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Between Love and Music

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Blurb

Adam e Alana eram um casal insepravel, mas após ter seu maior sonho realizado: o sucesso de sua banda, o relacionamento acaba chegando ao fim. Adam depois de meses, começa a viver sua vida de uma maneira mediocre e constata que a fama não lhe daria tudo, nem mesmo o amor que perdeu, ou quem sabe ainda não estava tão perdido como imaginava.

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Capítulo 1
Era noite em Nova York. O começo de uma bela noite já que a neve finalmente tinha dado uma trégua. Lá fora as estrelas e a lua brilhavam forte. Uma noite linda, mas ele não via. Preferiu manter as cortinas fechadas, continuar no escuro. Talvez por querer um pouco de privacidade ou para não ver no que a sua vida se resumia.Adam  estava deitado e debaixo dos cobertores, sentia uma moça abraçada a ele. Infelizmente, não sabia nem seu nome, de onde vinha ou muito menos o que fazia de sua vida. Interrompendo seu momento preguiçoso, ouviu o celular tocar anunciando Patrick. Consultou o relógio e viu que marcava nove da noite: em cima da hora. Livrando-se do cobertor, deixou a moça dormir enquanto seguia para o banheiro e só então percebia sua nudez. Deu de ombros e entrou debaixo do chuveiro onde uma ducha quente e forte bateu em suas costas o fazendo acordar. O banho não demorou muito, tinha pouco tempo. Saiu apressado secando o corpo e escovou os dentes para logo após começar a vestir a roupa que o figurinista deixou em seu quarto pela manhã: Uma calça justa preta, blusa cinza e um paletó esportivo preto. Passando a mão nos cabelos ainda um pouco molhados, devolvendo sua rebeldia natural, caminhou para a cama onde calçou um sapatênis branco, colocou o relógio, o bracelete de couro e saiu. Sem olhar para trás foi embora fechando a porta. Adam pegou o elevador que era quase em frente à sua suíte e chegou logo ao saguão onde encontrou os amigos. O primeiro a avistar foi Jhonny, o baterista. Estava vestido com uma calça jeans clara e uma blusa branca junto de um colete bege. O cabelo vermelho natural chamava atenção e duas argolinhas de cor prata em uma das orelhas terminavam de compor o seu estilo. Ao lado de Jhonny, estava Caius, o baixista. Sua velha expressão de tédio o deixava sempre engraçado. Ele trajava uma saruel bege e uma blusa de tecido branca por baixo de um colete aberto preto. Um pouco longe dos demais e falando ao telefone estava Patrick, o guitarrista, back vocal e melhor amigo de Adam . Sobretudo n***o, blusa e calça branca acompanhada do colar prata, compunham seu figurino da noite. Eram todos amigos de infância, mas por algum motivo, eles m*l se cumprimentaram. Talvez fosse o cansaço da turnê, ou apenas a indiferença do vocalista para com o resto da banda, seus melhores amigos... — Vamos garotos, está na hora! Do outro lado do corredor vinha Jhonatan, com o seu jeito sempre ativo e alegre. Diferente dos rapazes trajava terno e gravata e tinha os cabelos perfeitamente arrumados num r**o de cavalo. Passou à frente dos garotos, abrindo a porta do hotel e fazendo com que eles o seguissem pelo pequeno caminho até a vã de grande porte n***a que os aguardava. Um número bem considerável de pessoas os aguardava. Como previsto, estavam os esperando e tentando burlar a barreira feita pelos seguranças. Jhonatan entrou pela porta ao lado do motorista, e os garotos na parte de trás do carro. Os membros da banda distribuíram sorrisos e acenos aos fãs, exceto Adam , que prosseguiu com as mãos no bolso, calado, não fazendo nada além de andar. Foi o primeiro a entrar na vã, sendo seguido pelos outros. O motorista acelerou, já estavam bem atrasados. Com certa dificuldade, atravessaram a cidade e chegaram ainda mais atrasados ao local onde seria o show, uma casa de rock conhecida no país. Sem tempo para o aquecimento, e também já exaustos, foram atrás de tomar suas posições. Em meio a todas aquelas pessoas que trabalhavam apressadas para que nada desse errado, se prepararam e esperaram ser anunciados para entrarem no palco. Milhares de pessoas estavam ali e quando as luzes acenderam puderam ver o quão eufóricas e frenéticas estavam a espera da banda iniciar o tão esperado show da turnê agora em Nova York. Era assim por onde passavam. Lugares cheios, gritos, desmaios, fãs loucas que furavam o bloqueio para subir ao palco e quem sabe agarrar um deles. Numa perfeita sincronia começaram a primeira das dez músicas que seriam cantadas na noite. O sonho daqueles quatro estava realizado. O sonho de Adam  estava realizado. O que ele não entendia era o vazio que sempre o preenchia. E estava sendo assim desde o primeiro show, o lançamento do primeiro CD, da gravação e anúncio de lançamento do DVD... Quando a turnê começou, a situação só fez piorar. Estava sempre acordando ao lado de uma garota desconhecida, sempre na esperança de encontrá-la... Foi assim em Madri, Paris, Moscou, e agora em Nova York... Seria assim nas cidades restantes? Seria assim em São Paulo e Tókio? Ele não sabia, e não queria pensar nisso... Não mais. A segunda música era uma das de sua autoria, era uma musica que ele não compreendia. Que ele não aceitava...   Aquelas palavras acabavam com ele. As outras nove músicas foram tocadas e o show acabou por volta de pouco mais de onze da noite. Saíram do palco e tiveram alguns poucos minutos para o que Jhonatan chamava de banho relâmpago e foram o mais rápido possível para o jato que os esperava numa área particular do aeroporto internacional. O destino agora era São Paulo e estariam lá em poucas horas, o que devia ser suficiente para um descanso rápido. O jato decolou logo. Caius dormia esparramado numa das grandes poltronas azuis, Jhonny cochilava com um livro sobre o peito de forma discreta. Patrick comia um sanduíche calmamente e Jhonatan estava em outro compartimento.Adam  não fazia nada, apenas olhava pela janela. Não tinha sono ou fome, só buscava algo para se distrair. —Adam ? - Patrick, que havia terminado a refeição, sacudiuAdam . — Hã? O que foi Patrick? -Adam  indagou ainda imerso em pensamentos. — Por que você não a procura? – Ele foi direto, como ninguém havia sido nos últimos nove meses, deixando Adam  surpreso. — Por que eu teria alguém para procurar? – Tentou esquivar-se como sempre fazia com as perguntas relacionadas a esse assunto. —Adam , você está sempre com uma garota diferente. Acorda. — Isso é algum crime? –Adam  ironizava, cortando Patrick. — Não disse isso. Você pelo menos sabe o nome de alguma delas? Você pelo menos sabe onde as encontra? –Adam  ficava calado. – Claro que não. Você está sempre bêbado demais para se lembrar, e quando acorda foge da vida como vem fazendo nos últimos meses. Você está sempre a procurando não é? Tentando achar alguém como ela. — Por que eu faria isso? - Tentava fazer-se de indiferente, mesmo sabendo que perante aos olhos de Patrick, isso não seria possível. — Você a ama, i*****l! Foi para ela que você fez as músicas. — Não começa com isso Patrick... -Adam  tentava fugir da encurralada em que Patrick o deixara. — Ou é isso, ou você ficou apenas louco! Desde que vocês terminaram no começo do ano você mudou, não fala com ninguém, m*l liga para sua família... — Já passou pela sua cabeça que eu posso estar simplesmente cansado? — Essa desculpa é do Caius... Pelo amor de deus, Adam ! Foi você quem formou a banda! Foi você quem perturbou todos para que isso desse certo, e agora você simplesmente desiste? Desde criança você sempre foi o mais insistente e teimoso, por mais que uma ideia desse errado você não desistia, continuava a tentar até que tudo desse certo! - O silêncio reinou entre os dois. — Se você tivesse que escolher entre o amor e a música, qual escolheria? Qual seria mais suficiente? —Adam ... Nós vivemos disso! Tocar, cantar, compor... Não é apenas um trabalho ou um hobby para nós, é a nossa vida! Mas nós morreríamos aos poucos sem um dos dois... — Eu achei que a música seria suficiente, achei que cantar, viajar pelo mundo, conhecer pessoas e lugares seria suficiente para esquecer... Mas eu estava errado. - Não conseguiu continuar, estava sufocado pela própria voz, pelas próprias lágrimas que queriam sair, mas ele não permitia. Logo o silêncio permaneceu absoluto no avião. Todos dormiam, já que o cansaço finalmente falava mais alto. São Paulo seria uma das cidades mais corridas, assim como foi em Nova York. Lá, chegariam e iam direto para o local onde seria o show, onde se arrumariam. Logo após iriam direto para Tóquio onde teriam um descanso de quatro dias para o ultimo show da turnê, o mais esperado de todos. Jhonatan, o empresário da banda fez de tudo para deixar Tóquio por último, afinal de contas, o Japão ainda era a residência dos garotos, e deixar a cidade como a última daria um pouco mais de tranquilidade a eles. Em São Paulo, tudo foi realmente tão corrido quanto o esperado. Chegaram ao aeroporto e foram direto para o local do show, onde tiveram apenas alguns poucos minutos para ensaiarem e se arrumarem também. Aquele seria também o show mais comprido, a banda tocaria todas as músicas dos dois CD's já lançados, o que girava em torno de vinte e quatro músicas. Quando entraram no palco sentiram uma boa diferença, já que tinha o dobro de pessoas da cidade mais cheia que havia sido Nova York. A maioria segurava algo fluorescente, o que dava um destaque incrível à grande plateia. Quando as luzes se apagaram sobrando apenas a iluminação do palco, a gritaria e euforia continuaram sem controle até Patrick e Jhonny começarem o ritmo da primeira música. Naquele momento só se escutou a musica, só se cantou e se sentiu a música. Algo perfeito, como todos eles sempre sonharam. A animação não cessou durante todo o show. Todos cantavam junto com Adam , animavam-se junto a ele. O número de histéricas foi bem maior também; elas faziam o impossível para burlar o bloqueio em atitudes frustradas de agarrar um dos integrantes. Queriam abraçá-los, tirar fotos, antes que os seguranças as tirassem do palco, mas Patrick como sempre fazia, deixava que uma ficasse do seu lado durante o final do show. E por falar em final, parecia que Adam  tinha se importado um pouco com o que Patrick disse. Terminaram a última música apenas com o solo vocal, já que todos deixaram o palco para terminar o show perto da plateia. Foi preciso o dobro de seguranças para que aquela loucura deles não terminasse com um monte de loucas passando por cima dos seguranças. Quando as luzes começavam a se apagar,Adam  chamou todos de volta ao palco, para a surpresa de todos ali que já se moviam para sair... — Ainda temos uma música! Ela é inédita! Ele olhou para Patrick e os outros, tinham feito o ritmo às pressas no final da viagem e m*l puderam ensaiar aquela música que Adam  compusera durante a viagem. Mas sempre se entendiam com seus improvisos, dessa vez não seria diferente. — The Script – For the first time – Boyce Avenue Cover.) Ao final da música, eles ouviram apenas uma seção de aplausos e gritos histéricos até as luzes do palco se apagarem e eles saírem, suados, cansados, exaustos... — Vocês estão loucos? Improvisar uma música nova assim? – Disse Jhonatan um tanto nervoso pela decisão dos garotos. — Relaxa Jhonatan, deu tudo certo não foi? – Respondeu Jhonny. — É verdade, para uma música que ensaiamos apenas de boca ficou ótimo... – Completou Caius. — Tá, Tá, pelo menos tudo saiu bem... –Jhonatan aliviava-se – Bom, mas agora quero todos se apressando, temos que partir em uma hora! A gravação do segundo DVD termina em Tóquio e vocês ainda tem muita coisa para gravar! Muito longe de onde os garotos estavam, alguém assistia TV enquanto revisava várias papeladas sentada no sofá. Até que ela parou quando ouviu algo que chamou a sua atenção. — Terminou agora em São Paulo o penúltimo show da turnê Eternal, da Banda fenômeno Midnight! O show bateu o recorde de público da turnê contando com 410 mil pessoas! A Midnight é a banda mais jovem da história a bater a média de 400 mil pessoas, entrando assim para a história da musica internacional. A banda é formada por quatro garotos j*******s que cresceram nos E.U.A., onde estudaram e se formaram. Com apenas dois CDs lançados, eles bateram o número de 95 milhões de cópias vendidas... Aline desligou a TV, não queria continuar vendo aquilo. Logo após, alguém se sentou ao seu lado. — Vendo sobre a Midnight? - Vanessa interrogava. — Sabe que não. - Aline mostrou uma indiferença repleta de seriedade. — Patrick já reservou um camarote para nós, você vai? - Perguntava na esperança de que Aline, dessa vez, fosse. — Não. Você sabe que não vou Vanessa. Vanessa bufou. Fazia tempos que tentava descobrir o porquê de toda aquela briga entreAdam  e ela, mas não conseguia tirar nada da amiga, por mais que tentasse. — Aline, você não vai contar o que aconteceu? — De novo com isso Vanessa? — Claro! Eles cresceram com a gente esqueceu?. Você e o Adam  estavam tão bem antes da banda ser formada... O que aconteceu com vocês Aline? — Já disse que nós terminamos! – Ela levantou nervosa. Era raro ver Aline daquele jeito e Vanessa sabia que para a amiga estar assim, era realmente algo que ela não queria contar, algo grave. — Tudo bem... Se você não quer contar, é um direito seu. Mas acho que guardar tudo isso para si não vai ajudar em nada. Vanessa levantou e começou a andar, mas antes que saísse da sala, viu que a Volmir sentou-se e começou a chorar. De imediato voltou, e sentou-se ao lado de Aline abraçando-a fortemente. Não diria nada, não faria perguntas... Conhecia Aline desde os quatro anos, assim como conhecia Yara. Das três, Aline sempre foi a mais reservada. Quando algo lhe afligia muito ela chorava, contando o porquê ou não. Desde que terminaram os estudos e voltaram para o Japão, as três decidiram começar a trabalhar enquanto continuavam os estudos e acabaram por dividir aquele apartamento. Depois que a Midnight foi formada, ela e Adam  terminaram o namoro recém-iniciado, tinham apenas seis meses de relacionamento, e desde então ambos mudaram muito, e não mais se falaram. Quando se reuniam, ela ou Adam  se ausentaram... Não tinham se visto nem mesmo uma vez depois que terminaram. Embora a banda sempre estivesse na TV, Aline sempre a desligava ou ignorava o aparelho. O choro cessou, ela saiu do abraço e ficou olhando para o chão para alguns momentos. — Não sei bem como nossos erros nos destruíram... Vanessa pode notar o tom de voz triste dela, mas ouvia curiosa e atenta. — Como assim Aline? — Não... Não é nada... Esquece... "Quase!" Foi o que Vanessa pensou. Por um momento, ela quase disse... ------     Dois dias após aquela meia conversa de Vanessa e Aline, a banda já estava em Tóquio e naquele momento estavam reunidos com as garotas numa restaurante. Como de praxe Aline não estava lá, preferiu ficar em casa alegando que nevava muito em Tóquio e ela não se sentia bem. Aline vestia apenas um pijama moletom lilás clarinho, e estava quase adormecida no sofá, enrolada em um edredom e vendo TV. Era por volta das duas da manhã quando ela ouviu a campainha tocar. — Hã? Quem é a essa hora? Será que elas perderam as chaves? - Levantou-se preguiçosamente levando consigo o cobertor e o controle da TV. — Sa... O controle da TV escapou da sua mão, assim como o cobertor... O que diabos ele fazia ali? — Na...Adam ? Ele estava lá, parado frente à porta, mantinha um meio sorriso, como se estivesse desconfortável. Ela não entendia, por que ele estava ali? Quando viu que Adam  fazia menção de dizer algo, fechou a porta com força e a trancou. Não queria ouvir nada do que ele queria dizer, não queria sofrer novamente. Embora se sentisse ainda pior com aquilo,Adam  sabia que esse seria o resultado... Mas pelo menos tinha finalmente visto como ela estava, visto seu rosto. Estava a mesma de sempre. Sempre linda. Por fim, colocou as mãos nos bolsos de seu sobretudo e seguiu pelo corredor indo na direção do elevador, mas por algum motivo ele parou. Suas pernas levaram-no de volta àquela porta quase inconscientemente. E novamente ele bateu à porta. Ela a abriu, mas dessa vez deixou apenas uma fresta e escondeu-se atrás da mesma. — O que você quer Adam ? - Aline mantinha um tom sério. — Desculpe pela hora... Mas os outros estão reunidos... Eu não queria ficar lá sozinho, pensei em conversar um pouco... Talvez... -Adam  não sabia o que falar. Aline respirou fundo, não sabia se era o certo, mas como sempre ele conseguia fazer com que ela cedesse aos seus pedidos. Era por isso que fugia dele, por isso que o evitava... Sabia que seu coração ainda o queria de todo jeito. — Entre, está frio ai fora. Você vai acabar pegando um resfriado assim... Devia ser mais cuidadoso com sua saúde. - Aline dizia enquanto abria a porta e dava passagem para o loiro entrar.   Ele entrou e fechou a porta atrás de si. Tirou seus sapatos, seu sobretudo preto e o cachecol cinza que usava por cima da blusa branca. Aline foi à cozinha e ele logo apareceu recostado à porta olhando para ela. — Se me lembro bem você gosta com bastante chocolate não é? Pode esperar na sala se quiser... - Aline falava enquanto preparava um chocolate quente para os dois. Ele sorriu timidamente e deixou-a sozinha na cozinha. Sentou-se no sofá preto que havia na sala e pouco mais de dez minutos depois Aline apareceu na sala com duas canecas na mão e entregou uma a ele. — Está ótimo, obrigado. - Falou depois de tomar um generoso gole da bebida. —Adam , por que você está aqui? - Aline não pôde evitar a pergunta. Adam não sabia ao certo o que dizer, bebeu mais um pouco do seu chocolate quente e pôs-se a fitar o chão. — Eu preciso conversar com alguém... -Adam  baixava a guarda. — O que está acontecendo? — Eu estou acabando com a minha vida, Aline. – O tom de voz dele saiu triste, trêmulo. — Do que está falando Adam ? A banda é um sucesso, vocês estão fazendo o que gostam. — De que adianta tudo isso? Eu não consigo ser feliz. — Por que Adam ? O que está te faltando? — Você. Ambos calaram-se por longos minutos, até Aline quebrar o silêncio. — Por que quer voltar nesse assunto? - Deixava transparecer uma grande mágoa em sua voz. — Eu procuro você todos os dias... Em todas as pessoas, em todos os lugares... Todos os dias eu apenas me afundo mais e mais nessa melancolia. Não importa o quanto eu procure... Nunca, nunca acho alguém como você Aline... Eu procurei mesmo. Eu procurei por alguém que me fizesse esquecer você, mas todas as vezes que eu me deito com alguém só me machuco mais. Eram as palavras que ela não queria ouvir, as palavras que ela não suportaria ouvir. Seu coração batia tão machucado que ela sentia sua alma despedaçar e a cada lágrima que ele deixava correr era como se um pedaço da Volmir fosse de encontro ao chão junto com ela. — Não vamos voltar a esse assunto, por favor... Já nos machucamos muito... Já gritamos um com o outro, já discutimos mais que o possível, já colocamos a culpa um no outro... Acabamos com nossa amizade, acabamos com tudo que tínhamos de bom... Por favor,Adam ... Pare... - Aline já cedia às lágrimas. — Sabe. Eu odeio o quanto eu te amo. - Respirou fundo e secando suas lágrimas levantou-se, deixando a caneca na mesa de vidro que ficava no centro da sala de estar. - Desculpe, não devia ter vindo aqui, não é? - Virou-se e calçou rapidamente seus sapatos, pegou seu cachecol e seu sobretudo, indo rapidamente em direção à saída, visivelmente atordoado. Aline fitava-o. Queria dizer algo, e até estava começando a fazê-lo quando Adam  já passava a porta. Outra vez, ele a deixava sozinha. Levantou-se rápido, na esperança de ainda alcançá-lo, mas era tarde. Apenas o corredor vazio estava lá. Ela respirou fundo. Ficou parada à porta, esperando por quem não voltaria. Arrasada outra vez. No dia seguinte, Aline foi a primeira a acordar, como sempre era após as outras se reunirem com os garotos. Como elas caíam e dormiam no primeiro lugar que viam, a casa estava uma bagunça, mas notou que faltava alguém, não viu Vanessa. Pôde ouvir um barulho de copo quebrando e correu para a cozinha. Viu a amiga paralisada com o telefone na mão, a TV pequena ligada no mudo para não acordar as outras. Aline não reparou em mais nada, apenas puxou Vanessa para trás a fim de impedir que a amiga pisasse nos cacos de vidro espalhados pelo chão. — Vanessa o que houve? Vanessa? - Aline sacolejava a rosada, tentando obter alguma resposta. A jovem de cabelos rosados apenas apontou para a TV. Após ler a noticia que estava na barra de informações do jornal local ela apenas repetiu a atitude da amiga, ficando em choque. Logo após o telefone da casa começou a tocar, até parar já que ninguém atendeu. Yara, incomodada com o barulho, apareceu na cozinha procurando pelas amigas, quando se deparou com Aline já em choro profundo. — Meu Deus, o que houve com vocês duas? - Indagava assustada. Yara olhou para a notícia na TV, passou pelos cacos no chão e aumentou o volume da mesma. — Foi encontrado nessa manhã, na estrada Interestadual norte, o carro do vocalista da banda Midnight. Não se sabe o estado do vocalista Adam Jhonson. Segundo a perícia da polícia local, o jovem de apenas 18 anos derrapou no asfalto congelado. O carro quebrou a mureta de segurança e despencou pelo desfiladeiro e graças a um motorista local que passava por ali a polícia encontrou o carro cerca de 100 metros abaixo da estrada. Não foi possível gravar imagens do carro, mas segundo as testemunhas, a Ferrari do vocalista ficou irreconhecível sendo classificada pelos bombeiros como monte de ferro retorcido. Ainda não há nenhuma informação sobre o estado de saúde do vocalista...   — Meu deus... Vanessa! Você ligou para o Patrick? Vanessa! Vanessa não respondia, assim como Aline estava paralisada... Yara por sua vez pegou seu celular e ligou para Jhonny, que ainda não sabia assim como os outros dois amigos. Ligaram a TV apressados enquanto tentavam se comunicar com Jhonatan... Tudo aquilo parecia surreal demais!   Três horas passaram-se e no corredor de espera, só havia silêncio. Os outros membros da banda, alguns pais, o pai e a mãe de Adam  e as garotas estavam presentes enquanto era possível ouvir Jhonatan falar com a imprensa. Foi preciso a polícia fazer um cerco no hospital para impedir a entrada de fãs e dos repórteres. Mesmo assim, alguns deles conseguiram entrar e era Jhonatan quem os levava embora dando algumas explicações. — Desculpe Cassandra... Já pedi para a polícia deixar apenas os médicos passarem pelos corredores. Ela nada disse, apenas permanecia abraçada a Charlie enquanto continuava a chorar. Ninguém ali conseguia entender o porquê daquilo acontecer e esperavam ansiosos por alguma simples notícia do garoto. Por mais uma hora aquele clima continuou, até que um dos médicos chamou por Jhonatan e Charlie num lugar mais afastado dos que ali estavam. — E então doutor? – Perguntou o loiro aflito. — Jhonson , desculpe, mas a recuperação vai depender somente dele.Adam  chegou aqui em estado extremamente grave. Perdeu muito sangue, estava com hipotermia, muitos cortes, ferimentos graves, ossos quebrados... Houveram danos sérios à caixa torácica dele e está respirando por aparelhos. E além disso... Ele está em estado de coma. Teremos que esperar os próximos dias para saber o que irá acontecer. — Coma? Charlie... Por favor, leve a Cassandra para casa, vai ser melhor. Doutor, quando ele poderá receber visitas? — Jhonatan , não posso estipular um prazo ou limite.Adam  ainda está em estado grave, primeiro temos que acompanhar a recuperação da cirurgia, para depois ver a reação do corpo dele e só então as visitas serão liberadas.   Com a conversa encerrada, Jhonatan saiu da ala da CTI com Charlie que trazia Cassandra para levá-la embora. Jhonatan por sua vez, explicou aos pais ali presentes a situação e logo após pediu que os garotos e as garotas o encontrassem no apartamento que as garotas dividiam. Pediu também que eles dessem a maior volta possível e despistassem a imprensa.   Já no apartamento que as garotas dividiam, todos esperavam ali aflitos para que Jhonatan finalmente fizesse algum pronunciamento. — Desculpem por fazer esse mistério, mas não queria dizer isso lá no hospital. Havia muita gente não conhecida e eu não quero que essa informação vaze agora. Vou esperar Charlie levar Cassandra embora e quando eles estiverem na casa de praia que é longe de tudo e de todos, eu vou divulgar a notícia à imprensa. Antes eu quero dizer isso para vocês que são amigos dele de longa data... Adam se machucou muito. Sofreu ferimentos nos pulmões, na cabeça, teve alguns ossos fraturados. Ele passou por várias cirurgias desde que o encontraram. O pior disso tudo é que ele está em coma... Os médicos não sabem ainda quanto tempo durará isso tudo e ainda não tem previsão de quando ele poderá receber visitas... Bem, para a banda, o último show está cancelado, e a gravação do DVD suspensa... Mas não se preocupem com essas coisas. Cuidem de vocês, tentem se distrair por esses dias. Qualquer novidade que eu souber dos médicos, irei avisar logo a vocês. Ele retirou-se do apartamento, e os pensamentos começaram. "Como pode? Ontem ele estava ali, bem e saudável..." Essa frase rondava a cabeça de todos que se faziam presentes ali naquela sala. Segundos após a saída de Jhonatan, Aline se levantou, foi para o seu quarto e se trancou. À medida que o tempo passava e o frio aumentava, Vanessa e Yara foram à cozinha. Fizeram chá, café e chocolate quente, levaram para a sala e logo os casais ali reunidos estavam sentados pela sala, encostados nas paredes, ou agarrados um ao outro debaixo de um edredom. — Vanessa, é melhor você ir ver a Aline. - Patrick falava ainda abraçado à namorada, que estava recostada em seu peito. — Não sei Patrick... Ela não vai abrir a porta. — Vai por mim, dê um jeito de entrar. Ela deve estar se sentido culpada. — Por quê? - Vanessa tirou a cabeça do peito de Patrick e olhou séria para ele. — De madrugada, enquanto estávamos jantando, Adam  veio até aqui. Veio falar com ela. Quando foi embora me mandou uma mensagem dizendo para não esperá-lo porque ia dar uma volta por aí para refrescar a cabeça. Vanessa suspirou e foi em seu quarto. Pegou a chave mestra que tinha e foi até o quarto de Aline, onde comprovou que estava trancado. Bateu uma, duas, três vezes. Chamou, mas ela nem respondia. Decidiu então abrir a porta e o fez. Entrou e viu que ela estava sentada na cama, encostada na parede e enrolada em um cobertor. — Você está bem? — Não... Isso é tudo culpa minha... Como sempre eu só estrago as coisas... - Aline já tinha o rosto e olhos vermelhos, lábios inchados de tanto chorar. — Aline... — Ele veio aqui. Tentou conversar, só que como sempre eu estraguei tudo... Eu não devia tê-lo deixado ir embora... — Você não podia adivinhar que isso iria acontecer... — Sim eu devia Vanessa... Você o conhece, sabe que quando está irritado, não pensa direito. Quando ele saiu estava a maior nevasca... E agora Vanessa? E se ele nunca mais acordar? Eu arruinei a vida dele... Destruí o sonho dele... Eu não devia ter entrado na vida dele... Nunca... - Foi a última palavra que disse antes de desatar num choro agonizante.    

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