Do Amor Ao Ódi0...
ATENÇÃO!!! capítulo com possíveis gatilhos!
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É estranho como sua vida muda drasticamente por causa de uma tragédia.
O relacionamento dos meus pais era lindo, vivíamos felizes. Eles eram minha inspiração para um futuro feliz.
Mesmo com a vida humilde que tínhamos, eu era feliz.
Minha mãe conheceu meu pai quando tinha 15 anos, toda a sua família foi contra, já que meu pai trabalhava no tráfic0. Ele tinha 22 anos era o terceiro no comando, mas se apaixonou pela menina de sorriso doce e olhos intensos, era o que ele sempre me contava. Eu amava ouvir a história de como ele largou tudo pelo grande amor da sua vida. Não foi nada fácil, mas como ele sempre teve um bom coração conseguiu sair dessa vida, por ela, por mim, pela nossa família.
Me parece improvável encontrar o grande amor da sua vida assim tão jovem, mas eles eram feitos um para o outro. Logo minha mãe engravidou, meu pai foi trabalhar de pedreiro, nunca tivemos luxo, mas eu sempre fui rica. Sim! rica de amor, de atenção, de carinho, de afeto, meus pais me davam a maior fortuna que uma criança poderia ter, um lar estável e muito amor.
Ate aquele fatídico dia em que meu pai foi mort0, mort0 por não ter dinheiro para o assaltante levar! Em que mundo nos vivemos onde você é assaltado e se o bandido não ficar feliz com os míseros 15 reais que você tem ele te dá uma facada!? Com apenas 10 anos de idade eu tive que compreender que a maldade humana é real, e machuca demais destrói toda uma família.
Ver minha mãe perder o amor da vida dela, machucou demais. Mais ainda quando ela começou a se perder na vida, relacionamentos fracassados, homens abusivos que só queria usar seu corpo. Minha mãe sempre teve uma beleza extraordinária, seu corpo, suas curvas, seu sorriso, seus longos cabelo negr0s que mais parecia uma cascata caindo em ondas até a sua cintura, mesmo na época do meu pai vivo ela já era desejada pelos seu "amigos" e foi nessa que um amigo antigo do meu pai da época que ele trabalhava no tráfic0 ofereceu ajuda, já que minha mãe largou os estudos para cuidar de mim, Ela fazia faxinas para nos manter, o serviço como doméstica m@u dava para a gente comer.
Ele dizia que sempre foi apaixonado por ela, desde quando ela começou a namorar o meu pai. O que para mim e nojento, como você é apaixonado pela mulher do seu "amigo"? mas mediante a tanta pressão e a necessidade de pagar o aluguel, me dar de comer ela resolveu ceder, começou a se envolver com ele. Foi ai que o inferno pessoal dela começou, minha mãe sofreu demais na mão desse homem, ele humilhava ela de várias formas, agressão física e psicológica, quase todos os dias.
Minha mãe ainda fazia suas faxinas escondido dele, já que ele era o tipo que queria minha mãe completamente dependente dele, por que sabia que se não dependesse dele, ela o largaria.
- Querida a mãe vai trabalhar hoje. você fica na casa da dona Maria até eu chegar, sai do colégio e vá direto para lá.
- Está bem mãe. - ela me dá um beijo na testa.
- Estamos quase juntando todo o dinheiro, assim que eu conseguir a quantidade necessária a gente vai embora para o Rio de janeiro, Minha madrinha disse que tem até um emprego para mim lá. Vamos mudar de vida meu amor, eu te prometo que vai ser só nos duas de novo! minha madrinha vai ajudar a gente no início mas depois eu vou arrumar um cantinho para gente e nunca mais deixa ninguém nos fazer m@u, está bem? - minha mãe segurava meu rosto entre suas mãos. apenas balanço minha cabeça. - Eu te amo ratinha.
- Eu te amo mãe.
Alguns meses depois minha mãe descobriu que estava grávida, foi então que as coisas pioraram, minha mãe não conseguiu mais fazer as faxinas, só vivia deitada com hipertensão. e mais um monte de outras problema gestacionais. Eu tive que assumir a casa para ajudar ela. já que o WL ficava muito irritado quando ela não estava com a casa organizada e a comida pronta. Não entendi nem o por que já que ele passava mais tempo na boca do que dentro de casa com ela doente.
- Meu amor, não deveria está fazendo essas coisas. você deveria estar estudando não caia na tolice de largar estudos como a sua mãe, Eu quero que tenha uma profissão. - ela se queixa quando eu levei um prato de sopa para ela. Minha mãe sempre priorizou os meus estudos. Sempre me dizia que eu fui a coisa mas importante na vida dela. mas que para de estudar foi um grande erro.
- Está tudo bem mãe, eu quero te ajudar.
- Deitada de novo mulher. - wl chegou batendo a porta - Que p0rra de comida é essa? Sopa! - ele faz cara de nojo remexendo as panelas.
- Eu não estou me sentindo bem, A Renata fez essa comida para gente. - ela se senta na cama.
- Mas que infern0 toda vez é isso agora? já falei pra você tirar esse troço. te disse que não queria filho. E você deixou isso acontecer. Agora fica aí jogada nessa cama, não arruma essa casa, não faz uma comida decente, nem sexo faz mais.
- WL respeita a minha filha! - minha mãe grita com ele. logo vem um tapa.
- Não bate nela! - eu vou para cima dele revoltada, estava tão cansada de ver minha mãe passar por aquilo. meu pai nunca levantou a voz para ela. nunca!
- Sai daqui garota. - ele me empurrar. minha mãe se levanta querendo bater nele.
- Seu cretino não encosta nela!! - ele sacode ela depois a joga no chão.
- Tu se controla e controla a tua filha tá me entendendo! vou sair pa mim não fazer uma merda com vocês - ele sai batendo a porta. Aquela noite ele não voltou.
Minha mãe chorou por horas naquele dia. ficamos no chão abraçadas, por muito tempo. Ela me pedindo perdão por tudo aquilo.
Naquele dia eu jurei que tiraria minha mãe daquele pesadelo de alguma forma, não quero mais ver a minha mãe passando por isso. Infelizmente eu não tive o tempo para isso, três meses depois minha mãe entrou em trabalho de parto, passando muito mau com a pressão. fomos para o hospital e a última coisa que ela me disse nunca mais saiu da minha cabeça.
- Eu te amo ratinha, me perdoa por não estar sendo a mãe que você merece, Mas as coisas vão mudar, Você, Maitê e eu vamos embora e ser felizes juntas, eu te prometo ser a melhor mãe do mundo para vocês duas, você vai me ajudar a cuidar dela?
- Sempre mãe, Eu te amo. - ela sorriu. assim que chegamos no hospital, os paramédicos levaram ela para o centro cirúrgico e eu nunca mais vi a minha mãe com vida. Naquela noite prometi para ela que cuidaria da Maitê como ela cuidou de mim. E era o que eu faria.
Minha tia Marta morava do outro lado da favela, ela e minha mãe não se falavam muito, Já que ela culpa minha mãe pela morte do meu pai, disse que ele largou o tráfic0 para morre em um assalto por que a minha mãe era um hipócrita.
Quando ela chegou no hospital para buscar a gente, deu até arrepio da forma que ela nos olhava com cara de nojo, mas ela teria uma ajuda de custo do estado para ficar com a gente e como sempre passou necessidades aceitou nos acolher, pelo dinheiro do governo.
Desde que cheguei a sua casa não tive paz. fui obrigada a trabalhar em troca de um prato de comida e leite para Maitê. A forma como o marido dela me olhava também me dava arrepios.
Ela queria me tirar da escola, mas eu bati o pé, mesmo apanhando quase todos os dias, eu continuava indo a escola, andava todos os dias até a casa da dona Maria, amiga da minha mãe, deixava Maitê com ela e ia para a escola.
- Renata acorda o professor tá vindo. - abri rápido o meu olho.
- Dormindo na aula de novo Renata. - ele diz irritado.
- Desculpa professor...
- Desse jeito vou ter que comunicar a direção. não teve uma única aula minha que você não dormiu essa semana!
- Não por favor... não avisa. Eu prometo que não vai se repetir. - digo com medo. da última vez que avisaram a diretora que eu estava com problemas, ela chamou o concelho tutelar. foram até a casa da minha tia. Aquela semana ela quase me matou de tanta pancada por está sendo investigada.
Ele fica me olhando por um tempo. acho que vou o medo em meus olhos.
- Se acontecer novamente eu vou informar. - ele diz - Sua sorte é que você é uma ótima aluna.
Graças a Deus ele vai ficar quieto desta vez, eu preciso arrumar um jeito de conseguir dormir a noite, já que não consigo mais ir na casa da dona Maria dormir um pouco de tarde. Desde aquela noite, eu não consigo mais dormir naquela casa.
- Renata, ele continua indo no seu quarto não é? - Ágata pergunta.
- Não , eu tenho ficado acordada.
Contei para ela por que não consigo dormir, das vezes que acordei de repente e vi o marido da minha tia me olhando. Contei de como ele fica dizendo que sou bonita, que meu corpo é bonito, sua forma nojenta de me olhar.
Mas não tive coragem de contar do que aconteceu na semana passada, fiquei com medo dela contar para alguém e separarem eu e a Maitê. Ele disse que fariam isso, que tirariam ela de mim, e que ele que cuidaria dela, com a minha tia. não posso deixar a Maitê aos cuidados deles. Depois do que aconteceu naquela noite, eu não consigo mais dormir com medo dele voltar no meu quarto.
- Você precisa contar para alguém Renata. Dizer que ele fica te assediado.
- Pra quem? minha tia não acredita em mim, ele disse que isso é mentira e que eu fico me insinuando para ele. Da última vez ela ainda me bateu por falar essas coisas do marido dela.
- Para polícia então, concelho tutelar, pros cara?
- Se eu fizer isso vão jogar a gente em um abrigo, e eu vou ficar longe da Maitê, ela pode até ser adotada, eu já passei dessa fase. ouvi eles conversando quando minha tia não queria pegar a gente que a Maitê seria adotada rápido mas que eu não. não vou me arriscar em separar a gente Ágata. Eu prometi para minha mãe que ia cuidar dela.
- Amiga. - ela me abraça. - E se esse cara cometer o ato Renata eu tenho medo por você amiga. - começo a chorar ainda mais, o desespero se apodera de mim - Renata ele nunca, não é?
- Eu não posso ficar sem a Maitê Ágata, não posso... - ela entendeu o que aconteceu.
- Meu Deus amiga... - ela me abraça.
- Minha tia não quer perder a ajuda que ganha por nós abrigar na sua casa. eu não tenho o que fazer.
- Eu vou contar para alguém. - ela me diz.
- E eu vou negar... Minha tia me disse que assim que eu fizer 18 anos posso ir embora mas a Maitê fica. Não vou ficar sem a minha irmã.
...
Eu estava tão cansada, minhas vistas estavam fechando sozinhas naquela noite. Quando voltei a abrir ele estava lá. só que desta vez ele não está me olhando. e sim para Maitê. Ela estava na cama, e eu sentada no chão ao lado da cama. Por que não queria dormir, achei que sentada ficaria acordada. Que tipo de pessoa olha para um bebê? Maitê tem um ano sinto náuseas e ódio desse desgraçado.
- Sai do meu quarto!
- Xiiu! para de gritar - sua fala era enrolada - Se a sua tia vir aqui ela vai te colocar para fora de casa. e eu juro que vou te matar garota! E vou ficar com a sua irmã aqui sem você! e o que você quer?
- Eu não ligo!!! seu nojento! imundo saí! - me levanto empurrando ele. o cheiro de cachaça era forte. ele estava bêbado. Tão bêbado que com o meu empurrão ele tropeça em um caixote e cai, por cima de umas ferramentas que ficam no canto do quarto. Começa a sair s@ngue, muito s@ngue em poucos segundos ele está a em uma poça de s@ngue. Eu fico desesperada. ele deve estar mort0, Meu Deus eu m@tei ele? . Minha tia vai me m@tar! os caras vão me m@tar, não se pode fazer justiça com as próprias mãos na favela. o que eu vou fazer? jogo umas peças de roupa dentro da mochila pego Maitê e o dinheiro que estava escondido corri para casa da dona Maria. já passava das duas da manhã. quando eu bati na sua porta.
- Renata o que aconteceu? - ela estava assustada.
- Dona Maria me ajuda... - contei para ela o que aconteceu.
- Meu Deus criança...
- Eu preciso ir embora, no Rio tem a madrinha da minha mãe, ela ia deixar a gente morar com ela por um tempo.
- Eu não tenho muito, mas posso te ajudar a chegar lá. Meu filho te leva até a rodoviária e você vai para o Rio hoje mesmo. Sabe onde essa madrinha da sua mãe mora?
- Eu tenho o endereço. tenho algum dinheiro que minha mãe estava guardando também. eu consegui pegar quando fui buscar nossa roupas na casa do WL.
- Ótimo. Bernardo! - ela chama pelo filho.
Dona Maria explica toda a situação para ele. Não esperei amanhecer com medo de ser pega. Bernardo me coloca em um ônibus para o Rio.
Assim que cheguei no Rio peguei um táxi para casa da madrinha da minha mãe. Ela não estava em casa. mas eu fiquei esperando no portão. por horas e horas. Fazia muito tempo que não falava com ela. Desde que minha mãe morreu não tive mais contato e se ela não morasse mais aqui? eu estaria perdida, O que eu faria? Quando já estava anoitecendo. uma senhora passa por mim.
- Alessandra? - eu estava de cabeça baixa sentada na calçada com Maitê no colo. - Desculpa, achei que era uma conhecida. - ela diz assim que levanto minha cabeça.
- Você é a dona Carmem? - ela me olha entranho. - Eu sou a Renata filha da Alessandra.
- Ha meu Deus, eu procurei muito por vocês. Onde está sua mãe? - ela pergunta.
- Minha mãe infelizmente não resistiu no parto da Maitê.
- O que? - ela me abraça. entramos na sua casa e eu contei tudo para ela.