A fuga, parte I

567 Words
Estávamos em alto mar. Não fazia ideia de quem tocava aquela balsa de volta para casa. Eu só me preocupava com a saúde do Donnie. Deitado em uma maca na ala hospitalar, Marrie fez o trabalho certo nos primeiros cuidados antes da cirurgia. Seus batimentos estavam instáveis, fracos, e todos no lado de fora, preocupados. Vocês não leram errado. Marrie iria fazer a cirurgia. Obviamente que não seria por amor ao Donnie ou arrependimento. Me vi obrigada a acordar com ela. Quando chegássemos em casa, ela estaria livre novamente com Dollores. Era o preço que tive de pagar. — Vai demorar muito? — Nada contente, eu estava ao seu lado dentro da sala. Touca na cabeça, roupas certas e uma máscara antibacteriana no rosto. — Nem comecei ainda. — Ela revirou os olhos e me pediu espaço. Eu o fiz. A francesa começou o trabalho. Limpou o local exato da costura e começou a retirar os pontos. Era agonizante ter de ver aquilo, por isso, virei o rosto e esperei que terminasse. A cada apito daquele aparelhinho que dizia a situação de Donnie em linhas altas e baixas, meu coração apertava com o receio de parar junto ao dele. Eu queria ir lá fora, dar algum parecer aos demais, só que eu sabia que a maioria estava ali apenas por mim e não por ele. Talvez um dia isso fosse mudar. Quem sabe. — Ariana! — Marrie gritou e me fez acordar. Não só eu, como alguns ali de fora ouviram. — O que houve? — Perguntei aflita. — Ele está convulsionando, segure o corpo dele! — Eu não entendia nada. Mas, vi Donnie se debater e espumar pelos lábios mais uma vez. — Certo! — Em prantos, fui até o Donnie em alta velocidade, e tentei segurar seu corpo. Um pouco confusa sobre o que estava acontecendo e não achando o momento propício para perguntar, fiquei quieta e obedeci às suas ordens. Vi alguns pacotes de drogas em uma mesa ao lado e outra em especial furada em um bom r***o. Era pó. Cocaína... Não sabia dizer bem. Mas, era o real motivo de deixá-lo daquela maneira. E de repente, o corpo dele parou de tremer. Eu me senti aliviada. Até escutar o aparelho informar que Donnie não havia mais batimentos. Encarei friamente Marrie como se a vida dela também dependesse disso, porém, notava angústia também em seus olhos. — Faz alguma coisa! — Gritei. — E-eu... — Ela olhou para os lados e foi até a porta. Lá havia dois guardas da masmorra. Vigiando o local por causa de imprevistos. Marrie, inteligente, pegou o aparelho de choque de cada um e voltou rapidamente até Donnie, pressionando cada um no lado do peito e descarregando a energia. Seu corpo tremeu, uma vez. Mas não reagiu e fez de novo. E foi na terceira que o coração voltou a bater e o meu parou! Claro, não literalmente, mas me assustei. — Ele está bem?! — Perguntei desesperada. — Sim, fique tranquila. — Suspirou aliviada. — Só preciso fazer uma pequena lavagem e costurar novamente. — Ela disse mais tranquila. Eu não a respondi, apenas acenei positivamente e acompanhei o restante dos procedimentos. Donnie estava salvo ao que parecia. Ela limpou seu estômago, costurou mais uma vez e finalizou. Só era preciso esperar algumas horas para seu corpo se estabilizar e possivelmente amanhã ele já estaria bom.
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