Traidores

1429 Words
— Olha só pra você, Sunna, sua loba é tão linda! — Eu disse em voz baixa, minha mão passeando por seus pelos macios. A loba lambeu a minha mão, e tentava fixar o olhar em mim, mas era nítido que estava desorientada. Quando as vozes dos machos do lado de fora repetiram as ameaças com deboche, ela se encolheu, o r**o entre as pernas e as orelhas caídas, escondendo o focinho na minha mão. — Não se preocupa, vou cuidar de você. Eles não conseguirão entrar, tá bom? Logo sentirão a nossa falta e virão de nós! Minhas palavras eram mentiras doces para confortá-la. Não estávamos seguras, e quando o cio começasse, os machos se tornaram mais agressivos. Meu corpo estava quente, minha cabeça doía, mas era suportável. Seja qual for a droga que usaram, estava fazendo mais m*l a Sunna do que a mim. Do lado de fora, os machos acenderam uma fogueira e conversavam animadamente, como quem aguarda receber um prêmio. Não tentavam arrombar a porta, alegavam alegremente que nós a abriríamos e nos oferecermos para eles numa bandeja de prata. A loba recém-nascida uivou de dor e se contorceu no chão. Toquei sua cabeça e a febre retornara. Era chegada a hora que tanto temíamos. — Eu vou cuidar de você, ninguém vai te machucar! Corri pela casa em busca de água para diminuir a temperatura da loba. A torneira da cozinha estava enferrujada e emperrada, depois de muito esforço para abrir, não siau nada. No banheiro, o mesmo problema, mas havia uma bomba manual para puxar água ao lado da banheira. Bombeei algumas vezes até sair uma água suja e fedida pelo cano. A água clareou aos poucos até eu poder lavar uma bacia velha de metal e enchê-la com água. Corri de volta para onde Sunna permanecia deitada. Ela estava assustada, a dor que sentira há pouco tinha cessado, no entanto, logo viria outro tipo de dor, agonizante, e eu não queia nem imaginar qual seria o efeito da droga no primeiro cio dela. Rasguei meu vestido e usei um pedaço do trapo para molhá-la, diminuindo a temperatura, enquanto esperava a banheira encher. Estava suja, mas não tínhamos tempo para nos preocupar com isso. Quando encheu, carreguei a loba com dificuldade para dentro da banheira. Ela suspirou aliviada, ronronando como uma gatinha enquanto lambia minhas mãos. Olhei pela janela agradecendo pelas grades de metal. Acredito que aquela era uma das cabanas usadas quando as fêmeas entram no cio e não querem acasalar. Não deve ter sido usada há muitos ciclos pelo péssimo estado de conservação. O alívio de Sunna não durou muito tempo. Logo a loba uivava e rosnava, se debatendo na água. Nunca tinha testemunhado u cio tão forte, ao ponto do corpo da loba aquecer a água rapidamente. Ela se lambia entre as pernas para aliviar a aflição, mas gemia de dor ao fazê-lo. O cheiro adocicado que seu corpo exalava me lembrou mais uma vez o óleo que os carcereiros passavam nos ômegas e outra coisa, mais recente… O cookie! O cheiro que vinha da loba era um misto de suor adocicado, me dava ânsia de vômito de tão forte. Ouvi uma forte batida na porta, o cheiro alcançou os machos do lado de fora. — Abre a porta, me entregue a minha fêmea, sua p**a desgraçada! Eu vou f***r com ela e matar você, sua v***a! A voz do general estava alterada, um misto do humano e do lobo. Os outros machos corriam em volta da cabana, espancado os vidros das janelas na esperança de quebrá-los. Graças a Hecate pelas grades! No entanto, os moveis que seguravam a porta estremeceram, sentindo impacto do corpo do general tentando arrombá-la. — Vem pra mim, lobinha, eu sou teu companheiro e posso aliviar a sua dor. Luna Nadja quer o seu m*l, mate-a e venha pra mim! Olhei para Sunna, e o olhar de sua loba tinha mudado. Seus olhos negros estavam sangrando, havia ódio naquele olhar e meu peito queimou de dor. Lágrimas escorriam de meus olhos ao ver aquele olhar na loba da minha única amiga. — Ele está mentindo, Sunna! É a droga que estava te confundindo, você detesta o general Azis, lembra? A loba sacudiu a cabeça, fechou os olhos e sacudiu outra vez. Seus olhos tinham a gentileza de Sunna de volta. A voz dele retornou em poucos segundos, mais baixa, ofegante. — Não vai resistir ao cheiro da minha semente, Sunna! Corri até a sala e olhei pela janela. Através do vidro sujo avistei o general nu, tocando o próprio m****o. Movia rapidamente a mão, subindo e descendo pelo pênis enrijecido. A voz dentro de mim rosnou de desgosto quando o fedor dos hormônios dele alcançaram minhas narinas. Ele jogou a cabeça para trás, grunhindo feito um porco o nome de Sunna enquanto ejaculava seu sêmen na porta. Os outros machos deram risada e tiraram as suas roupas, imitando a ação do general, começaram a se masturbar repetindo palavras baixas e ofensivas. Seus gemidos eram como tortura aos meus ouvidos. Me senti humilhada com as palavras que dirigiam a mim. Eles eram parte do meu clã! “ Traidores” A voz rosnou em minha mente, enojada, ultrajada! Havia tanto rancor na minha natureza, que transbordavam em mim. Eu desejei ser forte o suficiente para matá-los! Outro rosnado se fez ouvir, quando virei na direção do barulho, a loba de Sunna tinha seus olhos ensanguentados tomados pela fúria me minha direção. Ela levantou o focinho perto da porta, extasiada pelo fedor do sêmen do general que sua humana tanto detestava. Tomada pelo instinto e pela crença de que o pervertido traidor era seu companheiro, ela avançou em mim, saltando em minha direção para me atacar. Não tive tempo de me afastar e seu corpo pesado caiu sobre mim. Minhas costas bateram no chão com força e estiquei o braço reflexivamente, impedindo-a de morder meu pescoço. Ela queria me matar! Seus dentes se agarram ao meu braço e ela sacudiu a cabeça com força. O sangue escorria pelo ferimento. Do lado de fora, as gargalhadas de Azis que ouvia tudo com satisfação. De repente, senti como se minha cabeça estivesse pegando fogo, meus sentidos ampliados e melhorados. — Se curve diante de mim, loba, eu sou Luna! Os olhos da loba de Sunna se arregalaram e ela estacou. Largou o meu braço e deu alguns passos para trás, um misto de vergonha e medo em seu olhar. — Me obedeça e volte para a banheira! Está proibida de sair de lá, entendeu? — A voz saiu da minha boca sem que eu tivesse pensador naquelas palavras. Sunna rosnou baixinho, gemeu olhando para porta, queria abri-la e deixar seu suposto companheiro entrar, mas não conseguiu contrariar a ordem recebia. Olhei e volta, em busca de algo para me defender. Se continuasse como estava, o general conseguiria arrombar a porta e estaríamos perdidas. ***** ELE Estava no meio de uma reunião com Alfa Ares. Tinha revelado a ele meu conhecimento sobre o esquema de sequestro e exploração de ômegas e Lunas por lobos perdidos. Ele não se mostrou surpreso, mas irritado. Ele mesmo tinha negócios obscuros que envolviam caça a lunas e ômegas em outras terras e universos, inclusive humanos, mas sua intenção sempre foi encontrar almas gêmeas para a nossa espécie antes que sejamos extintos, jamais explorar fêmeas de maneira tão vil. Foi em uma de suas caçadas que capturou Luna Esmeralda e todo o seu rancor contra ele. , Encheram a minha taça de vinho, e aquele clã tinha o melhor vinho! Quando a peguei, minha visão se perdeu, meus olhos foram tomados por uma forte luz que me cegava. Foi por uma fração de segundos, mas me deixou perplexo. — Alfa, os seus olhos! — Olhei para Beta Eli que me encarava estupefato. — Estavam como daquela vez! — A lua refletida em seus olhos, Alfa Derik.— Disse Alfa Ares com um sorriso cínico. “A lua refletida em seus olhos” era tido como um sinal da grande Deusa. Eu não fazia ideia de qualquer outro significado, mas do que adianta um sinal sem me informar do que se tratava? Permaneci confuso e imóvel e minha terceira forma, impaciente, explodiu, destruindo a carne da forma humana.. “ Minha” Ela uivou furiosa antes de correr para fora do clã de Ares. Meus lobos em meu encalço. Algo estava acontecendo e eu precisava me assegurar que minha Pequena Luna estava em segurança. Era longe demais, levaria horas para chegar nela. Que a grande Deusa a proteja!
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