Varinha mágic, parte II

1195 Words
Certo! Eu tinha que começar por algum lugar. Convencer o pai de Donnie não seria nada... NADA fácil. Se o filho já era impossível, imagina quem o criou. Eu agradecia tanto a Deus por ele não ser meu par e muito menos ter aquele homem como sogro. Seria terrível e olha que minha situação já era complicada desde que cheguei na CA. Estava deitada em uma espécie de cama. Ao meu lado, um rapaz de barba, tatuagens, lenço na cabeça e jaqueta de couro. Black não sabia de maneira alguma levar uma garota para passear. Ao invés de um cineminha, fui até um estúdio de tatuagem. — Essas tatuagens não são permanentes. Mas, você precisa se vestir como uma Gangster se quiser causar uma boa impressão. — Ele disse. — Essa frase tem mais contradições do que as leis do Brasil. — Eu me deitei no lugar e olhei para os dois rapazes. — Se essa tatuagem não sair eu vou marcar a cara de vocês com meu salto 15cm. — Fui direta. — Pronto. — Black disse. — Desse jeito mesmo que tem que agir. Até que você leva jeito. — Ele zombou. — Você acha essa máfia de quinta perigosa meu amor? — Eu ri para descontrair. — Dá um passeio de três minutos no morro do Alemão ou na favela da Rocinha. — Tentei relaxar. — Ou vê a Tia Flor na TPM. — Sussurrei. — Vamos começar. — Disse o tatuador. Ele começou a cobrir meus braços, pernas e a dorsal de tatuagens. Até as panturrilhas não ficaram de fora. Escolhi eu mesma algumas figuras em especiais como caveiras fêmeas, sereias assassinas, harpias e mulheres mitológicas tão poderosas quanto eu. Se fosse para ser um muro Pichado, que seja então de modo avassalador. A sessão durou até mais do que o esperado e quando acabou eu vi o resultado. Se fosse seguir a carreira de traficante, até que seria uma traficante gostosa. Viveria segurando no cano. Das armas, né mores? Cof Cof. Eu sei que muitas garotas de histórias de romance e contos de fantasia no meu lugar estariam dando um passeio no Shopping para mudar o visual Nerd e encantar o amado colocando um decote ou uma transformação básica em um dia de princesa. Nossa... Como eu as invejava! Mas, não! Estava no salão em um bairro da periferia cheia de marmanjos, mexendo em meus cabelos de ouro! Pedir uma vida normal parecia ser demais. Eles cortaram as pontas de meus cabelos. Fizeram uma franja estilo Cleópatra. Entretanto, pedi que mantivessem as tranças. Eles só as firmaram em dreads envolta de meus cabelos lisos. Jamais pensei que as mãos de pessoas como aquelas fossem tão boas. Confesso que me impressionei. E por fim, mas, não menos importante, o visual. Tive de comprar roupas de couro como saias e botas de salto. Cintos de fivela grande com caveiras ou qualquer simbologia escrota que me fizesse intimidar. Alguns tomara que caia, jaquetas, jeans surradas e por aí vai. Tudo na conta dos gangsteres né? Pois, se quisesse roupas assim eu pegaria as minhas e ralava no asfalto que sairia mais barato. — Está quase pronta. Só falta uma coisa. — Disse Black. — Eu me matar? — Respondi desanimada. Estávamos em um beco deserto. Seu carro estava estacionado ali. Um belo Opala n***o. Black foi até o fundo e retirou uma espécie de mala, se direcionando ao capô. A abriu diante de meus olhos. Lá, continha várias armas. Pistolas as quais nunca vi em toda minha vida. — Se quiser, comece escolhendo com qual arma. — Ele zombou. — Não pode ser com algo menos doloroso tipo macumba da África e... — Relaxa, morena. — Ele se ergueu e cruzou os braços. — Aposto que já assistiu aos filmes de Harry Potter onde as varinhas escolhem os bruxos e que elas se tornam a sua identidade e o tipo de feiticeiro que irá ser, bla bla bla... — Revirou os olhos com toda aquela metáfora, mas, que foi necessário para eu entender. — Com os gangsteres são quase a mesma coisa, porém, você que escolherá a sua varinha. A sua arma! Ela será sua identidade a partir de agora. — Ele chegou por trás de mim e tocou meu ombro. — Lembra da arma do Donnie? Ele que a escolheu, como você também irá fazer. — Explicou. Tudo fazia sentido para mim naquele momento. Eu olhei para ele e voltei a encarar as armas de maneira diferente. Se quisesse tirar Donnie de onde ele estava, precisava pensar com ele. Viver o que ele viveu e talvez não fosse tão r**m assim. Dessa vez meus olhos brilhavam ao ver todas aquelas "varinhas mágicas" em minha frente. E no Harry Potter da vida, eu iria acabar com aquela v***a usando meu feitiço preferido: Recalkys Blokeius. — Eu quero essa aqui. — Minha mão foi instintivamente em uma Taurus 608 de cano longo, dourada. Um clássico, embora não houvesse ideia do que ela fazia. Black arregalou os olhos. Seria um desafio e tanto para uma garota usar uma arma como aquela. — Parece que temos aqui uma rainha. — Ele passou a língua nos lábios. — Uma ótima escolha. Confesso que me surpreendeu. Se continuar assim, vai facilmente superar o Leão. — Disse. — Vão ficar chamando-o de leão toda vez agora por causa do signo? — Revirei os olhos. — Não é signo. Cada um tem um codinome no bando. Você também terá um. — Disse. — Alguma sugestão? — Me perguntou. — Tipo... Satanás de Saia? — Pisquei para ele, que riu alto e acatou a minha proposta. — Antes de ir, quero explicar umas coisas. — Black então me sentou sobre o capô do carro e me deu algumas aulas, rápidas. Como disse anteriormente, teria de pensar como uma Gangster. Agir como uma, ser fria e saber sempre a hora certa de sair, lutar ou sacrificar quem fosse. Marrie era mais forte do que eu. Eu sabia disso. Mas, porque ela não se deixava levar pelas emoções. Foi isso que tanto tentou me explicar enquanto estive na masmorra. Agora... Teria de usar isso contra ela. Foi então que eu enfim havia entendido tudo e pedi que parasse. — Não precisa explicar mais nada. Eu acho que sei como fazer. — Disse a ele. — Espero que sim. — E retirou algo do bolso. — Esse é o galpão do litoral. Esteja lá a noite. Você precisará do seu bando como nova líder da bocada e lá, te esperarão os melhores homens. — Foi o que me disse. — Entendi. — Guardei a arma e peguei munição necessária com ele. — Quer uma carona? — Perguntou. — Não precisa, vou resolver uns assuntos antes. — Disse e ele acenou. — Te vejo a noite. — Black se despediu e foi embora. Eu peguei meu celular, fui ao grupo do whats chamado: AS WINX, onde o pessoal do teatro e eu nos comunicávamos e mandei um áudio. — WINX, se preparem. Temos uma nova missão. — E desliguei. Mesmo porque, se não for para traficar sem meu time de elite eu nem tráfico.
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