Capítulo 01

1162 Words
VALENTINA FRANCO NARRANDO. Eu nasci e fui criada para ser a herdeira do meu pai, mas a verdade é que meu destino sempre foi outro. Desde pequena, fui moldada para ser uma boa esposa, destinada a um futuro marido que herdará o trono do meu pai. A minha vida inteira foi uma preparação constante para um papel que eu não escolhi, mas que me foi imposto. O meu pai exigia muito de minha mãe, cobrando dela que me ensinasse tudo o que fosse necessário para ser uma esposa perfeita. Ele queria que eu fosse como a minha mãe, sempre ao lado dele, apoiando as suas decisões, independente de qual fosse. O meu dever era ser submissa, seguir as ordens do meu futuro marido e saber exatamente como agradá-lo. Eu sei que estou prometida a um homem, mas ainda não sei quem ele é. Só vou descobrir a identidade do meu futuro marido no meu aniversário de vinte anos, o dia em que ele se apresentará para mim. É estranho pensar que a minha vida, meu futuro, será decidido assim, em um único momento. Desde criança, fui treinada não apenas por minha mãe, mas também por Nicollo, o chefe de treinamento do meu pai. Nicollo é o filho do chefe de segurança do meu pai, e sempre esteve ao meu lado, me preparando para ser forte, mas sem perder a feminilidade que o meu pai tanto prezava. O meu pai sempre exigiu excelência em tudo o que eu fazia. Na escola, ele não aceitava nada menos que as melhores notas. Nas atividades extras, eu precisava ser a melhor. No treinamento, o seu olhar crítico estava sempre sobre mim, e eu sabia que qualquer erro poderia trazer consequências. Fui uma filha dedicada, procurando agir com sabedoria em todas as minhas ações para não decepcionar os meus pais. Mesmo sabendo que o meu futuro estava traçado ao lado de um homem que eu nunca conheci, eu me apaixonei por Nicollo. Ele nunca me olhou como mulher, nunca demonstrou desejo por mim. Muitas vezes tentei beijá-lo, mas ele sempre recusava, temendo as consequências. Agora, com o meu aniversário de vinte anos se aproximando, sinto a angústia crescendo dentro de mim. Não quero conhecer o meu marido sem antes sentir pelo menos uma vez o toque de Nicollo. Já me declarei para ele, mas ele insiste em negar o que sinto, e isso me frustra profundamente. Os preparativos para a minha festa de aniversário já começaram, assim como para o casamento, que está marcado para uma semana depois. Será um grande evento, com toda a família do meu futuro esposo presente. A ansiedade de saber quem ele é me consome, mas o meu pai ainda não revelou o seu nome. Implorei diversas vezes, tanto a ele quanto a minha mãe, mas eles permanecem em silêncio. Hoje, terei uma reunião com o meu pai, e a minha esperança é que ele finalmente me diga quem será o homem com quem passarei o resto da minha vida. Farei de tudo para honrar o nome do meu pai com dignidade e dar a ele o orgulho que sempre esperei que sentisse por mim. Também carrego a pressão de ter que dar um filho homem ao meu marido, algo que, embora ainda distante, já pesa em meus ombros. Hoje, voltei do treinamento mais cedo por ordens do meu pai. Antes de terminar, porém, vi uma oportunidade de falar com Nicollo, mesmo sabendo que provavelmente seria em vão. — Você sabe que em breve eu vou embora, não é? — Falei, parando na frente dele. Nicollo estava concentrado em guardar o armamento que usei, apenas assentiu, sério. — Sim, e lhe desejo sorte, Valentina. — Ele disse, sem desviar os olhos dos meus. — Você vai continuar resistindo ao meu pedido? — Perguntei, passando a mão em seu braço. Ele olhou ao redor, nervoso, e se afastou. — Você sabe que não podemos, Valentina. Por mais que eu quisesse, seria errado. Pode ter consequências para nós dois. — Ele respondeu, mantendo distância. — Não me deixe partir sem pelo menos me dar um beijo. Seria como um presente de aniversário e despedida. — Insisti, e pela primeira vez, vi os seus olhos pousarem em minha boca. — Você precisa ir,Valentina. Alguém pode aparecer aqui. — Ele falou, com a sua voz soando mais como uma súplica do que como uma ordem. Saí irritada, mais uma vez recusada por ele. Sou louca por Nicollo, por um beijo dele. Sei que não posso fazer mais do que isso, mas queria apenas um gesto de carinho do homem que sempre desejei. Cheguei em casa e tomei um banho, vestindo um lindo vestido azul para a reunião com o meu pai. Sempre preciso estar impecável, e sei que ele aprecia quando uso azul, uma cor que, segundo ele, destaca os meus olhos claros. — Olá, papai. Boa tarde. — Cumprimentei ele assim que entrei em seu escritório, após ele autorizar a minha entrada. — Como está linda, minha princesa. — Ele disse, e sorri feliz com o elogio. — Sente-se, por favor. — Ele pediu. Beijei o rosto da minha mãe, que estava ao lado dele, e me sentei. — Chamei você aqui hoje porque uma data importante está se aproximando. Você deve se preparar para a chegada do seu futuro marido. — O meu pai continuou, e senti o meu coração acelerar com empolgação. — Sim, papai. Estou muito ansiosa para saber quem será e me preparar para recebê-lo, assim como a sua família. — Respondi, tentando disfarçar a minha ansiedade. — O seu marido será Dante Petrov, herdeiro da máfia russa. Temos um acordo com a família dele desde o seu nascimento. — Ele disse, e o chão pareceu se abrir sob os meus pés. Mantenho o sorriso, mas minha mente está em caos. — Eles chegarão em breve. Esteja impecável, como sempre, e não me decepcione. — Ele finalizou, sem perceber o turbilhão de emoções que me invadia. — Claro, papai. Nunca os decepcionaria. Estou empolgada com a chegada dele. — Menti, me levantando rapidamente. Com a sua autorização, deixei a sala, sentindo um desespero que nunca havia experimentado antes. Dante Petrov seria o meu marido. Ele, que era conhecido por ser c***l com as mulheres. Já o vi antes, há alguns anos, quando ele veio aqui e desonrou a irmã de Nicollo. A simples ideia de ter que casar com ele me fez querer fugir, correr para longe de tudo isso. Assim que saí, retirei os sapatos e corri para o jardim dos fundos da casa, deixando as lágrimas finalmente escaparem. Corri até o meu lugar favorito, um cantinho escondido onde sempre encontro paz, e ali me sentei debaixo de uma árvore, chorando compulsivamente. — Valentina, você está bem? — ouvi a voz de Nicolo, e antes que pudesse pensar, me levantei e corri até ele, abraçando ele com força, buscando no seu abraço o consolo que só ele poderia me dar.
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