Ela recusou a minha mão e olhou suplicante para o velho sonso. Aquele foi um dos raros momentos que vi sinceridade na expressão dele ao encará-la de volta com o rosto sério.
— Ela está enfraquecida, Alfa, não é melhor que a carregue nos braços?
Ela sacudiu a cabeça rejeitando a oferta, os seus olhos caíram para suas roupas ainda molhadas de urina.
Estava envergonhada com o seu estado.
Eu estava envergonhado como Alfa.
Desconsiderei a sua recusa e a peguei nos braços. Ela reagiu com um fraco protesto. O velho estava certo, ela estava fraca e não era apenas fisicamente.
Ter o seu corpo junto ao meu aliviou o ‘stress’ da minha terceira forma, que parou de me torturar internamente. Os guardas a tinham colocado num corredor vazio, mas tivemos que passar por corredores de celas com prisioneiros que lançaram frases que a fizeram se encolher nos meus braços.
“ Uma fêmea fresquinha…”
“Não a leve embora!”
“ Deixe a belezinha conosco, Alfa, daremos um trato nela”
A última frase me fez reagir. Fiz sinal para um dos guardas para castigar o cretino.
Saímos da ala prisional e por onde passávamos, os membros do clã lamentavam a injustiça contra Nadja. Ela, no entanto, estremecia cada vez que alguém se aproximava de nós e o fedor do medo aumentava.
Nadja não estava com medo apenas de mim, a sua confiança no clã inteiro tinha se deteriorado.
— Precisamos conversar, Pequena Luna.
Atravessei o pátio rapidamente e segui para o meu quarto. Deixei-a sentada numa cadeira e abri a torneira para encher a banheira do quarto. Conferi a temperatura da água e me virei na sua direção. Ao lado dela, confiando a enorme barba branca, estava Agar.
— O que está fazendo aqui, velho?
— Eu acompanhei vocês o tempo todo, Alfa, não percebeu?
Eu não tinha percebido, estava ocupado demais em meus pensamentos.
— Pois, pode se retirar.
— E se a Luna precisar dos meus serviços? — Ele sorriu, exibindo os dentes amarelos.
— Ela não vai precisar de você, nem da sua curiosidade, ela tem a mim!
— Está bem, eu vou sair, mas cuide bem dela, Alfa Derik, ou pode se arrepender no futuro.
Enquanto falava, o velho sorriu mostrando os dentes mais uma vez.
Revirei os olhos, bati a porta na cara dele e voltei a minha atenção para a banheira. Estava quase cheia. Fui até a lareira e acendi o fogo, o quarto estava frio demais e depois do banho ela acabará sentindo mais frio.
De tempos em tempos, busquei Nadja com o canto dos olhos, mas ela permaneceu sentada na mesma posição em que a coloquei. Os seus grandes e inocentes olhos acompanhavam cada movimento meu, mas desviavam rapidamente quando nos encarávamos.
Como diabos pude acreditar que ela faria m*l a alguém?
Meu lobo encolheu-se ainda mais dentro de mim, envergonhado. b***a selvagem, se tivesse se controlado um pouco…. Se não fossemos a mesma pessoa, a fera teria certamente matado o lobo.
— Venha, Pequena, vou te ajudar até a banheira!
Com a cabeça baixa e as mãos protegendo o curativo do pescoço, ela fez que não.
Ergui uma sobrancelha, nada impressionado com a recusa. Ela obviamente desejava se banhar.
— Não que se refrescar e se livrar dessa roupa suja?
Olhou para mim de soslaio antes de virar o por de costas para mim. Mesmo com medo, ela sabia ser teimosa.
Caminhei lentamente até ela, sem que notasse minha aproximação, até que toquei os seus ombros e puxei as alças do vestido para baixo. As mãos que antes cobriam o curativo seguraram o vestido com força, me impedindo de despi-la.
— Permita-me ajudar com o banho, Pequena Luna.
Ela se afastou, balançou mais uma vez a cabeça em negação e disse, sem olhar na minha direção:
— Eu posso fazer isso sozinha, Alfa.
Não gostei de ouvir o meu título saindo da sua boca, não daquele jeito, tão formal e distante.
— Está ferida e enfraquecida, deixe-me ajudá-la. Ficarei de olhos fechados, prometo!
Segurei a mão dela e a fitei nos olhos, para perceber a verdade nas minhas palavras. Para minha surpresa ela me encarou de volta, mas faltava alguma coisa nos olhos dela, o que causou um aperto no meu peito.
— Como posso acreditar que não está mentindo? — Sua voz era baixa e cansada.
Tinha algo muito errado com ela e eu não conseguia identificar o que era. Apreensivo, segurei o seu rosto entre as minhas mãos, mas ela afastou-se ainda mais.
— Eu nunca mentiria nem quebraria uma promessa. — Estendi a mão para apoiar os seus passos até a banheira. Hesitante, ela aceitou.
Seus dedos estavam frios e a mão trêmula. Não senti a presença da sua loba e dentro de mim, o lobo emanou uma forte energia de apreensão. A Fera se encolheu dentro do meu peito, sem a menor reação.
— Tem certeza?— Perguntou diante da banheira.
Peguei uma das toalhas e rasguei, criando uma faixa com a qual cobri os meus olhos e amarrei atrás da cabeça.
— Jamais te decepcionaria.— Disse com toda a minha verdade.
— Mas já decepcionou…
A voz era baixa, mas chegou como um soco gelado no meu estômago.
Apenas um dia depois da sua loba me aceitar eu a decepcionei….
Ouvi o som dela se despindo e da água se movendo quando entrou na banheira. De olhos vendados segui o som. Aquele era o meu quarto, conhecia de cor cada centímetro do cômodo, o que facilitou a minha locomoção.
Peguei o sabão e trapo de banho, esfreguei até sentir bastante espuma e estendi a minha mão. Temi que ela me ignorasse, mas ela pousou sua pequena mão fria sobre a minha. Esfreguei suavemente o seu braço, a mão, os dedos. Então, ela me entregou a outra mão e repeti o gesto. Ajoelhei-me ao lado da banheira e fiz o mesmo com os seus pés e pernas. Quando toquei os seus joelhos, a minha natureza estava em silêncio, criando imagens do que eu não podia ver na minha mente.
Ela estava em silêncio quando deslizei o trapo ensaboado por suas coxas, quadril, cintura. Deixei o trapo cair na água, precisava sentir pele na pele. Cintura fina, ventre macio e delicado. A minha fera projetou a imagem daquele ventre inchado com os nossos filhotes. A calça de couro que vestia se tornou apertada demais, contraindo a minha inevitável ereção.
Subi a mão devagar, tremendo que ela me interrompesse a qualquer momento, mas ela permaneceu imóvel. Seus s***s eram pequenos e firmes, como limões maduros. A ponta do meu indicador tocou o mamilo que despertou com o meu toque.
O fedor de medo desapareceu, dando lugar a um perfume delicioso que só ela poderia produzir. Continuei com a minha tortuosa tarefa e as minhas mãos alcançaram os seus ombros e pescoço. Retirei o tecido que o envolvia certamente, desnudando a parte de sue corpo que mais atraía a minha terceira forma.
Meus dedos tocaram a área entre o pescoço e o ombro e a minha terceira forma fez-se presente. Uma mão pressionou o seu pescoço enquanto a outra acariciava o baixo ventre.
— Quando estiver pronta, vou colocar a minha marca aqui, Pequena Luna, e minha semente, aqui.
****
(Nadja)
Eu desejava que alguém pudesse me explicar o que estava sentindo. Parte de mim, a racional, desejava escapar para bem longe. Não confiava naquele Lobo Alfa, por pouco não tirou a minha vida.
Outra parte de mim, ainda desconhecida, desejava ser consolada por ele! Lembrei das palavras do senhor barbudo, como poderia ele me dar conforto pelo m*l que ele mesmo causou?
A voz na minha cabeça tinha desaparecido e eu estava me sentindo vazia. Era como se um pedaço da minha alma tivesse evaporado.
Teria a minha loba me abandonado?
Eu estava tão cansada de ser sozinha e somente dei-me conta quando acreditei que aquele clã me queria bem. Foi tão bom me sentir parte de alguma coisa, o mais perto de uma família que podia me lembrar.
Ele ofereceu ajuda e eu desejava dizer não, aliás, eu tentei dizer não, mas quando insistiu, o medo falou mais alto.
E se perdesse a paciência comigo e o seu lobo me atacasse novamente? Não sei se sobreviveria. A dor causada por seus dentes cortando a minha carne foi maior do que jamais tinha sentido, e o ferimento foi apenas superficial. Um arranhão que não parava de sangrar e ardia como se estivesse me queimando.
Decidi ficar calada e deixar que ele fizesse o que quisesse. Se conseguisse mantê-lo calmo, estaria viva o suficiente para escapar na primeira oportunidade.
Apesar do medo, fiquei bem quietinha enquanto ele me dava banho. Pelo menos, a sua mão era gentil. O toque dele causava um calor estranho em mim. Fechei os olhos e a intensidade do toque ficou maior.
Não sei quando o medo me abandonou, mas a sensação que veio depois me assustou. Meu corpo estava gostando da proximidade do Alfa, da sua mão por meu corpo, e uma necessidade de algo mais crescia a cada momento. Algumas áreas eram mais sensíveis do que outras e eu me senti frustrada quando a sua mão abandonou os meus s***s.
Estava tão quente, será que tinha febre?
— Quando estiver pronta, vou colocar a minha marca aqui, Pequena Luna, e minha semente, aqui.
O calor que eu sentia se concentrou na área em que a mão dele tocava. A minha barriga contraiu-se e as minhas pernas abriram por conta própria. O movimento fez com que a água da banheira transbordasse para o chão, o que quebrou a espécie de encanto que me sedava. Abriu os olhos e afastei as suas mãos de mim.
— Fiz algo errado?
Ele perguntou, os olhos ainda vendados cobriam parte do cenho franzido.
— Eu já acabei, Alfa!