Foi uma correria, uma confusão completa que se estabeleceu na vida de todos. Uma hora a morte dos pais de Adam, em outra, Jhonatan é preso e agora Adam finalmente acorda. Patrick e Caius ficaram responsáveis por Adam enquanto Jhonny era quem mantinha a imprensa afastada do hospital. Apenas os garotos da banda, Vanessa e Yara estavam presentes no hospital, alguém havia deixado vazar que Adam estava desperto e isso fez com que a imprensa japonesa e internacional viessem em massa para a frente lá, obrigando a polícia a isolar a área.
Dentro do hospital, frente ao quarto de Adam, o médico responsável pelo Jhonson era quem passava todo o quadro clínico de Adam para os jovens ali presentes.
— Bom, como eu já tinha adiantado para vocês, Adam teve uma amnésia total. Nomes, lugares... Tudo. Qualquer tipo de lembrança que ele teve antes do acidente foi apagada do cérebro dele. Não sabemos responder se é permanente, mas especulamos ser temporária. Já houveram diversos casos de pacientes que recuperaram suas memórias, pode ser que com os estímulos certos, a memória dele comece a responder. Em geral, ele também ainda tem alguns ferimentos, seu corpo estava debilitado demais quando chegou. Mas acho que em dois dias ele poderá ter alta.
Logo após o médico deixou os rapazes a sós.
— Acho melhor não entrarmos agora.
— Concordo. – Disse Jhonny.
— Acho que primeiro temos que providenciar um lugar para ele ficar, agora com a prisão de Jhonatan e com os bens dos pais dele congelados, Adam está em uma enrascada. O ideal seria que ele ficasse com um de nós, para que tivesse assistência.
— Eu já tenho isso mais ou menos programado, Caius. Adam comprou uma casa há uns tempos atrás. Pedi a um amigo do departamento público para me conseguir o endereço, assim que estiver com ele em mãos vou dar uma olhada, porém não garanto nada, não sei se a compra chegou a ser realmente efetuada.
— Certo, confira isso Patrick. Eu vou até à delegacia falar com Jhonatan e procurar saber mais sobre essa confusão toda. Jhonny você pode ficar aqui com a Vanessa e a Yara?
— Sim.
— Bom, então vou indo em frente. Aproveito e digo alguma coisa antes que a imprensa invada o hospital. – Terminou Patrick.
°°°
Do lado de fora do hospital, Patrick disse apenas que Adam passava bem e que logo daria mais informações e logo após ele deixou o local em seu carro.
Pegando a estrada já com o endereço em mãos ele partiu para o local da tal casa que não era muito longe do hospital, poucos quilômetros de distância. Um local belo, cidade costeira pouco povoada envolvida pela mata, Patrick lembrou que Adam sempre disse que queria uma casa com privacidade. E realmente aquela teria. Logo de cara um muro de altura considerável e portões grossos, para sua sorte estava com o chaveiro de Adam na mão e a chave do portão estava ali. Ele abriu o mesmo e pelo rangido de ferrugem, já estava há certo tempo sem cuidados. Logo após voltou para seu carro e entrou na propriedade, uma curta pista feita com pedras levava o carro até a frente da casa. Quando pôde ver a casa em si, não teve como não admirá-la.
Não muito chamativa, mas também nada modesta. Era uma estrutura moderna, composta de dois andares. Saindo do carro ele passou pela mesma. As portas do primeiro e segundo andar eram de vidro fumê e de correr. Deixou esses detalhes de lado enquanto seguiu para a parte de trás da propriedade, uma piscina que não pôde ver bem por conta da neve e logo após um muro com um caminho protegido por um pequeno portão. Patrick se aproximou e uma praia vazia e deserta o esperava. Pela própria formação da praia aquele era o seu único acesso já que pedras altas circulam a curta faixa de areia, e o mar de ondas ora calmas e ora nervosas exibem pedras traiçoeiras na parte mais funda, impedindo um barco de entrar.
— Você pensou em tudo não foi?
Ficou ali por um tempo, parado frente aquele muro observando a praia e o movimento da água. As lembranças que Adam formaria se não fossem os eventos de antes da Midnight decolar, flutuavam em sua mente. Podia ouvir o movimento que aquele lugar ansiava, podia sentir o carinho e a felicidade que aquela casa esperava. Antes que fosse pego pela própria imaginação, decidiu entrar, abrindo empurrando a porta de vidro. Ao entrar na sala, um degrau mostrava que o interior era mais alto que o exterior. Seguiu adiante pelo frio piso de madeira, a casa mobiliada com tudo em seu devido lugar. - Exatamente ao jeito de Adam - . Foi o que ele pensou. O modo como a arrumação estava feita era exatamente ao gosto de seu amigo, assim como a combinação de móveis.
— Então Adam foi quem mobiliou a casa.
À sua frente um curto corredor, à sua direita uma ampla sala de estar com lareira, e mais a frente à esquerda uma extensa cozinha. Um pouco mais atrás havia outro corredor, que levava a um banheiro, a uma porta que provavelmente era o estúdio e havia uma escada para o segundo andar. Patrick subiu, mas viu quatro portas. Ele seguiu pelo corredor, rumo aos cômodos. O primeiro era uma suíte simples, provavelmente o de hóspedes, o segundo sem dúvidas o quarto do casal. Patrick seguiu para a terceira porta, outra suíte. Na quarta porta, não conseguiu entrar devido ao fato de a mesma estar trancada com uma tranca dupla. Isso o deixou curioso. Tentou de todas as formas abrir a porta, mas sem sucesso.
— Agora fiquei curioso.
Apelando para o desespero da sua curiosidade ele seguiu para a varanda, tentou abrir a porta com as chaves que tinha, desceu e procurou como entrar pela janela de vidro escuríssima, mas nada. No fim ele optou por apenas deixar a casa e ao entrar em seu carro, permaneceu parado por alguns minutos olhando a residência mais uma vez, porém agora pelos portões enferrujados.
— Tudo deveria ser diferente para você. E pensar que todo o nosso azar cairia sobre quem menos merecia.
Um misto de culpa e ressentimento invadiu o peito do moreno, ele sabia que deveria interferir. Deveria ter agido, ter feito ambos confrontarem aquele problema ao invés de permanecer calado e assistir a tudo o que aconteceu.
— Eu sou o único que Adam confiou para dizer a verdade e para ser sincero, somente agora eu entendo o porquê dele ter feito isso..
°°°
Em um ritmo além do permitido, ele acelerou o carro apressado, sempre de olho no relógio e após quase uma hora ele chegou ao local desejado. Estava nervoso.
Com o correr dos ponteiros de seu relógio, ele esperou fora de seu carro, encostado na porta do carona. Finalmente o horário correto chegou e a figura a sua frente parou hesitante ao vê-lo.
— Vai me vigiar agora Patrick?
Havia uma certa movimentação de garotas no local naquele momento e todas passavam devagar ou paravam para olhá-lo, afinal ainda era m****o da banda de mais fama da atualidade e lá estava ele, encostado em uma Ferrari 458 Itália, trajando uma calça justa jeans, jaqueta de couro preta e blusa amarela tão clara que parecia bege. Acessórios típicos completavam o figurino de um dos artistas mais bonitos do mundo.
— Quero falar com você Aline.- Ele falou em um tom mais frio e sério, mais que seu normal.
Aline apenas permaneceu parada enquanto sentiu um ligeiro desconforto, ela entendeu o motivo de tanta seriedade e tentou desviar.
— Não, você não vai correr. - Ele postou-se frente a ela.
— Por favor Patrick, aqui não é lugar! Estamos na frente da minha faculdade, olha quanta gente está nos olhando. Vão achar o errado dessa situação.
— Pois que achem. Preciso falar com você.
Ela bufou, mas por fim cedeu e entrou no carro com certo nervosismo. Logo após ele fez o mesmo gesto, ligou o carro e partiu.
— Como eu te disse naquele dia. Eu sei de tudo, Adam me contou assim que aconteceu. Não posso julgar nenhum de vocês, mas tenho certeza que foi apenas um erro do destino.
No fim de sua frase apenas o leve som do motor ecoou pelo local, por muitos segundos ela permaneceu em silêncio, até que Patrick virou o rosto e a encarou. Foi o suficiente para observar o estado em que o coração e a alma de sua amiga se encontravam. Suas lágrimas corriam de forma tão pesada que sua blusa de um leve azul já colecionava os pontos mais escuros que as lágrimas deixavam.
— Um erro do destino você diz. Não é apenas um erro Patrick. Minha cabeça estava confusa demais, minha mãe tinha acabado de falecer. Eu estava machucada demais por dentro, o que aconteceu entre mim e ele, simplesmente me marcou de uma maneira que nós dois não poderemos consertar. Eu errei. Mas ele também errou muito.
— Você ainda o ama, não é?
— Já te disse que sim. E você não sabe o quanto me dói quando as meninas estão fora, em algum camarote de vocês vendo o show ou em um bar comemorando alguma coisa. Eu sempre fico em casa e ligo a TV bem baixinho e eu vejo vocês todas as vezes. É engraçado, não é? Você percebe agora como o mundo parece sem graça sem ele? Meus dias são todos assim Patrick, mas ao mesmo tempo, ficar perto dele me machuca e me faz lembrar o passado. Você pode entender isso Patrick?
Ele não fez menção de responder, apenas continuou a dirigir. Até que já próximo do apartamento que Aline dividia com as amigas ela pôde ouvir a voz do Showder novamente.
— Você é a única que pode ajudá-lo, essa é a verdade.
— Como você tem tanta certeza?
— Adam pode esquecer-se de seu país, de sua família e de seus amigos. Mas eu sei que de você ele não esqueceria. Acredite em mim. Nunca vi algo como o amor que ele tem por você. Sou testemunha de quantas vezes ele tentou te esquecer. De quantas vezes ele tentou apagar você da mente. Você é tudo para ele, essa é a verdade. Tenho certeza de que mesmo se sua memória for apagada, ele a terá no coração.
O carro parou, chegou a seu destino. Ela apenas disse um ligeiro obrigado e abriu a porta, saiu, a fechou e seguiu para a portaria do prédio, ele abriu o vidro do carona e gritou.
— Se quiser ajudá-lo, me espere aqui às 19:00 de amanhã.
O dia seguinte foi corrido, atarefado. Com a prisão de Jhonatan eram os garotos que corriam com todos os assuntos da banda e inclusive os pessoais da família Jhonson. Enquanto Caius era o responsável por tentar um acordo para suspender o contrato com a gravadora até Adam ter condições de voltar ou não, Jhonny por sua vez era quem cuidava de perto dos assuntos do congelamento de bens dos pais de Adam junto a seus advogados, e Patrick era quem cuidava da procura de bons advogados para Jhonatan e ao mesmo tempo ajudava Jhonny a tentar convencer a justiça a liberar que eles respondessem pelo amigo. No fim disso tudo ainda tinha as garotas emboladas com provas, trabalhos, os empregos de meio período.
Agora eram 18:55.
Do lado do carro de um vermelho intenso ele esperava sempre de olho em seu relógio, até que um sorriso brotou em seu rosto. Ao mesmo tempo em que o clima castigava a cidade com um frio avassalador e os primeiros flocos de neve começavam a cair, ela apareceu na portaria com um sorriso meio que sem graça. Seguiu até ele, que apenas abriu a porta para que ela entrasse e seguiu para o banco do motorista.
Eles nada disseram durante a viagem e Aline realmente ficou curiosa ao pararem em frente aos portões enferrujados de uma casa. Patrick os abriu com certa dificuldade já que o gelo nas dobradiças deixava o mesmo ainda mais pesado e ao voltar ao carro e passar pelos portões e muros altos ele percebeu que ela exibia um olhar de surpresa. Quando ele parou o carro em frente à casa, Aline fora a primeira a sair.
— É exatamente como ele dizia que seria.
— Você sabia da casa?
— Não. Mas ele sempre disse que a nossa casa seria assim.
— Vamos entrar.
Ela apenas o acompanhou e ao passar pela porta, ele viu a mesma levar a mão à boca enquanto respirava fundo tentando segurar as lágrimas já evidentes.
— Foi ele que decorou e mobiliou tudo não foi?
— Aposto que sim. Tudo está perfeito, não é?
Ela apenas sacudiu a cabeça afirmativamente.
— Adam sempre teve essas habilidades estranhas, é difícil explicar, não é? É como se tudo aqui se encaixe de uma forma que qualquer pessoa se sinta em casa.
— Você pode sentir todas as memórias que essa casa iria ter? – Patrick indagou.
— Ele iria teimar de comemorar tudo sempre aqui. Iria sempre planejar tudo e esquecer algo no último momento. Carregaria você e o Caius contra a vontade dele para comprar o que tinha esquecido. Na varanda ia ficar escrevendo as músicas. Naquela cozinha que ele iria bagunçar tudo.
— É por isso que só você pode ajudá-lo. Você consegue ler o jeito imprevisível dele de uma forma tão forte que é engraçado. Essa casa é importante para ele. Era para cá que ele corria quando queria sumir. Ninguém sabia, eu só imaginava. Você sabia dos planos dele?
Ela parou quando ele fez a pergunta. Ficou parada e balançou levemente a cabeça fazendo que não. Uma pequena mentira, mas precisava ouvir de Patrick a verdade da parte de Adam.
— Seria seu presente de casamento. O presente perfeito para o pedido que ele não pôde fazer. – Depois de um tempo, Patrick dirigiu-se à Aline outra vez. – Aqui estão as chaves da casa e do portão. Há também as chaves do seu carro.
Ela olhou surpresa para Patrick.
— Meu carro?
— Ora, achou que você teria uma casa e não um carro? Adam o comprou na mesma época da casa, está tudo certo com ele, use. Quando for sair com ele, vá pelo portão de trás, está melhor. Depois vou mandar alguém vir para dar um jeito nas ferrugens do portão, ou colocar um automático.
— Eu não disse que ficaria.
— Se quiser ir é só fechar a porta e sair. A escolha é sua.
°°°
Ela não partiu. Seu corpo simplesmente se recusou a partir e naquele momento de silêncio ela apenas se permitiu sorrir. Afinal deviria estar louca, havia prometido que não entraria mais na vida de Adam e que não o deixaria mais entrar na sua. E agora lá estava ela na casa que seria deles dois.
°°°
Flashback on
O sol invadiu o quarto fazendo os que dormiam a sono solto no quarto acordarem a contra gosto. Ele apenas fechou os olhos novamente enquanto ostentava um sorriso, ela por sua vez permaneceu deitada ao seu lado, com o braço em seu abdômen e o rosto apoiado em seu peito.
— Temos que levantar. Daqui a pouco irão começar a ligar.
— Que liguem. Não quero sair daqui.
Ela apenas riu enquanto ele a observava, os cabelos azulados e compridos espalhados pelo travesseiro e pela coberta, a pele alva e delicada. Ela ficava ainda mais linda durante a manhã.
— Você sabe que talvez este seja nosso último dia juntos não é?
— Não importa o que seu pai queira fazer, não vou deixar que ele a afaste de mim.
— Você sabe que um casamento arranjado me espera. Não posso fugir disso.
— Isso é injusto, ele praticamente jogou a responsabilidade em suas costas. Ou você se casa com um velho para salvar a empresa ou a sua família vai falir. Você não é um produto que ele possa negociar e estimar um preço.
— 10 bilhões é um bom preço. - Ela disse com a voz carregada de deboche e logo após começou a rir.
— Não seja boba. Se é assim eu dou o meu lance.
Agora por sua vez ela levantou o rosto e o encarou curiosa.
— Minha mãe vem demonstrando interessa na estrutura da empresa da sua família há alguns meses, vocês têm patentes muito boas que poderiam cair muito bem com os projetos que ela tem na mesa.
— Não brinque desse jeito. Eu posso acreditar.
— Não estou brincando, esqueceu que por mais que eu tenha minhas aventuras, a senhora Jhonson já cismou de me colocar a par dos negócios? A sua Volmir Tech tem um valor de mercado alto, mais com as ações em baixa por causa das dívidas. Minha mãe pode comprar até 64% das ações. Isso cobriria as ações da sua família, as dívidas e seu pai ainda embolsaria muito.
— Ele não aceitaria.
— Tem muitos modos de se fazer um negócio, Aline.
Flashback off
°°°
— Aline, por que não foi para o quarto? Você deve estar toda dolorida.
— Estou bem, desculpe por te preocupar.
— Vamos tomar café. Patrick já abasteceu a dispensa, fiz algumas torradas, do jeito que você gosta. – Yara sorriu daquela maneira de sempre. De mãe.
— Eu sonhei com ele.
Yara a olhou curiosa. Havia ido dormir lá a pedido de Patrick, para Aline não ficar sozinha.
— Com a noite que passamos juntos no apartamento que era do pai dele, quando começou a confusão toda.
— Naquela época que seu pai te mandou para os Estados Unidos?
— Sim.
— Ainda não entendo por que ele fez aquilo.
— Eu estava de casamento marcado.
Ela se engasgou com o café.
— COMO ASSIM DE CASAMENTO MARCADO?
— A empresa da minha família estava endividada até o pescoço por causa de uma multa de quebra de patente. Meu pai tinha feito um acordo “as escuras” com o credor. Eu casaria com ele em troca do perdão da dívida. Eu acabei por contar isso ao Adam na época em que saíamos escondido. Pouco tempo depois a mãe dele comprou a empresa do meu pai, mas mesmo com a dívida com o credor paga e ele com um lucro absurdo no bolso, ele queria que nós cumpríssemos nossa parte do acordo. Se meu tio não se envolvesse tomando o lugar do meu pai na negociação, até hoje estaria casada com aquele velho. – Aline usou um tom mais descontraído no final.
Yara se calou, sabia que agora se fizesse perguntas, só iria fazer Aline fugir.
Após o café, Yara foi para casa e Aline ficou. Estava saindo para a varanda quando sentiu o celular tocar. Viu no visor que era Patrick.
— Oi?
— Aline é a Vanessa, Patrick esqueceu o celular. Ele pediu para ligar, quer que você vá ao hospital.
— P... Por quê?
— Não sei, ele apenas pediu isso.
°°°
Aline vestiu uma calça jeans, uma blusa simples branca e um sobretudo rosa claro na bolsa que tinha trazido. Pegou o carro da garagem e saiu.
No hospital, viu Patrick que a encaminhou ao quarto onde Adam estava. Era uma suíte média. Aline viu que Adam a observava curioso.
— Desculpe, entrei sem avisar.
— Eu conheço você?
— Sim. Você me conhecia. – Aline falou com pesar na voz. Aquilo havia magoado mais do que imaginava.
— Hm... Desculpe, mas como pode ver não me lembro de nada.
— Eu já fui informada disso.
— Você é algum familiar?
— Não... Sou uma... Amiga de infância. Vou ficar com você até que se recupere, estou cuidando da sua casa.
— Eu agradeço.
Adam não estava completamente curado. Tinha a respiração um pouco ofegante, um braço e perna imobilizados também.
— Qual é o seu nome?
— Aline. Volmir Aline.
— Volmir... Aline. - Ele repetiu essas duas palavras em sua mente e um estalo veio na mesma hora. Algo quente, suave, mas que ao mesmo tempo doía, como se estivesse imensamente magoado - Estranho.
— O que?
— Seu nome. Parece que você é alguém importante, mas ao mesmo tempo parece que eu estou triste com você. – Aline foi à janela e a abriu, deixando um pouco de sol entrar no ambiente iluminado artificialmente. Aquilo trouxe alguns flashes na cabeça de Adam. Poucos, quase nada.
— Nós fomos namorados por um tempo, mas hoje nós seguimos caminhos diferentes.
— O que houve?
— É melhor que você não se lembre disso. Para falar a verdade, eu também queria apagar da minha mente. – Aline sentou-se na cadeira ao lado dele.
Adam se aproximou em silêncio. Aline viu ele tocar em seu cabelo, mas não fez nada. Não resistiria estar tão perto dele. Castigando-se mentalmente, ela se aproximou. Sentia a respiração pesada dele ao mesmo tempo em que várias sensações passavam ligeiras pelo seu corpo. Era tarde para desfazer o momento. Adam levou a mão à sua face alva, e novamente ela não mostrou resistência alguma, apenas fechou os olhos. Adam aproximou os lábios dos dela e a beijou devagar. Sentiu então, algumas lágrimas misturarem-se ao sabor da boca dela. Estava confuso demais e Aline o empurrou e distanciou-se dele.
— Nunca mais faça isso.
Adam sentiu uma dor na cabeça, mas ignorou. Só queria entender o que ela significava para ele, o que sentia por aquela mulher que parecia tão magoada com ele. E mais: Queria entender porque havia beijado a moça.