Ser n***a em uma sociedade racista conservadora antiquada não é fácil, desde criança as pessoas me diminuem sempre tentando me por pra baixo, falando que não vou chegar a lugar algum sendo eu...
Meu nome é Adara moro com a minha mãe em uma comunidade, nossa casa meu pai deixou pra gente quando faleceu ele morreu com bala perdida voltando do trabalho, minha mãe é diarista e eu faço faculdade pra ter um futuro melhor, sempre sonhei ser enfermeira gosto do que faço, faço por amor, trabalho em um hospital grande e bem conhecido que me trás ótimas chances, mas não é fácil estagiar lá, muitas pessoas me olham com um certo preconceito chegam debochar da minha condição social, a minha superior é muito grossa e dificulta bastante o meu dia a dia, recentemente eu estava querendo desistir por causa de uma médica a doutora Íris ela é umas das melhores médicas de lá e ela me deu uma péssima avaliação após eu auxiliar ela em um procedimento, ela é bem fechada toda séria não parece gostar muito de mim, desde que me conheceu, uma colega me disse que ela falou que sou esnobe arrogante e que ela iria me por no meu devido lugar se tivesse que trabalhar comigo novamente, rolavam boatos de que ela era racista preconceituosa. Sou n***a tenho 1.68 de altura, sou magra chamo atenção quando me arrumo a altura o corpo, pelo corpo cabelos longos, desfilo sempre no carnaval desde criança, adoro dançar tenho 21 anos, eu e minha mãe somos muito unidas apesar de algumas dificuldades nos mantemos bem sozinhas, ela nunca teve outro relacionamento depois de perder meu pai, para ajudar minha mãe em casa e pagar parte da bolsa de estudos que ganhei, trabalho em uma loja de roupas de marca e assim vamos vivendo, eu nunca namorei e minha mãe gosta de ficar sozinha tem uns casos mais nada muito sério, a prioridade da vida dela sou eu.
Um belo dia eu estava trabalhando e um rapaz alto lindo entrou na loja, aparentava ter mais ou menos 1.90 de altura, barba feita, corpo atlético, aparentava ter lá seus 28 anos lindooo, chamou atenção de todas vendedoras, nós trocamos olhares já doidas pra atender ele, eu estava mais perto, ele entrou foi olhar a vitrine, corri para atendê-lo gentilmente, cheguei perto e falei
- Ola boa tarde, tudo bom? Posso ajudar?
Ele respondeu sem me olhar
- Procuro um presente, queria algo especial ...
Respondi
- Tem alguma referência do que ela goste? Chegaram essas peças novas aqui ...
Mostrei umas blusas decotadas com transparências, mais sensuais, ele respondeu
- Ela não gosta assim, tem outra pessoa pra me atender por favor? Somos clientes antigos aqui .
Fiquei sem jeito, as meninas estavam ocupadas a loja encheu, respondi
- Desculpe, qual a idade dela pra eu ter uma noção melhor?
Ele respondeu sério
- É para minha mãe, procuro algo delicado mais sutil, menos chamativo!
Mostrei a ele um vestido de R$350 reais, na cor vinho, não muito longo, até o joelho com mangas até acima do cotovelo, era bem comum e ao mesmo tempo elegante clássico, chamava atenção pelos acessórios que acompanhava, um lindo colar de pérolas que destacava, uma bolsa de mão, brincos, tudo combinando, ele olhou e disse
- Perfeito! Vou levar .
Respondi aliviada
- Só o vestido hoje? Não quer aproveitar levar um acessório?
Ele respondeu
- Não, você não entendeu. Vou levar tudo! O vestido e tudo mais que está aí junto .
Fiquei de boca aberta eu ganhava comissão e faltava muito pra bater a meta, com a compra dele eu ia conseguir ...
Respondi
- Ahh desculpa eu não tinha entendido, que bom que gostou da sugestão!
Ele respondeu antipático
- Não precisa ficar se desculpando a cada 5 minutos moça!
Ele tinha sido tão grosso áspero que fiquei até grata pela compra pra compensar a forma esnobe dele comigo . Acompanhei ele até o caixa, agradeci e voltei ao meu posto. O moço pagou e quando passou por mim, falou obrigado e tchau, o comportamento daquele rapaz era comum muitos clientes me tratavam mau, a maioria sempre grossos se achando donos do mundo, o jeito que ele falou comigo me abalou me deixou pra baixo porque em algum momento eu pensei que poderia ter chance, senti um interesse e achei por ilusão que um cara como ele teria olhos pra mim, mais não me deixei me levar por isso, sempre com os pés no chão e a cabeça no lugar, dias se passaram, sabe aquele dia que você não quer sair da cama? Bom eu estava nesse dia acordei bem cedo para ir para o estágio, estava meio pra baixo sentindo que aquele dia não iria ser bom que ia demorar três vezes mais pra passar, cheguei no hospital me troquei, logo fui recebida pela doutora Ingrid curta e grossa dizendo que eu estaria com ela cobrindo uma colega que tinha faltado, ela tinha que fazer uma cirurgia simples e eu iria auxiliar, eu estava um pouco nervosa pois nunca havia visto uma cirurgia daquela de perto e ela me tratava meio mau. Ela mandou que eu me arrumasse para a cirurgia, disse que teria que prestar atenção em tudo nos mínimos detalhes, me arrumei e fui para a sala de cirurgia, estava tudo muito tranquilo, ela só me deixou plantada lá, quase não pedia pra eu fazer nada, em um certo momento eu me desliguei coisa de segundos e ela me chamou
- Adara?! Adara?!
Respondi rápido
-Oi... Oi doutora desculpe?!
Ela respondeu grossa
- Menina insolente! Aqui não é lugar para se distrair .
Respondi constrangida
- Desculpe doutora não irá se repetir.
Ela respondeu arrogante
- Assim espero!
Ela começou falar que não se faziam mais profissionais como antes, que nos dias atuais, qualquer um fazia umas aulas porcaria e se achava muito, ela estava querendo me deixar constrangida e estava conseguindo, derrubei um bisturi no chão porque estava nervosa, na hora a doutora ficou uma fera e falou
- Mais não serve mesmo pra me ajudar, sua incompetente, eu já tinha avisado ao chefe que você não ia longe toda atrapalhada, não consegue nem pegar um bisturi corretamente, saia agora daqui . Anda!
Sai da sala sem nem falar nada, não consegui reagir fiquei arrasada, mais segurei o choro, não deixei ela me ver chorando porque até isso ia somar pontos contra mim, a minha supervisora conversou comigo me colocou longe da Ingrid o resto do meu expediente, depois sai e fui direto pra loja, estava com bastante movimento no dia, vi o moço que me tratou mau outro dia entrando e já me afastei pra não atender ele, a comissão podia ser boa mais naquele dia eu preferia perder de ganhar pra evitar mais problemas, a minha colega atendeu ele, ficaram uma meia hora ela tinha que ir embora já tinha pego muitas coisas e ele sendo aquele cliente caroço, ela me chamou pra assumir a venda, falei
- Olá, posso ajudá-lo? Gostou de algo?
Ele respondeu
- Tô em dúvida, procuro um presente, ela é exigente, é tão difícil presentear quem já tem tudo.
Respondi sem muita simpatia
- Verdade é difícil, ela gosta de algo mais básico ?
Ele respondeu
- Não, ela gosta de chamar atenção, é nova.
Levei ele até umas roupas novas que tinham chego tinha bastante coisa transparente rendada, mostrei a ele um vestido frente única preto curto com um decote grande " coisa gringa ", ele olhou o vestido e na mesma hora fez cara de quem não gostou e falou
- Ela não se veste assim, é muito vulgar esse tipo de roupa!
Mostrei um croped de renda com um cardigã por cima que ficaria elegante sexy na medida certa, perguntei se ele gostou, ele perguntou irônico
- Você usaria essa roupa?
Respondi já esperando a patada
- Não faz o meu estilo, mais é bonita.
Ele respondeu com deboche
- Se nem você que é assim usaria, imagina a pessoa que estou comprando o presente, ela gosta de chamar atenção, roupas da moda, acho que não vou encontrar o que procuro aqui hoje!
Perguntei
- Desculpa. Assim como? Não entendi.
Ele respondeu irônico
- Você usa tênis, roupas falsas, não usa?
Balancei a cabeça que sim, ele continuou falando
- Fico imaginando como você se veste fora daqui sem esse uniforme, deve ser r**m pra você vender coisas boas e não poder usá-las.
Naquela hora eu não aguentei meus olhos começaram se enxer de lágrimas, comecei chorar ali mesmo no meio da loja, ele estava falando de costas pra mim, limpei o rosto rápido mais não adiantou, ele me olhou assustado sem entender muito bem o que estava acontecendo, falei
- Me dá licença, vou chamar alguém pra te atender...
Ele respondeu com espanto
- Você tá bem?
Falei enxugando as lágrimas
- Não moço não estou e não precisava falar desse jeito comigo, prefiro usar roupas falsas do que ostentar uma vida que não tenho. Não sou menos que ninguém por isso!
Ele respondeu que se expressou m*l e pediu desculpas, não respondi, sai de perto, a minha colega foi atender ele, corri para o banheiro eu estava muito m*l, já tinha sido humilhada o suficiente, estava de cabeça cheia, pedi pra minha patroa me liberar mais cedo falei que não estava me sentindo bem, ela me liberou era umas 18:00 sexta feira, quando sai da loja ele já tinha ido embora, cheguei em casa muito cansada não falei nada pra minha mãe inventei que estava com enxaqueca Tpm, tomei banho deitei e chorei até pegar no sono, acordei com minha mãe me chamando pra jantar, falei que não queria, ela disse que eu estava muito abatida perguntou oque aconteceu, falei que nada, que estava muito cansada de trabalhar fazer estágio, eu não gostava de contar a minha mãe as coisas que sofria, levar problemas pra casa, eu evitava ao máximo, principalmente quando envolvia preconceito, isso a deixava m*l ela tinha problemas de pressão alta, no outro dia já era sábado acordei um pouco mais disposta, fui trabalhar na loja no turno da manhã até as 13:00, sai fui pra casa descansar, recebi uma ligação de uma amiga dizendo que estavam precisando de gente para trabalhar em uma festa de aniversário de gente bem de vida, topei na hora eu estava precisando de dinheiro mesmo e seria bom pra distrair a cabeça, as vezes eu fazia uns b***s assim, garçonete, ficar no bar ou recepção, depois a gente sempre saia pra beber zoar junto a galera toda, ela falou íamos nos divertir que ia ser legal, tinhamos que ir bem vestidas super maquiadas, com salto alto, fui com um vestido preto era uma balada fechada, tive que ficar na portaria com a lista até a menina que cuidava daquilo chegar, as pessoas foram chegando e eu vi o moço da loja o cliente mau educado, ele sorriu me falou oi, me mantive séria e respondi
- Qual o seu nome?
Ele respondeu
- Higor!
Olhei na lista verifiquei, coloquei a pulseira no braço dele, ele pegou na minha mão e falou
- Queria me desculpar com você!
Respondi
- Magina, eu estava tendo um dia r**m apenas. Boa festa !
Ele entrou logo voltou e perguntou meu nome, respondi
- Adara.
Ele falou educado
- Vamos reiniciar? Prazer Adara, sou o Higor!