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2614 Words
Os olhos do homem a sua frente parecia que engoliam Jimin. Aqueles olhos eram tão familiares... eram os mesmos olhos que ele olhava todos os dias por cinco anos. Os mesmos olhos do homem por que era apaixonado. Mas o nome... o nome não encaixava... Ele engliu em seco, dando um passo a frente - Você é Soobin? Choi Soobin? O homem o olhou - Sim, sou eu... - Mas seus olhos, seus olhos são... - ele se virou para Yoongi, que parecia tão confuso quanto ele, e depois para Soobin de novo - Os olhos... - virou para olhar para a senhora Min, no fundo da sala, com as duas mãos no rosto. Então Jimin arregalou os olhos e soltou um grito, tremendo o corpo inteiro, colocando as mãos sobre o coração que parecia pular do peito - Nós somos irmãos? - O que? - Yoongi falou mais alto dando passos para o outro lado da sala, até a mãe. Jimin também caminhou, até o balcão da cozinha, ficando longe, de repente se sentindo sujo, confuso, destruído. Se abaixou até sentar contra o balcão, sentindo as lágrimas descerem, a falta de ar chegando, tendo um ataque de pânico. - Mãe? - Yoongi perguntou segurando os ombros da mulher a sua frente - Você não pode ter feito isso... se esse era o motivo de ter sido contra podia muito bem ter falado! Isso é muito sério! - Ele não é! - sua mãe disse chorando - Vocês não são irmãos! Não são, Soobin não é o pai do Jimin, não é, ele é seu pai, você pode ver pelos olhos... Eu o procurei pra me ajudar com o caso da Sunny com o seu pai... mas quando o vi... ele tinha os olhos do meu pai... e eu sempre quis ter um filho com os mesmos olhos... eu me apaixonei... - Se apaixonou? Todo esse tempo em que estava casada com meu pai tinha um caso com o pai do Jimin? Ele sabia que não era meu pai? - Não... ele nunca desconfiou de nada... ele achava que a cor dos seus olhos tinha vindo de seu avô, e pode mesmo ter vindo dele... Yoongi, meu filho... todo o m*l que vocês receberam veio daquela alfa... tudo o que fizemos foi tentar ajudar vocês... - Tendo um caso um com o outro? Eu não consigo acreditar nessa confusão... chega a ser ridículo! E eu achei que a senhora estava morta! Consegue entender um pouquinho do que esta passando pela minha cabeça agora? Minha vida toda foi uma mentira, a vida do Jimin foi uma mentira, achei que meus pais estavam mortos, descobri que tenho um filho, e agora descobri que meus dois pais estão vivos! - ele deu uma olhada na sala - E cadê o Jimin? - olhou para Soobin - Alguma vez você teve um relacionamento com ele? Porque ele acredita que você é pai dele! - Eu fui embora antes da Sunny engravidar, não sei quem é o pai do Jimin. Voltei algumas vezes pra pegar algumas coisas, e vi o Jimin algumas vezes, talvez ela tenha falado que eu era o pai e ele tenha essas lembranças, mas não sou o pai. Meu gene alfa não era forte o suficiente para engravida-la. O gene alfa dela é muito forte, somente um alfa muito forte, puro, pra conseguir isso. Yoongi assentiu, respirando fundo - Vocês não estão brincando com a gente não é? Isso é sério! Não somos só nós, mas tem uma criança no meio... - ele colocou as mãos nas têmporas - Cadê o Jimin? - repetiu ainda mais desesperado dessa vez se colocando em ação. - Podemos fazer o teste de DNA se quiser... - Soobin falou quando Yoongi passou por ele, procurando o ômega em todo canto ate o achar escondido embaixo do balcão - Pequeno... - ele se abaixou, se sentando ao seu lado. Jimin o olhou, o rosto vermelho e molhado, negando com a cabeça - Quero acordar desse pesadelo.... Yoongi suspirou, pegando sua mão e fazendo desenhos abstratos nela, tentando o acalmar - Não somos irmãos, Soobin não é seu pai, é meu pai. Parece que nossos pais eram amantes entre si e eu não estou com saco pra ouvir toda a historia... não me interessa... já fomos prejudicados demais com tudo isso. Mas se você quiser, podemos voltar para aquela sala, sentarmos, ouvirmos o que eles tem a nos dizer, e fazermos o teste de dna, e então irmos até a casa da sua mãe e colocarmos ela contra a parede e... - Yoongi já estava cansado só de pensar. - Papai? - eles ouviram a voz de Sang que estava em pé ao lado deles. Nem tinham ouvido ele chegar. - Porque ta chorando? - Papai tem muitas coisas pra decidir mas não consegue decidir nada - Jimin falou com a voz falhada e Sang se sentou em frente aos dois. - Se não consegue decidir então não precisa decidir nada. - ele disse. Jimin fungou - Como assim? - Se tem um montão de coisas pra decidir, você pega esse montão de coisas - fez um circulo grande com as mãos - e coloca em um cantinho, ai você vê o que ficou no espaço vazio. - Espaço vazio? - Quando ele se formou em psicologia? - Yoongi sussurrou, completamente assustado. Jimin sorriu, chorando mais ainda, puxou o filho para o colo, o abraçando apertado. Olhou para Yoongi por cima do ombro do menino e disse - Já sei o que quero fazer. ?? BRANCO FINAL ~~ Jimin nunca tinha sido o protagonista da narrativa de sua vida. Tinha nascido em um lar quebrado, com uma mãe solteira, um pai que ás vezes o visitava - que era o que ele acreditava, e que depois veio a descobrir que não, não eram visitas, e que não, ele não era seu pai. Sua infância foi marcada pelo controle de sua mãe, e até então, ele não tinha reparado nisso. Ele nunca tinha ficado com os amiguinhos brincando na escola, apesar de morar em uma cidade pequena onde todos se conheciam. Nunca tinha dormido da casa dos amiguinhos ou ido as festinhas de aniversário. Virou adolescente com as mesmas limitações. Mas como foi dito, nunca tinha reparado nisso. Nem sabia que tinha os ataques de pânico e ansiedade. Não até Yoongi surgir e o acalmar. Eles nem tinham nada a primeira vez que eles realmente tiveram uma interação mais íntima - digamos assim - após uma prova em que Jimin achou ter ido m*l, e, com medo da reação da mãe, se escondeu no banheiro. O até então alfa que ele só conhecia de vista estava lavando as mãos quando o viu passar correndo, mas não disse nada, apenas se aproximou devagar, se abaixou e pegou sua mão. Isso certamente foi o acalmando, mas foi só quando levantou a cabeça e o olhou que algo em seu mundo parou naquele segundo: seus olhos. Jimin não soube o que aconteceu, ou o que sentiu, mas tudo dentro dele se arrepiou, sua respiração ficou mais rápida e seu coração bateu mais forte, e aqueles olhos... aqueles olhos o olhavam de uma forma como nunca tinha sido olhado antes, aqueles olhos lhe davam a sensação de liberdade... coisa que Jimin nem sabia que precisava. Ele começou a sonhar com aqueles olhos. Um azul, outro preto. Cruzava com ele nos corredores da escola, mas desviava, sentia vergonha, não sabia como agir. Até que uma semana depois colocou um bilhete simples em seu armário, escrito apenas um "muito obrigado". Pensou até que Yoongi fosse ignorar, ou pensar que não era dele, mas não passou muito tempo. Após a aula de educação física, ele o chamou pra sair. Depois dali Jimin descobriu o amor. O amor da forma com que era tocado. O amor da forma como era olhado. O amor da forma como era ouvido, abraçado, beijado. O amor nos sorrisos que recebia e dava, o amor na forma como era recebido e na forma como eram as despedidas. Aquele tipo de amor mais forte que tudo a sua volta, mais forte do que quem era contra, mais forte que as dificuldades, mais forte que a dor. Mas Jimin também descobriu a dor, na forma mais c***l, de te tirar o ar, de te quebrar inteiro. Descobriu a dor do abandono e a dor de criar o fruto de um amor sozinho. Foi obrigado a amadurecer por aquele mesmo par de olhos. Um azul e outro preto. Era engraçado como os dois amores de sua vida tinham as mesmas características. E como em nenhuma das situações ele pode escolher o que fazer. Bom, se pudesse escolher, Jimin teria ido embora com o filho. Ele nunca quis ficar ali, ou o criar naquela cidadezinha cheia de lembranças. O maior sonho de Jimin sempre foi ir embora. E com o passar do tempo, vendo quando Yeosang era inteligente, sabia que precisava o tirar dali. Mas sem dinheiro, sem profissão, não tinha coragem de levar uma criança embora sem ter garantia de nada. Com o tempo somente o filho era sua preocupação, as coisas que a mãe dizia ou controlava já não o preocupavam mais. O rombo em seu coração estava feito, sua missão era garantir que Sang tivesse um futuro diferente do dele. Mas então Yoongi voltou. E diferente do que ele imaginava, não sabia da existência do filho, e então uma coisa atrás da outra começou a ser revelada. Uma mais confusa que a outra, uma mais complicada que a outra. E Jimin se viu dentro de um jogo que não era seu, ele e Yoongi jogados dentro de uma espécie de vingança que não tinha nada a ver com eles. E Jimin confessava, se não houvesse Sang ele moveria céus e terra para fazer cada um deles pagar pelo m*l que fizeram a ele e a Yoongi. Mas havia Yeosang. Min Park Yeosang. Apenas um garotinho de cinco anos. Inteligente demais pra sua idade. Maduro demais pra sua idade. Que não merecia passar por toda aquela confusão. Jimin não confiava em ninguém para deixar Sang, e não queria que ele visse mais podridão na vida. Então, por Sang, ele resolveu virar a página. - Não vou proibir você de ver o Sang, ele ama você, mas não quero ter que lutar por ele em um tribunal. Não quero que ele tenha mais traumas... acabei de saber tantas e tantas coisas sobre mim, e sobre quem eu achava que era minha família... Por favor Jackson - Jimin pediu, sentado na mesa do hotel, era a última coisa a se fazer antes de irem embora de vez daquela cidade. Jackson deu um suspiro forte, os olhos marejados - Eu amo muito aquele garoto Jimin... Jimin assentiu - Eu sei... eu tenho seu número, e assim que estivermos estabelecidos eu vou mandar o endereço... você me conhece, sabe que eu não estou mentindo. - Eu amei você também, muito. - Eu sei - Jimin respondeu - Me perdoe... Jackson se levantou - Posso ao menos me despedir dele? Jimin confirmou, apontando para a porta onde Yoongi estava com Sang encostados no carro. Ele viu de longe os dois conversarem brevemente e então o filho pular no colo de Jackson. Não podia negar, eles tinham um vínculo forte apesar de tudo. Jackson esteve ali, desde o começo, merecia esse voto de confiança, e seu filhote o amava. Se lembrar desses dias sombrios sempre dava arrepios a Jimin. Quando chovia ele ainda se lembrava de quando chorou, ajoelhado em frente a mansão dos Min quando Yoongi fora embora, anos atrás. Era uma parte de sua vida que ele tentava apagar. Como um quadro, cheio de cores abstratas, que foram jogadas nele durante todo o processo: vermelho, cinza, amarelo, verde, laranja, rosa, roxo, preto, todos formado algo inconcreto e irrealista que somente ele entendia a bagunça. Mas que ele não pretendia manter. Ele via a vida agora como um quadro em branco, pronto pra ser pintado de forma sadia e coerente, com as cores certas, talvez alguns erros, claro, ninguém esta livre deles, mas com a consciência de que era livre. Livre das escolhas alheias, livre das histórias m*l acabadas, livre das mentiras. Agora ele podia olhar para frente e ver que o pincel da sua vida estava em sua mão. Yoongi estava no computador, vendo as encomendas com os entregadores enquanto os funcionários já abriam o restaurante café que eles tinham na beira da praia. Se mudaram o mais longe possível da Coreia, pro outro lado do mundo, na Califórnia, e realizaram o sonho que tanto queriam de morar em frente ao mar. O restaurante ia super bem, durante o dia funcionava como café, mas a noite virava um pub, onde Yoongi cozinhava e estava ficando super famoso. Jimin acabou fazendo aulas de administração para ajudar, mas estava exercendo o papel que mais amava e queria na vida: o de esposo e pai. Ele olhava encostado no balcão, Sang em um notebook, com certeza assistindo alguma coisa, mas o mais fofo era que um fone estava em seu ouvido e o outro estava no da irmã de cinco anos, que também olhava atenta a tela. Jimin deu uma pequena risada. Aqueles dois juntos eram terríveis, apesar da diferença de idade. - Ei - Jimin se virou a voz, nem tinha reparado que Yoongi tinha saido de seu lugar e ido até ele - Você ta bem? - To... só tava vendo o Sang e a Suzy, e pensando no que eles vão aprontar mais tarde... Yoongi riu, dando um beijo em sua bochecha - Eles já podem se cuidar sozinhos, você sabe que a Suzy é mais esperta que o Sang... - Esse é meu medo! - Jimin falou entrando na cozinha onde Yoongi tinha recém entrado, estavam apenas os dois ali. - Acho que esta na hora de termos outro. - O QUE? - Jimin falou arregalando os olhos e de repente sendo encurralado em uma mesa pelo marido. - Uhum, termos outro, pra ver se esse vem com meus olhos também... - Yoongi... - Jimin deu uma risada e Yoongi puxou sua cintura, o sentado na mesa e apertando seu corpo contra o dele, o deixando sem ar e mudando seu humor - São oito horas da manhã... - E tem hora para amar o marido por acaso? - falou passando o nariz por seu pescoço. - Do jeito que você ta querendo sim! - a voz saiu mais tremida - Os funcionarios podem entrar aqui a qualquer momento, e seus filhos também... - Ah, meus filhos? - Yoongi se afastou, o olhando. Ah, aqueles olhos... um azul, outro preto... os olhos que o ensinaram tanto, que o amaram tanto, que o libertaram. - Porque ta me olhando tanto assim? - Porque seus olhos são lindos - Jimin respondeu sorrindo, passando as mãos por seu rosto. - Gosta deles tanto assim? - Yoongi perguntou com a voz baixa. - Uhum - o ômega respondeu - tanto que quero ter outro filho com você, pra ele vir com esses olhos lindos. Yoongi encostou a testa na dele - Eu te amo, te amo tanto pequeno... - Eu também te amo - Jimin respondeu sentindo um selar intenso ser dado em seus lábios. - Não, e também não canso de beijar você, vem aqui! - Jimin falou pulando da mesa e indo atrás de Sang que tinha tentando sair correndo mas Yoongi o abraçou assim como Suzy que soltou uma risada gostosa, preenchendo aquela cozinha e os corações daquele lugar que eles escolheram para serem o que sempre quiseram ser: família. FIM!

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