Líderes, parte II

551 Words
Uma coisa é certa. Eu não faria vocês perderem tempo para ler o meu trajeto na escola se algo importante ou estranho acontecesse no caminho a ponto de eu querer compartilhar. Nesse caso, eu acho que foi mais estranho do que importante. Acontece que, em meus devaneios, pensando na vida e em pegar algum gringo lindo, loiro de olhos azuis e ser rica prematuramente, acabei me desviando um pouco do caminho. Passei por algumas ruas e avenidas feito uma quenga sem dono até me perder. Foi então que parei o Skate perto de um beco em um bairro meio deserto, estreitei os olhos e vi a bandeira dos estados unidos ao longe, balançando, no mastro do colégio. Só assim me situei e prossegui. Até... — Acabou para você! Achou que eu não iria te pegar? — Uma voz máscula, bem máscula e marginalizada ecoou. Olhei a frente naquele beco próximo a mim. A curiosidade matou o gato, eu sei. Mas se eu morrer, o livro acaba, então fui sem medo. Me esgueirei feito uma vizinha fofoqueira e arrastei as costas até a beirada e olhei de lado. — Depois de quantos anos de perseguição? — A vítima zombou. Eram dois homens. Um feio e outro bonito. Um rapaz cheio de tatuagens que quase lhe cobria inteiro, olhos tão claros quanto os cabelos e um brinco do que parecia ser algo valioso na orelha esquerda. Físico bem encorpado, um forte sotaque britânico e vestia roupas de couro, porém, algumas partes rasgadas nos jeans. Devia ser estilo, ou, falta de linha e agulha em casa. Optei pela primeira opção. O outro era velho, tatuado, parecia um motoqueiro devido a jaqueta com um nome escrito “porcos da fornalha”. Estava de costas para mim e de frente para o bonitão. Barba longa e meio careca, mas, dava para perceber que era bem, bem... Perigoso. Apontava uma pistola calibre 12 na frente do garoto. E o pior era que eu ia chegar atrasada na escola, então fui breve. Rápida e silenciosa feito uma cobra, corri na direção das costas do malfeitor que já estavam de frente para mim, apliquei-lhe um bom chute por trás, no meio das pernas em seus bagos e quando ele gemeu de dor, imobilizei seu pulso e mirei para cima. Ele atirou e o barulho fez alguns gatos nos contêineres de lixo saírem miando, esganiçados. Sem ter muito tempo, esmurrei o seu pulso, ele largou a arma e chutei na direção do loiro (ou castanho claro, o excesso de gel não me deixava distinguir bem) que ficou me olhando impressionado por segundos, como se congelasse no tempo. — A ARMA! — Eu resmunguei enquanto prendia o velho nos braços. — Pegue a arma, arrombado, deixa de ser lerdo, c*****o! — Revirei os olhos e só então ele correu, segurou e apontou para o bandido. — Parece que o jogo virou, não é mesmo? — Com um sorriso confiante, o rapaz o ameaçava. — Mas que droga! — Entredentes, vociferou o velho. — De nada?! — Eu ironizei, olhei o relógio e faltava poucos minutos. — Ele é todo seu agora. Soltei o bandido, subi no Skate e parti. — Qual seu nome? — Gritou o rapaz tatuado. — Não interessa, vá se f***r! — Gritei em resposta e acelerei.
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