Síria despertou no outro dia com Nico a observando.
— O que você está fazendo no meu quarto?
— Temos trabalho a fazer, bela adormecida — disse ele, puxando a sua coberta.
— Você não dorme, Nico?
— Sim, mas temos algo urgente para lidar.
— Que horas são?
— Cinco e vinte e oito da manhã. — Síria piscou algumas vezes para assimilar a informação.
— Tão cedo!
— Fazer o quê? Vamos logo — disse ele, levantando-se. — Te espero lá embaixo.
Com relutância, ela se levantou, tomou banho, vestiu uma legging e um vestido preto com botas — adorava as suas botas. Pegou um blazer e saiu. Nico já a esperava no carro.
— Pra onde vamos?
— Lembra do Nicolas? É pra apagar ele.
— Ele deve ter feito algo bem sério pra termos que fazer isso em plena luz do dia.
— Não me disseram o que ele fez, apenas que era urgente.
A viagem não demorou muito. Chegaram ao prédio onde funcionava uma imobiliária. Entraram e subiram até o andar onde Nicolas estava. Síria bateu na porta, e uma voz mandou entrar.
— Bom dia, Nicolas — disse ela, sorrindo.
Mas o homem à sua frente não sorria. Pelo contrário, o seu rosto era uma máscara de pavor e medo.
— Não faz essa cara, Nicolas. Você sabe que com a gente isso não funciona — disse Nico, entrando e sentando-se à sua frente.
— Eu p**o o dobro — disse ele, desesperado.
— Lamento, mas quando aceitamos um serviço, precisamos cumprir com o combinado.
— Exatamente. Então vamos logo com isso que eu tenho outro compromisso.
— Vocês são criaturas deploráveis. Espero que queimem no inferno! — Nicolas tremia agora.
— Nós já estamos nele, Nicolas. Por que acha que viemos te buscar? — disse Síria, rindo.
Nico pegou a arma com silenciador e fez um único disparo em sua cabeça, matando-o.
— Podem limpar — disse Síria ao telefone.
— Bora, que ainda tem mais um — disse Nico.
Tão silenciosamente quanto entraram, eles saíram, sem serem vistos ou deixarem pistas.
— Pelo menos o próximo é mais interessante?
— Vai ter que ser à distância. Ele é uma figura política. Vamos de helicóptero.
— Finalmente, um pouco de emoção — disse ela, sorrindo.
Pegaram o helicóptero e, depois de duas horas de voo, chegaram ao destino.
— Passa o rifle.
— Tá na mão — disse Nico, entregando a arma.
Com perícia, ela montou o rifle. O prédio onde estavam ficava de frente para o alvo. Ajustando a mira, Síria localizou o homem no prédio à frente. Seria um tiro fácil, já que ele estava sentado examinando alguns papéis. Ela se concentrou, prendeu a respiração e, quando teve certeza, puxou o gatilho. Pela mira do rifle, viu o alvo cair sobre a mesa com um tiro na cabeça.
— Feito. Vamos?
— Tenho que admitir: a sua mira é impressionante — disse Nico.
— Eu sei — respondeu ela, piscando para ele.
— Convencida.
— Vamos. Você paga a bebida.
— Por que eu?
— Você é meu querido irmão. Não me deixaria pagar a minha própria bebida, não é?
Nico revirou os olhos para ela.
— Você tá ficando pão-duro, sabia?
Juntos, desceram do prédio e pegaram novamente o helicóptero para voltar para casa.
***
Klaus acordou no outro dia com um objetivo em mente. Precisava investigar o seu chefe e, acima de tudo, descobrir se ele estava envolvido com os caras que tentaram cortar os freios do seu carro. Contudo, havia um obstáculo: não podia confiar em ninguém da sua agência. A sua melhor escolha no momento era pedir ajuda à Fênix. Esperava que eles o ajudassem. Não tinha outro jeito, teria que arriscar.
Pegando o celular, discou o número com o qual já havia conversado antes. O telefone tocou até que uma voz conhecida atendeu.
— O que você quer, agente?
— Preciso de ajuda.
— Não fazemos caridade. Ligou para o número errado.
— Espera! É um assunto sério. Teria como eu conversar com o seu chefe?
— Você realmente é ousado. O chefe não fala com qualquer um.
— Pode ser do interesse dele também. Por favor, pergunte se ele pode me ver. Não vou fazer ele perder o seu tempo.
Klaus ouviu um suspiro pelo telefone. Parecia que havia conseguido.
— Vou falar com ele, mas não tenha esperanças.
— É tudo que preciso. Obrigado.
Charles desligou o telefone, curioso. Não esperava que o agente ligasse para ele um dia.
— Quem quer me ver? — perguntou Ricardo, que havia ouvido toda a conversa.
— O agente quer falar com você — respondeu Charles, intrigado. — Ele disse que você pode ter interesse no assunto.
— Interessante. Nunca pensei que ele nos procuraria.
— Até onde eu o conheço, deve haver algo o incomodando. O cara é muito certinho para pedir a nossa ajuda.
— Mande a localização para ele. Espero ele às sete da noite.
— Tem certeza?
— Tenho. Fiquei curioso. E também será uma forma de conhecê-lo. Quero ver se ele resolve mesmo investir na Síria.
Charles o olhou com cara de poucos amigos.
— Não gosto dessa ideia.
— E você não é o único. Mas, se ele a tratar bem, não vou me incomodar. O que quero é que ela seja feliz.
— Nós também, mas não com ele. — Ricardo riu de Charles, que parecia uma criança fazendo birra.
— Se eu fosse você, me conformava — disse, levantando-se e saindo da sala.
Charles enviou uma mensagem para Klaus com o endereço e a hora. Agora, só restava esperar para ver o que ele queria.
Na hora marcada, Klaus tocava a campainha da casa da Fênix. Estava apreensivo, afinal, estava entrando na toca do lobo sem nenhuma proteção. Contudo, era a única forma de conseguir ajuda para o que precisava. Não desistiria, mesmo que tivesse que encarar os homens que desejavam o seu sangue.
A porta se abriu, e o mesmo cara da outra vez o cumprimentou.
— Boa noite, agente.
— Boa noite.
— Entre. O chefe te espera.
Ele foi levado até a sala da casa, que, por sinal, era muito bonita, com tons claros e sofás cinza. Sentado em uma poltrona, um homem de aparência séria o olhava com frieza.