Capítulo 6

1059 Words
Niara Narrando... -Fico um tempo lendo aquele bilhete,um alerta grita na minha mente,não entra nesse barco furado Dona Niara, tu já teve um perturbado na tua vida e deu r**m. -Parece aqueles filmes onde tem um anjo num lado e o diabinho no outro induzindo a pessoa, o problema é que acabo escolhendo errado e me lasco bonito. -Minha mãe reclamou de ter um cachorro na casa,deu várias palestras de responsabilidade, mas se encantou no bichinho! -O filhote trouxe uma energia boa para casa, e as manas adoraram a novidade. Batizamos o pequeno de "Bolota". -Enquanto cuidava do Bolota, não pude deixar de pensar no bilhete do Dominic. Era estranho receber um presente dele, especialmente porque nossos encontros são sempre tensos. -Mas, por algum motivo, o gesto me fez repensar a situação, decidi aceitar o desafio de fazer os Tamales, afinal, cozinhar sempre foi minha válvula de escape então comecei a preparar a receita. -Enquanto os Tamales cozinhavam, recebi uma mensagem no celular. Era uma foto do Bolota, com a legenda: "Já é da família". Era a Cris, a bonita disse que ainda vai tomar ele de mim, tá apaixonada. -Fui levar Bolota para um passeio pelo Morro pra fazer suas necessidades e Dona Marga não reclamar no meu ouvido. -Encontrei César durante o trajeto, e ele ficou surpreso ao ver o filhote. PC: - E aí, Ni? Ganhou um novo guarda-costas? -pergunta rindo. Niara: - Chama ele de Bolota, guarda-costas não é e sim meu xodó agora.-falo sorrindo. PC: - Mudando os rumos da vida, hein? Tá só faltando tu arrumar um pai responsa pra esse filhotão.-fala cafajeste. Niara: -Garoto, tu sabe que eu levo numa boa ser mãe solo?-falo debochada. PC: -Se precisar estamos aí, só dar um salve, tá ligada né?-fala. Niara: -Sim e te agradeço.-digo simpática. PC: -Era isso então, vou chegar lá, tenho que passar na Boca ainda.-disse indo embora. -Parecia que esse tempo aqui no Morro,com as pessoas que amo e se importam me mimando havia amenizado as feridas do passado. -À noite, arrumei um prato com os Tamales, o aroma era delicioso, fechei e embalei tudo e resolvi ir entregar ao Dominic já que até agora ele não tinha mandado ninguém buscar. -Não sabia bem onde era a casa dele mas quem tem boca né, cheguei em frente a casa era bem simples por fora, as luzes estavam acesas, portão aberto e a porta encostada, bati palma, chamei, gritei, mandei mensagem e nada. -Resolvi entrar e deixar na cozinha, não tinha caminhado tudo isso à toa, já que ele mora mais pra cima. -Vou passando pela sala,vejo tudo bagunçado, coisas quebradas, não entendo nada com coisa nenhuma mas a surpresa maior é ver ele deitado em baixo da mesa em posição fetal. Niara: -Ohh de casa!Dominic tô entrando!-digo. Cicatriz: -Cállate, ¿te vieron?-fala acho que em espanhol. Niara: -No hablo español!-digo o que consigo. Cicatriz: -Me volverán a llevar. Mi madre no soportará tanto dolor.-fala. -Ele parece estar em transe, olha fixo para uma foto na sua mão, nela tem um adolescente e uma mulher morena bem bonita abraçados. -Deduzo que seja sua mãe pela semelhança e o garoto parece ser ele mais novo,pouca coisa mudou, só está mais forte, tatuado e fechado. -Na foto o menino sorria, desde que o vi nunca sorriu, tá sempre carrancudo, marrento e nem se aproxima muito de ninguém. -Sem saber o que fazer ligo pra minha mãe,ela é enfermeira, certeza já lidou com situações assim. -Conversamos um pouco, expliquei o estado dele e tudo mais, ela disse que não era médica mas parecia ser TEPT, Transtorno de Estresse Pós Traumático pois já tinha atendido uma pessoa assim. -Mentalizei as dicas da minha rainha, respirei fundo e fui até Dominic me deitei no chão que nem ele, falei com voz suave pedindo pra me olhar e nada. -Sem saber o que fazer peguei o prato de Tamales e coloquei aberto ao seu lado, o chamei tocando no seu rosto que pareceu despertar do transe. Niara: -Olha Dominic, os Tamales que você me pediu.-falo empurrando na sua direção. Dominic: -Tem gosto de casa!-diz sério,agora olhando para o nada e comendo. -Ele acaba de comer um e começo a tentar conversar com ele, aos poucos parece que ele retorna do transe da crise e o convenço a sair de baixo da mesa e sentar na cadeira. -Não sei quanto tempo se passou, ele comia, eu só olhava,uma pessoa quebrada reconhece a outra e esse homem já passou por muitas coisas nessa vida, com certeza. -Olho melhor pra aquele cara tão bonito e tão ferido, dentro de mim se forma uma vontade enorme de ajudar, cuidar, mostrar o que já vi, depois do trauma...há cura. -Para algumas pessoas é mais difícil, mas minha vontade de viver é tão grande que me recuso a entregar os pontos, desistir nunca foi uma opção, queria que ele pudesse enxergar. Niara: -Dominic você tá melhor, já comeu, vou embora agora, liga para o seu amigo rabiscado vir pra cá.-falo e ele só escuta. -Continua mudo e me acompanha até a porta, quando vou sair sinto o puxão no meu braço e logo sua boca tá na minha num beijo gostoso. -Tento negar mas quando ele pega firme na minha cintura fico molinha e me entrego ao beijo. -Que delicia de beijo, pqp, sua língua explora minha boca de uma forma maravilhosa,o fogo sobe, mas a razão volta me dizendo pra cair fora desse problema e o empurro. Niara: -Calma, a gente confundiu tudo, só vim trazer a comida e fiquei pra te ajudar.-digo. Cicatriz: -Não confundi nada, só beijei uma mina que dá mole pra qualquer um!-fala seco e com uma frieza enorme no olhar. Niara: -Você tá maluco? Eu faço a comida que tu pediu, traga aqui, fico pra te ajudar e sou ofendida?-falo p**a. Cicatriz: -Não te pedi ajuda nenhuma mina,fez porque quis, sei bem como vocês são, fazem de boazinha pra ver se agarra o cara mas no final só tão atrás de patrocínio.-fala frio. Niara: -Olha aqui seu doido, você nem me conhece pra estar falando merda, mas vamos fazer assim,sem encomendas,sem presentes só me esquece porque eu vou te ignorar. -Saí de lá cuspindo fogo, filho da mãe, louco, nojento, doente, pego meu celular bloqueando o contato dele e certa de que não vou mais olhar naquela cara.
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