Capítulo 1 - Parte 2

2915 Words
Entramos na casa dos Escudos e nossa, tudo ali era imponente, varias espadas penduradas nas paredes da entrada, o saguão de entrada possuía várias poltronas, onde fomos direcionados a nos sentar. — Bem vindos novos Escudos. Em nome de toda a casa! — O diretor Oliver começou a falar. — Irei lhes passar as regras da casa e como funcionam as coisas por aqui. — ele olhou para mim e mais nervosa do que já estava. — Sei que todos estão questionando a entrada da Justiny para a nossa casa, mas lhes garanto que ela não é a primeira mulher a estar sob o nosso comando. Todas as que passaram por aqui tiveram grandes feitos e acredito que desta vez não será diferente. — Ótimo! Ele começou a descrever como eram os dias aqui, os treinamentos, os ensinamentos e o que deveríamos fazer em caso de ataques. Nos apresentou cada professor do primeiro ano e como cada um iria nos forçar a dar o melhor de nós. — Agora vamos sortear os quartos. Príncipe Alecsander, se desejar poderá ter um quarto somente seu, irá querer? — Não senhor, aqui serei como todos os outros sem distinção. — Olhei para ele e percebi como ele era lindo, seus olhos verdes marcantes, ele parecia estar tão a vontade com a situação, queria eu estar assim. — Se possível, prefiro que aqui não me chamem de príncipe, agora eu sou um Escudo. — Ele percebeu que eu o olhava e sorri timidamente, ele simplesmente me ignorou. É talvez ele não seja tão legal assim. Todos os outro 6 selecionados olhavam para mim com certo interesse e eu ficava cada ainda mais sem graça.O diretor possuía uma urna sobre a mesa. — Dentro desta urna tem uma esfera com a imagem de cada um, irei sortear quatro. Esses quatro irão sortear seus companheiros de quarto. Em todas as aulas e exercícios vocês terão que se ajudar mutuamente. Fazer dar certo essa parceria, por que vocês serão parceiros após se formarem. Se por venturar haver alguma rivalidade ou morte, por parte de um dos integrantes, será designado outro parceiro para o mesmo. Claro, tudo depois de passar pelas devidas apurações. É isso mesmo, eu teria que dormir no quarto com um desses meninos, era só o que me faltava! A primeira esfera que o diretor tirou continha a foto do Léo Wold, um rapaz n***o com cara de poucos amigos. O próximo foi o Kol Willians, um menino franzino que só ganhava de mim em porte comparado aos outros meninos. Mais uma esfera era retirada da urna e o rosto de Alecsander apareceu, a ultima esfera era a que estávamos mais ansiosos, porque os que sobrassem seriam escolhidos pelos que já tinham sido sorteados e até aquele momento eu não queria ser nem do quarto do Alecsander nem do Léo. Steven Loven foi sorteado, ele era um rapaz estranho, não parecia querer se enturmar com ninguém. E era maior que todos. — Por favor que seja com o Kol, por Favor que seja com o Kol!! — eu repetia esse mantra em minha mente. Léo foi o primeiro a sortear e tirou o Cred Clark, um rapaz bonito com lindos olhos azuis. Kol se aproximou da urna e ergueu sua esfera, Tomas Aloow, d***a! Teria que ficar com o príncipe m*l encarado ou com o psicopata. Alecsander colocou a mão na urna e mexeu por um longo tempo, pelas olhadas que ele me dava, ele não queria a mim como parceira de quarto. Mas como minha vida vai indo de m*l a pior, a esfera na mão dele continha a minha foto. Abaixei a cabeça negando. — Também não estou feliz com isso. — ele disse assim que sentou ao meu lado. Virei meu rosto para olha-lo, ele parecia ser frio. — Já peça a substituição, nem sei se vou ficar. — disse ríspida. — Desiste fácil hein. — Eu nunca quis isso aqui. Steven tirou a esfera apenas por mera formalidade e todos pudemos ver a foto do Jason Hart. — Agora que está tudo definido, vou acompanhá-los aos seus respectivos quartos. — Disse o diretor Oliver nos fazendo levantar. Entramos em um longo corredor dentro da casa dos Escudos, vi varias portas, onde deveriam ser as salas de aulas teóricas. Ao fim do corredor passamos por uma porta que dava em um pátio de treinamento. Havia uma pista de corrida oval com uma quadra no meio, vários aparelhos de exercícios por toda parte. Todos que estavam ali começaram a cochichar enquanto passávamos, mas com toda certeza do mundo o assunto principal era eu. m***a de vida!! Foram longos 5 minutos até atravessarmos todo o patio de treinamento. Ao fundo vi pequenos chales e lá deveriam ser os dormitórios. Nunca entrava mais que 10 pessoas no escudo e nunca se formavam todos também. Paramos em frente a um chalé simples, mas até grandinho. Quando entramos vimos uma sala com mesas de estudo e muitas estantes de livros, tinha também alguns sofás e uma lareira central. Um monitor gigante sobre a lareira e quatro portas duas em cada lado do chalé. — Léo e Kol, escolham seus quartos. — disse o diretor e logo os meninos começaram a olhar os quartos. Os dois escolheram os quartos do lado direito do chalé. — Alecsander e Steven agora podem olhar os outros dois quartos e se decidirem quem fica com qual. — Os dois se encaminharam aos quartos restantes e se resolveram por ficar com aquele que já tinham aberto a porta. - Acho que é isso, se conheçam e amanha começamos a parte teórica. - ele saiu me deixando com aqueles 7 idiotas. Fui até meu quarto e me joguei em uma das camas, eu só queria que esse pesadelo acabasse. Os meninos ficaram na sala conversando, mas eu não me sentia a vontade para fazer o mesmo. Pensei em tudo que tinha acontecido hoje, em como minha vida tinha se virado contra mim. Levantei e fui até o espelho que ficava na parede lateral do banheiro. Me olhei com aqueles cabelos platinados e aquelas vestimentas vermelhas e reparei na decoração do quarto. Tudo ali tinha algo vermelho, tudo ali era intimidador. Ouvi risadas vindas da sala, eu nunca seria aceita por eles. Fui até a sala e todos pararam de conversar, aquilo me irritou ainda mais, eu queria fugir dali. E foi o que eu fiz, sai do chalé e fui conhecer as dependências da casa dos Escudos, afinal até eu me decidir o que fazer, lá seria o meu lar. Andei por tudo e via que todos me olhavam, eu era a estranha no ninho, eu nunca deveria ter vindo para cá. Corri até umas árvores, longe de tudo e de todos, me sentei no chão e chorei. Chorei toda a angustia que eu estava sentindo, todo o medo, toda a avalanche que passava por mim. — Porque eu? — Gritei assustando os passarinhos. Chorei mais um tempo, até ouvir passos vindos em minha direção. Limpei meu rosto e já me preparei para dar uma resposta bem estupida para o infeliz que estava me bisbilhotando. Me levantei e me virei em direção aonde eu ouvia os passos. A pessoa estava mais longe do que eu previa, uns 20 metros para ser mais exata. -— Senhorita D'Lavign? - disse um senhor de idade. — Sim? — Poderia me acompanhar? — Era um ancião com toda a certeza. Assenti com a cabeça e o segui. Entramos dentro da casa central e ele me direcionou até uma das salas. — Entre por favor. — entrei na sala e percebi que era um pequeno escritório. Ele me indicou uma cadeira e eu me sentei. Ele sentou na cadeira em frente a mim e me analisou por um longo tempo. Diria ele que a Lua tinha errado e eu seria trocada de casa? — Sabe porque foi escolhida para os Escudos? — Não! Deve ter sido um erro. — Não existem erros, minha querida. — Então, como posso eu sem força alguma, sem aptidão nenhuma de defesa, ser escolhida para o posto mais difícil? — Algo em você irá se transformar com a nossa ajuda e certamente nossa amada Lua já sabe disso. — Não acho isso possível. — me soltei na cadeira, colocando as mãos em meu rosto. — Quero te mostrar uma coisa. — Quando o senhor foi se levantar da mesa, previ que ele iria derrubar o copo de água que estava sobre alguns papeis e me antecipei o tirando do lugar. Ele apenas observou. Ele foi até uma prateleira e pegou um livro grosso e antigo e o trouxe até mim. — Gostaria de lhe mostrar quem foram as nossas outras mulheres. — Então houveram outras mesmo? Achei que era uma mentira só para os meninos não me enxerem. —   A cada 300 anos nós temos uma mulher entre nós. Não sabemos o porque, mas essa é a regra. Já prevíamos que alguma menina iria entrar para os Escudos esse ano.  —   Ele abriu o grande livro a minha frente.  —  Essa foi a primeira mulher a pertencer aos escudos. Veio de uma família de Viventes e como você, também achava que não tinha nada de especial. Mas ela era forte e fiel a seus princípios, defendeu nosso reino com tanta devoção que foi eleita como uma das melhores Escudos do seu tempo. Ela se casou com um de nossos generais e sempre o auxiliou em todas as estratégias de pacificação. Sabe qual era o nome dela? - Eu nem sabia da existência dela, quanto mais o nome. Apenas neguei com a cabeça. — Lavínia D'Lavign. — Choquei. — Não existe nenhuma Lavínia em minha família. — Falei exaltada. — Sim, existe. Como disse ela se casou e perdeu o sobrenome de solteira, se tornando Lavínia Derok. — Mesmo assim, meus pais saberiam. — Será? Faz 600 anos que ela existiu. — 600 anos? —Eu deveria estar pálida. — Depois temos essa daqui — ele me mostrou no livro outra mulher, ela era da realeza — Rainha Petrova Trillor. Sabe qual era o nome dela de solteira? — Balancei a cabeça para ele negativamente. — Petrova D'Lavign. — Estou transparente. — Vê que não a erros? — Como eu nunca soube disso? Por mais que elas não tenham mais os nomes de solteira, minha família deveria ter me contado. A Rainha Petrova é comentada até hoje na escola básica. Dizem que ela deu sua vida pelo rei. — Sim, ela foi uma grande guerreira. — E como eu não sabia que ela fazia parte da minha família? — Talvez seus pais tinham medo do seu destino. — Mas eles não poderiam mudar, seria mais fácil saber de tudo isso. — Sei que sim, amanha teremos uma aula de apresentação da sua linhagem. Se prepare para grandes emoções. — Mais? Minha vida já está insuportável. — Não seja tão pessimista Justiny, você vai se encontrar, assim como suas ancestrais. — Não sei como. - olhava a foto delas e ficava cada vez mais chocada com a realidade que se abatia sobre mim. — Eu já vi algo em você, que você ainda não percebeu? — O quê? — Pode ser cedo, mas tenho quase certeza que você tem o dom da terceira visão. — O que é isso? — Você prevê acontecimentos, simples ou graves. Prevê chegada de pessoas antes mesmo dessa estar perto de você. — Qualquer um faz isso. — Tem certeza querida? Você se virou em minha direção quando eu ainda estava a uns 20 metros de distância, retirou o copo de água do meu caminho antes mesmo de eu levantar, quem faz isso? Eu não faço. — Mas isso não é grande coisa, já que sem força sou um alvo fácil. — Treino, é tudo que você precisa, em ambas as partes. Logo saberá como controlar a terceira visão e defender a si e ao nosso reino. — Nem acho que irei permanecer por muito tempo aqui, todos me olham, falam sobre mim. - abaixei a cabeça, aquilo estava me incomodando demais. — Acho que ser uma exilada é melhor que ficar aqui. — Nunca mais repita isso Justiny, está me entendendo? — Ele chegou perto de mim e passou as mãos pelos meus cabelos. - Sua família é composta por guerreiras, você não será diferente. — Sempre há uma chance. — Não nesse caso. E vamos parar com essa conversa fiada. Tenho certeza que você só precisa de um tempo para assimilar tudo. Volte para seu dormitório, amanha após a apresentação dos fatos de que você vem de uma linhagem centenária, mudaremos o pensamento de muitos aqui, fique descaçada. — Ou piorarão a situação. —Nunca se sabe. — ele sorriu. — Mas vá dormir menina, é disso que você precisa agora. — Posso ficar com o livro? —Tem um exemplar igual em seu chalé. Aproveite para descobrir mais sobre você e por favor não comente com ninguém sobre a terceira visão, são poucos que as tem, mas muitos a cobiçam. — Pode deixar. Não tenho mesmo com quem conversar, exceto o senhor. Nem perguntei seu nome. — Marcus, menina, meu nome é Marcus. — Fez um aceno e sorri sem graça. — Marcaremos as aulas extracurriculares para aprender sobre a terceira visão, no decorrer da semana. — Sim senhor, obrigada pelos esclarecimentos. — Era coisa demais para um dia só. Sai do escritório e fui direto para o chalé. Quando entrei os meninos continuavam sentados no sofá, alguns jogavam um jogo de tabuleiro e os outros assistiam. Alguns olharam para mim quando entrei, outros nem perderam tempo. Certo é assim que vai ser. Fui até meu quarto e vi que nossas novas roupas já tinham sido entregues. Tomei um banho e vesti uma blusa vermelha com um short preto. Aquele corpete já estava me sufocando. Amarrei meus longos cabelos em um r**o de cavalo e resolvi ficar descalça, fui até a sala e novamente vi uns olhares curiosos, inclusive o do Príncipe Alecsander. — Perderam alguma coisa aqui? — perguntei de costas para eles, procurando o livro sobre a história dos Escudos. Alguns deram risada e outros bufaram. Continuei procurando entre as prateleiras e nada. Mas o ancião me disse que aqui tinha um exemplar? — Precisa de ajuda? — Levei um susto quando Steven chegou perto de mim. Que m***a de terceira visão hein?! — Talvez.. — O que está procurando? — O livro sobre a história dos Escudos. — seus olhos eram curiosos. —Tentando se preparar para amanha? — Ouvi outra voz chegando mais perto, mas aquela eu já conhecia. — Querendo saber um pouco mais sobre mim, alteza. — sorri de lado mas não olhei para ele, sabia que isso iria enfurecê-lo, já que ele não queria ser chamado de príncipe aqui. Alguma coisa me disse que ele me daria um chacoalho segurando em meu braço direito. Me esquivei antes que ele pudesse realizar o feito. Agora sim essa terceira visão serviu para algo. —Não me chame assim. — O ouvi dizer. Me virei e vi a irá em seus olhos. — Como quer ser chamado então, alteza? — Meu sorriso era desafiador, nem eu mesma estava me reconhecendo. — Alec ou Alecsander, nada de majestade, alteza ou príncipe. Aqui eu sou igual vocês— disse olhando todos que estavam na sala. Nossa pequena discussão se tornou o centro das atenções. — Ok — disse apenas e me virei para as prateleiras. — Porque esse livro é tão importante? O que você sabe que nós não? —Perguntou Kol vindo em nossa direção. Contar ou não contar? Nem eu estava acreditando naquilo. —Saberão amanha. — Disse indo para uma prateleira mais afastada. — Queremos saber agora, por favor — Léo falou se levantando. — Resolveram que agora eu faço parte do grupo? — Me virei cruzando os braços para eles. Os sete me olhavam com total atenção. — Até agora vocês só me ignoraram e cochicharam sobre mim, como todos lá fora. Agora eu mereço atenção de vocês? Me poupem. — me virei novamente. — Nos desculpe Justiny, não sabíamos como lidar com a situação. — Jason falou — Você é a primeira mulher a entrar nos Escudos. Ainda não sabemos como te tratar. — Ai que você se engana, não ouviu o que o diretor falou, que eu não sou a primeira. — Então isso é verdade? — Kol chegou mais perto. — Sim, eu sou a terceira. A cada 300 anos uma mulher é escolhida para os Escudos. — um silêncio pairou na sala. — Raio de livro que não aparece. — berrei. —Aqui. — disse Steven vindo de uma prateleira perto da porta de entrada. Ele me entregou e eu comecei a folear. Parei na pagina da Lavínia. Me encaminhei até o sofá e comecei a ler tudo sobre ela, sentia os sete pares de olhos esperando eu falar alguma coisa. — Que m***a, elas sempre morrem defendendo alguém. — Quem são elas? — Cred se pronunciou. — Lavínia Derok e Rainha Petrova Trillor. — O que minha antepassada tem haver com isso? — Esses nomes que elas carregam são os de casadas. — resolvi que iria compartilhar com eles essa parte, quem sabe assim pelo menos eles me aceitem no grupo. — E que diferença isso faz? — Olhei f**o para o Alecsander. — O sobrenome delas de solteira é D'Lavign.
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