Nico sai da casa de Síria com um plano em mente, ele iria conquistar o coração de Alícia, iria provar a ela que ele não era o que ela pensava. Tudo bem que ele havia pisado na bola, e só de lembrar sentia vontade de bater a cabeça na parede em frustração.
Nico não havia crescido em um lar comum, pelo contrário, desde pequeno fora obrigado a se virar, pulava de lar em lar, o pequeno orfanato onde ele morava não representava segurança para ele, ainda pequeno ele nutria a fantasia de que um dia seus pais apareceriam e o levariam para casa e, então ele seria feliz, o que não aconteceu.
Com o passar dos anos, seu espírito rebelde era um empecilho para ser adotado, algo que ele não fazia questão de esconder. Quando Nico tinha doze anos saiu e nunca mais voltou, até por que, ele não tinha por quem voltar, morando nas ruas ele passou fome e frio e aprendeu a sobreviver da pior maneira, ele não desejava que Alícia conhecesse seu passado, todos o viam como um cara brincalhão e sádico, e ele nunca havia se preocupado em lhes mostrar algo diferente, até conhecer Alícia. A primeira vez que Nico olhou em seus olhos lhe faltou o ar, tão azuis que ele se vira refletido neles, a pele branca que ele conseguia ver algumas veias marcadas nela, ele havia ficado encantado com a beleza dela, que por mais que ela escondesse atrás de um óculos fundo de garrafa e roupas largas não tinha como não ver.
Alícia era sua perdição, e sabendo que não conseguiria mantar suas mãos longe dela ele resolveu a magoar da pior forma possível.
As lembranças invadem sua mente, ela estava feliz por ele ter a chamado pra sair, ele via seus olhos brilhantes de empolgação, naquele dia ela havia se arrumado e apesar de estar um pouco desajeitada, para Nico ela ainda estava linda, mas ele não podia se aproximar dela apesar dela fazer parte da organização, Nico não queria a arrastar para a vida que ele tinha, então ele sobe para o quarto do hotel onde jantavam depois de alguns minutos ele pede para alguém chama,-la, quando Alícia abre a porta do quarto ela paralisa, a cena a sua frente era demais para seu coração sonhador, na cama com outra mulher estava o homem que ela amava, e que por ele havia passado horas se arrumando e agora tudo havia desabado, ela sentia como se uma mão apertase seu peito lhe tirando o ar, abrindo a boca ela puxa uma grande lufada de ar, suas pernas ameaçavam a derrubar.
_Chegou bem na hora - diz Nico se virando para ela - Vem aqui, vamos nos divertir juntos - diz sorrindo, mas o gosto em sua boca era amargo, ele via o quanto aquilo a tinha abalado, seus lindos olhos que até uns minutos atrás brilhavam havia se apagado.
_Foi pra isso que você me convidou? - pergunta ela com a voz embargada, Nico via o esforço que ela estava fazendo para não desmoronar na sua frente e isso o matava por dentro, sua vontade era de jogar para o lado a mulher em seus braços e correr para aquela que tinha seu coração, mas se ele fizesse isso seu esforço teria sido em vão.
_Claro! Achou o que, que eu te pediria em namoro? - ele sabia que estava sendo c***l e prometeu a si mesmo que nunca mais a faria sofrer dessa forma.
_Lamento Nico, se isso é tudo o que você tem a me oferecer, eu não quero - diz deixando escapar algumas lágrimas que desciam silenciosas por suas bochechas.
_Não seja careta Alícia, você vai gostar - diz ele enquanto a mulher que estava em cima dele continuava explorando seu corpo com as mãos e boca, aquilo lhe causou náusea sua vontade era de tirar ela de cima de si e correr para o banheiro para se limpar.
_Adeus Nico - diz ela reunindo o pouco de coragem que ainda tinha e indo embora, assim que a porta se fecha Nico pula da cama se afastando da mulher a sua frente.
_O que foi gato, achei que estava gostando - diz a mulher passando a mão no peito de Nico, ele dá um passo para trás se afastando do seu toque.
_Tira a mão de mim p***a! - ele não sabia por que estava tão nervoso, seu plano havia dado certo era para ele estar feliz, mas ele não estava, pelo contrário , sentia que um pedaço de seu peito havia sido arrancado assim que Alícia foi embora.
_Não faz assim, vamos nos divertir - diz tentando se aproximar dele, Nico se afasta pega sua carteira tira um bolo de notas e dá a mulher.
_Não vai rolar - diz vestindo suas roupas e saindo deixando a mulher sozinha no quarto.
Voltando ao presente, Nico percebia o quanto sua atitude tinha sido infantil, ele poderia ter resolvido as coisas apenas dizendo a verdade a ela, mas ao invés disso, escolheu a magoar da pior forma possível, entrando em casa ele pega Xavier no lugar de sempre, ele vem e se jogo ao seu lado.
_O que ouve? - pergunta Xavier o olhando curioso.
_Eu só faço merda.
_Alicia?
_Eu sou tão fácil assim de ler ? - pergunta o olhando.
_Eu não sou cego e nem surdo, sei que andou ameaçando qualquer um que chegasse perto dela. - Nico se senta encarando Xavier, mas como sempre ele continuava com a mesma expressão relaxada de sempre.
_Teve um tempo em que eu pensei que você e a Síria terminariam juntos - confessa Nico.
_Imagino por que pensou isso - diz Xavier suspirando, todos que viam a interação entre ele e Síria pensava errado da relação deles.
_Foi mau, mas todos pensavam isso.
_Ela se parece com minha irmã, tinha a mesma inocência quando entrou na organização, foi algo instintivo, eu só tentei protegê-la - Xavier se perguntava se havia passado dos limites, mas a única coisa que ele havia feito por Síria era ajudá-la a superar seus traumas.
_Me desculpe, eu era muito i****a naquela época - Xavier o encara, para ele Nico havia crescido muito e amadurecido também, já não era mais o mesmo garoto impulsivo de antes.
_Estaria sendo i****a agora, se deixar Alícia escapar.