais de Clara estavam com o seu carro, dispensaram a carona que Steven ofereceu já que o motorista os esperava. Como acertado, o casal foi com o motorista enquanto os pais o seguiram logo atrás.
Minutos depois, estavam no elevador, seguindo para o apartamento em que todos estavam reunidos esperando que o casal chegasse com notícias.
Assim que a porta se abriu, um menininho de cabelos castanhos e olhos verdes vendo quem havia chegado, correu gritando pelos dois.
- Mamãe! Papai!
Steven, mais que depressa o pegou em seu colo fazendo cócegas enquanto adentravam com Penélope e Karl logo atrás.
Assim que as meninas viram quem acabava de entrar no apartamento, se entreolharam assustadas e se sobressaltaram do sofá. Debby, quem quebrou o silêncio.
- Ferrou!
Continua...