Victoria
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Eu fecho meus punhos ao meu lado enquanto luto contra a vontade de dar um tapa naquele sorriso arrogante do rosto estupidamente bonito de Caio. Como posso ser tão frustrantemente atraída por ele, mas querer matá-lo ao mesmo tempo? É confuso e não tenho força emocional para tentar entender isso agora.
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Ele levanta uma sobrancelha, esperando minha resposta ao seu pedido.
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— Você sabe muito bem que não posso atendê-lo aqui.— eu suspiro, apoiando meus antebraços no balcão e encontrando seu olhar, nivelando-o com um dos meus.
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— Que tal um pouco de água?— Eu levanto uma sobrancelha de volta para ele, observando seu sorriso presunçoso vacilar.
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— Ah, vamos...— ele pressiona, inclinando-se para mais perto.
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— Seja uma boa garçonete e nos traga um pouco de wisky.— Notas de pinho e cravo fazem cócegas no meu nariz. p***a, ele cheira bem.
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— Você conhece as regras.— eu gritei cerrando os dentes já irritada.
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— Bem, as regras foram feitas para serem quebradas.
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— Não posso fazer isso.— Eu rio ironicamente e balanço a cabeça.
— Porque não? — Manchas douradas acendem nas íris escuras de Caio, sua mandíbula apertada.
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Revirando os olhos, gesticulo ao redor do restaurante para indicar a presença óbvia de humanos espalhados nas mesas. Ele sabe muito bem por que eu não posso servi-lo, ele está apenas tentando me estressar. Conheço Caio há cinco minutos e já posso dizer que ele gosta de provocar as pessoas para deixá-las estressadas.
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Ele parece muito bom fazendo isso, no entanto.
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Ugh, por que esses pensamentos continuam surgindo? Eu mentalmente me repreendi por permitir que minha mente fosse para lá mais uma vez.
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— Vamos pequena... não vai fazer m*l apenas um shot.— Caio persuadiu, sua voz suave como seda. O som dele faz cócegas em algo dentro de mim, acariciando-o para a vida.
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Eu posso ver como esse cara tem lobas comendo na palma da mão dele. Ele é um filho da p**a bonito, eu não quero dar esse gostinho a ele. O sorriso reaparece, e ugh! Há essas covinhas novamente, uma afundando em cada bochecha.
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Essas vespas zumbem na minha barriga mais uma vez, picando minhas entranhas.
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— Não.— Eu me endireito, reforçando minha determinação e me mantendo firme.
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O sorriso de Caio cai, seus olhos escurecem.
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— Bem, você não tem que ser uma v***a sobre isso.— ele murmura. Oh infernos, não.
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Minha loba avança protetoramente e eu respiro, controlando-a a voltar enquanto estreito meus olhos em Caio.
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— Acredite ou não, querido alfa. Eu preciso deste emprego.— eu digo, jogando minhas mãos em meus quadris.
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— Eu sei que é um conceito estranho para você, mas algumas pessoas realmente precisam trabalhar para sobreviver. Nem todos nós temos tudo entregue a eles.— Ele balança a cabeça, rindo baixinho.
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— Você... não sabe nada sobre mim.— O tom gelado de Caio envia um arrepio na minha espinha.
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Seu olhar pisca de volta para colidir com o meu e é tão intenso que eu paro de respirar. Por um segundo, quase me sinto m*l por fazer suposições. Ele tem toda essa coisa de mocinho renegado, tão assustadoramente bonito. Seus olhos ameaçam me arrastar para o inferno, mas por algum motivo, não ouso desviar o olhar... Um braço dispara, pegando o copo de cerveja que acabei de encher do bar e me tirando do transe que Caio me colocou.
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— Que porra...— Eu viro minha cabeça para ver o cara ao lado de Caio levando aos lábios com um sorriso presunçoso. Não Leon, o cara do outro lado.
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— Ei! — Eu protesto, estendendo a mão na tentativa de pegá-lo de volta.
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— Vamos, Cauê... — Leon ri, olhando para seu amigo.
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O i****a que pegou a cerveja, Cauê, apenas se inclina e começa a beber enquanto o resto deles ri. Faço outra tentativa inútil de alcançá-la, mas sou muito baixa e a barreira entre nós é muito larga. Não importa, de qualquer maneira, porque ele toma a cerveja em quatro segundos inteiros.
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Caio não intervém. Seus olhos permanecem em mim o tempo todo, aquele sorriso e******o em seus lábios.
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Cauê bate o copo vazio de volta no balcão e eu o nivelo com um olhar, cruzando os braços sobre o peito indignada.
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— Desculpe querida, eu estava com muita sede.— Cauê rosna, limpando a boca com uma manga e me dando um sorriso assustador que faz minha pele arrepiar.
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Os outros riem em resposta e meu lobo avança novamente em agitação. Eu fui assediada mais do que o suficiente por um dia e ela está farta.
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— Vocês são todos idiotas.— murmuro, virando nos calcanhares e indo embora. Eu preciso de algum espaço para respirar, para pensar e eu tenho negligenciado minhas mesas enquanto lido com Caio e seus capangas.
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Eu saio de trás do bar, ignorando a sensação espinhosa de ser observada por eles enquanto me dirijo às mesas perto das janelas para fazer minhas rondas.
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Felizmente, o restaurante está bem vazio a esta hora do dia, então eu só tenho algumas mesas para cuidar. Um cliente ainda quer a cerveja que ele pediu que Cauê bebeu com tanta grosseria e outro quer uma xícara de café.
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Uma jovem em uma mesa com seus pais pede um chocolate quente. Eu mantenho uma contagem mental dos pedidos na minha cabeça, temendo voltar ao bar para preenchê-los. Eu sei que Caio e seus amigos ainda estão lá porque o peso do olhar de Caio ainda não foi embora, estou praticamente me contorcendo sob ele.
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Estou pegando dois copos vazios de uma mesa de dois quando, com o canto do olho, vejo uma figura sentada ao lado de outra no canto.
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Eu não devo ter notado ele entrar.
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— Eu já volto em sua mesa! — Eu falo, rapidamente olhando em sua direção e quando o faço, minha respiração fica presa na garganta.
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É um homem que nunca vi antes, mas isso não é uma surpresa, os turistas entram e saem o tempo todo. O que me dá uma pausa, porém, é a maneira como ele está olhando na minha direção. Não consigo distinguir suas feições muito bem porque o capuz de sua jaqueta preta está pendurado sobre sua cabeça e obscurecendo parte de seu rosto, mas o olhar sinistro em seus olhos me deixa com os dentes no limite. Eu imediatamente sei que algo não está certo sobre esse cara... e então eu sinto o
cheiro dele. Ele é um transmorfo, mas ele cheira a... podre. Sujo. Lobo sem matilha. Lobo Solitário. Isso me lembra da matilha das sombras.
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