Capítulo 5

1019 Words
_Quem é você? Klaus faz a pergunta que mudaria sua vida. _Não importa quem eu sou, mas sim o que vim fazer aqui. Diz Síria o olhando séria, seu corpo relaxado sentado na poltrona contrastava com sua expressão fria. _O que você quer? Pergunta Klaus ainda sem baixar a guarda com a arma em punho. _Alguns dias atrás você testemunhou algo que não devia em uma rua escura, você também me filmou, eu não costumo ser gentil, mas vou abrir uma exceção para você, apague a filmagem. Em tudo o tempo que ela falou, Klaus não pôde deixar de perceber sua frieza, ela não costumava ser questionada, pelo que ele percebeu. _Você devia tomar mais cuidado com quem está falando. Responde Klaus sério. _Acho que você não me entendeu, sei tudo sobre você, que faz parte das forças especiais, que foi criado pela sua avó, sei até o nome das suas ex namoradas, então não tente minha paciência - diz ela se levantando e caminhando até ele - Vai descobrir que minha gentileza é bem curta. Klaus observa a mulher a sua frente com surpresa, ela era pequena, mas transmitia uma aura perigosa, se ele não tivesse o costume de lidar com gente perigosa, com certeza estaria com medo. _Como sabe que eu filmei você aquela noite? Estava bem escuro aquela rua. _Há bem poucas coisas que não sei. _Você ainda não me disse seu nome. _Você não precisa saber, só tem que ficar fora do meu caminho. Siria se aproxima mais de Klaus, fazendo com que a arma que ele apontava para ela encostasse em sua testa. _A próxima vez que você ficar no meu caminho, eu te mato. Klaus fica surpreso com sua fala, seu olhar não transparecia nada enquanto o encarava. _Você é louca!? _Não, mas não gosto de deixar pontas soltas -diz ela passando por ele em direção a saída - E é isso que você é meste momento. _Espera! Grita Klaus quando ela abria a porta, ela se vira e o encara com as sobrancelhas arqueadas. _Me diz ao menos seu nome. _Quem faz o que eu faço é melhor não ter nome. Com essa resposta ela se vira e sai, deixando Klaus intrigado com a mulher que estava na sua frente. Um sorriso curva os lábios de Klaus, ele não desistiria até descobrir quem era ela. *** A semana de folga de Síria passou de forma lenta e agonizante, ela achava que iria ter um treco se ficasse mais tempo em casa, então no último dia depois do almoço ela resolveu ir visitar Joana, a esposa de Antônio. Já fazia um tempo que não a via, seria bom tomar um café com ela, então ela pega o carro e vai até a chácara onde ela morava, um lugar lindo na saída da cidade, ficava ao pé de uma serra com uma vista maravilhosa. Quando chegou, pegou Joana no jardim cuidando de algumas plantas, assim que ela a viu seu rosto se iluminou. _Até que enfim! Se lembrou de que ainda estou viva? Síria corre até ela e lhe dá um abraço apertado. _Senti muito sua falta Joana, você deveria ir mais na mansão pra ver a gente. _Sabe que não gosto de dirigir, prefiro ficar aqui no meu cantinho. _Se eu morasse em um lugar como este também não sairia muito, aqui está mais bonito do que me lembrava. _Mudamos algumas coisas e o resultado foi bem positivo, mas chega de falar dessas coisas, vamos tomar um chá. Joana sai puxando Síria até os fundos da casa onde havia um tablado de madeira com vista para mais abaixo da serra, era lindo. _Sente-se querida, já volto com o chá. Dizendo isso ela desaparece pela porta da cozinha retornando um pouco depois com uma bandeja de chá e algumas bolachas. Serve uma xícara de chá para Síria e ela se surpreende com o gosto. _Canela com maçã? _Ainda é o seu favorito? _Sim, amo esse chá. _Que bom, por que eu sempre tenho dele em casa para quando você vier me ver. _Você é sempre um amor Joana. Joana era uma mulher carinhosa com espírito materno, ela nunca pôde ter filhos então tratava Síria e os outros como se fosse, era baixa com cabelos negros e ondulados, tinha a pele clara e olhos castanhos, e um lindo sorriso, isso era o que mais encantava Síria, o sorriso que ela possuía. _O Antônio me disse que as coisas estavam difíceis para você semana passada. Diz Joana a observando, ela sabia que Síria não gostava de falar sobre o passado, mas era preciso Joana estava decidida a fazer ela voltar a viver. _Eu sei o que você está pensando Joana, já tem três anos que eles se foram. _Você tem que parar de se culpar querida, você nunca teve culpa. Síria suspira enquanto observa a paisagem, tentando não trazer a tona velhas memórias. _Eu tento me convencer disso todos os dias, de que não foi minha culpa, mas não é o que eu sinto. _O responsável já está morto, foi ele que causou aquela tragédia, você fez o possível para evitar, se não tivesse matado o irmão dele quantas pessoas teriam perecido?, você fez o melhor que podia na época. Naquela época Síria investigava um grupo que fazia exploração infantil, eles mexiam com abuso infantil e de jovens meninas. Quando Síria se lembrava das imagens que ela havia presenciado seu estômago revirava de nojo, depois de meses de investigação eles descobriram o paradeiro das vítimas e foram resgata-las, tudo correu bem, mas no final um dos responsáveis apareceu e Síria o matou com um tiro na cabeça, uma morte melhor do que ele merecia, segundo ela. Eles não eram santos, e nem faziam caridade, mas havia um limite para as atrocidades que eles presenciaram, ela apenas não imaginava que aquela noite lhe custaria mais caro no futuro. _Sabe Joana, as vezes eu queria poder voltar no tempo só pra poder enfiar minha mão em seu peito novamente e arrancar seu coração. Dava para perceber a raiva e dor na sua voz, para ela, eram lembranças amargas.
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