O leão havia perdido as esperanças. Estava sentado em uma cadeira, olhando toda a ilha dali de cima. Era uma grande torre abandonada, aproximadamente cem metros de altura com vista para toda ilha, todavia, o monumento só havia pilastras, nada de paredes (estas que foram corroídas pelo tempo). Se desse algum passo à frente era capaz de cair e a morte... Certa! Donnie estava sobre efeito de remédios ainda. Não como antes, porém, era perceptível seu cansaço. Vestia um macacão com um número no peito, sobre o crachá. O cabelo desarrumado, as mãos para trás e a mordaça na boca. Já havia se acostumado com aquilo.
— Eu não estou feliz como você, Donnie. — Marrie disse enquanto se aproximava.
Mais uma vez elegante. Vestido longo, salto alto, um cigarro na boca e a arma dele em outra.
— Ainda não entendi por que não o matamos, já que o pai dele não vai dar um tostão! — Dollores, sem o capacete de Darth, mas, com o resto da fantasia, resmungava.
— Não seja tola, vovó! É só questão de o pressionar da maneira certa. — Marrie tragava o cigarro e acariciava os cabelos de Donnie, brincando com ele. — Se entregarmos o seu filho a máfia mais temida e pior inimiga dos Britânicos, rapidinho ele muda de ideia.
— Os Italianos? — A velha Dollores não acreditava na genialidade da própria neta.
— Exato. — Marrie jogou o cigarro ao chão e apagou no pé. — Quanto tempo até a balsa?
— Meia hora. — A velha olhou no relógio.
Em seguida, colocou o capacete e sua voz mudou. Na sua frente, alguns guardas vestidos como sempre, se aproximavam. Não podia sair sem eles obviamente. Encontravam-se no décimo andar daquela torre e todos os prisioneiros estavam no térreo, divididos no primeiro e segundo andar também. Os que sobraram, no terceiro. Eram muitos. Marrie não se importou em ficar sozinha, Dollores foi descendo com os guardas e ela continuou a observar o horizonte. O sol estava lindo naquela tarde.
***
— Está tudo pronto? — Perguntei no comunicador.
— Sim, todos na mira. — Black respondeu.
Estávamos prestes a dar a nossa jogada.
— Perfeito, vou me posicionar. Aguarde o sinal. — Olhei dali de cima e desliguei.
Escalei o nono andar. Havia uma escada antiga de emergência grudada na parede. Era de ferro, porém, enferrujada. Faltava pouco menos que um andar para eu chegar aonde queria. Black havia me anunciado o andar correto ao observar a longa distância com os snipers. A cada passo, eu segurava bem firme. Era difícil subir uma escada de salto alto. O medo de cair não saía de dentro de mim. O cabelo estava ao vento, o coração quase saía pela boca e quando encostei a cabeça no piso do décimo andar, olhei para cima e vi um cano apontado no meu nariz.
— Pensei que não ia chegar, mademoiselle. — Marrie me encarava. Estava irada.
Bastava uma puxada naquele gatilho e eu estava morta. Não tinha para onde correr.
— E aí... — Sorri desconcertada. — Vamo fechá?