Capítulo 6

1991 Words
Manu — Dono de uma cidade, Ricky! — Quase gritei quando entramos no nosso quarto. O cara é podre de rico! Eu fiquei super impressionada com tudo. Ele até tem uma planta da cidade numa das salas! — Eu sei, eu sei. — Ricky sentou na cama ainda impressionado como eu. Não é todo dia que você conhece seu pai e descobre que ele é dono de uma cidade. Eu entendo super. — Isso é loucura. — concluiu deitando na cama. Tirei meu tênis e o dele e deitei ao seu lado. — Como será que ele conseguiu esse feito? — ficamos olhando pro teto. Depois daquela conversa com seu pai, a gente falou que ficaria no hotel, mas ele só concordou depois que prometemos almoçar com ele no outro dia. — Eu acho que não deve ter sido de maneira legal. — cogitou. — Agora faz sentido todos os estabelecimentos com o nome da cidade. — É. E aquele monte de segurança que pareceu na hora que a gente saiu de lá? — Igualzinho os que estavam nas lojas, né? — se virou para mim. — Sim. Parece que seu pai gosta de segurança. — encostei nele. — Como você tá se sentindo depois de o conhecer? — deslizei meus dedos pelo seu rosto. — Parece que ele gostou muito de te ver. — sorri. — Eu nem sei o que dizer... Mas aquele abraço que ele me deu foi tudo o que eu queria. E ele me chamou de filho. — sorriu. — Eu imagino. Foi lindo assistir a tudo aquilo. E ele ficou bem contente por você ser o filho mais velho.  — Obrigado meu amor, por não me deixar desistir. — ele acariciou meu rosto e eu sorri. — Você sabe que eu tô com você e não abro, né? — aproximei meus lábios dos seus e nos beijamos.  — Eu te amo. — ele sussurrou. — Também te amo. — o abracei e ele envolveu minha cintura com seu braço. Depois nos beijamos de novo. Eu não sei dizer como a gente ainda continua com o mesmo fogo de quando começamos a namorar, mas talvez isso se deva ao fato de nunca termos mudado nosso jeito um com o outro. — Sabe o que me deixou bugado? — ele me encarou ainda agarrado a minha cintura. — Oque? — Ele falou de uma irmã, mas a Verena falou de um irmão... — Eu também fiquei boiando nessa história. Mas o que mais me surpreendeu foi saber que aquela recepcionista é filha da Verena, mesmo que a cara de uma seja o focinho da outra. Eu queria falar que o mundo é pequeno, mas no caso é essa cidade. — Será que esse hotel é dele? — ele ficou pensativo. — Eu acho que sim, já que tudo é dele. — cogitei.  — Ele disse que amanhã vai me mostrar tudo na cidade... — Humm...legal. Mas eu acho que vou fazer um passeio menos formal. Vou dar uma olhada nas lojinhas... aqui não faz tanto frio e eu só trouxe roupas quentes porque esperava ficar em Nova York. — Tá bom. Chama a Violet pra ir com você. — ele sugeriu e eu fiquei o encarando por alguns segundos tentando acreditar que isso era só uma brincadeira. Então ele sorriu. — Você gosta de provocar, né! — lhe dei um bofetão e tentei me soltar dele. — Você fica perfeita bravinha. — me apertou mais um pouco e beijou meu pescoço. Eu não gostei de cara dela porque ela agiu como se eu fosse invisível e só o Ricky estava na hora. Tudo bem achar o boy das outras bonito, mas não dá pra fingir que ele não é comprometido quando está na cara que ele é. Tem que respeitar. — Eu não gostei da sua irmã postiça. — reforcei chateada e deitei minha cabeça em seu peito. — Eu sei. Mas deve ser o jeito dela. Você sabe como é esse povo rico. — ele acariciou minha cabeça. — Aham. — concordei me mantendo deitada encima dele. A gente não tinha muita coisa pra fazer no hotel, então tomamos banho e saímos para jantar em algum restaurante da cidade. A coisa tinha mudado de figura em todo lugar. Quando de dia, não se via muita gente, mas de noite parecia um festival... Apareceu gente demais na rua. As pessoas todas passeando e preenchendo os restaurantes dali. Só gente bonita, tirando os seguranças... A gente resolveu entrar no restaurante que parecia o mais chique naquela rua. Tinha muita gente lá, mas ainda havia mesas vazias. A gente conseguiu uma mesa e sentamos lá. Assim que recebemos os cardápios, a Violet chegou no mesmo restaurante, acompanhada de um homem bonitão.  Será que é o namorado dela? Só podia ser. — Olha lá, sua irmã postiça. — comentei com o Ricky e ele olhou para a porta. — Será que é o namorado dela? — perguntei deixando um sorriso escapar. Se for... a forma como ela me tratou deve ser somente seu jeito de ser, de gente metida. vai ver ela nem queria nada com meu boy. Quando eles repararam na gente, ela puxou o rapaz e vieram na direção da nossa mesa. — Oi! — ela falou sorrindo. — Oi. — dei um leve sorriso para os dois e o rapaz me encarou de um jeito analítico.  — Querem sentar com a gente? — Ricky perguntou.  — Claro. Né, Silas? — Aham, pode ser. — ele balançou a cabeça.  Era uma mesa de quatro cadeiras. Ricky levantou e sentou na cadeira que ficava mais perto de mim, Violet sentou na cadeira a minha frente e o tal do Silas sentou do meu outro lado. Eu tenho que admitir que ela escolhe bem homens. Esse em específico. Alto, esbelto, pele limpa, lábios carnudos e nariz perfeito, cabelos e sobrancelhas bem escuras e um ar de gente elegante. — Então...eu fiquei sabendo de você. — Violet olhou para Ricky. — Você é filho do Daddy!  Silas olhou para ele de um jeito nada contente ao ouvir isso. — Então é você...— ele cruzou os braços e ficou fitando o Ricky. — É. — Ricky confirmou com um lindo sorriso. — Você se parece muito com ele. Quanto mais eu te olho, mais te acho parecido. — ela se curvou para ficar olhando para ele. Eu acho que o Silas não tá gostando. — Vocês são oque? Namorados?... Casados?...— perguntei curiosa. — Irmãos. — eles responderam juntos.  What? Tanto eu como o Ricky arregalamos os olhos.  — Então você é o irmão do Ricky? — fiquei bugada. — É o que parece. — ele respondeu. Irmã...irmão... Então essa Violet vai continuar dando encima do meu boy?! Ah não! — Nossa, que loucura. — Ricky ficou impressionado. — Eu esperava conhecer meu pai e agora descobri que tenho mais um irmão. — ele estava animado com a história. — Loucura é pra gente que nem sonhava que você existia. — ele retrucou com 10% da empolgação do Ricky. — Pois né. — eu dei um gole na água que colocaram na nossa mesa. — Mas pode se sentir acolhido. — Violet colocou sua mão encima da mão do Ricky e deu-lhe um sorriso amigável. Ela ainda se curva com um decote enorme que está pedindo para ser visto pelo Ricky. Ela é uma predadora e só sai pra m***r. Acontece que eu também sou. — Que bom, né amor. — puxei o braço do Ricky e entrelacei nossos dedos, olhando para ele e sorrindo. — É. — ele retribuiu o sorriso. — Vocês são namorados? — Silas perguntou erguendo uma das sobrancelhas. — Somos. — respondemos juntos. Ele não disse nada, apenas mexeu suas sobrancelhas enquanto coçava seu queixo. O resto do jantar foi resumidamente isso. Olhares. Mas a Violet resolveu levantar os ânimos com suas perguntas íntimas, como por exemplo, aonde a gente morava, qual a nossa profissão... quando nos conhecemos, a quanto tempo estamos juntos... Eu me segurei para não perguntar a história da irmã que é irmão, mas eu fiquei em duas alternativas: ou ele é homem trans, ou é homem gay. Eu acho que ele nasceu no corpo de mulher e fez transição para ser homem, porque os olhares que ele me deu, nunca serão de um homem que não fica com mulher. Teve momentos que eu fiquei super constrangida e até o Ricky reparou. Mas felizmente o jantar acabou e a gente voltou para o hotel. Silas disse que nos veria no outro dia, na casa de seu pai e a Violet disse o mesmo, não voltando para o hotel com a gente. — Acho que o Silas não gostou de mim. — Ricky jogou seu sapato para um lado. — Eu concordo plenamente. — Então também concorda que ele tava dando muito encima de você, né? — ele parecia bravo. — Sim. — admiti um pouco constrangida. — Eu vi, mas não dei muita crença.  — E ele deu encima de você na cara de p*u. Na minha frente! — tirou sua camisa e eu sentei na cama. — É... parece que esses seus irmãos gostam de gente que é comprometida. A gente tem que tomar cuidado com os dois. — desabotoei minha sandálias.  — Sim. E sabe o que mais? Tirando o meu pai, quanto mais eu observo as pessoas daqui e esse lugar todo, mais suspeito eu acho isso tudo. — O que você viu que eu não vi? — o encarei. Ele pegou sua carteira e tirou uma pequena nota fiscal. — Olha isso. Parece que eles já sabiam quem a gente é. Não cobraram nada pelo jantar.  Na nota fiscal havia o valor do jantar e foi cobrado do cartão 0 euros. — Não foi um erro da máquina não? — devolvi a nota. — Erro? — ele duvidou tirando a calça. — O codinome do meu pai é daddy, ele é dono de uma cidade que por acaso é cheia de seguranças armados...e você viu aquele povo que jantava no restaurante? Quem se veste daquele jeito todo elegante numa cidade tão pequena?! O Felipe me falou coisas como essa quando voltou ao Brasil naquela época. Esse lugar cheira a máfia, Manu. Máfia? Ricky só podia estar viajando. A gente trocou de roupas e ficamos assistindo filmes pelo resto da noite até pegar no sono. No outro dia, seguimos o cronograma de sempre dessas férias. Acordamos tarde e nos arrumamos para sair. A gente foi até a casa do Daddy e se pai já estava todo elegante ao lado do carrão vermelho, esperando o Ricky.  Uma coisa o meu namorado tinha razão, eles se vestem muito chique pra quem vive numa cidade tão pequena. Quem vai ficar reparando nas roupas dos outros? Verena me cumprimentou falando que queria passar o dia comigo, enquanto o Daddy contava sobre como seria o dia com Ricky e o Silas saiu da casa, com outro look de boy de passarela e um óculos na mão. Ele olhou diretamente para mim.  — Emanuelle. — veio até mim e me cumprimentou com um beijo na mão. — Que surpresa agradável! — sorriu. Eu retribui o sorriso um pouco sem jeito. Ele tem um ar intimidador. Ricky revirou os olhos.  — Ah, soube que já se conheceram. — o Daddy abriu o carro. — Vamos, então? — Vamos. — eles responderam não tão contentes um com o outro. Eu amo uma irmandade. Quando eles saíram, Verena segurou meu braço. — Então, o que havia planejado para hoje? — perguntou sorrindo e me puxou delicadamente para dentro da casa. — Sei lá, eu pensei em comprar umas roupas para esses dias que vamos ficar por aqui. — Então precisa de muitas roupas, porque eu já senti que seu futuro sogro quer que Henrique fique por aqui. — ela contou sorridente. Ficar aqui?  E a nossa vida no Brasil?
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