E então eu ouvi os passos de meu pai, se afastando. Ficando cada vez mais e mais distantes. Momentos depois eu ouço a porta da frente se abrir e então se fechar. E depois, mais nada. Minutos – que pareciam dias – depois, eu lentamente abri a porta. Eu já sentia. Ele se fora. E eu já estava arrependida; gostaria de ter falado adeus. Pois eu já estava pressentindo, no fundo, que ele nunca mais voltaria. Mamãe sentou-se à mesa da cozinha, com o rosto entre as mãos, chorando baixinho. Eu sabia que as coisas haviam mudado para sempre nesse dia, que nada mais seria o mesmo de novo – que ela nunca mais seria a mesma. Nem eu. E eu estava certa. Enquanto sento aqui, olhando as chamas do fogo fraco, com os olhos pesados, eu percebo que, desde esse dia, nada voltou a ser o mesmo de antes. * Es