Capítulo 10

1029 Words
VALENTINA CACCINI NARRANDO. O meu coração estava na mão desde que Dante pegou o meu celular. Eu tremia inteira, e o apetite sumiu completamente; não consegui comer nada. — Por favor, não é permitido celular à mesa. Esta é uma hora sagrada em nossa casa — A minha mãe falou, e Dante guardou o celular sem dizer nada. Eu m*l conseguia tocar na comida, e era o meu prato favorito, mas nada descia. A minha mãe me encarou, e eu desviei o olhar, tensa. Se ele descobrir sobre Nicollo, tanto ele quanto o meu pai me matarão. Não sei o que vai ser de mim. As mensagens antigas foram apagadas, mas a da cozinha ainda está lá. Não deu tempo de deletá-la. Os homens continuaram conversando, e a mãe dele passou todo o tempo falando sobre o casamento e como decorou a minha futura casa. Não gostei nada disso. Não quero viver em uma casa onde a minha futura sogra escolheu tudo. Pelo visto, até as minhas roupas foram selecionadas por ela, já que Dante ordenou que eu não levasse nada. Mas isso não vou aceitar. Claro que levarei alguns dos meus pertences, e, se quando eu chegar lá, ela tentar controlar até o que visto, haverá problemas. Ela é cheia de pose, quer mandar em mim mais do que a minha própria mãe. Isso não faz sentido algum para mim. Independente das leis da máfia, para mim, isso não existe. Quem sabe se até as minhas roupas íntimas ela já não escolheu? Já sei que não vamos nos dar bem. Saímos da mesa, e vi Dante indo para o lado externo da casa, nos fundos. Apressada, fui atrás dele. Não poderia permitir que ele mexesse no meu celular, e, pelo que parecia, ele havia hackeado o aparelho e agora teria acesso até mesmo pelo celular dele. — Me devolve o meu celular, por favor — Pedi, parando à sua frente, mas ele me ignorou. — Dante, estou falando com você! — Insisti, engolindo seco. Ele esticou o celular para mim com um sorriso de deboche e pegou o dele. Ele já tinha tudo o que precisava, e eu não podia permitir isso. Tive que agir. — Você hackeou mesmo o meu celular? — Perguntei. Ele apenas me encarou e voltou a mexer no próprio aparelho. Vi o seu rosto corar rapidamente. Não pensei duas vezes. Não sei o que me deu, mas naquele momento precisava agir rápido. Bati no celular dele, jogando no chão, e pisei em cima com o salto. Quanto ao meu, atirei na piscina que estava próxima de nós. — Você ficou louca? — Ele falou rude, agarrando o meu pescoço e batendo o meu corpo contra a parede. — Quem você pensa que é para jogar o meu celular e quebrá-lo desse jeito? — Ele disse, com o rosto próximo ao meu. Respirei fundo, sentindo o meu corpo queimar. Pensei no que dizer e mantive minha postura firme diante dele. — Eu não te dei o direito de mexer no meu celular ou de invadir a minha privacidade dessa forma. Ainda não temos um acordo selado — Falei com coragem, e ele apertou ainda mais o meu pescoço, me encarando furioso. De longe, vi Nicollo. Ele estava com a mão na cintura, por cima da arma, observando toda a cena que Dante fazia. — Se você se entregou a outro, será morta, e entraremos em guerra. Isso não vai ficar assim. Você não sabe com quem está lidando. Você me deve respeito, entendeu? — Ele falou com o rosto próximo ao meu. Eu sentia o cheiro forte e amadeirado do seu perfume, a sua pele fervendo, os seus olhos vermelhos, cheios de ódio, e a sua pupila dilatada. — E você? Está irritado porque agora não vai poder falar com as suas mulheres? É isso que te incomoda? — Eu o desafiei, e ele apertou o meu pescoço com tanta força que comecei a perder o ar. — Não me desafie, Valentina. Você não me conhece, e, se eu precisar tomar uma atitude contra você, não vou hesitar. Você é minha, e tenho todos os direitos sobre você. Estamos entendidos? — Ele disse, me enforcando ainda mais, até que as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Eu não consegui mais segurar. — Tira a mão de mim! — Empurrei ele, e ele me soltou. Saí rápido pelo jardim, as lágrimas invadindo o meu rosto. Entrei em um dos carros e dirigi até a vinícola da minha família, em uma área mais reservada. Não sei como será minha relação com esse homem. Ele é bruto, frio, sem um pingo de bom senso. É invasivo, possessivo, e a sua família é preconceituosa. Eu não fui criada dessa forma. O que ele tem de beleza, tem de arrogância. Não vou conseguir ser uma boa esposa para esse homem. — Valentina — Ouvi a voz grossa e firme de Nicollo, e todo o meu corpo se arrepiou. Me virei devagar, ficando de frente para ele e vendo a sua expressão de insatisfação. — É com um homem que te bate que você vai casar? É isso mesmo? O que você está pensando da sua vida? Você sabe muito bem como ele é. É isso que você quer? Ficar como a minha irmã? — Ele falou sério, me encarando nos olhos. De longe, vi o carro de Dante se aproximando, e o meu corpo todo começou a tremer. — Vai embora, ele está vindo. Sai daqui, Nicollo, não deixa as coisas mais difíceis — Implorei, vendo o seu olhar de reprovação. — Vamos fugir juntos, Valentina. Eu quero ficar com você — Ele sugeriu, mas saí andando atordoada, sem responder. A minha cabeça fervia com pensamentos simultâneos, e nenhum deles era agradável. Todos me traziam medo do futuro, medo de Dante e de Nicollo também. Vi Dante estacionar ao lado do meu carro, e fui em direção a ele para entrar no veículo. Dante desceu rapidamente do carro e veio me segurando pelos braços com força, me prendendo entre os dois carros, com o olhar fixo no meu, deixando o meu peito ofegante e a minha respiração ansiosa.
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