Vai malandra, parte I

1576 Words
A porta se abriu para receber mais um convidado. — Fala meu brother! — Aquela voz era única. Meio rouco, mas grosso ao mesmo tempo. Um timbre gostoso de se ouvir. As mãos se chocaram num estalo, aquele tapinha nas costas e a batida da música de fundo. — p***a, Brad! Pensei que não ia vir, meu camarada. — Com um sorriso de orelha a orelha, uma cerveja na mão e a p**a de outra, meu primo cumprimentou seu amigo. — Ah... Grande J. Não podia deixar de vir beber de graça! — Riu e deu-lhe uma leve cotovelada. — E ver aquela sua prima que tu disse que era feia pra c*****o. — Gargalhou. — Fala aí, Jéssica. Está boa hoje? — Acenou para a loira. — Eu estou boa sempre. — Quase com os olhos juntos de vesga, respondeu. Alguns cambaleios e risadas soltas. Jéssica não sabia beber, definitivamente. — Agora, dei valor! — Disse Bradley, entrando. Fechou-se a porta e deu continuidade para o festejo. Bradley tinha uma pele bronzeada. Estilo playboy. Encantador de certo modo. Leves tatuagens sobre o corpo, aquele físico que só de olhar deixava qualquer mulher ofegante. Seu aroma hipnotizava qualquer garota. Aquele cheiro que só homem tem, sabe? Ainda mais quando está jogando! Além disso, seus olhos castanhos combinando com a mesma cor de cabelo era como queijo e goiabada. Bradley estudava na mesma escola que meu primo e ambos eram unha e carne. Como irmãos. O que um sabia o outro também. Furar o olho do parceiro, trairagem e coisas assim era algo que não deveria se esperar daquele vínculo tão forte. Criados desde pequenos juntos, deu nisso. Ah, quase ia esquecendo. Ele é aquariano. Ascendente, Leão. Lua, Capricórnio. Um homem feito para pegar, dominar e depois desapegar. Incrível! Sobre a Jéssica. Bem... Ela é de peixes. Ascendente em Libra. Lua em... Gêmeos. Acho que não preciso nem terminar. A festa continuou. Fazia uma hora que eu não dava as caras. Mais parecia uma balada. A típica festa americana. Bebida, som alto, jovens para todos os lados e sempre aqueles velhos que tentavam se enturmar. Minha tia como sempre estava na cozinha. Para falar a verdade, ela adorava aquelas festas juvenis e ela era uma daquelas pessoas que tentavam se entrosar com a garotada. Não conseguia exatamente, mas, tinha o respeito deles. — Que festão em Tia Flor! — Bradley elogiou a vendo com uma bandeja de cervejas em copos descartáveis grandes e vermelho, vestida com seu avental e um vestido florido. — A senhora sabe bem como arrasar! — E pegou um copo. — Olha, tu não vais sujar meu tapete de cerveja não, hein moleque?! — Com a mão na cintura, fuzilou Brad com os olhos e retrucou. Ele costumava ser muito bagunceiro quando bêbado. Às vezes, nem se lembrava do que havia feito outro dia. E a ressaca? Era a pior. — Se não te faço limpar com a língua! — Advertiu novamente e foi embora. — Claro, claro... — Ignorou e virou-se para Jason. — Hey, J. Não falou tanto da sua prima? Cadê? Eu pensei que ia ser o último a chegar. — E deu um bom gole na bebida. — Ela está tomando banho... — Meio dispersa, respondeu Jéssica. — Na verdade, nós que demos um banho nela. — Riu Jason, bebendo. — Ah é, foi mesmo! — Comentou, meio lenta. Ela poderia ser bonita, mesmo magra. Mas, não era tão inteligente assim. — Jess. — Jason revirou os olhos. — Amor. — Pausou e a pegou pela cintura. Levou os lábios molhados até seu ouvido a arrepiando da cabeça aos pés. Quase teve um piripaque ali. — Falando nela, por que não vai atrás? Hm? Diga que todos estão loucos para vê-la! Anda, vai, vai! — E deu umas tapinhas em sua b***a na intenção de expulsá-la. Queria muito por uns assuntos em dia com Brad, talvez até mesmo olhar outras garotas e sua namorada ali não seria boa ideia. — Ok, Ok! Volto já! — Disse, tombou e foi se arrastando pela escadaria na direção do quarto onde eu estava. Enquanto isso, eu termino mais uma vez de me arrumar. — Será que estou vagabunda o suficiente? — Me questionei fazendo um bico que evidenciou meus lábios carnudos na frente do espelho. Passei aquele batom vermelho rapariga, deixei os cabelos soltos, após secá-los com meu secador que trouxe do agreste e coloquei aquele perfume doce que tinha ganhado de uma amiga que era macumbeira e disse que a fragrância da sua pomba gira. A roupa era um vestido até metade das coxas semitransparente. Deixava à mostra minhas curvas. Um sutiã n***o e rendado por baixo, com um pouco de bojo. Queria ver meus melões saltando na cara dos filhinhos da p**a lá embaixo. A parte por baixo era um short de malha. Minha raba tinha de ser bem desenhada sobre ele, além de definir a cintura de ampulheta. Um salto era indispensável. De couro, n***o, verniz. Queria reluzir quando as luzes dos holofotes mirassem em mim. O calçado havia cordas que entrelaçavam em minha panturrilha até abaixo do joelho poucos centímetros. No quadril, um cinto que dividia as partes superiores e inferiores. Na verdade, meio que um lenço que dei um nó ali para prender e deixei o resto solto para balançar ao meu rebolado. Acessórios como pulseiras, anéis e um brinco de pena longo na orelha esquerda. O outro, um curto e discreto, n***o também. Da cor da minha alma e do funeral que ia aprontar com aquele inseto do capiroto. Toc, Toc, toc. — Quem é? — Respondi seca e impaciente. Não estava para brincadeiras. — Sou eu, Jéssica. — Do outro lado, ela retrucou. Não disse nada. A princípio eu queria acabar com ela, mas não o faria. Não agora. Não desse jeito. Ir atendê-la? Só se fosse burra em cair no mesmo truque duas vezes. — Pode entrar. — Fui mais esperta. Ela entrou. Pelo que parecia, não era mais uma brincadeira. Notei que estava bêbada. — Oi, Oi, Oi! — Pausadamente, ela deu alguns passos e sentou-se na cama trocando os olhos. — O Jason está te chamando com o Brad. — Disse nada com nada. — Jason? Brad? Quem é Brad? — Perguntei. — Caraaaaaaalho... Como você está gostosa! Senta comigo no recreio? — Riu sozinha. — A única coisa que vou sentar, é a mão na sua cara. — Me levantei e tranquei a porta. — Responda! — Quase rosnei. Com o som alto lá fora, ninguém escutaria. — É o melhor amigo dele. Irmão praticamente, cresceram juntos. Unha e carne. Um não vive sem o outro. Se ele não me comesse todo dia, diria que eram gays! — Disse virando o copo. — E... O que mais? — Com um olhar desconfiada, tentei arrancar mais informações, já que parecia uma torneira aberta de palavras desgovernada. — Tudo que um sabe o outro sabe... Às vezes acho que o Jay gosta mais do Brad do que de mim... — Abaixou o rosto com os olhos lacrimejando. — Own, tadinha. Qual seu signo? — Perguntei me aproximando e a abraçando de lado. — Não sei o que isso tem a ver, mas sou de peixes... O Brad é aquário e o Jason você deve saber. Escorpião... — Disse o que eu queria e muito mais. — Ah, está explicado. — Revirei os olhos, me ergui e fui até a mesinha, retirando um pequeno tubo lacrado. — Quer que o Jason te ame mais? Eu posso ajudar. Mas, tem que ficar entre a gente. — Joguei o veneno. — Claro! Faria isso por mim? — Seus olhos brilharam diante dos meus. — Mas é claro, meu amor. — E os meus ardiam em chamas. Chamas do inferno. — O que tenho de fazer? — Ela questionava apreensiva. — Tá vendo esses dois comprimidos aqui? — Sacudi o frasco e mostrei. Eram dois remédios brancos. Cápsulas. A metade era preta. — Eles são mágicos. Você tem apenas que abrir e derramar o pozinho dentro da cerveja do seu namorado e do Brad e fazer o pedido. Se manter isso em segredo e ter muita fé, eles se realizarão! E não pode deixá-los verem! — Entreguei a ela. — M-mas.. Como farei sem que eles vejam? Vivem grudados... — Ela perguntou. — Deixa comigo. Vou distrair eles e você faz isso, sim? — Alisei seu rosto enquanto tramava. — Nossa, você é uma amigona, sabia? Eu nunca tive amigas tão boas assim... — Sussurrou. — Que bom! Nós iremos nos divertir bastante juntas! — Meu sorriso não podia ser mais diabólico. — Antes de ir. — Interrompi, guardei o frasco e ajeitei a roupa. — Poderia te pedir um último favor? — E aí deixei em off. Eram quase 21:00hrs, quando eu dei as caras novamente. Jéssica foi na frente, guardou os comprimidos que eu a entreguei e foi na caixa de som com um pen drive. Meu pen drive. A música parou de repente e o único som naquele salão fora de meus saltos fazendo: ploc, ploc, sobre o carpete de madeira de cima para baixo, arrancando olhares de todos. Principalmente de Jason e seu amigo. — p**a que pariu, mano. Que gostosa do c*****o! Quem é? — Brad nem conseguiu fechar a boca. — Minha prima. — Disse Jason pausadamente, baixo e sem vontade, como se quisesse que ele não ouvisse.
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